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Mais uma Agência do Banco Itaú sofre tentativa de assalto em Campos

Na madrugada desta quarta-feira (20/03), a agência 0643 do Banco Itaú, situada na Avenida Santos Dummont, Centro de Campos dos Goytacazes, sofreu uma tentativa de assalto. De acordo com a Polícia Militar, três assaltantes teriam entrado na agência por volta das 3 horas da madrugada e foram flagrados pelas câmeras do sistema de segurança, que acionou a polícia.
 
A polícia bloqueou a passagem nas ruas próximas ao banco. Um suspeito foi preso, Cristiano Costa Araújo, mais conhecido como “Mutante”, morador da comunidade Madureira, em Guarus. Ele foi encontrado pelos policiais em um prédio em obras, na Travessa Carlos Drummond, próximo ao Banco. Os outros dois criminosos identificados como Thiago e “Cacaroto” conseguiram fugir. A polícia apreendeu uma mochila com o material utilizado para arrombar a agência.


Segundo informações, os bandidos primeiro invadiram uma farmácia ao lado do Banco, pelo telhado e roubaram R$400 do estabelecimento. Em seguida, entraram na agência do Banco Itaú. A polícia utilizou gás lacrimogêneo no interior do Banco, na tentativa de imobilizar os bandidos.


Esta é a segunda tentativa de assalto a uma agência do Banco Itaú, em menos de 20 dias na cidade, o que evidência negligência em relação à segurança. O sindicato impediu a abertura do banco para funcionamento nesta quarta-feira.

Fonte: Seeb-Campos

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Sindicatos da base denunciam arbitrariedades do BB em Dia Nacional de Luta

Na Baixada Fluminense, os dirigentes sindicais percorreram em caravana as agências do BB nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Em suas falas, os sindicalistas denunciaram à população as arbitrariedades do novo plano de funções.


Em Campos, a manifestação foi em frente à principal agência do banco no município, na Praça das Quatro Jornadas, no centro. Os sindicalistas usaram faixas e panfletos onde relataram aos cidadãos campistas os abusos do novo plano e também as demissões imotivadas, o descumprimento de jornada, a reestruturação, a discriminação, a terceirização de mão de obra, as práticas antissindicais e o assédio moral.


No Espírito Santo, os funcionários do BB foram trabalhar usando roupas pretas neste Dia Nacional de Luta. Os dirigentes do Sindicato dos Bancários visitaram as agências localizadas nos municípios de Cariacica e Viana, onde distribuíram panfletos e conversaram com os trabalhadores e usuários do banco. Além de criticar o plano, os sindicalistas ressaltaram que, com a redução de jornada, será necessário aumentar a dotação das agências, contratando mais bancários, para que não haja queda na qualidade do atendimento.

No Rio de Janeiro, sete agências do centro da cidade tiveram paralisação parcial, ficando fechadas até o meio-dia. Em frente à agência da Av. Rio Branco foi feito um ato público, com falas dos dirigentes denunciando a situação crítica do funcionalismo do banco. Houve também apresentação de esquete de teatro, com a Cia. de Emergência Teatral. O ator e diretor Marco Aurélio Hamellin fez uma paródia ao filme “O grande ditador”, representando Adolf Dida, o ditador do BB, gabando-se de suas maldades.


Em Três Rios a agência do BB no centro do município-sede teve abertura retardada em 1 hora, abrindo só ao meio-dia. Os sindicalistas revelaram à população que os bancários atingidos pelo novo plano de funções tiveram redução salarial e também denunciaram o assédio moral e as demissões por “ato de gestão”.


 


 




Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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“Enegrecer o feminismo”: movimentos de mulheres negras no Brasil

Bárbara Araújo *







“As mulheres negras não existem. Ou, falando de outra forma: as mulheres negras,
como sujeitos identitários e políticos, são resultado de uma articulação de
heterogeneidades, resultante de demandas históricas, políticas, culturais,
de enfrentamento das condições adversas estabelecidas pela dominação ocidental
eurocêntrica ao longo dos séculos de escravidão, expropriação colonial e
da modernidade racializada e racista em que vivemos.”


(Jurema Werneck em “Mulheres Negras: um olhar
sobre as lutas sociais e as políticas públicas no Brasil
”)



É importante que desnaturalizemos palavras usadas tão corriqueiramente como “mulher” e “negra”. As mulheres negras são mulheres negras porque são consideradas assim histórica, sociológica e culturalmente. O discurso racista e o discurso sexista têm usado referências biológicas tais como o fenótipo, a cor da pele e os órgãos genitais para hierarquizar seres humanos e inferiorizar as mulheres e os negros. Em reação a isso, os grupos marginalizados por esse processo vem se organizando ao longo da história para lutar contra sua subalternização.


Angela Davis, ativista negra norte-americana


 


A combinação de preconceitos como o racismo e o machismo tem sido pensada através da interseccionalidade, conceito que se refere mais amplamente às articulações entre a discriminação de gênero, a homofobia, o racismo e a exploração de classe. Ele teve origem nas reivindicações de feministas negras, judias, lésbicas, operárias, etc., que demandaram atenção para a multiplicidade contida na ideia de “mulher”, argumentando que a opressão não poderia ser entendida unicamente pelo viés da diferença de gênero.




Saiba mais >> Vozes-Mulheres de escritoras e intelectuais negras


A partir da década de 1980, o chamado “feminismo da diferença” procurou entender como as diversidades culturais, raciais e de classe contribuíram para as distintas experiências das mulheres. Essa perspectiva complexificou-se a partir do surgimento da teoria do ponto de vista feminista (“feminist standpoint”), segundo a qual







“a experiência da opressão é dada pela posição que ocupamos numa matriz de dominação onde raça, gênero e classe social interceptam-se em diferentes pontos. Assim, uma mulher negra trabalhadora não é triplamente oprimida ou mais oprimida do que uma mulher branca na mesma classe social, mas experimenta a opressão a partir de um lugar, que proporciona um ponto de vista diferente  sobre o que é ser mulher numa sociedade desigual, racista e sexista.”

