VOLKS ANUNCIA DEMISSÕES NO BRASIL MENOS DE UM MÊS DEPOIS DE OBTER QUASE MEIO BILHÃO DO BNDES
Eduardo Diniz
RIO – A Volkswagen do Brasil anunciou um plano de reestruturação, que prevê cortes de “milhares de empregos”, menos de um mês depois de ter obtido crédito oficial do BNDES de quase meio bilhão de reais.
Em 18 de abril, o banco estatal informou que aprovou financiamento de R$ 497,1 milhões para a Volkswagen do Brasil. Na ocasião, o BNDES informava que os recursos seriam “destinados à expansão da produção de veículos Fox e CrossFox”, que “possuem elevados índices de nacionalização”, com projeto e desenvolvimento “realizados por profissionais brasileiros”.
Pois nesta quarta-feira a Volks no Brasil anunciou um plano de reestruturação que inclui a demissão de milhares de funcionários, o corte de benefícios e até a possibilidade de fechamento de uma de suas quatro fábricas de automóveis no país. Motivo alegado: valorização excessiva do real frente ao dólar, que teria reduzido fortemente a rentabilidade das exportações da montadora.
No texto em que justificou o empréstimo de quase meio bilhão de reais à montadora, o BNDES afirmava que os investimentos da Volks financiados pelo banco “permitiram ampliar as exportações de veículos brasileiros, incluindo caminhões e ônibus, aumentando a presença da indústria automobilística nacional no mercado internacional”
Em entrevista nesta quarta-feira, Hans-Christian Maergner, presidente da Volkswagen do Brasil, afirmou que “a matriz, na Alemanha, concluiu que a Volkswagen tem uma fábrica a mais no Brasil”.
“A Volkswagen do Brasil acredita que cortes em produção e de milhares de empregos são inevitáveis”, disse a empresa em nota nesta quarta-feira.
Fonte: Globo Online
DEMISSÕES NA VOLKS
Leonardo Severo
O anúncio de 6 mil demissões feito pela Volkswagen na quarta-feira (3) caiu como uma bomba no chão da fábrica, com os trabalhadores reagindo imediatamente. Convocados pelos Sindicatos, os operários vêm engrossando o movimento de resistência.
Em São Bernardo, estão previstas 3.672 demissões nos próximos três anos, com início já em novembro – quando vence o acordo de garantia de emprego – e mais 2.101 em Taubaté e Curitiba. Após este período, a multinacional alega a necessidade de fazer uma “reestruturação” para cortar 25% dos custos, o que inclui, entre outros abusos, a terceirização em massa e muitas horas extras.
Em resposta à proposta indecente da empresa, os trabalhadores aprovaram na mesma quarta-feira, em assembléia conjunta no pátio da unidade Anchieta, em São Paulo, ampliar a pressão contra o facão.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, rechaçou o comunicado da multinacional: “é inaceitável um projeto dessa natureza”. Segundo ele, “a luta deverá ser longa, muito dura e de resistência, pois estamos enfrentando um pesado ataque do neoliberalismo em escala mundial”.
RESPOSTA – Feijóo lembrou que o grupo Volks pretende demitir outros 20 mil trabalhadores na Alemanha, além de fechar outras plantas como a de Navarra, na Espanha. Diante do processo de reestruturação irracional e indiscriminado como o proposto, frisou, “a luta não pode ser isolada, precisamos dar uma resposta mundial”.
O dirigente metalúrgico anunciou que levará ao Encontro Mundial dos Trabalhadores na Volks, que inicia na próxima segunda-feira (8), na Alemanha, uma proposta de articulação mais efetiva entre as entidades, já que a multinacional vem tentando aterrorizar seus funcionários com o objetivo de que aceitem pacificamente as demissões.
LUTA – “Precisamos definir um plano de lutas consistente, que só será vitorioso se todos vestirem a camisa desta que será uma verdadeira guerra”, frisou Feijóo, lembrando que “a orientação geral no momento é dizer não à hora extra e avisar o pessoal da Comissão de Fábrica onde houver pressão da chefia”.
Ainda esta semana haverá um encontro das Comissões de Fábrica e sindicalistas das plantas da Anchieta, Taubaté, Curitiba e São Carlos para definir uma atuação comum de resistência às imposições da Volks.
