Copom pede ‘serenidade e paciência’, não descarta novas altas e aguarda regra fiscal

Ao divulgar nesta terça-feira (28) a ata da reunião mais recente, o Comitê de Política Monetária (Copom) apontou redução mais lenta da inflação e até possível alta mais adiante. Isso poderia levar a novas altas da taxa básica de juros (Selic), apesar das críticas vindas do governo, de empresários e trabalhadores. Por outro lado, o comitê do Banco Central considera que as novas regras fiscais, a serem anunciadas pelo governo, podem ajudar no combate à alta de preços. Há cinco reuniões os juros são mantidos em 13,75% ao ano.

Na análise do comitê, no atual momento “a velocidade de desinflação é menor” e existe o que o BC considera “excessos de demanda”, agora no setor de serviços, o que exigiria moderação da atividade econômica. “Tal processo demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas”, afirma o Copom em sua ata.

Expectativa de inflação

O comitê fala ainda sobre o comportamento das expectativas em torno da inflação. “À medida que se projeta inflação mais alta à frente, empresas e trabalhadores passam a incorporar tal inflação futura em seus reajustes de preços e salários. Assim, há uma maior elevação de preços no período corrente, e o processo inflacionário é alimentado por essas expectativas.”

Dessa forma, o colegiado lembra que inclui as expectativas em seu processo de decisão. Também verificou “aperto adicional” nas concessões de crédito. Parte dos integrantes considera que esse aperto está em linha com o esperado devido ao próprio aumento dos juros. Já outros veem um movimento mais intenso do que o previsto.

Incerteza e ajustes

Assim, na conclusão, enquanto fala em incerteza de cenário, o BC afirma que continuará avaliando se a estratégia de manutenção dos juros é suficiente para levar a inflação de volta às metas fixadas, assim como conter as expectativas. Mas adverte, admitindo novas altas: “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Em outro trecho do documento, o Copom fala sobre a política fiscal e aguarda o anúncio do “pacote” do governo. “Ademais, o Comitê seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo Governo e votado no Congresso. (…) No entanto, o Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos.”

Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a ata “veio com termos mais condizentes com as perspectivas futuras de harmonização da política fiscal com a monetária, que é o nosso desejo desde sempre”. Sobre possíveis medidas para buscar a queda dos juros, ele falou em colaboração. “O Banco Central também tem que nos ajudar, é um organismo com dois braços, um ajudando o outro.”

Fonte: Rede Brasil Atual