(Luiza Bairros em “Nossos feminismos revisitados”)


Na história brasileira, encontramos organizações específicas de mulheres negras desde o início do século XX. A  Sociedade de Socorros Mútuos Princesa do Sul, fundada em 1908, e a Sociedade Brinco das Princesas, de 1925, respectivamente em Pelotas e São Paulo, eram formadas estritamente por mulheres negras. Elas integraram também uma grande parcela da Frente Negra Brasileira (FNB), fundada em 1931 e considerada a entidade negra mais importante do país na primeira metade do século XX, tendo arregimentado mais de 20 mil associados em diversos estados. Ainda nos anos 30 foi fundada a primeira associação de trabalhadoras domésticas no estado de São Paulo, que teve como principal representante a ativista Laudelina Campos Melo, que também integrava a FNB. Já em 1950, foi fundado o Conselho Nacional da Mulher Negra, formado por mulheres vinculadas à cultura, às artes e à política. Infelizmente os registros da atuação deste conselho são bastante escassos.


 
Lélia Gonzalez


 


É a partir dos anos 1970 que as organizações de mulheres negras ganham força no Brasil, reivindicando duplamente o movimento negro e o feminismo. A partir desse período, os movimentos de mulheres negras procuraram explicitar a diferença entre as formas de mulheres e homens negros sentirem a discriminação racial, acrescentando a problemática do gênero à questão do racismo. As feministas negras denunciavam, por um lado, posturas machistas na militância negra e, por outro, as desigualdades e o racismo presentes no movimento de mulheres. Lélia Gonzalez foi uma das pioneiras a chamar atenção para essa interseção de preconceitos. Como muitos intelectuais negros, Lélia combinou uma intensa militância de rua a uma atividade de produção intelectual militante.



Em 1988 foi criado o GELEDÉS
, organização que visa à valorização das mulheres negras e ao combate ao racismo. No ano 2000, mais de 20 entidades de mulheres negras pelo Brasil, inclusive o GELEDÉS, compuseram a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB). O objetivo inicial da AMNB era organizar as reivindicações das mulheres negras brasileiras durante a realização da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, ocorrida em Durban, na África do Sul, em 2001. Posteriormente, a entidade ampliou seus objetivos, dedicando-se a reivindicação de políticas públicas de proteção e promoção dos direitos das mulheres negras no país, bem como a luta contra o racismo, o machismo e a homofobia.


Suely Caneiro, do GELEDÉS, no I
Encontro Nacional das Blogueiras Feministas

As entidades feministas negras são muitas e estão espalhadas por todo o Brasil. Integradas ao movimento anti-racista e ao movimento feminista, essas associações revelam o quanto é essencial compreender as matizes da discriminação e a amplitude da diversidade para que a luta pela igualdade aconteça de forma plena e verdadeira.



“Enegrecer o feminismo” é um importante artigo da intelectual negra Suely Carneiro, disponível on line aqui.


 


* Bárbara Araújo Machado é professora, mestranda em História na UFF, feminista e blogueira. Escreve o blog Ou Barbárie (http://oubarbarie.wordpress.com/).


 





>> Artigo publicado originalmente no blog Blogueiras Feministas,
aqui. 

Fonte: Bárbara Araújo Machado

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Águas de março em Petrópolis

Só bancos abriram na cidade alagada


A cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi mais uma vez arrasada pelas chuvas de verão na madrugada do último domingo. Na segunda-feira, a prefeitura suspendeu as aulas, o comércio não abriu e a orientação oficial da Defesa Civil era de que as pessoas que vivem em lugares seguros não saíssem de casa. Mas os bancários tiveram que encontrar um caminho entre a água e a lama para chegarem aos seus locais de trabalho.


O Sindicato dos Bancários de Petrópolis chegou a entrar em contato com os superintendentes regionais de alguns bancos para pedir a suspensão do expediente bancário, mas sem sucesso. “Apesar do noticiário nacional ter divulgado as informações sobre a calamidade em Petrópolis desde o início da manhã, eles ficaram naquela de “vamos ver”. Não deveria ser preciso nem pedir para suspender o expediente, todo mundo estava vendo a situação. Petrópolis parecia uma cidade fantasma, onde só os bancos abriram, para não atender ninguém”, relata Luiz Claudio da Rocha, presidente da entidade.


Algumas agências não puderam funcionar por problemas estruturais como falta de energia elétrica e interrupção do acesso aos sistemas. Uma agência do BB, uma da Caixa e uma do Itaú não funcionaram porque foram completamente invadidas pela água, que deixaram marcas nas paredes de até 1,5 de altura. Unidades em situação semelhante também não puderam operar, mas o sindicato precisou fazer pressão para que algumas ficassem fechadas por não terem o número de vigilantes exigido por lei. “Não só bancários, mas também o pessoal de apoio teve dificuldade de chegar ao local de trabalho. Mas, se não pressionássemos, as agências teriam sido abertas mesmo sem condições de segurança”, informa Luiz Claudio.


Dois dias depois, na terça-feira, alguns estabelecimentos comerciais abriram, mas a maioria não atendeu o público. Os lojistas passaram o dia limpando as lojas, fazendo inventário das perdas, calculando os prejuízos. “Agora, vamos ver como vão ficar as metas. A cidade teve muitos estragos, o comércio e o turismo sofreram um baque, a economia vai ficar prejudicada. Como os bancários vão vender produtos nesta situação?”, questiona o sindicalista.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Nota técnica: A desoneração dos produtos da Cesta Básica

Nota Técnica 120 – Março 2013


 


O Governo Federal editou, em 08 de março de 2013, a Medida Provisória nº 609, que reduz a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, bem como do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, incidentes sobre as receitas com vendas de alguns produtos de alimentação e higiene pessoal. Além de baratear estes produtos essenciais, a medida foi adotada objetivando estimular a economia, através da ampliação do consumo de produtos de primeira necessidade pelas famílias, sobretudo aquelas de baixa renda.


