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Série sucessão papal

O filho de Franciscos


18/03/2013


Temos novo papa com o nome de dois Francisco: o de Assis (1182-1226) e o Xavier (1506-1552), este jesuíta como ele. Papa que, ao se apresentar ao mundo, da sacada do Vaticano, dispensou as vestes pontificais e pediu aos fiéis que rezassem por ele.


É significativo que dom Cláudio Hummes, cardeal brasileiro, tenha aparecido ao seu lado no momento em que se apresentou. Agora sabemos que foi um convite do próprio eleito. Dom Cláudio se sentou ao lado do cardeal Bergoglio durante o conclave. E foi o principal articulador de sua eleição. Não me surpreendeu saber que o nome de Francisco foi sugerido pelo ex-bispo do ABC paulista, pois dom Cláudio é franciscano e, no início da década de 1980, defendeu os metalúrgicos em greve liderados por Lula.


O nome de um papa revela um programa. No caso de Francisco, vários fatores são relevantes. São Francisco de Assis é o santo que, filho de Bernardone, pioneiro do capitalismo, criticou o novo sistema produtivo que gerava miséria. Até então a pobreza na Europa Ocidental decorria de guerras e pestes. Todos tinham ao menos uma gleba de terra para cultivar seus alimentos e criar uns poucos animais que garantissem seu sustento.


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Histórias do papado


15/03/2013


Ainda esta semana saberemos quem será o novo papa. Possivelmente tomará posse oficial no domingo de Ramos, 17 de março, de modo a liberar os cardeais para retornarem a seus países a tempo de participarem das celebrações da Semana Santa e da Páscoa.


Teremos, agora, o 266o pontífice. Na lista sucessória oficial, iniciada pelo apóstolo Pedro, constam 263, já que Bento IX ocupou por três vezes o pontificado: eleito em 1032, o depuseram por corrupção em 1044. Voltou em 1045 e abdicou meses depois, para retornar em 1047, até ser definitivamente derrubado em 1048.


Até o século IV os papas eram eleitos por voto dos diáconos e padres de Roma. Assim como os fiéis das dioceses votavam na escolha de seus bispos. Evitava-se envolver os demais bispos nas questões internas da sé romana.


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“Habemus papam”: Francisco


14/03/2013


O papa Francisco – nome adotado pelo cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio – ao ser eleito novo chefe da Igreja Católica terá pela frente difíceis desafios. O maior deles, imprimir colegialidade ao governo da Igreja e reformar a Cúria Romana.


Para mexer nesse ninho de cobras, terá de remover presidentes de congregações (que, no Vaticano, equivalem a ministérios) e nomear para dirigi-las prelados que, hoje, vivem fora de Roma e são, portanto, virtualmente imunes à influência da “famiglia curiale”, a que, de fato, exerce o poder na Igreja.


Para modificar a estrutura monárquica da Igreja, Francisco terá de repensar o estatuto das nunciaturas, valorizar as conferências episcopais e o sínodo dos bispos e, quem sabe, criar novas instituições, como um colégio de leigos capaz de representar a Igreja como Povo de Deus, e não como sociedade clericalizada pretensamente perfeita.


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A igreja e o véu da virtude


08/03/2013


Nos próximos dias a Igreja Católica terá novo papa. Até que ele seja eleito, os cardeais de 48 países estão reunidos em Roma debatendo, com certeza, os motivos que levaram Bento XVI a renunciar.


Para a opinião pública, um gesto corajoso de humildade, sobretudo nesses tempos em que muitos políticos se julgam imortais e não concebem viver fora do poder. É o caso de Berlusconi, na Itália, que de novo busca ser primeiro-ministro, e de tantos políticos aqui no Brasil, acostumados a lotear a República e a tratar ministros e chefes de autarquias indicados por eles assim como um latifundiário trata seus capatazes.


A Igreja é uma instituição de origem divina, mas formada por seres humanos que, a cada dia, devem orar “perdoai as nossas ofensas… e não nos deixeis cair em tentação.” Mas caem, e provocam escândalos, como os sucessivos casos de pedofilia.


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Desafios ao novo papa


06/03/2013


São muitas as especulações quanto ao cardeal que será eleito sucessor de Bento XVI agora em março. A rigor, qualquer homem batizado na Igreja Católica é potencial candidato.


Embora haja bolsas de apostas em torno dos “papabiles”, os variados palpites costumam dar zebra. Exceção foi o cardeal Ratzinger. Era teólogo do papa João Paulo II, presidente da Congregação da Doutrina da Fé, decano do colégio cardinalício e gozava, como teólogo, de certa ascendência sobre a maioria dos cardeais. Foi eleito pontífice em 2005, aos 78 anos.


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Um conclave inusitado


03/03/2013


O papa Bento XVI, ao renunciar ao trono de Pedro a 28 de fevereiro, deu sinal verde à abertura do novo conclave, que em março reunirá o Colégio de Cardeais para eleger seu sucessor.


Serão 115 cardeais com menos de 80 anos a participar da eleição em Roma, mesmo que estejam sob censura ou tenham sido excomungados. Durante o tempo que durar a reunião ficarão isolados do mundo, recolhidos em aposentos especiais, próximos à famosa Capela Sistina, onde ocorrerá o processo eleitoral.


O conclave é aberto com missa solene celebrada na Basílica de São Pedro. Cada cardeal faz o voto de manter a eleição em segredo, e todos rezam para que o Espírito Santo inspire suas escolhas. Em seguida, se recolhem.


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Rumo ao conclave


1º/03/2013


A partir de 28 de fevereiro inicia-se, com a renúncia de Bento XVI, o período de Sé Vacante. Até a eleição do novo papa, o governo da Igreja Católica fica em mãos do Colégio de Cardeais. De fato, sob o comando de Tarcísio Bertone, o cardeal camerlengo (do latim medieval camarlingus, adido à câmara, que administra a Santa Sé).


Durante a Sé Vacante, os cardeais se reúnem diariamente em Congregação Geral, da qual todos participam, inclusive os que, por idade (+ de 80 anos), perderam o direito de participar do conclave. Ali, as decisões mais importantes para o governo da Igreja são votadas por maioria simples. Prevalece, entretanto, o princípio tradicional que rege a Sé Vacante – “nihil innovetur” (nada a inovar).


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Eleições de pontífices – As tradições do conclave


27/02/2013


No próximo conclave, os cardeais eleitores serão 61 europeus, 19 latino-americanos (dos quais 5 brasileiros), 14 norte-americanos, 11 africanos, 10 asiáticos e 1 da Oceania. O candidato eleito papa deve ter pelo menos 2/3 dos votos.


Esses números podem variar, dependendo da data de abertura do conclave. O cardeal alemão Walter Kasper, por exemplo, completa 80 anos a 5 de março. A Itália é o país com o maior número de eleitores, 21 cardeais.


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Duplo poder papal


24/02/2013


Bento XVI, ao renunciar, não perde o nome pontifício nem o direito de continuar no Vaticano, em cujas dependências já optou por permanecer após a eleição de seu sucessor, em março próximo.


Como papa renunciante, Joseph Ratzinger poderia escolher, como sua nova residência, qualquer domicílio da Igreja Católica em um dos cinco continentes.


Alguns arcebispos aposentados recolhem-se a mosteiros, como Dom Marcelo Carvalheira, arcebispo emérito da Paraíba, que vive com os beneditinos de Olinda (PE); ou em casa própria, afastado do burburinho urbano, como é o caso do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, que mora em Taboão da Serra (SP).


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A eleição do sucessor de São Pedro


21/02/2013


Após a renúncia de Bento XVI, o governo da Igreja passa automaticamente às mãos do Colégio dos Cardeais, segundo regras redefinidas por João Paulo II, em 1996, no documento Universi Dominici Gregis. Logo que os cardeais chegam a Roma, este documento é lido. Sob juramento, os prelados ficam obrigados ao sigilo.


Com a renúncia do papa, todos os cardeais da Cúria Romana, inclusive o Secretário de Estado, que equivale à função de primeiro-ministro, são compulsoriamente demitidos. Apenas três permanecem em suas atuais funções: o carmelengo, responsável pela transição e eleição do novo pontífice; o penitenciário-mor, pois deve ser mantida aberta a porta do perdão dos pecados reservados à Santa Sé, ou seja, aqueles que só ela pode conceder o perdão; e o vigário da diocese de Roma.


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Fonte: Frei Betto

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Um conclave inusitado

Frei Betto *


O papa Bento XVI, ao renunciar ao trono de Pedro a 28 de fevereiro, deu sinal verde à abertura do novo conclave, que em março reunirá o Colégio de Cardeais para eleger seu sucessor.


Serão 115 cardeais com menos de 80 anos a participar da eleição em Roma, mesmo que estejam sob censura ou tenham sido excomungados. Durante o tempo que durar a reunião ficarão isolados do mundo, recolhidos em aposentos especiais, próximos à famosa Capela Sistina, onde ocorrerá o processo eleitoral.


O conclave é aberto com missa solene celebrada na Basílica de São Pedro. Cada cardeal faz o voto de manter a eleição em segredo, e todos rezam para que o Espírito Santo inspire suas escolhas. Em seguida, se recolhem.


O verdadeiro motivo do isolamento dos cardeais, ocorrido pela primeira vez em 1268, por ocasião da morte de Clemente IV, é apressar a decisão. Aquele conclave esteve reunido durante quase quatro anos, sem que as divergências políticas abrissem caminho às luzes do Espírito Santo. Para apressar os cardeais a votar, foi preciso destelhar a sala em que se reuniam. Suas eminências temeram mais os rigores do frio que a claustrofobia. Por fim, em 1271, o conclave elegeu Teobaldo Visconti, que, aliás, era monge, mas não sacerdote. Adotou o nome de Gregório X.


Antes de os cardeais se recolherem, as salas e os apartamentos são examinados para detectar possíveis microfones; as entradas são seladas, as janelas vedadas, as cortinas, fechadas.


Na Capela Sistina, seis velas são acesas no altar, onde está o cálice sagrado. Nele serão colocados os votos. Os cardeais adentram à capela sem chapéu. As cabeças descobertas e os baldaquinos simbolizam que a autoridade suprema nasce apenas dessa reunião, e não pertence a nenhum deles, individualmente.


O voto é secreto. Duas sessões de votação são realizadas a cada dia, uma pela manhã e outra à tarde.


Cada cardeal deposita seu voto no cálice sobre o altar. Após cada sessão, os papéis da votação são queimados. Se a votação não foi conclusiva, uma substância química é adicionada aos papéis, para que produzam fumaça preta ao queimar. A fumaça que sai pela chaminé, no telhado do Palácio do Vaticano, é o sinal para a multidão que espera na Praça de São Pedro. Enquanto for preta, significa que a Igreja permanece sem a sua principal figura.


Eleito o novo pontífice, com 2/3 dos votos, o decano ou o mais velho dos cardeais pergunta ao novo papa se aceita a eleição e por qual nome deseja se tornar conhecido. Esse costume vem desde o século X. É uma lembrança de que Jesus mudou o nome daquele que viria a ser o primeiro chefe da Igreja, de Simão para Pedro.


Nesse momento, todos os baldaquinos cor púrpura são levantados, menos o que cobre o assento do escolhido. Os papéis da votação são queimados e a fumaça branca avisa ao povo na praça e ao mundo que um novo papa foi eleito.


O escolhido, conduzido a um quarto ao lado, veste as roupas de papa (os alfaiates as deixam prontas em três tamanhos). Os cardeais prestam a ele sua primeira homenagem. O decano vai até o balcão e proclama: “Habemus papam!” (Temos papa). E o novo pontífice aparece no balcão para abençoar a multidão.


Como o conclave que se aproxima é inusitado, pois corre paralelo a um papa renunciante que continuará morando no Vaticano, não se sabe ainda em que momento o pontífice que se afastou saudará o eleito. O cerimonial da Santa Sé quebra a cabeça para criar rubricas que respondam a inúmeras questões: é o papa renunciante que deverá ir ao encontro do eleito ou o contrário? Os dois permanecem dotados de infalibilidade em questões de fé e moral ou apenas o novo pontífice? Já se sabe, porém, que Bento XVI perde o Anel do Pescador e os sapatos vermelhos, embora permaneça com direito às vestes brancas, adotadas desde o pontificado de Pio V, entre 1566 e 1572, e inspiradas no hábito dos frades dominicanos, a cuja família religiosa ele pertenceu antes de ser ordenado bispo.


Enfim, com dois papas vivos, a Igreja Católica será, agora, foco das atenções por muito tempo. Tomara que saiba aproveitar para fazer transparecer melhor a mensagem de Jesus.



* Frei Betto é escritor, autor de “Conversa sobre fé e ciência” (Agir), em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter: @freibetto.




Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Rumo ao conclave

Frei Betto *


A partir de 28 de fevereiro inicia-se, com a renúncia de Bento XVI, o período de Sé Vacante. Até a eleição do novo papa, o governo da Igreja Católica fica em mãos do Colégio de Cardeais. De fato, sob o comando de Tarcísio Bertone, o cardeal camerlengo (do latim medieval camarlingus, adido à câmara, que administra a Santa Sé).


Durante a Sé Vacante, os cardeais se reúnem diariamente em Congregação Geral, da qual todos participam, inclusive os que, por idade (+ de 80 anos), perderam o direito de participar do conclave. Ali, as decisões mais importantes para o governo da Igreja são votadas por maioria simples. Prevalece, entretanto, o princípio tradicional que rege a Sé Vacante – “nihil innovetur” (nada a inovar).


Da Congregação Particular, à qual concernem assuntos de menor importância e a preparação do conclave, participam o camerlengo e mais três cardeais escolhidos por sorteio.


Para o Vaticano, o conclave não deve ser encarado como um colégio eleitoral, o que de fato é, mas um retiro espiritual no qual os cardeais invocam aquele que, na ótica da fé católica, é o único verdadeiro eleitor: o Espírito Santo.


A atual legislação da Igreja prevê que o conclave se reúna dentro da Cidade do Vaticano. Mas já não será tão fechado ou “sob chaves” (daí conclave) como se exige, já que diariamente os cardeais-eleitores se deslocarão em ônibus da Casa Santa Marta, a confortável hospedaria construída por ordem de João Paulo II, até a Capela Sistina. Se nenhum dos cardeais tomará em mãos o volante do veículo, supõe-se que ao menos terão contato com o motorista.


No século XIX, os conclaves ocorreram no Palácio do Quirinal, em Roma, hoje residência oficial do presidente da Itália. O último conclave fora de Roma foi em Veneza, em 1800, após a morte, na prisão, do papa Pio VI, encarcerado na França por Napoleão Bonaparte, cujas tropas ocuparam Roma. Do cárcere, Pio VI instruiu os cardeais a promoverem o conclave “em qualquer lugar de qualquer príncipe católico”. Na época, Veneza estava sob soberania da Áustria. Ali foi eleito Pio VII.


Na mesma tarde do primeiro dia do conclave se realiza um primeiro escrutínio. Trata-se de um gesto de boas-vindas, em que votos são dados para homenagear determinados cardeais, em geral mais velhos, sem chances de serem eleitos papa.


No conclave após a morte de João Paulo I, em 1978, um idoso cardeal norte-americano, que havia participado das eleições de João XXIII e Paulo VI, foi a cada um de seus colegas para pedir-lhes um voto de homenagem, pois aquela seria sua última oportunidade de eleger um papa, e seu nome nunca havia sido pronunciado na Capela Sistina, pois jamais recebera um único voto. Ao fim do primeiro escrutínio, por pouco não foi eleito…


A partir do segundo dia de conclave, duas votações acontecem, uma pela manhã e outra pela tarde. Após 21 escrutínios, ficam no páreo apenas os dois mais votados.


Durante o conclave, os olhares do mundo permanecem fixos na chaminé da Capela Sistina. Se a fumaça é preta, sinal de que mais um escrutínio terminou e nenhum cardeal obteve dois terços dos votos. Se branca, há um novo papa.


Em outubro de 1978, em um dos oito escrutínios na eleição de João Paulo II, a fumaça saiu híbrida, com uma cor que dividiu a multidão atenta entre o preto e o branco. O porta-voz do Vaticano esclareceu, na sala de imprensa, que era preta. A gratidão dos jornalistas foi quebrada pela impertinência de um repórter dos EUA: “Se nem o senhor pode ter contato com os cardeais trancados na Capela Sistina, como afirma com certeza que a fumaça era preta?”


* Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org      twitter: @freibetto.





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Fonte: Frei Betto

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Eleições de pontífices – As tradições do conclave

Frei Betto *


No próximo conclave, os cardeais eleitores serão 61 europeus, 19 latino-americanos (dos quais 5 brasileiros), 14 norte-americanos, 11 africanos, 10 asiáticos e 1 da Oceania. O candidato eleito papa deve ter pelo menos 2/3 dos votos.


 Esses números podem variar, dependendo da data de abertura do conclave. O cardeal alemão Walter Kasper, por exemplo, completa 80 anos a 5 de março. A Itália é o país com o maior número de eleitores, 21 cardeais.


A data do início do conclave é importante, porque a Semana Santa deste ano começa a 24 de março, dia da missa do Domingo de Ramos, seguida pela festa da Páscoa, a 31 de março.


Para se ter um novo papa antes do período litúrgico mais solene do calendário da Igreja, ele teria que ser empossado a 17 de março, devido à tradição de celebrar a missa de entronação em um domingo. Dado o prazo apertado, as especulações dão conta de que a votação teria início por volta de 10 de março.


Uma vez eleito, o novo papa deverá escolher um novo nome. Essa tradição data de 533, quando um padre chamado Mercúrio foi eleito bispo de Roma. Por se considerar que Mercúrio era um nome pagão, inadequado a um papa, ele adotou João II. Até então os papas eram simplesmente chamados por seu nome de batismo.


Bento XVI mereceu, em 2005, uma eleição rapidíssima, apenas 24 horas após o início do conclave, depois de quatro escrutínios.


No século XX, o conclave mais breve foi o que elegeu Pio XII, a 2 de março de 1939. Durou também 24 horas e três escrutínios. O mais longo elegeu Pio XI, a 6 de fevereiro de 1922, só decidido após quatro dias e 14 escrutínios.


João Paulo II, que dirigiu a Igreja Católica ao longo de 26 anos e cinco meses, foi eleito em 48 horas e oito escrutínios, a 16 de outubro de 1978. Precedeu-o João Paulo I, eleito em 24 horas e quatro escrutínios.


 O pontificado mais longo da história da Igreja, à exceção do apóstolo Pedro, foi o papa Pio XI, que governou a Igreja de 1846 a 1878 – 31 anos, sete meses e 17 dias.


O primeiro conclave do século XX elegeu Pio X, hoje canonizado, em agosto de 1903, após quatro dias de votações. Também cotado como “papável”, o cardeal Mariano Rampolla, que fora secretário de Estado do papa Leão XIII, teve sua eleição vetada pelo imperador da Áustria, Francisco José I, que como monarca católico tinha o direito de intervir no conclave. Rampolla foi punido por sua política de respaldo às aspirações eslavas que fermentavam nos Balcãs. Foi a última intromissão explícita do poder civil numa eleição papal.


Pio X foi sucedido por Bento XV, eleito a 3 de setembro de 1914, após três dias e dez escrutínios. Ratzinger adotou o nome de Bento XVI em homenagem ao pastor disposto a buscar a paz durante o período em que a Europa se encarniçava na Primeira Grande Guerra. Foi sucedido por Pio XI em 1922.


João XXIII, eleito aos 77 anos, a 28 de outubro de 1958, após três dias de conclave e dez escrutínios, ocupou o papado por apenas cinco anos e promoveu uma verdadeira revolução na Igreja Católica ao convocar, de surpresa, o Concílio Vaticano II.


O período mais longo com o trono de Pedro vazio durou três anos, sete meses e um dia, entre 26 de outubro de 304 (morte do papa Marcelino) e 27 de maio de 308 (eleição do papa Marcelo I).


O costume de trancar os cardeais-eleitores “com chaves” (conclave) teve início na cidade italiana de Viterbo, em 1271. O papa Clemente IV havia morrido em 1268, e passados quase três anos nada de os 17 cardeais elegerem o sucessor. O povo de Viterbo, para apressar a decisão, retirou o telhado do local em que os prelados se reuniam e obrigou-os a se alimentar apenas de pão e água. Logo foi eleito Gregório X, que normatizou o enclausuramento do colégio cardinalício.


Agora o isolamento dos cardeais visa a evitar intromissão do poder civil e vazamento dos debates que precedem os escrutínios. Porém, com as atuais tecnologias de captação de som à distância, não é improvável uma escuta remota do conclave.



* Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org twitter: @freibetto





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Fonte: Frei Betto

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Seeb-Rio promove lançamento de memórias do sindicalista Pereirinha

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Terceirizados do Santander estão à beira da demissão

Uma determinação do Banco Central está levando pânico aos terceirizados que trabalham com crédito consignado dentro das agências do Santander. Contratados como promotores de vendas, eles não poderão mais atuar dentro das agências. Com a medida, os trabalhadores temem por seus empregos.


No Núcleo, departamento que faz a análise e aprovação dos contratos captados pelos promotores, a situação também é tensa. O setor já foi extinto em outras praças e só restaram a unidade carioca e a de São Paulo. “Já houve demissão de dois bancários e sete terceirizados. Não é tanta gente assim, dá para aproveitá-los na rede. Ainda mais agora, que o Santander está abrindo novas agências todos os meses”, pondera Marcos Vicente, diretor do Seeb-Rio.


Cada agência do Santander tem, em média, 4 terceirizados fazendo o serviço no local e pelo menos um responsável pela captação externa. “Não acreditamos que o banco vá colocar todo mundo para trabalhar na rua. Certamente haverá demissões”, prevê Marcos.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Caixa diz que não há definição a respeito de reestruturação

A existência de mudanças de impacto na situação funcional e na locação dos empregados foi negada pela Caixa Econômica Federal na mesa de negociações permanentes com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, na tarde desta quarta-feira, dia 20, em Brasília.


Os representantes da empresa voltaram a afirmar que não há nada além do que pesquisas e diagnósticos sendo feitos por uma consultoria contratada, visando levantar pontos estruturais críticos e apontar melhorias em procedimentos. Coisa tida como parte da busca permanente por aperfeiçoamentos.


O trabalho da consultoria, segundo informaram, está ainda inconcluso e, portanto, desconhecido entre os gestores que não são da área que o acompanha.


Houve reconhecimento por parte dos negociadores da Caixa quanto à movimentação que acontece na área de Contabilidade, envolvendo as seis unidades situadas em diferentes pontos do país, mas como um caso específico, de alcance restrito.


Os representantes dos empregados chamaram a atenção para a dimensão que o boato sobre reestruturação assumiu dentro da empresa e solicitaram à Caixa iniciativas no sentido de melhor informar e orientar o corpo funcional para evitar inquietações. Sugeriram, inclusive, comunicação dirigida especificamente aos gestores, com o intuito de orientá-los a não darem vazão ao que não se tem como certo.


A rodada de negociação desta terça-feira tratou ainda da elaboração de política para descomissionamento, aperfeiçoamento do processo de avaliação por mérito e condições de trabalho. Este último tema envolveu questões como login único, Sisag, atendimento expresso, corredores para abastecimento dos caixas e abertura de agência versus locação de pessoal.


Durante a reunião, os representantes da Caixa se surpreenderam com a quantidade de problemas regionais que são apresentados nesta mesa. “De fato, seria muito melhor resolver muitas destas questões com a administração do banco em cada região. Sugeri que a Caixa promova reuniões entre o movimento sindical e os superintendentes, diretores e gestores de departamento em cada estado para discutir as situações específicas. Os representantes do banco se comprometeram a recomendar a realização destes encontros”, informa Luiz Maggi, representante da Federação na CEE/Caixa.


Descomissionamento


A Contraf-CUT entregou à Caixa sugestões para instituição de critérios e procedimentos a serem adotados em caso de retirada da função comissionada. A elaboração da política de descomissionamento foi acertada entre as parte no último acordo coletivo.


A ideia é assegurar que o empregado que ascendeu na carreira por meio de processos seletivos internos não venha a ser surpreendido com a retirada da função que galgou sem justificativas plausíveis por parte dos gestores, algo que acontece com muita freqüência atualmente. Pelo que se estabeleceu no acordo coletivo, a Caixa deverá apresentar o seu estudo sobre o assunto até 31 de março.


Avaliação por mérito


A Contraf-CUT abordou a avaliação por mérito instituída na empresa a partir de 2008 como uma conquista dos bancários da Caixa e propôs a retomada das discussões para aperfeiçoamento do processo.


O entendimento é de que há questões que merecem ser analisadas pela comissão paritária que elaborou os critérios da avaliação. Uma delas se refere às dificuldades que muitos empregados estão tendo para a conclusão dos cursos da Universidade Caixa. “Os cursos têm que ser feitos durante o expediente, mas os bancários não têm tempo. Com isso, muitos não conseguem os pré-requisitos necessários. A Caixa ficou de se empenhar para que as seis horas mensais para os cursos sejam respeitadas, bem como instalar locais para os bancários estudarem, com os computadores necessários”, relata Maggi.


A empresa concordou com a retomada das discussões na comissão paritária já no mês de março. A reunião deverá ocorrer entre os dias 11 e 15.


Condições de trabalho


Login único – A Caixa informou que o piloto foi implantado com sucesso e que a adoção do login único em âmbito geral se dará até o dia 31 de agosto.


Sisag – Os representantes dos empregados voltaram a chamar atenção para os problemas decorrentes da implantação do Sistema de Automação de Produtos e Serviços de Agências (Sisag), como é o caso da falta de suporte para ocorrências nos procedimentos experimentais.


Foi reafirmada a exigência de garantia de não punição aos empregados por erros decorrentes da implantação do novo sistema. A empresa afirmou que os problemas estão sendo eliminados e que os empregados não sofrerão conseqüências pelos que ocorreram ou que ainda possam ocorrer. “O novo sistema foi implantado em projeto-piloto em 226 agências, mas aconteceram muitos problemas, inclusive diferenças de caixa. É importante que o banco garanta que os bancários não terão prejuízos em decorrência disso. Vamos ficar atentos para verificar se a promessa será cumprida”, informa Luiz Maggi, representante da Federação na CEE/Caixa.


Atendimento expresso – A Caixa ficou de analisar os problemas apontados pela representação dos empregados em relação ao atendimento expresso. O principal deles é quanto à utilização de pessoas sem preparação para realizar o serviço, que exige conhecimento mínimo de operações de caixa.


Abastecimento de caixa – Segundo a empresa, das 22 agências que não contavam com corredores para o abastecimento dos caixas até o início deste ano apenas quatro ainda não tiveram solução para o problema.


Abertura de agências – Segundo os representantes da empresa, a Lotação Autorizada de Pessoal (LAP) na novas agências é de, em média, nove empregados. A representação dos empregados relatou exemplos de flagrante escassez de pessoal em boa parte das agências que estão sendo inauguradas e cobrou a ampliação do número de empregados, bem como a observância a outros problemas estruturais que comprometem as condições de trabalho. “A única resposta que a Caixa deu é de que fica mantida a regra de que os novos concursados serão contratados com lotação em agência”, relata Maggi.


PLR


A Contraf-CUT cobrou a antecipação do pagamento da segunda parcela da PLR para o dia 1º de março. A empresa anunciou o pagamento para esta data.

Fonte: Contraf-CUT com Fenae e Feeb RJ/ES

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Comando Nacional define calendário da Campanha Salarial

Sindicalistas decidem também realizar campanha contra novo plano de funções no BB


Em reunião realizada na última sexta-feira, em São Paulo, os integrantes do Comando Nacional definiram as datas e a estratégia que será adotada na Campanha Salarial de 2013. A Conferência será em São Paulo nos dias 19, 20 e 21 de julho, e os encontros do BB e Caixa também na capital paulista, de 17 a 19 de maio. As federações poderão realizar seus eventos regionais até 15 dias antes da Conferência Nacional.


















Evento Local Data
Conferência Nacional São Paulo 19 a 21/07
Encontro do BB São Paulo 17 a 19/05
Encontro da Caixa


A exemplo do que aconteceu no ano passado, a intenção do Comando Nacional é agilizar todo o processo. “Nosso objetivo, como sempre, é resolver a campanha salarial na mesa de negociação. Para isso, estamos começando a campanha com antecedência e vamos tentar também já sair da conferência com a data da primeira rodada definida. Queremos que as negociações sejam objetivas e rápidas. Mas com o pé no chão, sem pressa”, antecipa Nilton Damião Esperança, representante da Federação no Comando Nacional.


A intenção do Comando Nacional é que os trabalhos na Conferência Nacional também sejam agilizados. “A ideia é andar pra frente com base no que já existe. Vamos trabalhar a partir da minuta que apresentamos em 2012, ao invés de começar do zero, e acrescentar as novas propostas que surgirem”, adianta o sindicalista.


Mobilização no BB


Além do calendário da Campanha Nacional, a reunião de sexta-feira também tinha na pauta a discussão sobre as atitudes a serem tomadas diante da implantação do novo plano de funções do BB. “Foi decidido que faremos uma campanha nacional contra o plano, inclusive denunciando à sociedade este ataque do BB aos direitos dos bancários. Vamos atuar junto aos parlamentares e ao governo federal para buscar soluções. E também nos empenharemos em mobilizar os funcionários, fazer campanhas de esclarecimento, porque ainda há muitas dúvidas e muita apreensão em relação às mudanças”, adianta Nilton Damião.






















Data Evento
Dia 5 de março apresentação da marca de campanha e panfletagem a parlamentares e ministros em Brasília
6 de março em conjunto com a Marcha das Centrais por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho, haverá um ato no Ministério da Fazenda e a busca de interlocução com o ministro Guido Mantega para tratar das questões do BB
Primeira quinzena de março elaboração da revista O Espelho – Especial Plano de Funções
20 de março novo dia nacional de luta
Março e abril campanha nacional em todas as bases sindicais para denunciar os problemas causados pela gestão do BB tanto ao corpo funcional quanto ao governo e sociedade, com plenárias e eventos de divulgação

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Duplo poder papal

Frei Betto *


Bento XVI, ao renunciar, não perde o nome pontifício nem o direito de continuar no Vaticano, em cujas dependências já optou por permanecer após a eleição de seu sucessor, em março próximo.


Como papa renunciante, Joseph Ratzinger poderia escolher, como sua nova residência, qualquer domicílio da Igreja Católica em um dos cinco continentes.


Alguns arcebispos aposentados recolhem-se a mosteiros, como Dom Marcelo Carvalheira, arcebispo emérito da Paraíba, que vive com os beneditinos de Olinda (PE); ou em casa própria, afastado do burburinho urbano, como é o caso do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, que mora em Taboão da Serra (SP).


Ao decidir permanecer no Vaticano, Bento XVI corre o risco de criar uma situação constrangedora. Ninguém duvida de que será ele o principal cabo eleitoral do futuro papa. Ratzinger nomeou 56 % dos atuais membros do Colégio Cardinalício. E seu gesto de humildade, ao renunciar, o credencia a concorrer a um futuro processo de canonização.


Com certeza passa pela cabeça de Ratzinger um ou dois nomes, entre os 209 cardeais (dos quais apenas 115 votarão), que considere mais aptos a assumir a direção da Igreja. Só um ingênuo supõe que o papa renunciante fica isento frente a uma eleição tão delicada e importante. Dela depende o êxito da missão confiada por Jesus a Pedro e os apóstolos.


Os cardeais-eleitores não são obrigados a seguir possível sugestão de Bento XVI. Cada um tem o direito e o dever de votar de acordo com a própria consciência. Mas um bom número dos que dele receberam o chapéu cardinalício acredita ter com ele uma dívida de gratidão. Mesmo porque não gostariam de ver a barca de Pedro tomar rumos inesperados, como ousou João XXIII ao ser eleito, em 1958, para suceder Pio XII.


Penso que o pontificado do futuro papa terá duas etapas bem nítidas: a primeira, enquanto Bento XVI viver. A segunda, após a morte do pontífice renunciante.


Enquanto Bento XVI estiver vivo dificilmente o novo papa tocará em temas considerados, hoje, tabus (e proibitivos) por seu antecessor: fim do celibato obrigatório, acesso das mulheres ao sacerdócio, uso de preservativo, direito de relação sexual sem intenção de procriar, aplicação de células-troncos, união de homossexuais etc.


Nenhum debate sobre tais assuntos será permitido, ainda que prossiga entre os católicos a dupla moral: a defendida pela doutrina oficial e a praticada pelos fiéis.


Morto Bento XVI, e supondo que seu sucessor lhe sobreviva (o destino surpreende. Lembrem-se de João Paulo I, falecido 33 dias após ter sido eleito), então se iniciará a segunda etapa do novo pontificado.


Livre da sombra de Bento XVI (ou do superego, diria Freud), o novo papa se sentirá à vontade para imprimir aos rumos da Igreja a direção que lhe parecer conveniente.
Convém lembrar que o papado é a única monarquia absoluta que resta no Ocidente. Isso significa que o pontífice romano não está sujeito a nenhuma instância humana que o possa questionar, julgar ou admoestar.


Ao me perguntarem se prevejo candidaturas preferenciais, os chamados “papabiles”, fujo da questão regional, como a hipótese de se eleger um latino-americano, dado que o nosso continente abriga, atualmente, o maior número de católicos, 48,75 % .


É óbvio que os italianos gostariam de retomar o monopólio do papado, mantido em suas mãos ao longo de 456 anos (1522-1978). Nesse caso, arrisco o palpite de que a disputa será entre o atual camerlengo, o cardeal Tarciso Bertone, e o arcebispo de Milão, Ângelo Scola.


Bertone tem a seu favor ser homem de confiança de Bento XVI. Contra, a má administração da Santa Sé, cujas finanças pecam pela falta de transparência e frequentes casos de corrupção. Scola tem a seu favor ser renomado filósofo e teólogo, e também poliglota. Contra, tido como excessivamente conservador.


O único palpite que me parece viável é que o futuro papa provavelmente será um homem com menos de 70 anos. O que restringe consideravelmente a lista dos virtuais candidatos.


