CONSCIÊNCIA SOBRE A ÁGUA
Segundo a Organização Mundial de Saúde, no Brasil, morrem
atualmente 29 pessoas/dia por doenças decorrentes da
qualidade da água e do não tratamento de esgotos e estima-se
que cerca de 70% dos leitos dos hospitais estão ocupados
por pessoas que contraíram doenças transmitidas pela água.
A superfície de nosso planeta é constituída por apenas 30%
de terra firme, os 70% restantes são de água, mas nem toda
essa água está disponível para uso humano, 97% são águas
salgadas e apenas 3% são doces. Destes, apenas 0,6% são
águas doces superficiais sendo que um pouco mais da
metade está disponível nos lagos e nos rios. Nosso corpo
também é em sua maior parte constituído por água e por isso
nossa vida depende diretamente dela.
Cada vez mais vemos crescer a consciência sobre sua
importância vital, porém, mesmo sabendo da incomensurável
importância para nossas vidas e do risco eminente da falta da
mesma, muitos ainda continuam poluindo rios e reservatórios
com esgotos domésticos e industriais, retirando vegetação
protetora das margens e mananciais, o que apressa seu
assoreamento, envenenando com metais pesados e
agrotóxicos, construindo em suas margens e modificando
seus cursos, além de muitas outras agressões. Ao mesmo
tempo, empresas multinacionais,que já entenderam o valor
vital da água, resolveram agora embutir um valor econômico,
transformando o que deveria ser direito de todos em mais um
bem de consumo, um produto para enriquecer ainda mais
quem já tem bastante dinheiro.
A natureza, o homem e até mesmo as cidades estão
interligados e dependem de um equilíbrio do ciclo da água.
Apenas quando tivermos um destino adequado para todo o lixo
e todo esgoto produzido nas áreas urbanas, poderemos
garantir a conservação de nossos rios e mananciais.
Por isso é preciso combater a poluição dos rios, impedir a
ocupação irregular de seus leitos e, principalmente, investir na
recomposição das matas ciliares e dos mananciais. A
vegetação ciliar, ou matas de galeria, atuam como um
amortecedor das chuvas, ajudando o solo a absorver cerca de
99,5% das suas águas, que são posteriormente liberadas
lentamente para o lençol freático, mantendo desde
mananciais e rios até olhos d’água e nascentes.
A ÁGUA EM NOSSAS VIDAS
A água, como todos sabemos, é um elemento essencial para
que a vida exista na Terra. Nenhum ser, animal ou vegetal
sobrevive sem ela. Mas esse não é seu único papel na
natureza. Como agente intempérico ela molda rochas,
modifica paisagens, forma rios, mares e lagos. Sem sua ação
intempérica não teríamos o solo que nos dá alimento e é
sustentação de grande parte da vida vegetal existente.
A água também enfeita nossos céus. Quem nunca brincou de
descobrir a forma das nuvens quando era criança, quem nunca
parou para observar as nuvens no horizonte durante o
crepúsculo. Na imensidão branca do Alaska, ou no deserto de
gelo da Antártida, assim como nos cumes das montanhas a
água se apresenta em estado sólido, formando paisagens
exuberantes que atraem a curiosidade de milhares de
aventureiros.
No ambiente urbano a água tem um papel fundamental,
podendo ser fonte de vida ao saciar nossa sede e ajudar em
nossa higiene, ou fonte de graves doenças, quando é poluída
por nossos próprios dejetos transformando-se em um veículo
para micro e macro organismos maléficos.
Ela também é essencial para regular o clima da cidade, pois
como tem capacidade de armazenar calor pode colaborar
com o arrefecimento da mesma. Em cidades onde a água e a
vegetação aparecem com menor freqüência, o micro clima
urbano pode variar em até 9ºC a mais do que em ambientes
naturais.
A chuva faz parte do ciclo da água, e é graças a ela que
muitos de nossos mananciais se mantém abastecidos, que
nossas lavouras continuam produzindo alimentos para nossa
mesa, porém, ao encontrar o solo impermeabilizado da cidade,
o que é uma dádiva para a agricultura pode se tornar um
pesadelo para muitos.