Para contextualizar a edição desta MP pelo governo, vale lembrar que, em 2012, ao examinar a MP 563/12, que tinha como objetivo desonerar a folha de pagamento de diversos setores da indústria nacional (1), o Congresso Nacional incluiu um artigo prevendo a desoneração dos produtos alimentícios componentes da cesta básica. Esta emenda foi vetada pela Presidenta da República, que baixou decreto criando Grupo de Trabalho governamental para estudar e fazer propostas sobre o assunto.


A MP 609 anunciada no dia 8 ampliou o número de produtos já isentos de tributação pelo PIS-Cofins e IPI, por serem considerados como produtos essenciais consumidos pela população brasileira. A Medida Provisória isentou de pagamento de PIS-Cofins as carnes bovina, suína, de aves, caprina, ovina e o pescado; arroz, feijão, leite integral, café, açúcar, farinhas, pão, óleo, manteiga, frutas, legumes, sabonete, papel higiênico e pasta de dentes. O açúcar e o sabonete também ficam isentos do IPI.
A incidência de tributos sobre os produtos essenciais da MP 609 é apresentada na Tabela 1, que relaciona produtos (e alíquotas) abrangidos pela medida, tanto aqueles que já estavam isentos dos tributos federais quanto os que estão tendo seu custo desonerado.




A MP 609 de 08/03/2013 e o Decreto Lei 399 de 1938



O DIEESE realiza, mensalmente, em todos os estados onde está instalado, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Por meio desta pesquisa são acompanhados, em 18 capitais brasileiras, os preços de 12 ou 13 produtos alimentícios, definidos com base no Decreto Lei 399 de 1938, que estabeleceu parâmetros legais para uma cesta básica de alimentos. Este decreto determina, ainda, que o salário mínimo é a remuneração devida ao trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, capaz de satisfazer, em determinada época e região do país, as necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transportes (DL 399 art. 2º).


O DL 399 foi precedido de um estudo censitário realizado em cada região do país, e de informações salariais obtidas junto às empresas das várias localidades, que permitiram às Comissões do Salário Mínimo, criadas antes da instituição do Decreto, a definição de valores mínimos regionais a serem pagos aos trabalhadores. Acompanhava esta definição, uma lista de alimentos, com as respectivas quantidades. Esta cesta, chamada Cesta Básica Nacional, seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro, cálcio e fósforo. Os bens e as quantidades estipuladas são diferenciadas por região, e podem ser vistas na Tabela 2.




A MP 609 não tem como objetivo rever o Decreto Lei 399. Ou seja, a MP 609 não define de forma completa a estrutura de uma nova cesta básica, que possa substituir a cesta definida pelo Decreto Lei. Desta forma, o DL 399 continua sendo a legislação vigente sobre este assunto. Embora a MP 609 tenha tomado como referência inicial os 13 produtos do Decreto Lei 399, para fins de desoneração tributária foram acrescentados a eles os itens relativos à higiene pessoal (sabonete, papel higiênico, pasta de dente). Além disso, a MP também considerou o desdobramento do item carne, adicionando à carne bovina outros tipos igualmente consumidos no país (suína, aves, peixes, caprina e ovinos). Entretanto, não houve definição das quantidades que devem ser consumidas de cada item.


Impacto no custo da Cesta Básica do Decreto nº 399 de 1938


Não é possível fazer uma previsão segura dos efeitos que a desoneração dos tributos federais terá sobre o custo da Cesta Básica. Entre os motivos que dificultam esta previsão estão a multiplicidade de fatores que determinam os preços finais ao consumidor, tanto do lado da oferta quanto da demanda. Entre estes fatores podem ser citados: o custo de produção, o desempenho da safra, os efeitos do clima, o comércio internacional, as condições de distribuição nas cidades, entre outros. A tributação é mais um desses fatores, e depende da alíquota, da base de cálculo, do regime de apuração etc.
Ademais, cabe ressalvar que a desoneração tributária de um produto pode não chegar ao consumidor final de maneira integral ou mesmo parcialmente, caso este benefício seja retido pelas empresas como forma de ampliar margens de lucro sobre o faturamento. A possibilidade de que tal apropriação ocorra é maior quando uma ou mais empresas detêm grande poder sobre o mercado do produto em questão. No caso da cesta básica, mesmo que a maior parte dos produtos seja comercializada de maneira concorrencial, alguns têm a produção ou processamento concentrada em poucas empresas.


Feitas estas ressalvas, cabe dizer que a desoneração da cesta básica poderia, caso inteiramente repassada aos preços, representar um alívio no orçamento das famílias. Para dar uma indicação de qual seria esta potencialidade, tomou-se o gasto mensal com a Cesta Básica apurado pelo DIEESE, baseada no Decreto Lei 399 de 1938, já que este continua a ser a referência legal de definição dos produtos que compõem a Cesta Básica, indicando as respectivas quantidades (Tabela 3).





Com base neste Decreto, o DIEESE pesquisa mensalmente o custo da Cesta Básica em 18 capitais estaduais. Caso a isenção de tributos prevista na MP estivesse vigorando em fevereiro de 2013, isto poderia corresponder potencialmente a reduções, no gasto total de uma cesta básica, de -3,14 % , em Manaus a -4,51 % , em Florianópolis. As maiores reduções encontram-se nas cidades do sul uma vez que a carne tem maior peso no consumo destas regiões, conforme observa-se na tabela 2.