Quanto às alegações da multinacional de que as demissões seriam feitas em função da sobrevalorização do real, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, reagiu: “não me parece que é o câmbio, senão não estariam demitindo na Alemanha”. Marinho declarou que irá procurar dialogar com os Sindicatos e com a empresa para saber como o governo poderá ajudar na resolução do impasse.
Fonte: CUT, com informações da Tribuna Metalúrgica
TRABALHADORES DA VOLKS INICIAM RESISTÊNCIA ÀS DEMISSÕES
Os trabalhadores na Volks iniciaram um movimento de resistência contra as 5.773 demissões anunciadas ontem pela montadora em três de suas fábricas no Brasil até 2008. São Bernardo (SP) terá o corte mais drástico, com 3.672 demissões a partir de novembro, quando vence o acordo de garantia de emprego. Depois disso, a multinacional quer uma reestruturação para cortar 25% de custos, o que inclui terceirização e outras medidas.
Os trabalhadores na Volks aprovaram ontem, em assembléia conjunta, um movimento de resistência contra o plano anunciado pela direção da montadora, que vai custar 3.672 demissões na planta Anchieta nos próximos três anos e mais 2.101 em Taubaté e Curitiba.
Só neste ano seriam 1.793 demissões na planta Anchieta, a grande maioria na produção, que aconteceriam depois de terminar o acordo de garantia de emprego, em novembro. A fábrica deixou claro que não renova esse acordo.
A Volks quer, além disso, reduzir custos em 25%, com implantação de processos produtivos como consórcio modular, com terceirização em massa, entre outras medidas.
“É inaceitável um projeto dessa natureza”, afirmou durante a assembléia o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo.
“Nossa luta deverá ser longa, muito dura e de resistência, pois estaremos enfrentando um pesado ataque do neoliberalismo em escala mundial. Afinal, o grupo Volks quer demitir outros 20 mil trabalhadores na Alemanha, além de fechar outras plantas como a de Navarra, na Espanha”, disse.
Para Feijóo, o movimento de resistência terá de ser de todos os trabalhadores nas plantas da Volks. “Essa luta não pode ser isolada, em uma unidade só. Está na hora dos companheiros darem uma resposta mundial”, avisou.
Ele acredita que a multinacional quer se reestruturar no mundo todo a custa dos trabalhadores.
Em cada unidade a empresa usa uma razão diferente para as demissões e aqui no Brasil a alegação é o dólar muito baixo.
Feijóo disse que a resposta dos trabalhadores deve ser dura, senão as multinacionais entrarão num processo de reestruturação irracional e indiscriminado, a caminho de um tipo de trabalho semiescravo como ocorre hoje na China.
Luta é mundial e começa sem hora extra
Ainda nesta semana estarão reunidas as Comissões de Fábrica e sindicalistas das plantas Anchieta, Taubaté, Curitiba e São Carlos para definir as ações conjuntas de resistência.
A responsabilidade de cada companheiro e companheira é não fazer hora extra. A orientação geral é dizer não à hora extra e avisar o pessoal da Comissão de Fábrica onde houver pressão da chefia.
Feijóo vai levar ao Encontro Mundial dos Trabalhadores na Volks, que começa dia 8 na Alemanha, a proposta de uma articulação mundial contra as demissões no grupo.
O presidente do Sindicato também quer aprovar ações conjuntas durante o encontro de sindicatos de trabalhadores nos países onde a Volks tem plantas, que acontece a partir do dia 14 no México.
Ele acredita que a montadora quer aterrorizar os trabalhadores, para que todos aceitem pacificamente as demissões.
“Precisamos definir um plano de lutas consistente, que só será vitorioso se todos vestirem a camisa desta que será uma verdadeira guerra”, alertou Feijóo.
O governo está disposto a ajudar, diz Marinho
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse ontem que vai procurar a Volks e os sindicatos de metalúrgicos para saber como o governo federal pode ajudar a resolver a crise e evitar as demissões.
Ele acredita que, se existe crise, ela não deve ser resultado do câmbio, mas sim decorrência de um processo de reestruturação mundial da multinacional.
“Não me parece que é o câmbio, senão não estariam demitindo na Alemanha”, comentou. Ele afirmou que o governo tem interesse em ajudar.
Marinho falou que os fatos serão analisados e, se o governo tomar medidas, ela vai ser para todo o setor e não para uma única empresa. “Não temos soluções para uma só empresa”, concluiu.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Fonte: