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ENTREVISTA DE JOSÉ DIRCEU À REVISTA CAROS AMIGOS

João de Barros – Você diz que o Congresso representa o povo brasileiro, mas não acha que o poder econômico desfigura um pouco essa representação legislativa?

 

O poder econômico não desfigura porque representa o que é a sociedade. O problema é como, numa sociedade onde o poder econômico está muito concentrado, você abre espaços na institucionalidade para permitir que as forças políticas populares se expressem. No Brasil existe isso. Existem a CUT, a Contag, o MST, a Central de Movimentos Populares, ONGs, temos aí pelo menos 25 anos de acúmulo de forças…

O que não temos no país, e acho um pouco por erro nosso, é que tanto os sindicatos como o Movimento Sem-Terra, como a Contag poderiam ter mais poder econômico se tivessem desenvolvido mais formas de organização cooperativa, bancos, se tivessem desenvolvido instrumentos de poder econômico. Alguns anos atrás, eu via no Movimento Sem-terra uma variante, um lado de cooperativas, de agroindústrias, que podia ter evoluído, como na Europa evoluiu, para combinar o poder sindical e o poder político que todas as forças sociais e empresariais da sociedade têm. Ou se expressam através dos partidos, de parlamentares, ou através de instrumentos de comunicação. Nós não temos instrumentos de comunicação, disputamos espaço na grande mídia. Cada vez menos. Porque cada vez menos são respeitados os manuais de redação, cada vez menos são respeitados o outro lado e o direito de resposta e, principalmente, que é necessário ter provas, pelo menos ter o devido processo e julgamento para acusar ou julgar alguém…

Acho que o país vai, passados os anos, poder avaliar essa fase que estamos vivendo e ver que ela foi bem macartista…

 

Marina Amaral – Por que vocês não fizeram a reforma política e a administrativa?

 

Foi um erro nosso. Mas havia obstáculos. Primeiro talvez não se conseguisse maioria, mas não vou nem por aí. Porque estávamos totalmente soterrados com a crise econômica, com o risco de a economia se desorganizar com uma hiperinflação no início do governo…

 


João de Barros – “ Voltando um pouquinho: quem no início do governo deu o norte?” Vamos apostar no Congresso, deixar a base social de lado pra poder governar”…

 

Não é verdade que o governo do Lula deixou a base social de lado. Ao contrário, inaugurou as conferências na área de saúde, educação, meio-ambiente, quase todos, mulher, negro, índio, pesca… Mobilizou as organizações sociais e populares, as ONGs e as principais frentes no país todo.

 


João de Barros – O movimento de massas está em refluxo.

 

Está. Mas não por causa do governo Lula. É outro problema. Movimento de massa é uma coisa. Você está falando de mobilização de massa para sustentar e apoiar o governo. Isso, o governo não fez, eu critico o governo, acho que foi um erro. Mas ele abriu para as organizações sociais, para o movimento social e popular uma participação no governo, na vida política do país que não existia. Descriminalizou os movimentos, tirou a repressão, abriu o diálogo, negociações, inclusive servidores públicos que não eram nem reconhecidos, nem sentavam à mesa. A minha avaliação é que, com exceções, os movimentos não deram a devida importância e não aproveitaram isso  na medida do possível…

 


Marina Amaral – Mas sempre se disse que o Governo Lula na faz um governo de esquerda porque fez alianças…

 

O governo Lula faz um governo de centro-esquerda porque as condições do Brasil não permitem fazer um governo só de esquerda. Muito menos de extrema esquerda. Agora, é só a direita voltar pro governo, vocês vão lembrar que o governo do Lula era um governo de esquerda. Deixa só acontecer e vocês vão ver.

 


João de Barros – Você disse em determinado momento que a mídia é uma poderosa inimiga do governo, que manipula…

 

A mídia é a mídia. Tem partido e interesses.

 


Marina Amaral – Você assinaria embaixo a declaração da Marilena Chauí de que a crise é um produto da mídia?

 

Acho que o peso da mídia nessa crise é determinante e a direção que a crise tomou foi muito dirigida pela imprensa. A mídia diz que é opinião pública, eu digo que é opinião publicada que dirigiu grande parte da opinião pública em  certo sentido…

 

Marina Amaral – Mas isso nos editoriais. E o noticiário foi distorcido?

 

Acho que muitas vezes a mídia na toma partido e tenta influenciar pelo noticiário. Prefiro que tome partido no editorial e deixe o noticiário. E obedeça estritamente o manual de redação, ouça o outro lado e respeite o direito de resposta. Na verdade, a legislação no mundo está evoluindo. O Caio Túlio (Costa), em um programa que fiz no Observatório da Imprensa, do Alberto Dines, disse que na Suécia na se pode publicar o nome e fatos de um processo até transitar em julgado. No Brasil eu na diria tanto, mas, na forma como está, se condena antes de ser processado.

 


Marcelo Salles – Lula reeleito, você vê condição de levar a política econômica claramente para a esquerda?

 

O problema não é levar a política econômica para a esquerda, o problema é viabilizar no país condições de um crescimento que se transforme em desenvolvimento, o problema é viabilizar uma administração da dívida pública interna e do combate à inflação que permita ao país fazer investimentos em educação, tecnologia, inovação e na infra-estrutura principalmente, e que combata a pobreza, mas cresça mais. O país precisa crescer o dobro do que está crescendo, no mínimo.

 

Marcelo Salles – Pra isso não precisa mudar a política econômica?

 

Não sei se precisa, depende, pode fazer inflexão na política econômica, isso tem que pactuar, porque são muitos interesses em muitos setores – do capital financeiro, bancário – que têm força no país, no Congresso, têm força dentro no governo.

 

 

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HAMAS VENCE ELEIÇÃO PALESTINA COM GRANDE VANTAGEM SOBRE O FATAH

RAMALLAH, Cisjordânia – Acostumado a usar a força para defender suas idéias, o Hamas conseguiu nesta quinta-feira uma vitória incontestável sem precisar derramar uma gota de sangue. O grupo radical islâmico, que pela primeira vez concorreu às eleições parlamentares nos territórios palestinos, derrotou com esmagadora vantagem o Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas.


O resultado deixa Abbas sob enorme pressão política. O primeiro efeito da vitória do Hamas foi a renúncia do primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, e todo o seu gabinete. O pedido foi entregue ao presidente da Autoridade Nacional Palestina antes mesmo do resultado final ter sido divulgado. Mas Abbas anunciou que permanecerá no cargo.


O Hamas obteve 76 das 132 vagas no Parlamento, equivalente a 57,5% do total, quase o dobro das 43 que caberão ao Fatah (32,5%). As outras 13 cadeiras serão ocupadas por partidos menores. Caberá ao grupo extremista, que defende a destruição do Estado de Israel, montar o próximo governo.


 


EUA e Grã-Bretanha não querem negociar com Hamas


As pesquisas de boca-de-urna divulgadas após a eleição desta quarta-feira indicavam equilíbrio, até com ligeira vantagem do Fatah, mas já no início desta quinta, horas antes do anúncio oficial do resultado, o Hamas já se declarava vencedor. Imediatamente, simpatizantes do movimento saíram às ruas para celebrar a vitória.


A tomada de poder do Hamas, que defende a destruição de Israel, pode arrefecer as expectativas de se reiniciar as negociações de paz entre judeus e palestinos. Uma prova da tensão foi o conflito entre seguidores do Fatah e simpatizantes do Hamas na cidade de Ramallah na tarde desta quinta-feira. Houve disparos quando membros do Hamas tentavam pôr uma bandeira da organização no alto do prédio do Parlamento. Duas pessoas ficaram feridas.


Estados Unidos e Grã-Bretanha já declararam que não pretendem negociar com o Hamas, a não ser que o grupo radical abra mão da violência e das ameaças à soberania de Israel.


O líder do Hamas Mahmoud Zahar admitiu quarta-feira a possibilidade de formar uma coalizão com o Fatah, mas autoridades do partido do governo já revelaram nesta quinta que não desejam fazer qualquer tipo de aliança com o Hamas.


Também nesta quinta, o governo israelense pediu que a União Européia tenha uma postura firme contra o que chamou de ‘terrorismo governamental’ que pode se estabelecer na Palestina após a vitória do Hamas.