Vale fazer outra ressalva, pois nesta simulação a incidência dos tributos foi calculada pelas alíquotas nominais e não pelas alíquotas efetivas. No entanto, os estudos sobre tributação mostram que a arrecadação efetiva da Cofins é menor do que sua alíquota nominal. Sendo assim, a isenção deste tributo, mesmo se repassada integralmente, poderá ter efeito menor que o simulado, proporcional à sua alíquota efetiva (3).



Desoneração tributária e a taxa de inflação



A simulação dos impactos da MP 609 sobre a taxa de inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), não foi divulgada pelo governo (4). Entretanto, mensurações apresentadas por importantes assessorias especializadas convergem para um impacto (5) estimado sobre o IPCA de -0,60 p.p. e -0,61 p.p., tomando-se como referência a taxa do IPCA de fevereiro de 2013. No caso do Índice do Custo de Vida do DIEESE para a cidade de São Paulo, a estimativa foi de – 0,75 p.p.


Desoneração da cesta básica e justiça tributária


A estrutura tributária brasileira é reconhecidamente regressiva, ou seja, o peso dos tributos diminui na medida em que o poder aquisitivo das famílias é maior. Enquanto as famílias que se encontram no grupo do decil de renda mais baixa (10 % das famílias com menor renda), destinam 32 % de sua renda para o pagamento de impostos, as famílias de maior renda (acima do último decil) contribuem com 21 % do que recebem para o financiamento do Estado. Esta situação é contrária ao princípio da capacidade contributiva inscrito na Constituição Federal.


A regressividade da tributação está relacionada ao elevado peso dos tributos indiretos no total da carga tributária – 48 % do total de receitas tributárias em 2008 provinham de tributos sobre a produção e o consumo de bens e serviços. Tributos indiretos têm a mesma incidência, independentemente da renda do contribuinte, o que os torna mais pesados para as famílias com menor renda, comparativamente às de renda mais elevada.
Sendo assim, a desoneração dos produtos da cesta básica tende a beneficiar de forma mais significativa às famílias de renda menor, atenuando sobre estas a carga tributária e conferindo à medida um caráter de justiça fiscal. Para tanto, também será necessário que a medida se converta, efetivamente, em redução dos preços ao consumidor e não se transforme em ampliação das margens de lucro das empresas e seus acionistas.



Desoneração da cesta básica e reforma tributária


Diante das dificuldades encontradas no passado para encaminhamento de projetos abrangentes de reforma tributária, o Governo Federal tem buscado atuar na questão tributária com medidas específicas. A chamada “reforma fatiada” incluiria a elevação dos limites de enquadramento no Supersimples, o combate à guerra fiscal (no que diz respeito à “guerra dos portos” (6)), a revisão das regras para a repartição do fundo de participação de estados e municípios, as mudanças na Cofins e a desoneração da folha de pagamentos. Além de responder a circunstâncias conjunturais, tais como a crise da indústria, a valorização cambial e a alta dos preços, as medidas visam também objetivos estruturais, tais como o aumento da competitividade, a simplificação do sistema tributário e a desoneração dos investimentos.


A desoneração da Cesta Básica pode ser vista como mais uma medida da denominada reforma tributária fatiada, na medida em que reduz a carga tributária. O governo estima que a renúncia fiscal será de R$ 5,54 bilhões em 2013 e de R$ 7,387 bilhões por ano a partir de 2014.


Contudo, um dos principais problemas de uma reforma tributária fatiada é o fato de ela não permitir uma visão de conjunto sobre suas repercussões (7). As desonerações que têm sido concedidas aos setores econômicos, por exemplo, geram preocupações quanto ao financiamento das políticas sociais e da Previdência Social. Vale notar que o PIS-Pasep financia o Abono Salarial e o Seguro Desemprego, a Cofins é uma fonte de receita vinculada ao financiamento da Seguridade Social e a contribuição previdenciária patronal – que tem sido reduzida a zero pela desoneração da folha e parcialmente compensada com novo tributo sobre o faturamento – financia o Regime Geral de Previdência Social.


Torna-se, portanto, indispensável que o governo brasileiro mantenha-se diligente quanto à verificação e fiscalização da implementação da MP 609 de 08/03/13, de modo a garantir sua efetividade quanto à redução dos preços destes produtos essenciais à população mais pobre do Brasil.


 


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(1) Indústria localizada em solo brasileiro.
(2) Cesta Básica do Decreto Lei 399 de 1938 e MP nº609 de 08/03/2013.
(3) Anfip – Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita.
(4) Segundo o Ministro Mantega, este impacto nos cálculos “..feitos, pelos analistas diferem. Alguns falam em 0,2 % ,0,3 % , e outros falam de 0,5 % ou 0,6 % . Saberemos quando o IPCA captar essa redução.” (Fonte: Assessoria de Comunicação GMF- 13/03/13).
(5) Estas estimativas foram apresentadas, respectivamente, pelo DEPEC-BRADESCO e pela LCA- Curto Prazo. Em ambos os casos, entretanto, há a expectativa de que apenas 2/3 desta estimativa seja repassada para o IPCA –IBGE, ou seja, cerca de 0,40 p.p.
(6) Alguns estados concediam redução de ICMS a produtos estrangeiros para atrair a movimentação de carga através dos portos ou fronteiras. Como os produtos nacionais não contavam com taxas diferenciadas, a prática acarretava em perdas de competitividade para a indústria nacional. A Resolução do Senado No. 72 de 2010, aprovada em abril de 2012, passou a estabelecer uma taxa única interestadual de 4 % para o ICMS para produtos nacionais e importados, válida a partir de janeiro de 2013.
(7) Ainda, segundo a declaração do ministro da Fazenda, as demais desonerações em curso totalizaram R$46 bilhões em 2012, e devem atingir a R$ 53 bilhões em 2013.


 


Dieese:


Rua Aurora, 957 – 1º andar
CEP 05001-900 São Paulo, SP
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Presidente:
Antônio de Sousa Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Osasco e Região – SP
Secretária Executiva:
Zenaide Honório APEOESP Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – SP
Vice Presidente:
Alberto Soares da Silva Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de Campinas – SP
Diretor Executivo:
Edson Antônio dos Anjos Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Máquinas Mecânicas de Material Elétrico de Veículos e Peças Automotivas da Grande Curitiba – PR
Diretor Executivo:
Josinaldo José de Barros Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos de Guarulhos Arujá Mairiporã e Santa Isabel – SP
Diretor Executivo:
José Carlos Souza Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo – SP
Diretor Executivo:
Luis Carlos de Oliveira Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo Mogi das Cruzes e Região – SP
Diretora Executiva:
Mara Luzia Feltes Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramentos Perícias Informações Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul – RS
Diretora Executiva:
Maria das Graças de Oliveira Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Pernambuco – PE
Diretora Executiva:
Marta Soares dos Santos Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo Osasco e Região – SP
Diretor Executivo:
Paulo de Tarso Guedes de Brito Costa Sindicato dos Eletricitários da Bahia – BA
Diretor Executivo:
Roberto Alves da Silva Federação dos Trabalhadores em Serviços de Asseio e Conservação Ambiental Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo – SP
Diretor Executivo:
Ângelo Máximo de Oliveira Pinho Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – SP


Direção técnica
Clemente Ganz Lúcio – diretor técnico
Ademir Figueiredo – coordenador de estudos e desenvolvimento
José Silvestre Prado de Oliveira – coordenador de relações sindicais
Nelson Karam – coordenador de educação
Rosana de Freitas – coordenadora administrativa e financeira


Equipe técnica
Ademir Figueiredo
Carla M.B. Massabki
Clóvis Scherer
Cornélia Nogueira Porto
Fernando Adura Martins
Paulo Jager (revisão técnica)
Iara Heger (revisão de texto)

Fonte: Dieese

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Câmara elege um estranho no ninho

Almir Aguiar *


Em uma semana na qual a História da América perde um líder da estatura de Hugo Chávez, um estadista gigante que uniu os latino-americanos em torno de um ideal libertário e de integração, vem a Câmara colocar uma nódoa em nossa história, elegendo para a presidência da Comissão de Direitos Humanos um parlamentar descomprometido com as minorias, justamente as que ela deveria defender. Está há dois dias a presidi-la um deputado racista e homofóbico, Marcos Feliciano, publicamente apoiado por um deputado carioca, inimigo da democracia, defensor da tortura e da ditadura militar, o conhecido Jair Bolsonaro.


Circulam na rede social milhares de manifestações contrárias à sua escolha, algumas delas vinculadas à opção religiosa do parlamentar. Não defendo a crítica sob esta ótica, pois respeito todas as crenças, e em todas elas há bons e maus seguidores. O nosso repúdio deve ir mais longe e, como cidadãos e eleitores, é fundamental fazermos uma fiscalização severa dos atos desta Comissão, de vital importância para a cidadania.


Quando a notícia caiu como uma bomba, começaram a pipocar nas redes sociais os vídeos mostrando quem é o novo presidente da CDH, fazendo declarações públicas ofensivas á nossa população negra (“Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome… Etc”).


Vivemos em uma sociedade laica e sou contrário a que qualquer parlamentar use o seu mandato para legislar fazendo proselitismo religioso, querendo impor à sociedade, sua visão religiosa de mundo. O deputado Marcos Feliciano encaixa-se exatamente neste perfil. Ele não atende aos pressupostos do cargo, pois sua visão é estreita e se opõe á abertura de idéias da nossa época. Suas declarações sobre negros e homossexuais nos deixam antever novos pronunciamentos destemperados, em dissonância com o papel que se exige da Câmara dos Deputados.


Que o Congresso Nacional, como um todo, fique atento a esta lamentável eleição interna da Câmara, possivelmente fruto de alianças partidárias. Porque nós, como Sindicato-Cidadão, iremos exigir que a Comissão de Direitos Humanos cumpra a sua função constitucional.


 


*Almir Aguiar é presidente do Sindicato dos Bancários do Município do Rio de Janeiro

Fonte: Almir Aguiar

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Vigilantes de Niterói aprovam proposta patronal e conquistam 22 % de aumento sem greve

Vigilantes de Niterói e regiões aprovaram por unanimidade a proposta de reajuste salarial e ganhos em cláusula sociais na Convenção Coletiva de Trabalho oferecida pelos empresários da segurança privada. A categoria avaliou as conquistas na noite desta segunda-feira, 18, em assembleia geral extraordinária realizada no auditório do Sindicato dos bancários de Niterói. Comandada pelo presidente do Sindicato dos Vigilantes de Niterói, Cláudio Vigilante, a reunião serviu também para apresentação de um relatório de todas as etapas da negociação salarial deste ano. A plenária aconteceu com as presenças do presidente da Federação dos Bancários do Rj/ES e presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói, Fabiano Júnior, e dos diretores do Sindicato dos Bancários de Niterói Jorge Antônio “Porkinho” e Haidêe Antunes.


Os vigilantes fecharam o seguinte acordo:



  • Pagamento de 16 % sobre o salário, completando os 30 % de Risco de Vida;

  • Reposição da inflação do período como reajuste salarial;

  • Aumento no mesmo percentual da inflação para o tíquete alimentação;

  • Inclusão da Súmula nº 444 do TST, que assegura a remuneração em dobro dos feriados trabalhados para vigilantes com a escala 12×36;

  • Inclusão na Convenção Coletiva de uma punição com multa para as empresas que atrasarem os pagamentos dos salários dos trabalhadores, respeitando o prazo de três dias após o 5º dia útil já previsto em lei e convencionado. A multa será revertida nos salários seguintes para o próprio vigilante sendo que: a 1ª penalidade será pago ao vigilante um adicional de 20 % , aumentando mais 5 % por mês de atraso chegando no máximo a 50 % ;

  • Mudança na justificação de ausência por motivos de saúde: o atestado médico poderá ser entregue por outra pessoa, por fax, por e-mail ou qualquer outra forma de envio a ser definido na convenção;

  • Reciclagem:
         1)- o vigilante poderá escolher qual empresa será responsável por pagar a sua reciclagem;
         2)- inclusão na CCT da proibição da reciclagem em todos fins de semana na escala 5×2, sendo que poderá ser utilizado apenas um sábado e domingo por mês;

  • Todas as empresas, inclusive as de vigilantes orgânicos serão obrigadas a pagar os 30 % de risco de vida.

