Entrevista com Gabriel Jaramillo: “O governo não tem que ser banqueiro”

Presidente do Santander Banespa defendea redução da fatia dos bancos públicos


 


Por Célia Chaim e Milton Gamez


 


Quando pagou R$ 7 bilhões pelo Banespa, em novembro de 2000, o executivo colombiano Gabriel Jaramillo, destacado para comandar o avanço do Banco Santander no Brasil, foi muito criticado pelo tamanho da oferta. O lance ficou quase R$ 5 bilhões acima do oferecido pelo segundo colocado, o Unibanco. Hoje, Jaramillo ri por último e avalia que o negócio saiu barato. “Estávamos certos”, diz. O banco tem massa crítica para competir no Brasil e já contribui com 15% dos resultados globais do Grupo Santander. Acaba de unificar os sistemas e as operações das seis instituições que o formaram (Santander, Banespa, Geral do Comércio, Noroeste, Meridional e Bozano, Simonsen) e adotará, agora, uma única marca: Santander Banespa.


 


Aos 56 anos, Jaramillo tem planos de longo prazo por aqui. Naturalizou-se brasileiro e prepara-se para votar nas próximas eleições. O Brasil, defende, deveria olhar para outros parceiros comerciais mais importantes e fazer acordos de livre comércio com os Estados Unidos e a União Européia. O comentário vem em razão da nova crise Brasil/Bolívia. “Um país como o Brasil não tem que se comparar com a América Latina.” Para crescer após a queda dos juros, os bancos privados terão de conquistar mais clientes de baixa renda. E, se o governo permitir, farão operações típicas dos bancos públicos – donos de quase metade dos ativos bancários no País. “Não há razões para manter esta alta participação do setor público no setor financeiro”, afirma, na seguinte entrevista a ISTOÉ.


 


ISTOÉ – O Santander é o maior investidor em bancos da América Latina. Como o sr. vê a crise com a Bolívia?


Gabriel Jaramillo – Os contratos devem ser respeitados. No mundo de hoje, isso é fundamental para fazer parte da comunidade internacional e receber investimentos estrangeiros. Os países que forem na direção contrária ficarão numa situação muito difícil.


 


ISTOÉ – A América Latina está ficando um lugar arriscado para investir?


Jaramillo – Não existe um destino de investimentos chamado América Latina. O que temos são diferentes países. No Brasil, felizmente, temos uma situação muito positiva em termos econômicos, seriedade e respeito aos contratos. Os investimentos estão acontecendo. 


 


ISTOÉ – O Brasil tem crescido muito menos que China e Índia. Perdemos esse bonde?


Jaramillo – É indiscutível que estamos em um momento único e muito bom na economia mundial. As economias que entraram nesse ciclo em melhores condições estão aproveitando mais. Nosso nível de crescimento é positivo. Eu gostaria que fosse maior, mas o fato é que temos um ritmo de crescimento. É admirável a disciplina e o rigor com que assumimos a responsabilidade para fazer os ajustes nos aspectos fundamentais da economia, para assegurar não só um crescimento maior, mas um crescimento que perdure. Poderíamos estar crescendo aos níveis da Índia neste momento, mas não podemos esquecer que o PIB da Índia é menor que o do Brasil.


 


ISTOÉ – Como brasileiro recém-naturalizado, o que o sr. Gostaria de ver neste país nos próximos cinco anos?


Jaramillo – Gostaria que nós mudássemos nossa meta, nossa base de comparação. Ouço muito que somos o maior país da América Latina nisso e naquilo. Mas esta é uma referência errada. Um país como o Brasil não tem que se comparar com a América Latina, tem que pensar no mundo. É melhor a classe empresarial confrontar essa realidade e ter como meta estar entre os dez primeiros do mundo em suas áreas de atividade.


 


ISTOÉ – Como o Brasil pode conquistar espaço no mundo se na América Latina sua liderança está ameaçada?


Jaramillo – O Brasil já demonstrou uma grande capacidade e sabedoria para manter boas relações com seus vizinhos. Tem que seguir praticando isso. Mais importante é ter grandes ambições. Nós temos que fazer alianças e tratados comerciais com os grandes mercados. Não teremos futuro se não fizermos isso. O Brasil tem de ter um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, com a União Européia. É um erro não ter tratados com os dois principais mercados do mundo.