Roma já não suporta tantos conclaves em tão curto período de tempo. Eu mesmo me surpreendo ao constatar que, em quase sete décadas de existência, assisti à eleição de cinco papas e, agora, acompanharei a sexta.


O tempo urge, o mundo já ingressa na pós-modernidade e a Igreja Católica ainda reluta em efetivamente aplicar a decisões do Concilio Vaticano II e admitir que fora da Igreja também há salvação.



 
* Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros, e assessor de movimentos sociais.
www.freibetto.org twitter: @freibetto






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Fonte: Frei Betto

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A eleição do sucessor de São Pedro

Frei Betto *


Após a renúncia de Bento XVI, o governo da Igreja passa automaticamente às mãos do Colégio dos Cardeais, segundo regras redefinidas por João Paulo II, em 1996, no documento Universi Dominici Gregis. Logo que os cardeais chegam a Roma, este documento é lido. Sob juramento, os prelados ficam obrigados ao sigilo.


Com a renúncia do papa, todos os cardeais da Cúria Romana, inclusive o Secretário de Estado, que equivale à função de primeiro-ministro, são compulsoriamente demitidos. Apenas três permanecem em suas atuais funções: o carmelengo, responsável pela transição e eleição do novo pontífice; o penitenciário-mor, pois deve ser mantida aberta a porta do perdão dos pecados reservados à Santa Sé, ou seja, aqueles que só ela pode conceder o perdão; e o vigário da diocese de Roma.


Os poderes do colégio cardinalício, na fase transitória, são limitados. Não pode, por exemplo, modificar as regras que regem a eleição papal, nomear novos cardeais (os eleitores do novo papa) ou tomar qualquer decisão que possa a vir a constranger a autoridade do futuro pontífice.


A Capela Sistina é preparada para o conclave. As visitas turísticas são suspensas, e uma equipe de segurança vasculha cada detalhe à procura de dispositivos eletrônicos. Mas quem garante que um dos membros da equipe não age sob suborno de cardeais ou governos interessados em manipular a Santa Sé?


São convocados à reclusão os cardeais que ainda não tenham completado oitenta anos dois dias antes do início do conclave. Prevê-se que sejam 117 eleitores.


Até a eleição de Karol Wojtyla ficavam todos alojados no Palácio Apostólico, cujas dependências eram desconfortáveis para um grande número de hóspedes. Os quartos precisavam ser divididos por tabiques, e os banheiros, compartilhados.


João Paulo II autorizou o investimento de vinte milhões de dólares na construção da Casa Santa Marta, hospedaria para funcionários do Vaticano e visitantes eclesiásticos. Os cardeais-eleitores se deslocarão em ônibus até a Capela Sistina. No conclave, a ocupação de suas 108 suítes e 23 quartos individuais, todos com banheiros privativos, é feita por sorteio, exceto para os cardeais que exigem, por motivo de idade ou doença, cuidados especiais.


O início do conclave ocorre tão logo haja tempo suficiente para que todos os cardeais cheguem a Roma. Em 1922, na eleição de Pio XI, cardeais da América do Norte e do Sul perderam o conclave porque os navios não atracaram a tempo. Hoje, as viagens aéreas tornam tudo mais fácil.


Se um cardeal atrasar-se, terá direito de entrar no conclave e participar da eleição. Uma vez lá dentro, nenhum deles pode sair, até que o novo pontífice esteja escolhido, exceto em caso de doença ou acidente com risco de vida e após consenso da maioria de seus pares.


Ingressam no conclave, junto com os cardeais-eleitores, o secretário do Colégio dos Cardeais; o mestre das liturgias papais, acompanhado por dois mestres de cerimônia e dois religiosos da sacristia papal; um assistente para o cardeal decano; uns poucos frades ou monges de diferentes idiomas, para atuar como confessores; dois médicos; e o pessoal do serviço de cozinha e limpeza, em geral freiras.


Nenhum cardeal pode levar assistente pessoal, exceto médico particular em caso de doença grave. Nada de computadores, celulares, jornais, TV, rádio, tablets ou aparelhos de gravação de som ou imagem. É mantida apenas uma linha telefônica, de uso do carmelengo em caso de emergência.


Apenas três cardeais têm o direito a contatar seus escritórios: o penitenciário-mor; o vigário da diocese de Roma; e o pároco da basílica de São Pedro.


As normas da Igreja proíbem conchavos e articulações eleitorais antes do conclave. Isso remonta ao papa Félix IV (526-530), que pressionou o clero e o senado romanos a elegerem, como seu sucessor, Bonifácio, seu arcediago. Os senadores promulgaram um edito vetando qualquer discussão sobre a eleição do futuro papa enquanto o atual estiver vivo.


A rigor, qualquer católico do sexo masculino, maior de trinta e cinco anos, é virtual candidato a papa e poderá vir a calçar as sandálias do Pescador, ainda que seja leigo. Se eleito, primeiro deverá abandonar a família e ser imediatamente ordenado bispo, como ocorreu com João XIX (eleito em 1024) e Benedito IX (eleito em 1032).


 
* Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter: @freibetto




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Fonte: Frei Betto