Mahmoud Zahar havia dito quarta-feira que aceitaria negociar futuramente com Israel, mas apenas se o Estado judeu aceitasse as condições impostas pelo Hamas, como a presença de um negociador neutro nas conversações.

 


(Fonte: Globo Online – em 26/Jan)

 

 

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Para CUT “novo salário mínimo é uma vitória”

Para o presidente nacional da CUT, João Felício, o novo valor do salário mínimo, R$ 350,00 e percentual de correção da tabela do Imposto de Renda são vitórias dos trabalhadores. Em entrevista ao Jornal dos Trabalhadores (programa de rádio da CUT), na manhã de ontem, “o processo de negociação foi bom, mas essa relação com o Planalto deve ser mantida para que nos próximos anos o mínimo tenha de volta seu poder de compra.”
O novo valor é uma vitória! Isso ajuda muito a economia. Gostaria que o salário mínimo voltasse a ter seu poder de compra. O valor não é suficiente, mas houve aumento do poder de compra.
Felício diz que R$ 50 de aumento é pouco, mas explicou que 40 milhões de brasileiros serão beneficiados e para isso acontecer, serão injetados R$ 25 milhões na economia.
Sobre os aposentados, Felício disse: “Ontem pedimos uma reunião com o Governo para discutir o valor da aposentadoria. Os aposentados com salário menor têm de ter aumento maior do que aqueles que têm o salário alto.”

 


(Fonte: Rápido – informativo diário da CUT-Rio)

 

 

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Salário Mínimo – Piso de R$ 350 em abril; ganho real é de 13%

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, selou hoje, dia 24/01, o acordo sobre o novo valor do salário mínimo em R$ 350, a partir de 1º abril, e o reajuste de 8% na tabela do imposto de renda da pessoa física, a partir de fevereiro deste ano. O ganho real do novo piso é de 13%.
A reunião, que foi realizada no Palácio do Planalto, estabeleceu também uma política permanente de valorização do salário mínimo, a ser discutida na Comissão Mista de Salário Mínimo em funcionamento no Congresso. “A intenção é que, a cada ano, seja antecipada em um mês a data-base de reajuste do salário mínimo, de modo que em dado momento o reajuste seja concedido no início do ano”, disse o líder do Governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT/SP).
Durante a reunião, o presidente Lula pediu aos líderes da Câmara e do Senado que encontrem um espaço para adequar o impacto de R$ 5,6 bilhões que o novo mínimo causará nas contas da União. Além disso, com a correção da tabela do imposto de renda o Governo vai deixar de arrecadar R$ 2 bilhões.
O líder Chinaglia, ao sair da reunião, garantiu que o Governo já levou em conta esse impacto e também a capacidade de pagamento dos municípios antes de decidir sobre o aumento de R$ 50 para o piso. O aumento real é de 13%, “maior percentual nos últimos dez anos”, afirmou.
 
Beneficiados
Chinaglia lembrou ainda que durante os quatro anos do Governo Lula o valor do salário mínimo terá subido de 1,3 cesta básica para 2,2 cestas básicas. Ademais, o crescimento real do salário mínimo acumulado entre as datas de reajuste será de 25,3%, alcançando assim o maior valor real desde 1985.
Estima-se que o aumento do salário mínimo irá beneficiar 40 milhões de trabalhadores e beneficiários da Previdência e assistência social, que recebem até um salário mínimo.
 
Imposto de Renda
A tabela do imposto de renda das pessoas físicas será atualizada em 8%. A partir de fevereiro, ficará isento de contribuição quem tem renda mensal de até R$ 1.257. De R$ 1.257,01 a R$ 2.512, a alíquota será de 15% e, acima de R$ 2.512, será de 27,5%.
O Governo federal, com o reajuste da tabela do imposto de renda, estima perder R$ 2 bilhões de arrecadação. Em contrapartida, o aumento do salário mínimo injetará R$ 15 bilhões na economia neste ano.
 
Resultado positivo
Centrais sindicais e Governo saíram satisfeitos da reunião. “Estamos inaugurando uma nova fase, em que as centrais sindicais estão sendo chamadas para negociar. Isso é um fato inédito”, disse João Felício, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Sentimento similar foi expressado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Eu acredito que esse é um processo complexo, fruto do consenso que foi construído pelo Governo em vários momentos de negociação com as centrais. É um momento histórico, inédito, pois nunca foi feito um acordo abrangendo a maioria das centrais”.
 
Marcar posição
O novo valor do mínimo será encaminhado ao Congresso por meio de medida provisória. Líderes da oposição manifestaram discordância em relação ao valor anunciado hoje e anteciparam a apresentação de proposta alternativa, que deve variar entre R$ 350 e R$ 400.
Mesmo que a oposição insista em defender um valor maior, são poucas as chances de aprovação de um piso diferente do mínimo de R$ 350, que foi fixado a partir de um maduro e democrático acordo entre Governo, centrais sindicais e líderes partidários no Congresso. A expectativa, portanto, é que a medida provisória tramite sem gerar grandes polêmicas no Parlamento.
(Por Lílian Tiemman, jornalista e colaboradora da Agência Diap – em 24/jan)
 
 

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Cardeal de SP cobra resposta ao massacre de mendigos

Na missa celebrada hoje na Catedral da Sé para comemorar o aniversário de 452 anos da capital, o arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, reabriu, com cobranças à Prefeitura e ao governo do Estado, a discussão sobre um tema que tem provocado muita polêmica na cidade: o tratamento (ou a falta dele) dado aos moradores de rua pelo poder público. Da primeira fileira de bancos da igreja, o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin acompanharam todo o sermão, de cerca de dez minutos.


Em tom sutil, d. Cláudio criticou a falta de diálogo do Município com os representantes do povo de rua e cobrou de Alckmin resposta para o massacre de mendigos ocorrido em agosto de 2004 – que acabou com sete mortos – e, até hoje, não foi esclarecido. “Os pontos de vista de todos os implicados na questão do povo de rua muitas vezes divergem; é natural. Por isso, a necessidade de diálogo e, nessa busca de soluções, devem participar os próprios interessados, os moradores de ruas”, disse o cardeal. Logo depois, acrescentou: “Sinto a obrigação ainda de lembrar a chacina de moradores de rua que manchou a cidade em agosto de 2004 e ainda não foi esclarecida nem seus autores punidos.”


As cobranças foram feitas durante a homilia – tradicional sermão feito aos fiéis durante a missa. No entanto, o momento mais constrangedor foi quando d. Cláudio elogiou o trabalho realizado pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, que travou no ano passado um embate público entre as entidades representantes do povo de rua e o governo Serra. A gota d’água foi a construção da rampas para afastar os mendigos do viaduto que liga a Avenida Paulista à Doutor Arnaldo. Nessa briga, Serra acabou saindo com o rótulo de “higienista”. “A preocupação do d. Cláudio não é em absoluto diferente da minha”, disse o prefeito sobre o sermão. “Não vi crítica, nem cobrança”, acrescentou.

 


(Fonte: Agência Estado – em 25/Jan)

 

 

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Delegados afirmam que assassinato de Celso Daniel foi crime comum

BRASÍLIA – Em depoimento à CPI dos Bingos nesta terça-feira, os delegados Edson Santi e José Luna disseram acreditar que o assassinato do prefeito Celso Augusto Daniel, em janeiro de 2002, foi realmente um crime comum. Santi, do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo (Deic), e Luna, da Polícia Federal (PF), participaram das investigações que resultaram na tese de crime comum. Responsável pelo inquérito na PF, Luna disse que foi indicado pelo PT para o comando das investigações do caso, mas não soube informar quem do partido fez a indicação.


Ao final da reunião foram exibidos vídeos nos quais dois dos integrantes da quadrilha acusada de matar Celso Daniel confessam e relatam detalhes sobre o crime. De acordo com os delegados, e com as confissões filmadas, o grupo era especializado em assaltos e só passou a praticar seqüestros pouco tempo antes do crime contra o prefeito. Os delegados também afirmaram que nenhum dos oito membros da quadrilha presos alegou que o crime havia sido encomendado. Nos vídeos exibidos ambos os criminosos afirmam que sequer sabiam que a vítima era o prefeito de Santo André. Dizem ainda terem escolhido a vítima ao acaso.


– É uma quadrilha de assaltos que passou a seqüestros, uma quadrilha não muito organizada. Eles mataram Celso no dia 20 de janeiro porque tinham medo de serem reconhecidos. Não há dúvida por parte da Polícia Civil de São Paulo e do Ministério Público de que os oito que estão presos são os executores. Foi um seqüestro com fins lucrativos, um crime comum – garantiu Santi pouco antes de explicar que a mesma quadrilha tinha assassinado outro seqüestrado 13 dias antes também por medo de serem reconhecidos.


O delegado civil explicou que foram 12 meses de investigação no Deic, que resultou em 26 pessoas presas, todas ligadas à quadrilha. Entretanto, mesmo após o delegado federal também afirmar que o crime foi comum, alguns senadores contestaram a versão. Romeu Tuma (PFL-SP) e Magno Malta (PL-ES) afirmaram ainda acreditar na tese de crime de mando. Os delegados também não convenceram o presidente do colegiado, senador Efraim Morais (PFL-PB).


– Os delegados não mostram tanta segurança em relação ao caso. Eles estão certos quando dizem que prenderam a quadrilha que matou o prefeito. Agora, em relação à conclusão de crime comum ou crime de mando, eles mesmos deixam dúvidas em relação a isso – avaliou Efraim.

 


(Fonte: Globo Online / Agência Senado)

 

 

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BicBanco lucra R$ 82 milhões e Banco Pine ganha R$ 67,9 milhões em 2005

Especializados no middle market, o BicBanco e o Banco Pine mantiveram o foco no crédito para empresas e apenas marginalmente concederam crédito consignado. O BicBanco teve um lucro líquido de R$ 82 milhões em 2005, 20,1% inferior aos R$ 103 milhões de 2004. O forte do banco é o crédito para empresas médias e apenas 7,7% da carteira é de consignado. No Pine, o lucro líquido mais do que dobrou, crescendo 111,7% para R$ 67,9 milhões, sendo de 11,6% a fatia do consignado em carteira.


O BicBanco aumentou em 20,4% a carteira de crédito para R$ 2,776 bilhões – um ritmo de crescimento inferior ao da expansão de 50,9% dos ativos totais, que fecharam o ano em R$ 6,759 bilhões.


O vice-presidente do BicBanco, Milto Bardini, explicou que dois acontecimentos levaram o banco a ser cauteloso no crédito, fazendo com que a carteira deslanchasse apenas nos últimos meses, contendo as receitas. Primeiro, foram as reverberações da quebra do Banco Santos sobre a liquidez dos bancos de pequeno e médio porte que marcaram o início do ano. Depois, quando o aperto afrouxou, veio a crise política. ” O volume médio do crédito acabou ficando abaixo do registrado em 2004. Mas isso foi transitório. Este ano promete ser bem diferente e ter um retorno ” , disse Bardini, prevendo um aumento de 30% no crédito e um retorno sobre o patrimônio mais próximo dos 25,3% de 2004 do que dos 17,2% de 2005.


O foco, disse, continuará nas operações de maior retorno, como capital de giro e descontos, além da conta garantida, que representaram 37,8% e 18,3% respectivamente, da carteira em 2005. A fatia do consignado mais do que dobrou de 2,9% em 2004 para 7,7% em 2005. Bardini informou que a meta é chegar a 10% e vender o que exceder o percentual.


No Pine, disse o vice-presidente Luiz Cláudio de la Rosa, a cessão de crédito consignado representou cerca de um terço do resultado de 2005. A maior parte do resultado – os dois terços restantes – veio do crédito para pessoas jurídicas. O Pine ampliou em 12,6% a carteira de crédito em 2005, para R$ 823,9 milhões, excluindo finanças, enquanto os ativos totais aumentaram em 43,7% para R$ 1,99 bilhão.


Mais da metade – R$ 495 milhões – são empréstimos a pessoas jurídicas garantidos por recebíveis; e R$ 93 milhões .


Mas o Pine gerou bem mais do que isso em consignado. A produção total de consignado atingiu R$ 446 milhões, sendo que o total de cessões somou R$ 418 milhões.