 


ISTOÉ – O Brasil não fez isso no governo FHC, nem no governo Lula. Conseguiria avançar nesse ponto se o vitorioso fosse Geraldo Alckmin?


Jaramillo – Acho que sim. É um tema tão fundamental que deve transcender os governos. A meta é fazer, dar um mandato claro para isso. O próximo governo vai ter uma situação muito positiva, produto da boa gestão dos últimos anos. Vai poder colher esses ganhos. Estamos no bom caminho para ter taxas de juros muito mais baixas, que vão permitir materializar oportunidades no setor imobiliário, na economia interna, na competitividade externa. O Brasil demonstrou continuidade em alguns aspectos fundamentais, como a gestão econômica e fiscal. O próximo governo tem pouco espaço para sair desse caminho. A sociedade está vigilante no controle da inflação e cobra a boa gestão nos níveis municipal, estadual e federal. Há pouco espaço para aumentar impostos e os investimentos em saúde, educação e infra-estrutura são fundamentais. A arrecadação do governo é muito alta; a questão é como são usados os recursos. Por isso, a boa gestão fiscal é uma responsabilidade do próximo governo.


 


ISTOÉ – A corrupção no governo afeta a imagem do Brasil lá fora?


Jaramillo – Afeta. Ao mesmo tempo, dá uma perspectiva de que as coisas estão sendo mais transparentes.

Fonte: Isto é

Campanha do Inverno sem frio – Onde doar



  • SHOPPING IGUATEMI: Rua Barão de São Francisco 236, Vila Isabel. Estande: ao lado do balcão de informações, no 1 piso. De segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • SHOPPING TIJUCA: Avenida Maracanã 987. Estande: praça de eventos, 1 piso. De segunda a sábado, das 10h às 22h; domingos, das 15h às 21h.


  • NORTESHOPPING: Avenida Dom Hélder Câmara 5.474, Cachambi. Telefone: 3089-4444. Doações no Espaço do Cliente, no 2 piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • NOVA AMÉRICA: Avenida Pastor Martin Luther King Jr. 126, Del Castilho. Telefone: 3083-1000. Doações no Espaço do Cliente, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 12h às 21h.


  • CARIOCA SHOPPING: Avenida Vicente de Carvalho 909, Vicente de Carvalho. Telefone: 3688-2070. Doações no balcão de informações, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • MADUREIRA SHOPPING: Estrada do Portela 222, Madureira. Telefone: 2488-1342. Doações no Espaço Ler e Criar, no 3 piso, de segunda a sexta, das 10h às 18h.


  • PAÇO DO OUVIDOR: Rua do Ouvidor 161, Centro. Tel.: 2224-1027. Doações na administração, no 3º piso, de segunda a sexta, das 9h às 18h; e sábados, das 9h às 13h.


  • BOTAFOGO PRAIA SHOPPING: Praia de Botafogo 400. Telefone: 2559-9559. Doações no 1º piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • RIO PLAZA: Rua General Severiano 97, Botafogo. Telefone: 2542-5693. Doações na loja Comércio Solidário de segunda a sábado, das 10h às 22h. Aos domingos, entregas também podem ser feitas na administração do shopping, das 12h às 21h.


  • RIO SUL: Rua Lauro Müller 116, Botafogo. Telefone: 3527-7257. Doações no SAC, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • RIO DESIGN LEBLON: Avenida Ataulfo de Paiva 270. Doações no Espaço Cliente, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • RIO DESIGN BARRA: Avenida das Américas 7.777. Doações no Espaço Cliente, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • BARRA GARDEN: Avenida das Américas 3.255. Tel.: 2136-9192. As doações podem ser feitas no 2º piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • CITTÀ AMERICA: Avenida das Américas 700, Barra. Telefone: 2132-7777. Doações no SAC, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • DOWNTOWN: Avenida das Américas 500, Barra. Tel.: 2494-7072. Doações no Balcão de Informações, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • MARAPENDI SHOPPING: Avenida das Américas 3.959, Barra. Tel.: 3325-1995. Doações na administração do shopping, no subsolo, de segunda a sábado, das 10h às 22h.


