O longo percurso de recuperação do valor do salário mínimo nacional

Salário mínimo de 2013 apresenta maior valor real da série das médias anuais,
desde 1984. Ainda assim, há um longo caminho até que este valor supra as
necessidades do trabalhador e sua família, conforme determina a Constituição


A partir de 1º de janeiro de 2013, o valor do salário mínimo corresponde a R$ 678,00, o que representa um aumento de 9,00 % , frente aos R$ 622,00 em vigor durante 2012. O novo valor corresponde à aplicação da Política de Valorização de Salário Mínimo, que estabelece como regra de reajuste para piso nacional a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores mais a variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O crescimento de 2,73 % do PIB brasileiro em 2011, em composição com uma taxa de inflação de 6,20 % , gerou o percentual de reajuste que elevou o valor do salário mínimo para R$ 678,00, em cumprimento das regras da política de valorização de longo prazo do salário mínimo.


Em 2004, as Centrais Sindicais, por meio de movimento unitário, lançaram a campanha de valorização do salário mínimo. Nesta campanha, foram realizadas três marchas conjuntas em Brasília com o objetivo de fortalecer, junto ao poder Executivo e Legislativo, a importância social e econômica da proposta de valorização do salário mínimo.


Como resultado destas negociações provocadas pela campanha unitária das Centrais Sindicais brasileiras junto aos poderes Executivo e Legislativo, em 2007, foi acordada uma política permanente de valorização do salário mínimo até 2023. Posteriormente, este acordo passa a ser definido pela Lei 12.382, de 25 de fevereiro de 2011. Com a aplicação desta política, o valor de R$ 678,00, em vigor desde janeiro, consolida o acúmulo de 70,49 % de ganho real sobre o valor do piso nacional legal vigente em 2002.


Estima-se que 45,5 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo, o que faz com que o incremento de renda na economia deva ser de R$ 32,7 bilhões. Ao mesmo tempo, deve ocorrer um incremento anual de R$ 15,9 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo.


No que se refere às contas da Previdência, o peso relativo da massa de benefícios equivalentes a um salário mínimo é de 48,5 % e corresponde a 69,6 % do total de beneficiários. O acréscimo de cada R$ 1,00 no salário mínimo tem um impacto estimado de R$ 269,4 milhões ao ano sobre a folha de benefícios da Previdência Social. Assim, o aumento para R$ 678,00 (variação de R$ 56,00) significará custo adicional ao ano de cerca de R$ 15,0 bilhões.


Com o valor do salário mínimo em R$ 678,00 e, tendo em vista, a cesta básica de janeiro estimada em R$ 300,00 (cesta básica calculada pelo DIEESE, para indicar o valor do Salário Mínimo Necessário), o salário mínimo terá um poder de compra equivalente a 2,26 cestas básicas. Na série histórica da relação entre as médias do salário mínimo anual e da cesta básica anual verifica-se que a quantidade de 2,26 Cestas Básicas é a maior registrada desde 1979.


Considerando a série histórica do salário mínimo e trazendo os valores médios anuais para reais de 1º de janeiro de 2013 (deflacionados por projeção do ICV – estrato inferior), o valor de R$ 678,00, em 1º de janeiro de 2013, será o maior valor real da série das médias anuais, desde 1984. Apesar disso, convém lembrar que o valor real médio do salário mínimo, em 1984, equivalia a R$ 635,38, ao passo que, em 1983, havia atingido R$ R$ 689,04. O que indica estarmos avançando no sentido de uma longa recuperação de um patamar que se encontrava no início da primeira década perdida da economia brasileira, restando muito a caminhar no sentido de tornar-se um patamar mínimo aceitável de remuneração do trabalho em nosso país.


 


* Este texto faz um resumo atualizado da Nota Técnica nº 118, publicada em dezembro de 2012 pelo DIEESE. Para ler a versão integral acesse o endereço eletrônico http://dieese.org.br/notatecnica/notaTec118salarioMinimo2013.pdf

Fonte: Dieese