A Contraf-CUT, federações e sindicatos realizaram nesta terça-feira, dia 30, a primeira rodada de negociação da Campanha Nacional dos Financiários com a Fenacrefi, entidade patronal do setor, em São Paulo. A reunião marcou o início da Campanha Nacional de 2011 da categoria, que tem data-base no dia 1º de junho.
Os destaques ficaram por conta do combate à terceirização, fim das metas abusivas e a discussão sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A próxima rodada acontece no dia 12 de setembro.
A luta pelo emprego foi aprovada pelos financiários como uma das principais bandeiras da campanha salarial deste ano, especialmente com foco nas terceirizações, a partir da edição das novas resoluções do Banco Central (3954 e 3959, de 24 de fevereiro e 31 de março de 2011, respectivamente) que, apesar de proibirem a forma de franquia, autorizaram os bancos e financeiras a constituírem seus próprios correspondentes para atuarem na concessão de crédito.
Outro ponto, foco da categoria na Campanha Nacional, é a abrangência da convenção coletiva para todo o país. Os trabalhadores defendem que o acordo assinado pela Contraf-CUT com a Fenacrefi seja cumprido em todo o território nacional e válido para todos os trabalhadores que prestam serviços às financeiras.
Os financiários cobram um reajuste salarial que contemple a reposição da inflação acumulada entre 1º de junho de 2010 e 31 de maio de 2011 (projetada em 7,27 % segundo o ICV/Dieese) e um aumento real de 5 % .
A categoria reivindica ainda um modelo de PLR equivalente ao definido na Convenção Coletiva dos Bancários. Da mesma forma, cobram a criação de um acordo de combate ao assédio moral nos moldes do conquistado pelos bancários.
Assédio moral
Os trabalhadores cobraram que as financeiras também assinem o aditivo ao acordo coletivo que estabelece um instrumento de combate ao assédio moral, da mesma forma como aconteceu entre os bancários e a Fenaban. Os representantes Fenacrefi sinalizaram que deverão também assinar a cláusula nos mesmos moldes que fizeram os bancos.
PLR
Durante a reunião ficou acertado também que será criado um grupo de trabalho – composto por representantes dos empregados e das financeiras – para discutir um novo modelo de PLR.
“Os trabalhadores merecem ser reconhecidos e valorizados pelo bom desempenho das empresas. Por isso, merecem uma PLR maior e o aumento real nos salários”, disse Jair Alves, diretor da Contraf-CUT.
Recuos e avanços
O representante da Federação na negociação das financeiras, Paulo Garcez, ressalta que a discussão das terceirizações é um dos pontos capitais da discussão. “A Fenacrefi não admite que a prática é usada somente para reduzir custos. Eles alegam, por exemplo, que muitos terceirizados que trabalham com financiamento de veículos somente coletam os dados dos clientes, mas não são funcionários nem da loja, nem da financeira. Os patrões alegam que não há condição de remunerar estes trabalhadores no mesmo padrão dos financiários. Mas, afinal, eles estão captando clientes e viabilizando o financiamento, não podem ser tratados de outra maneira”, argumenta Garcez.
O dirigente também informa que a negociação como um todo demonstra uma intenção da Fenacrefi de retroceder no acordo coletivo. “Eles já sinalizaram que pretendem excluir o anuênio, mudar a redação da cláusula que trata de estabilidade pré-aposentadoria e extinguir a opção com efeito retroativo”, informa Garcez.
Os únicos pontos em que pode haver algum acordo dizem respeito ao ponto eletrônico, que os patrões já se mostraram dispostos a discutir, e a vigência da Convenção Coletiva por dois anos, exceto para as cláusulas econômicas.
A negociação do dia 12 vai tratar exclusivamente do modelo de PLR. Para as demais questões, ainda não há reuniões agendadas.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo e Feeb RJ/ES