  • VIA PARQUE: Avenida Ayrton Senna 3.000, Barra. Tel.: 2421-9251. Doações no Espaço Cliente, no 1º piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • CENTER SHOPPING: Avenida Geremário Dantas 404, Jacarepaguá. Telefone: 3312-5001. Doações na praça de eventos, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • WEST SHOPPING: Estrada do Mendanha 555, Campo Grande. Tel.: 2414-9000. Na praça de eventos, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • SANTA CRUZ: Rua Felipe Cardoso 540. Telefone: 2418-9401. Doações na praça de eventos, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • PASSEIO SHOPPING: Avenida Viúva Dantas 100, Campo Grande. Telefone: 2414-0003. Doações no 1piso, de segunda a quinta, das 9h às 20h; e sextas e sábados, das 9h às 21h.


  • ILHA PLAZA: Avenida Maestro Paulo e Silva 400, Ilha. Tel.: 2462-2616. Doações na loja Espaço Ilha, no 2 piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingo, das 15h às 21h.


  • PLAZA SHOPPING: Rua Quinze de Novembro 8, Centro, Niterói. Telefone: 2621-9400. Doações no estande Plaza Plus, no 3 piso, de segunda a sábado, das 10h às 23h; e domingos, das 10h às 22h.


  • ITAIPU MULTICENTER: Estrada Francisco da Cruz Nunes 6.501, Itaipu. Telefone: 2608-0011. Doações no SAC, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • SÃO GONÇALO SHOPPING: Avenida São Gonçalo 100 (Rodovia Niterói-Manilha, Km 8,5). Telefone: 3715-9000. Doações no SAC, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • TOPSHOPPING: Avenida Governador Roberto da Silveira 540, Centro, Nova Iguaçu. Telefone: 2667-1787. Doações no espaço TopAtendimento, no 1 piso, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 15h às 21h.


  • NILÓPOLIS SQUARE: Rua Professor Alfredo Gonçalves Filgueiras 100, Centro. Telefone: 2792-0607. Doações no 1 piso, de segunda a sábado, das 9h às 21h.


  • SHOPPING GRANDE RIO: Rodovia Presidente Dutra 4.200, São João de Meriti. Telefone: 2662-7222. Doações no balcão de informações, de segunda a sábado, das 10h às 22h; e domingos, das 12h às 21h.


  • ARCADIA MALL: Estrada União Indústria 10.126, Itaipava. Tel.: (24) 2222-3911. Doações na recepção, de segunda a quinta-feira, das 10h às 19h; sexta-feira e domingo, das 10h às 20h; e aos sábados, das 10h às 21h.


  • FRIBURGO SHOPPING: Praça Getúlio Vargas 139, Centro. Telefone: (22) 2523-4505. Doações no 1º piso, às segundas-feiras e aos domingos, das 12h às 22h; e de terça-feira a sábado, das 10h às 22h.


  • BAUHAUS: Rua Dr. Nelson de Sá Earp 88, Centro, Petrópolis. Tel.: (24) 2237-0312. Doações no 1º piso, às segundas-feiras, de 14h às 20h; e de terça-feira a sábado, de 10h às 20h.

Fonte:

Paralisações de advertência em todas as plantas da Volks

A partir da próxima semana, os metalúrgicos nas cinco fábricas da Volks no Brasil iniciam uma série de paralisações contra o plano de reestruturação e a demissão de 5.773 trabalhadores. Os companheiros também vão realizar manifestações públicas para esclarecer à sociedade o tamanho do impacto dessas demissões na economia brasileira.


 


Os metalúrgicos nas cinco fábricas da Volks no Brasil iniciam uma série de paralisações de advertência contra o plano de reestruturação da multinacional, que pretende fechar 5.773 postos de trabalho no País.


 


Nesses dias, além de suspender a produção, os trabalhadores vão realizar manifestações públicas para esclarecer à sociedade a dimensão dessas demissões na economia brasileira.


 


O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, disse que as paralisações também vão alertar a empresa que ela iniciou uma briga com graves consequências para a sociedade e para a sua própria imagem.


 


Também estão programadas ações nas autopeças como forma de interromper a produção na multinacional. Feijóo disse que as paralisações de advertência vão acontecer de surpresa.


 


Os sindicatos continuam orientando os trabalhadores a não fazerem hora extra para que as fábricas fiquem sem estoques nos pátios. “Só com unidade os trabalhadores conseguirão enfrentar os planos da Volks, que apontam para um estrago social”, afirmou o presidente do Sindicato.


 


“Vamos responder com unidade de ação”


A luta contra as demissões conta com total apoio da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT ( CNM-CUT ) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos da Força Sindical (CNTM). Juntas, elas representam 250 sindicatos e 1,6 milhão de metalúrgicos. “A Volks não nos chamou para negociar e não pode dizer que estamos radicalizando”, protestou Eleno Bezerra, da CNTM. Ele disse que os metalúrgicos também vão procurar os governantes, já que a Volks tem se beneficiado de incentivos fiscais e de empréstimos públicos. “Só a fábrica do Paraná deixou de pagar R$ 700 mil em ICMS”, lembrou Bezerra. O presidente da CNM, Carlos Alberto Grana, disse que a estratégia dos trabalhadores é tratar o problema de forma conjunta: “Vamos responder com unidade de ação”. Grana disse que a entidade já entrou em contato com a FITIM – Federação Internacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, que se colocou à disposição para a luta de solidariedade.


 


Com Comitê Mundial, luta é internacional


O Comitê Mundial dos Trabalhadores na Volks divulgou nota se posicionando contra o fechamento de qualquer unidade de qualquer país e defendendo a preservação dos postos de trabalho ameaçados.


 


O Comitê é formado por representantes das 44 fábricas da multinacional, que na semana passada se reuniu na matriz, na Alemanha. Feijóo disse que a posição do Comitê representa um avanço importante na luta de resistência contra o plano de reestruturação da empresa.“O documento mostra que o comitê mundial está unido em torno dessa luta. Num segundo momento vamos discutir as nossas ações conjuntas e não está descartada uma paralisação internacional”, afirmou ele.


 


Câmaras se manifestam


O envolvimento da sociedade na luta dos trabalhadores na Volks começou pelas Câmaras de Vereadores de São Bernardo e Ribeirão Pires. Na semana passada, os vereadores de São Bernardo aprovaram requerimento de solidariedade e apoio, de autoria do vereador Zé Ferreira (PT).


 


Volks quer impor padrão chinês de produção


Feijóo denunciou que o objetivo da Volks, com seu plano de reestruturação, é impor um padrão chinês de trabalho. Ganhar pouco e não reclamar, más condições de trabalho e aumento da jornada de trabalho. “A Volks quer fazer a relação capital-trabalho recuar ao século 18”, disse.


 

Além disso, a Volks quer leiloar seus novos produtos entre as fábricas do mundo. “Quem oferecer o menor custo vai levar o produto”, protestou. Para Feijóo, os trabalhadores precisam dizer não à essa lógica mortal. “Senão, vamos retornar ao trabalho semi escravo”, concluiu.

Fonte: Tribuna Metalúrgica

Universal é multada nos EUA por prática de jabá

Ana Braia


 


A multinacional do disco, Universal, foi obrigada a desembolsar US$ 12 milhões (R$ 25 milhões) ao Estado de Nova Iorque, pela acusação de pagamento de “jabá”. O acordo foi feito com o procurador-geral do Estado, Eliot Spitzer, que condenou a gravadora a pagar a multa. A Universal também será obrigada a abandonar a prática. O dinheiro será distribuído entre organizações sem fins lucrativos dedicadas à educação musical.


 


Spitzer obteve e-mails que comprovam que executivos da Universal tinham conhecimento dos pagamentos às rádios.


 


O caso remete ao final de julho de 2005, quando o Estado de Nova Iorque abriu um Inquérito sobre a Sony/BMG para averiguar o pagamento de jabá para as rádios norte-americanas executarem músicas de seus artistas. Na época, a gravadora foi condenada a pagar em torno de US$ 10 milhões ao Estado. Neste processo foram intimadas também as gravadoras Universal, Emi e Warner para prestarem esclarecimentos sobre essa modalidade de suborno que oprime a cultura musical.


 


 “Nossa investigação mostra que, contrariando a expectativa dos ouvintes de que as canções são escolhidas em função de sua popularidade e seus méritos artísticos, o tempo de exposição das canções freqüentemente é determinado por pagamentos sigiloso feitos às estações de rádio e seus funcionários”, afirmou Spitzer em 2005.


 


Essas gravadoras estão entre as cinco Majors, ou as cinco maiores do mercado que, no Brasil, possuem cerca de 85% do mercado de CDs e da reprodução em rádio, formando um cartel musical que obstrui as melhores produções nacionais e as gravadoras independentes. Mesmo produzindo uma ínfima quantidade de artistas, esse cartel tem dominado as execuções nas rádios através desta prática que os EUA exportaram para o resto do mundo.

Fonte: CUT

Artigo: Adoro ter operário de esquerda no poder

Marilene Felinto*


 


Adoro pelo simbólico que é, pela afronta que representou e representa, pelo que esfrega na cara da classe dominante, pelo desespero em que ela tem entrado diante da possibilidade de que o operário seja reeleito – desespero expresso de maneira reiterada, em letras de manchete, pela imprensa irresponsável, covarde e, ela sim, corrupta, mentirosa.


 


Adoro! Pelo simples fato de que a presença de um operário de esquerda no poder humilha as oligarquias e os oligopólios. Pela primeira vez, tudo o que é poder e prestígio – a presidência da República – escapou das mãos dos ricos da classe política dominante: a direita neoliberal e seu séqüito. Está nas mãos de um operário nascido nas brenhas de Caetés, distrito de Garanhuns, Pernambuco, que se bateu para os confins da metrópole de São Paulo ainda menino, na carroceria de um “pau-de-arara”. Está nas mãos de um trabalhador de nível médio, sem diploma universitário, e que teve seu primeiro registro assinalado na carteira de trabalho aos 14 anos de idade. E daí? E então? Isso não é importantíssimo?


 


A-do-ro. Porque não tem CPI, não tem manipulação de imprensa marrom nem tem ardil de bandoleiros da chamada “oposição” que consigam alterar esta realidade: um operário de esquerda no poder já é uma tremenda duma revolução num dos países de maior desigualdade social do mundo. Isso está acima de partidos, de personalidades políticas, de ideologias econômicas e políticas. Ainda que o operário não fosse reeleito, este momento de agora já seria de comemoração.


 


As CPIs são novelas de quinta categoria (que a maioria da população, felizmente, não acompanha), inverossímeis, cheias de personagens rasos e contraditórios, bandoleiros (os “oposicionistas”) travestidos de retidão ética e moral – quando todo mundo está cansado de saber que são eles os piores, os mais corruptos, os mais sacanas.


A maioria da população, felizmente, não acompanha as CPIs nem acredita na imprensa. O próprio Ibope, braço armado da Rede Globo para a pesquisa, divulgou recentemente pesquisa em que 58% dos brasileiros dizem não acreditar ou desconfiar da televisão e 56% dizem não acreditar ou desconfiar dos jornais impressos. Isso é uma maravilha! Só isso já é motivo de comemoração. Mas é evidente que a novela de quinta categoria continuará no ar por muito tempo ainda, tentando derrubar o presidente operário, exibida em horário nobre pelas redes de TV imorais e regurgitada no dia seguinte pelos jornalões reacionários e pelo lixo das revistonas semanais. A mídia, como diz um manifesto da Universidade Nômade, sabendo que seu candidato (leia-se, homem do PSDB) deve perder nas urnas (ao menos até hoje) a eleição para a presidência da República, quer voltar a ganhar do jeito de sempre: no conchavo das oligarquias.


 


“A mídia”, diz o manifesto, “pretendendo representar e sobretudo ser a ‘opinião’ pública, apenas defende seus próprios interesses, ou seja, os interesses do monopólio privado que ela representa. A mídia não é a opinião pública, mas o resultado das concessões da ditadura! Trata-se de uma operação reacionária e totalitária, que usa uma falsa identidade entre opinião pública e mídia. A mídia não foi eleita por ninguém, a não ser pelo dinheiro da publicidade que recebe por um discurso que agrada ao poder econômico. Ela já deixou, há muito tempo, de expressar a opinião pública, desde que as concessões públicas lhes foram entregues pelo Estado, em períodos históricos que estão longe de ser éticos e democráticos: a ditadura! A efetividade do poder da mídia (sua ‘audiência’ e suas tiragens) tem apenas bases totalitárias!”


 


Ademais, as CPIs não provaram nada de fato. Uma comentarista da Rádio Nederland, em texto divulgado pela Argenpress, agência de notícia da Argentina, no início de abril, explicava:


 


“Não existe nenhuma prova de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja envolvido no esquema de supostos subornos. A esta contundente conclusão chegou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso brasileiro depois de mais de dez meses de investigação.” O que há, continua a comentarista Nora Di Pacce, é perseguição da imprensa brasileira contra o atual governo, imprensa que, juntamente com a oposição, tenta impedir a reeleição de Lula. Di Pacce cita um dos jornalões diários de São Paulo como o carro-chefe da perseguição. Segundo ela, este jornal “começou a utilizar um título particularmente chamativo para as notícias obre o tema: ‘Cerco’. Nas notas, divulga-se todo tipo de denúncias contra o governo, sem importar se se referem a Lula ou a um empregado que trabalhe na casa de algum funcionário do governo. A idéia de um Lula ‘cercado’, ‘encurralado’, é a que mais se tenta destacar nos grandes meios de comunicação, em particular na imprensa escrita. Não é novidade a posição da imprensa com relação ao governo, nem sua clara preferência pelos candidatos e governos da direita neoliberal, representada pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que governou o Brasil durante os períodos anteriores à chegada de Lula ao poder.”


 


Adoro operário de esquerda no poder porque é um raro momento para experimentar um alívio na opressão social antes exercida aqui pelo grupo do PSDB de Fernando Henrique Cardoso (o mesmo que quer voltar ao poder a qualquer custo), uma momentânea interrupção no abuso, na exploração e na injustiça sistemáticas que esse grupo político pratica contra as camadas pobres da população.


 


Adoro! Só para observar que quem acompanha CPI são exatamente os órfãos do PT, mergulhados num egocentrismo patético ou num ressentimento constrangedor. Tudo gente diplomada em universidade, tudo gente pretensiosa, que se acha o supra-sumo do saber – e que precisava passar um mês que fosse (muitos deles) nos bastidores de uma redação de jornal para descobrir com quantas linhas de mentira e manipulação se tenta construir um candidato favorável ao poder econômico e se quer destruir um presidente operário. Só para adquirir (muitos deles) um pouco da aprendizagem técnica para a decodificação de mensagens. Só para descobrir (muitos deles) a que grau a imprensa consegue manipulá-los e deformá-los, especialmente a eles, os diplomados.


 


* Marilene Felinto é escritora e jornalista – [email protected]

Fonte: Revista Caros Amigos, edição 110 (maio/2006)

Audiência debate mudança na Lei das Filas

Representantes dos bancários debatem com vereadores emenda que obriga número mínimo de funcionários nas agências


 


Fábio Michel


 


São Paulo – A violência na cidade não permitiu a realização de um ato público organizado pelo Sindicato em frente à Câmara dos Vereadores, nesta segunda-feira, dia 15. A atividade iria cobrar dos parlamentares a aprovação da emenda ao texto da Lei das Filas, de autoria do vereador Rubens Calvo, que prevê número mínimo de funcionários no atendimento dentro das agências.


 


Mesmo assim, num dos auditórios da casa legislativa, aconteceu uma plenária com o vereador Rubens Calvo (PT), o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, o presidente da Afubesp, Cido Sério e a médica sanitarista Maria Maeno, assessora de Saúde do Sindicato. Uma nova data para o ato ainda será marcada.


 


Marcolino lembrou o grande crescimento dos lucros dos bancos nos últimos anos, ao contrário do que aconteceu com a oferta de empregos no setor. “Estão querendo criar clientes de segunda categoria, obrigando as pessoas a recorrer aos correspondentes bancários. Por essas outras razões, consideramos a aprovação da emenda um avanço na nossa luta por mais empregos”, disse.


 


Cido Sério conclamou os bancários a articular-se para fazer a Lei das Filas, melhorada pela emenda, ser implementada em todo o país.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

HSBC: Funcionários reivindicam um ambulatório no Casp

Abaixo-assinado com a reivindicação está circulando entre os bancários


 


Jair Rosa


 


São Paulo – A cena já está se tornando comum no Centro Administrativo São Paulo (Casp), do HSBC: uma pessoa passa mal e precisa de atendimento médico. A unidade de remoção é chamada, demora em média meia hora para chegar e, durante este tempo de espera, ninguém sabe o que fazer e como agir para ajudar a pessoa doente.


 


Segundo o diretor do Sindicato Nelson Nascimento, os cipeiros afirmam que isso acontece pelo menos duas vezes por mês no local.


 


“O número de funcionários cresceu muito no Casp. Hoje são mais de 1.500 pessoas lá dentro, o que torna essencial a montagem de um ambulatório e a presença de um enfermeiro para atender as emergências no local antes da chegada da ambulância”, afirma.


 


Abaixo-assinado – Os cipeiros do Sindicato no Casp estão circulando um abaixo-assinado com a reivindicação, que será enviado à direção do banco após a próxima reunião da Cipa, no final deste mês.  É importante que todos os bancários participem.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

HSBC: Caixa precisa receber como tal

Nos dias de pico, o bicho pega no HSBC. A sede administrativa do banco (Searj), em São Cristóvão, recebe toda sorte de documentos para serem selecionados, classificados e autenticados. Os gestores não hesitam: lançam mão de alguns escriturários para fazer os serviços de caixa.


Ao contrário de outros bancos, que processam depósitos envelopados, pagamentos e outros serviços nas agências, o HSBC faz isso na Searj. Aí ocorre o deslocamento de funcionários administrativos para operarem como caixas. Mas e a contrapartida salarial, como é que fica? Não fica. Então o Sindicato vai exigir os direitos desses funcionários, pois caixa é caixa, escriturário é escriturário.


 


“Vamos exigir o fim dessa prática irregular. Quem trabalha como caixa deve receber como tal”, disse o diretor eleito e funcionário da Searj, Amarildo Alcântara.


 

Em tempo: O Sindicato vai cobrar também uma solução para o mau cheiro que invade os ambientes da Searj, vindo dos dutos de ar-condicionado. O banco prometeu isso, mas até agora não cumpriu.

Fonte: Sindicato do Rio de Janeiro

Entrevista com Jaime Ramos, presidente da CUT-RJ


Pela simbologia do 1º de Maio, penso que o balanço é positivo


 


  Foto: CUT-RJ


A poucos dias do 12º CECUT, já há 496 delegados inscritos, representando 47 sindicatos. Durante o evento, haverá a eleição da nova diretoria da entidade. O Unidade entrevistou Jayme Ramos, atual presidente da CUT-RJ, que fez um balanço de sua gestão e uma análise da conjuntura do Rio de Janeiro e da crise da Bolívia.


 


UI – Qual foi a principal conquista da sua gestão?


JR – Foi tornar a CUT realmente estadual, não apenas uma correia de transmissão da CUT nacional. A conquista mais importante neste sentido foi a construção do Fórum do Setor Naval, que envolve os sindicatos dos Petroleiros, dos Metalúrgicos e dos Marítimos – não filiado à CUT. A Transpetro (n.r.: operadora de navios e dutos ligada à Petrobrás) lançou os editais para construção de 22 navios e isto está revitalizando a indústria naval. O Rio concentra 95% da indústria naval brasileira e sua recuperação gera em torno de 40 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Com estas encomendas, a indústria vai passar da 2ª geração tecnológica, que leva dois anos para construir um navio. A Coréia do Sul, a China e o Japão estão indo da 4ª para a 5ª geração tecnológica e levam apenas 8 meses para construir uma embarcação de grande porte. E o mercado está aberto para a indústria naval, é preciso que esta evolução aconteça rápido, para aproveitar esta oportunidade.