A ocupação irregular em áreas de alagamento (várzeas), a
poluição excessiva, a retirada indiscriminada das matas
ciliares e a própria impermeabilização do solo urbano são
responsáveis por enchentes que deixam milhares de pessoas
desabrigadas todos os anos. É a natureza dando sua resposta
pelos ataques que sofre.
A água no ambiente urbano também pode ter sua função
estética e de lazer. Enfeitando praças e chafarizes, formando
lagos, ou sendo utilizada em parques aquáticos e clubes, ela
também ajuda a melhorar nossa qualidade de vida. Enfim, é
uma grande aliada da vida, mas muitas vezes nós mesmos a
transformamos em uma arma por não respeitá-la da forma
devida. O futuro de todo o planeta depende dela, e está em
nossas mãos encontrar meios para preservá-la.
PERIGO NO PLANETA ÁGUA
Nos últimos 50 anos a população mundial passou de 2,5
bilhões de pessoas para 6,1 bilhões. Estima-se que até 2050
nosso palneta tenha entre 9 e 11 bilhões de habitantes. Com
este crescimento populacional, cresce também a demanda
por alimentos, por energia, água e recursos minerais,
aumentando também a poluição e a degradação ambiental.
Atualmente a proporção de área cultivada por pessoa caiu de
0,24ha/pessoa em 1950 para 0,12ha/pessoa em 2000.
Calcula-se que em 2050 a proporção será de 0,08ha/pessoa.
A terra agriculturável é cada vez mais escassa e a
biotecnologia já provou não ser eficiente no aumento da
produtividade.
Dentro deste contexto, nos resta uma grande esperança nos
oceanos e nos mares. Dois terços da superfície do planeta
estão cobertos por águas salgadas, caracterizando-se como
uma fonte importantíssima de riquezas, de energia e
principalmente, de alimentos. Se forem explorados de maneira
sustentável, os oceanos e os mares podem contribuir em
muito com a solução de nossos principais problemas.
Todos os anos são capturados no mundo cerca de 90 milhões
de toneladas de peixes, que além de gerar renda para milhares
de famílias de pescadores e de comerciantes, ainda ajudam a
amenizar a fome e a melhorar a dieta de muitos. Os oceanos
também ajudam a estabilizar o clima mundial, são fonte de
água potável, após tratamento especial, em muitos países
onde a água doce é escassa, e também são considerados
uma importante fonte alternativa de energia elétrica e de
combustíveis fósseis. Trinta por cento da produção mundial de
petróleo provém dos mares, sendo que o Brasil é líder mundial
na exploração em grandes profundidades. O transporte
marítimo é responsável hoje por oitenta por cento do comércio
mundial.
Com todos estes argumentos, fica fácil perceber que a vida e
o futuro na Terra dependem também da utilização correta dos
mares e dos oceanos, porém, não estamos tomando todos os
cuidados que deveríamos. O litoral brasileiro, por exemplo, é
famoso por bons e maus motivos.
Com suas praias exuberantes e seus portos indispensáveis
para o escoamento de nossos produtos, também enfrenta o
despejo de esgotos de cidades inteiras além da falta de
consciência de muitos turistas e empresas que colaboram
diretamente no aumento da poluição. Acidentes com
petroleiros também tem colocado em risco nossas águas
salgadas. Exemplo disso foram os dois petroleiros, o Erika,
ao largo da costa de França, e o Prestige, ao largo da costa
da Galiza, que juntos causaram um dos mais graves acidentes
ambientais da história.
Alguns poucos homens, na ganância de satisfazer seus
desejos capitalistas, já destruíram grande parte dos ambientes
naturais de nossos continentes, colocando em risco todos os
demais seres humanos, agora, estão acabando com os
Oceanos, antes mesmo que possamos conhece-los melhor.
Precisamos fazer algo imediatamente, pois é o nosso futuro e
o de todas os formas de vida que está em jogo.
(Por: Olimpio Araújo Junior – Geógrafo-ambientalista; Diretor de
Comunicação do Portal Ambiental EcoTerra Brasil)