Tanto o BicBanco quanto o Pine fecharam o balanço de 2005 com significativa melhora na captação. O BicBanco ampliou em 30,1% os depósitos para R$ 1,906 bilhão. No Pine, os depósitos totais cresceram no mesmo ritmo, 31%, para R$ 552,5 milhões. De la Rosa notou que o banco também levantou mais R$ 100 milhões com um fundo de recebíveis e US$ 33 milhões no exterior.


 


(Por Maria Christina Carvalho – Valor Econômico)

 

 

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Canadenses elegem governo conservador sem maioria

OTTAWA (Reuters) – Os canadenses elegeram seu primeiro governo conservador em 12 anos, mas lhe deram apenas poderes limitados, de minoria, para mudar políticas e prioridades.


Os jornais de terça-feira ressaltaram a fragilidade do governo. “Os canadenses não endossaram o neoconservadorismo ao elegerem-no na noite passada”, disse o editorial do jornal Globe and Mail. “Eles votaram contra um Partido Liberal que se tornou esnobe e arrogante.”


Os conservadores conquistaram 124 cadeiras do Parlamento, menos que as 155 necessárias para obter a maioria. Os liberais, da situação, ficaram com 103 cadeiras, e o Novo Partido Democrático, de esquerda, conquistou 29 cadeiras. O Bloc Quebecois, que faz campanha apenas na província francófona de Québec, obteve 51 cadeiras.


“A cada dia, garanto uma coisa a vocês — vou me dedicar a tornar o Canadá mais unido, mais forte, mais próspero e mais seguro”, disse Stephen Harper, líder do Partido Conservador, a uma multidão na cidade de Calgary após a vitória.


O resultado foi um enorme triunfo para o economista de 46 anos, que criou o Partido Conservador no fim de 2003, fundindo dois partidos rivais de direita. Ele será o primeiro premiê originário da província de Alberta, no oeste do país, em 25 anos.


As pesquisas de opinião haviam previsto um governo minoritário conservador. Mas o número de cadeiras conquistadas pelos conservadores ficou abaixo das estimativas, indicando um governo instável, que não deve durar muito tempo.


Os governos de minoria no Canadá dificilmente duram mais que um ano e meio. O governo liberal minoritário que está deixando o poder ocupou a liderança por um ano e cinco meses antes de ser derrubado em novembro de 2005.


Ao contrário dos liberais, que governaram com a ajuda do Novo Partido Democrático, os conservadores não têm aliados naturais no Parlamento e terão de conquistar o apoio de adversários políticos.


Harper prometeu trabalhar em conjunto com os outros partidos para impor sua agenda, que inclui equilibrar o Orçamento e um corte nos impostos de consumo.


A derrota foi um golpe para o premiê Paul Martin, que herdou uma grande maioria ao assumir o governo em dezembro de 2003. Seu governo foi derrubado por uma série de escândalos, e ele já disse que não liderará os liberais até as próximas eleições.


Harper também prometeu reprimir a criminalidade, reduzir as filas nos serviços de saúde e melhorar as relações com os Estados Unidos. Ele disse que permitirá a votação livre no Parlamento sobre a rejeição às leis que permitem o casamento homossexual.

 


(Por Janet Guttsman e David Ljunggren – Reuters)

 


(Reportagem adicional de Amran Abocar, Robert Melnbardis, Rachelle Younglai, Randall Palmer, Gilbert Le Gras, Cameron French e Jeffrey Jones)

 

 

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Desemprego mundial atinge 191,8 milhões em 2005

GENEBRA – O crescimento econômico mundial não parece ser suficiente para reduzir o desemprego e as taxas de pessoas sem trabalho atinge 191,8 milhões em 2005, o maior número já constatado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) desde o início de seus registros.

Nunca tantas pessoas estiveram desempregadas como agora e, segundo o diretor da OIT, Juan Somavia, “o mundo enfrenta uma crise de proporções enormes”. A América Latina registrou o maior crescimento do desemprego entre todas as regiões no ano passado.

Segundo a OIT, entre 2004 e 2005, o número absoluto de desempregados aumentou em 2,2 milhões de pessoas, embora a taxa tenha se mantido em 6,3% da população mundial, percentual igual ao de 2004. Nos últimos dez anos, o exército de desempregados no mundo ganhou 34,4 milhões de novas pessoas.

De acordo com os analistas, o problema é que os Governos não conseguem transformar o crescimento de seus PIBs em aumento de postos de trabalho nem de salários. Parte desse problema estaria sendo causado pela alta dos preços do petróleo.

Em 2005, a economia mundial cresceu 4,3%, mas apenas 14,5 milhões de pessoas no planeta conseguiram sair da linha da pobreza, definido pela ONU como uma situação em que um trabalhador ganha menos de US$ 1 por dia. Hoje, mais de 500 milhões de pessoas ainda vivem nessa situação.

O problema, portanto, não é apenas a criação de postos de trabalho, mas a falta de capacidade mesmo daqueles que trabalham de ganhar o suficiente para se manter. Dos 2,8 bilhões de trabalhadores no mundo hoje, 1,4 bilhão não contam com um salário para tirar suas famílias da extrema pobreza. O pior é que essa taxa ficou inalterada nos últimos dez anos.

Por isso, o chefe do Departamento de Estratégias de Emprego da OIT, Lawrence Jeff Johnson, questiona a criação de empregos no Brasil. O Governo anunciou um aumento de 1,2 milhão de novos postos de trabalho no país em 2005. “É bem possível que os números sejam o que o Governo diz, mas a questão é saber que tipo de emprego está sendo gerado e se esses trabalhos geram uma renda”, disse Johnson.

Segundo a OIT, o maior crescimento do desemprego no mundo no ano passado foi registrado nos países latino-americanos. Entre 2004 e 2005, 1,3 milhão de pessoas perderam seus empregos e não conseguiram voltar ao mercado. Por isso, a taxa de desemprego aumentou em 0,3% e atingiu a marca dos 7,7% da população da região.

 


(Fonte: Agência Estado)

 

 

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BRASIL APRESENTA POLÍTICAS PÚBLICAS NO VI FÓRUM SOCIAL

As 150 mil pessoas esperadas para o Fórum Social Mundial, que começa amanhã e termina dia 29/01, em Caracas (Venezuela), terão a oportunidade de conhecer e debater políticas e programas desenvolvidos pelo governo brasileiro. Representantes da delegação do Brasil vão discutir e apresentar as iniciativas do País no enfrentamento de questões centrais para o desenvolvimento sustentável de uma nação, tais como integração latino-americana, participação social, agricultura familiar, economia solidária, participação da mulher na formulação de políticas públicas e direitos humanos. Os membros da delegação do Brasil estarão participando de 30 meses de debates.

No local do evento haverá um stand denominado “Espaço Brasil”, organizado pelas entidades da coordenação brasileira do Fórum. O espaço vai contar com uma exposição de políticas do governo federal em parceria com a sociedade civil. Serão nove painéis: Fome Zero e Luz para Todos, Agricultura Familiar e Reforma Agrária, Democratização da Educação, Mercosul Cidadão, Participação Social, Turismo Social e Combate ao Turismo Sexual, Rede de Tecnologias Sociais, Água e Direitos da Criança e do Adolescente – os três últimos referentes a projetos da Petrobrás desenvolvidos nessas áreas. Todos os temas terão a disposição dos participantes do Fórum material em espanhol e português, o balanço de três anos do governo, a apresentação de vídeos e outros produzidos pelo governo para responder a demanda de informações sobre políticas públicas brasileiras.

Esta será a sexta edição do Fórum Social Mundial, realizado anualmente desde 2001. Trata-se de um espaço para a troca de experiências, formulação de propostas e articulação de movimentos sociais, ongs e outras organizações da sociedade civil. Este ano, o fórum será realizado em três locais do mundo: Caracas (Venezuela), Bamako (Mali) e Karachi (Paquistão).

A delegação brasileira contará com representantes dos ministérios da Saúde; do Trabalho e Emprego; do Desenvolvimento Agrário; Minas e Energia; Ciência e Tecnologia; Educação; Meio Ambiente, e Secretaria-geral da Presidência da República, além das secretarias especiais da Igualdade Racial e de Direitos Humanos. O governo brasileiro também vai estar presente no Fórum de Bamako onde a ministra da Secretaria Especial da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro vai apresentar a experiência brasileira na promoção de políticas da Igualdade Racial.

 


(Fonte: Em Questão)

 

 

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