As negociações salariais 2013 começaram no fim do mês de janeiro com a apresentação da pauta de reivindicações aos empresários. Com o passar dos dias e a recusa do empresariado em marcar uma nova data de negociação a categoria resolveu apertar o cerco. Em 1º de fevereiro, seguindo orientação nacional, os vigilantes realizaram uma paralisação de 24 horas em protesto pelo pagamento do adicional de periculosidade conquistado com a Lei 12.740/12, sancionada pela presidente Dilma Roussef (PT) em 10 de dezembro passado. A norma aguarda regulamentação do Ministério do Trabalho. Com a paralisação, o Sindesp/RJ (sindicato patronal) ajuizou ação de dissídio coletivo alegando que a categoria estava em greve, agindo de forma errônea já que a greve só poderia acontecer após a data base dos vigilantes que é 1º de março.


Com a judicialização da campanha salarial, os vigilantes resolveram apertar os patrões prometendo novas paralisações. Na semana passada, os empresários apresentaram uma nova proposta para negociação onde ofereceram a complementação do risco de vida e apenas a reposição de 50 % da inflação. A indicação foi totalmente rechaçada pelo presidente do SVNIT que afirmou não aceitar um reajuste abaixo do índice do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Um novo encontro foi agendado e, finalmente, na última sexta-feira, 15, a comissão de negociação patronal apresentou uma nova proposta facilitando o avanço das discussões.


Para Cláudio Vigilante, a categoria deu um importante passo em 2013. “Os patrões já entenderam que nós vigilantes nos organizamos e, por isso, temeram uma nova greve. A greve de 2012 forçou uma nova postura dos empresários. Conquistamos 22,63 % de aumento em cima do salário base da categoria. Avançamos em importantes cláusulas sociais como a inclusão da Súmula 444 que vai beneficiar milhares de trabalhadores e ainda conseguimos incluir em CCT uma multa para os maus empresários que não pagam salários em dia. Essa multa será revertida para o trabalhador. Os vigilantes de Niterói estão de parabéns. Obtivemos todos esses ganhos sem nenhum dia de greve. Isso mostra o amadurecimento da categoria e o reconhecimento pelos empresários do poder de mobilização”, destaca Cláudio Vigilante, presidente do SVNIT.


Em 18 Estados brasileiros os vigilantes já haviam conquistado os 30 % de risco de vida ou periculosidade com algumas ressalvas. No Rio de Janeiro, a batalha foi mais além e ainda buscou outros ganhos para os trabalhadores.


A assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho deve ser acontecer nesta quarta-feira, 20 de março, juntamente com o Sindicato Patronal. Assinado o acordo, ele será encaminhado para o Tribunal Regional do Trabalho para ser homologado. Todos os benefícios conquistados pelos vigilantes são retroativos a 1º de março.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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O filho de Franciscos

Frei Betto *


Temos novo papa com o nome de dois Francisco: o de Assis (1182-1226) e o Xavier (1506-1552), este jesuíta como ele. Papa que, ao se apresentar ao mundo, da sacada do Vaticano, dispensou as vestes pontificais e pediu aos fiéis que rezassem por ele.


É significativo que dom Cláudio Hummes, cardeal brasileiro, tenha aparecido ao seu lado no momento em que se apresentou. Agora sabemos que foi um convite do próprio eleito. Dom Cláudio se sentou ao lado do cardeal Bergoglio durante o conclave. E foi o principal articulador de sua eleição. Não me surpreendeu saber que o nome de Francisco foi sugerido pelo ex-bispo do ABC paulista, pois dom Cláudio é franciscano e, no início da década de 1980, defendeu os metalúrgicos em greve liderados por Lula.


O nome de um papa revela um programa. No caso de Francisco, vários fatores são relevantes. São Francisco de Assis é o santo que, filho de Bernardone, pioneiro do capitalismo, criticou o novo sistema produtivo que gerava miséria. Até então a pobreza na Europa Ocidental decorria de guerras e pestes. Todos tinham ao menos uma gleba de terra para cultivar seus alimentos e criar uns poucos animais que garantissem seu sustento.


Graças à sua manufatura, Bernardone levou à falência inúmeros artesãos que produziam tecidos. As tinturas eram importadas da França. Tamanha a sua admiração pela nação que exercia hegemonia sobre a Europa Ocidental que batizou o filho com o nome de Francesco – aquele que vem da França.


Ao despir-se na praça de Assis, Francisco rejeitou o processo produtivo inaugurado por seu pai e fez opção pelas vítimas, os pobres. São Francisco é também o padroeiro da ecologia, amigo dos animais e enamorado do Sol e da Lua, aos quais dedicou cânticos.


Ao entrar na capelinha de São Damião, em Assis, o jovem Francisco escutou Jesus pedir-lhe que reconstruísse a igreja. Com seus amigos, Francisco se dispôs a restaurar a igreja da Porciúncula (hoje dentro da catedral de Assis) que estava em ruínas. Até que se deu conta de que a voz divina lhe fazia um apelo mais abrangente: tratava-se de reformar a Igreja Católica, o que o levou a fundar a Ordem dos Franciscanos.


Bergoglio é jesuíta. E nos primórdios dessa Ordem religiosa se destaca São Francisco Xavier, que evangelizou indianos e japoneses. Com certeza o novo papa, ao adotar o nome de Francisco, pensou no que significam para a Igreja os exemplos dos dois Francisco.


A notícia de que Bergoglio, quando padre e bispo, teria sido cúmplice da ditadura argentina (1976-1983) não procede, segundo afirmação de Adolfo Perez Esquivel, prêmio Nobel da Paz, em quem confio. Bem comparando, Bergoglio não teve uma atuação profética como tiveram, sob a ditadura no Brasil, dom Paulo Evaristo Arns, dom Helder Camara e dom Pedro Casaldáliga. Esteve mais próximo da atuação de dom Eugenio Sales, que preferiu agir nos bastidores em defesa dos perseguidos.


Um detalhe merece atenção. Karol Woityla, cardeal da Polônia, foi eleito papa no momento em que a Guerra Fria esquentava e Reagan desempenhava forte ofensiva ao socialismo no Leste Europeu. O pontificado de João Paulo II foi marcado pela queda do Muro de Berlim.


Nessa atual conjuntura em que governos populares e progressistas se disseminam pela América do Sul – Kirchner, Maduro, Dilma, Mujica, Morales, Correa – e Raúl Castro, de Cuba, preside a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), verá a Casa Branca no novo papa um aliado para recuperar sua hegemonia sobre o Sul de nosso Continente?


 


* Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter:@freibetto.






Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (
[email protected])

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Para economista, críticas do PSDB à Petrobras ecoam interesse de acionistas

Críticas também desconsideram fatores importantes, como a distribuição de
renda e o consequente aumento do consumo de energia e derivados do peróleo


O economista do Dieese Henrique Jager contestou em entrevista à Rádio Brasil Atual as críticas sobre a queda no desempenho econômico-financeiro da Petrobras em 2012. Na semana passada, em seminário no Congresso Nacional, líderes do PSDB criticaram a atual gestão da empresa.


Para o economista, que era o responsável, até dezembro, pela assessoria do Dieese à Federação Única dos Petroleiros (FUP), as críticas feitas pelos tucanos representam interesses de acionistas privados da empresa. “O que está sendo dito é que os preços do mercado interno estão menores do que os preços do mercado externo, o está sendo usado como um componente para segurar a inflação. Mas, antes, quando acontecia exatamente o inverso, ninguém falou nada. Porque tem interesses que representam os acionistas, querem botar mais dinheiro na mão dos acionistas.”


Ele explica ainda que a Petrobras, atualmente, “não ganha, nem perde”. “Neste momento há um equilíbrio entre o que ela ganhou porque os preços já foram maiores, e o que ela perdeu, porque neste momento os preços estão menores.”


Em um compilado de dados, o PSDB divulgou que nos últimos anos a Petrobras perdeu R$ 33 bilhões apenas com a defasagem de preços, apontada a 13 % na gasolina, e a 24 % no diesel. O economista contestou o valor divulgado e lembrou de um fator desconsiderado pelos líderes do PSDB e pela mídia tradicional: o processo de distribuição de renda e consequente aumento do consumo de energia.


Segundo ele, nos últimos cinco anos o consumo de diesel, gasolina, gás de cozinha e derivados de petróleo aumentou. “Há um aquecimento no consumo de energia, que reflete também no consumo de derivados de petróleo. Há muito mais carros nas ruas. Há um aumento do consumo de derivados do petróleo num momento em que os preços internos estão menores que os preços internacionais. Aí surge o discurso de que estão quebrando a Petrobras para controlar a inflação.”

Fonte: Rede Brasil Atual

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Notícias da Federação

Base aliada reage a críticas de “vozes do além” contra Petrobras

Para senador Inácio Arruda (PCdoB), única crise da estatal
ocorreu durante tentativa de privatização por FHC; líder do PT
lamenta que “vozes do além” tentem desestabilizar empresa


A reação de políticos do PT e dos partidos da base aliada às críticas formuladas pelo PSDB contra a queda no desempenho econômico-financeiro da Petrobras em 2012 veio com força hoje (13), um dia depois do debate promovido pelos tucanos no Congresso.


Para o senador Inácio Arruda (PCdoB), desde que foi criada, em 1953, o único momento em que a empresa viveu uma crise foi durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando passou por um processo de abertura de capital e esteve no projeto de privatizações no mesmo momento em que se quebrou o monopólio da estatal na exploração de petróleo.


“A Petrobras está completando 60 anos desde sua homologação e o maior risco que teve foi nos governos neoliberais”, disse o senador. Segundo ele, as críticas sobre aparelhamento e má gestão têm mais objetivos políticos e eleitorais do que preocupação genuína com a saúde econômica da estatal. “Os diretores da empresa são funcionários de carreira e têm feito uma gestão responsável. A Petrobras não é a única empresa do setor que teve quedas nos últimos anos por conta da crise internacional. Outras grandes empresas tiveram quedas maiores.”


A Comissão de Minas e Energia da Câmara aprovou ontem um requerimento convocando a presidenta da Petrotras, Maria das Graças Foster, a prestar informações no Congresso sobre o desempenho econômico-financeiro da estatal em 2012, quando teve queda no lucro em relação aos três anos anteriores, e sobre a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Esta refinaria é um projeto da Petrobras e a Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA), a estatal venezuelana de petróleo.


O líder do PT na Câmara, José Guimarães, afirmou hoje que não há sinal de crise. “É conversa para boi dormir. São as vozes do além, que no passado queriam privatizar a Petrobras. É inacreditável, uma empresa que defende o Brasil e eles entram numa estratégia de desgastá-la. É para atingir as ações da Petrobras, aqui, e lá fora”, disse o deputado.


Segundo ele, o debate sobre a Petrobras com partidos da oposição é importante para o PT. “Vamos comparar quem quis vender a Petrobras e aqueles que a patrocinam.Vamos para cima. Para defender a Petrobras e mostrar que não há nenhuma crise na empresa”, disse.


O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes, afirmou hoje (13) que o PSDB não tem “moral” para fazer nenhuma avaliação sobre a Petrobras. “Esta é a primeira ironia deste debate”, disse. Segundo Moraes, no período em que o PSDB esteve à frente do governo federal (1995-2002) houve um “esvaziamento” da empresa. “Naquela época, não só a Petrobras, mas quase todas empresas estatais foram esvaziadas para depois serem privatizadas.”


Segundo o coordenador da FUP, nos últimos anos houve um grande investimento por parte da empresa e um crescimento das operações da Petrobras. “Hoje, pode haver um problema aqui, outro ali, mas dizer que ela está em crise é demais. No ano passado, o lucro da Petrobras foi de R$ 21,8 bilhões. Poucas empresas no mundo tiveram um desempenho semelhante”, disse.


Em seu Twitter, o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra (2003 – 2005) postou mensagens contestando as denúncias de má gestão e aparelhamento na Petrobras. Dutra foi nomeado para a presidência da estatal pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Quando cheguei na Petrobras em 2003 havia três ex-deputados do PSDB ocupando cargos. Não vou dizer os nomes em respeito a eles”, afirmou na rede social.


Dutra também apresentou informações comparando a produção e o lucro da estatal durante os governo tucano e petista e sobre as denúncias feitas pelo PSDB de que o PT teria “quebrado” a Petrobras. “PSDB diz que PT quebrou a Petrobras, mas só compara 2012 com 2010. Por que não comparam com 2002?”, escreveu. “Produção de Óleo no Brasil: 2012 – 1,5 milhões de barris; 2002 – 1,98 milhões de barris. Investimento: 2002 – R$ 19 bi; 2012 R$ 84,1, Lucro: 2002 – R$ 8 bi; 2012 – R$ 21 bi. Valor de Mercado: 2002 – US$ 15 bi, 15ª (empresa) do mundo; 2012 US$ 113bi, 8ª (empresa ) do mundo”.


A Petrobras respondeu hoje (13), por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa, as críticas feitas ontem pelos tucanos à gestão da companhia feitos durante o ato político “Recuperar a Petrobras é o nosso desafio – a favor do Brasil, a favor da Petrobras”, realizado na Câmara dos Deputados.


Lideranças do PSDB acusam o governo de gerir a Petrobras de maneira partidarizada e aparelhada pelo PT. Os tucanos afirmam que o aumento do investimento no refino de petróleo causa prejuízo. “A Petrobras enterra em refino um terço de seu orçamento. Em 2012, foram R$ 32 bilhões. Mas a contribuição da área de refino nos resultados da empresa tem sido negativa”, afirmam, também em nota.


A Petrobras afirma que a equação tucana não leva em consideração a economia do país como um todo e o crescimento da economia verificado nos últimos 12 anos. “Entre os anos de 2000 e 2012 o consumo de gasolina no país cresceu 68 % , o de diesel, 46 % , e o de querosene de aviação (QAV), 58 % , reflexo evidente do crescimento da economia, da melhora das condições de emprego e renda da população e da ascensão das classes sociais”, afirma. “Diante de um mercado que cresce muito mais do que a média mundial, fica clara a necessidade de ampliação do parque de refino, retomando os investimentos em novas unidades, o que não era feito desde 1980, 33 anos atrás”, afirma a companhia.


Segundo a Petrobras, a eficiência de sua gestão nos últimos dez anos se revela no fato de que “o Brasil atingiu a autossuficiência em petróleo em 2006 e a produção de petróleo no país equiparou-se ao volume de derivados consumidos à época”.


A empresa reconhece, porém, que houve um descompasso entre a demanda por derivados e a produção no país. “Entre 2007 e 2012, no entanto, a demanda por derivados cresceu 4,9 % no Brasil, contra um crescimento de 3,4 % na produção de petróleo”, esclarece a nota. A companhia prevê que a partir de 2014 a produção de petróleo no Brasil voltará a “atingir a autossuficiência volumétrica, ou seja, volumes iguais de petróleo produzido e de derivados consumidos, contando a produção da Petrobras + parceiros + terceiros”.


A nota explica ainda que o Brasil “nunca foi autossuficiente em derivados”, “sempre importou e continuará importando derivados até que entrem em operação as novas refinarias previstas no Plano de Negócios e Gestão 2012-16 da Petrobras”. De acordo com as previsões da companhia, sua curva de produção apresentará um crescimento contínuo, até atingir 2,5 milhões de barris por dia em 2016 e 4,2 milhões de barris por dia em 2020. “A produção de petróleo passará então a superar a produção de derivados, o que dará ao país, também, autossuficiência em derivados”. Em janeiro de 2013, a produção foi de 1,965 milhão de barris/dia.
Confiança e mercado


De acordo com os tucanos, a empresa perdeu em dois anos 47,7 % do seu valor de mercado, e é vista, atualmente, com desconfiança por esse mesmo mercado. A companhia reconhece a queda, mas diz que o valor de mercado da Petrobras era de R$ 398 bilhões e, no último dia 11 (segunda-feira), de R$ 234 bilhões. A perda, portanto, foi de 41,2 % , segundo os cálculos oficiais.


No seminário de Brasília, os tucanos disseram que a Petrobras, hoje, “é a imagem da desconfiança e de prejuízos”.


“Não há desconfiança”, responde a companhia. “A Petrobras tem grande facilidade de acesso ao mercado de dívida, a baixos custos, por meio de diversas fontes. Portanto, são justamente estes investimentos elevados que irão gerar retornos para nossos acionistas. A Petrobras é hoje reconhecida pelo mercado como a empresa que dispõe do melhor portfólio de ativos de petróleo e gás dentre todas as companhias de capital aberto no mundo”.

Fonte: Rede Brasil Atual