Outro aspecto positivo foi a luta dos trabalhadores da economia informal – os camelôs. Esta luta foi tão importante que dividiu com a saúde a pauta do processo sucessório de 2004.


Outro destaque foram as manifestações do 1º de Maio em 2004 e 2005. Saímos da capital e fomos para a Baixada Fluminense, para Nova Iguaçu, que é onde o povo está. E fizemos um 1º de Maio massivo. Pela simbologia do 1º de Maio, penso que o balanço é positivo.


 


UI – Como o estado do Rio chegou à situação econômica atual?


JR – Tudo é reflexo do esvaziamento econômico que já vem desde os anos 60. A transferência da capital para Brasília foi o inicio. Por ser capital, o rio concentrava um grande contingente de servidores públicos. No interior, o esvaziamento foi causado pela criação do “eixo Dutra”, no governo Juscelino. Para se ter uma idéia, nos anos 50 São Gonçalo era considerada a Manchester do Brasil. Outra causa foi a fusão. Depois veio a crise econômica da década de 80, que atingiu um setor importante, o da construção naval. Nos anos 90, houve a privatização da Telerj, CTC, Barcas, Metrô, CERJ, CEG, ficou só a CEDAE. E o passivo destas empresas foi assumido pelo governo estadual. Só do Banerj, 4 a 6 bilhões em dívidas foram transferidos para o estado.


 


UI – E a Crise da Bolívia?


JR – Em política internacional, vele o ditado: devagar com o andor, que o santo é de barro. Não se muda a rota da econômica de um país tão profunda e rapidamente quanto se pode fazer na política. A Bolívia é um país pequeno e pobre, não é com o Brasil, a china e a índia, que teriam condições de fizer um movimento mais radicalizado. Este é um problema objetivo, independente de que governo esteja à frente.


A repercussão da nacionalização dos hidrocarbonetos bolivianos é exagerada. A elite brasileira, como toda de pais subdesenvolvido, é subserviente ao modelo EUA. Isto é um processo de desmoralização do governo com objetivos eleitorais.


O que está havendo é o esforço de construção de uma economia regional mais solidária, que o governo Lula conseguiu colocar como viável. O Lula vencer as eleições permitiu que o Chavez continuasse, derrotando o golpe, permite ao Kirchner ser mais radical no enfrentamento da dívida, permite o Evo nacionalizar o petróleo sem tratar o Brasil como imperialista.


O enfrentamento do neoliberalismo, que se concretizava na Alca, tem a ver com um esforço para promover um desenvolvimento com distribuição de renda para todos os povos que compõem esta região. A Bolívia é o mais sacrificado dos países sul-americanos, o que foi mais vilipendiado. O esforço que o Brasil está fazendo é de compreender isto e construir uma relação mais solidária.

Fonte:

Fabricante de Viagra testou remédio para meningite em crianças nigerianas


Médicos nigerianos denunciam: Pfizer usou crianças como cobaias


 


Dayane Santos


 


A multinacional farmacêutica norte-americana Pfizer utilizou crianças nigerianas como cobaias ao fornecer medicamento não testado durante uma epidemia de meningite no país, em 1996, segundo denuncia uma equipe de médicos que investigou o caso a pedido do governo da Nigéria.


 


O caso ocorreu no Hospital de Enfermidades Infecciosas, situado na província de Kano, onde eram tratados os pacientes com meningite no país. De acordo com os médicos, cerca de 100 crianças foram submetidas à droga experimental Trovan, que não possuía a autorização do governo nigeriano para ser distribuída.


 


Conforme o relatório dos médicos, a Pfizer não informou ao governo que a droga era experimental e que, portanto, nunca havia sido testada. Ao contrário, afirmou que os medicamentos tinham sua eficácia assegurada. O informe afirma ainda que cinco das crianças que receberam o tratamento da Pfizer morreram tendo como suspeita de morte o uso de antibióticos.


 


Segundo a conclusão dos médicos, a  multinacional violou a lei nigeriana, a Declaração Internacional de Helsinque sobre ética médica e a Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da criança.


 

Fonte: CUT