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JUSTIÇA CONDENA DONOS DE ASILO POR CRIMES CONTRA IDOSOS

A Justiça de Porto Ferreira, no interior de São Paulo, condenou os proprietários do asilo Jovens de Ontem por apropriação indébita e crimes contra o Estatuto do Idoso, em 2004. No local, foram encontrados na época alimentos contaminados ou vencidos, ratos e cartões de banco dos idosos. Antonio Marcelino, de 72 anos, foi condenado a 3,6 meses de prestação de serviços à comunidade, além de multa no valor de cinco salários mínimos. A mulher dele, Maria do Carmo Ferreira Marcelino, de 69 anos, deve cumprir 1,9 ano de prestação de serviços e multa de três salários mínimos. Os acusados já entraram com recurso. O caso vai ser julgado agora pelo Tribunal de Justiça do Estado.

 


(Fonte: Agência Estado)

 

 

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BRASIL FICA EM 34º EM RANKING AMBIENTAL

A Nova Zelândia, além de paraíso do ecoturismo e dos esportes radicais, é o país de melhor performance ambiental do planeta, segundo um ranking que será apresentado nesta semana na reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O estudo, feito por pesquisadores das Universidades de Yale e Columbia, nos Estados Unidos, faz uma avaliação de qualidade ambiental relacionada aos ecossistemas e à saúde humana em 133 países. O Brasil ficou em 4º nas Américas e em 34º na classificação global, atrás de Argentina (30º), Chile (26º) e Colômbia (17º). Em uma escala de 0 a 100, o País obteve nota 77.


“O Brasil é um país de performance muito irregular. Em algumas coisas está muito bem, enquanto em outras ainda tem muito o que fazer”, disse à Agência Estado Daniel Esty, da Universidade de Yale, um dos coordenadores do Índice de Performance Ambiental 2006. “Comparado a outros países da sua categoria, entretanto, está se saindo muito bem.”


Entre os 16 indicadores considerados estão qualidade do ar, recursos hídricos, infra-estrutura sanitária, mortalidade infantil, energias renováveis, conservação da biodiversidade e emissões de gases do efeito estufa. A partir de critérios internacionais, os cientistas criaram um conjunto de metas ambientais e mediram a distância de cada país para atingir esses objetivos.


O relatório, compilado pela primeira vez, é uma variação “em tempo real” do Índice de Sustentabilidade Ambiental, um estudo semelhante conduzido anualmente pelo mesmo grupo. “É uma tentativa de avaliar a performance atual dos países, no lugar de sustentabilidade a longo prazo”, afirma Esty.


A Nova Zelândia teve a melhor nota (88), seguida de Suécia (87,8) e Finlândia (87). Nas piores colocações ficaram Níger (25,7), Chade (30,5) e Mauritânia (32). Os Estados Unidos ficaram em 28º lugar, com nota 78,5. O objetivo, segundo Esty, é que o estudo sirva como um “espelho” para auto-avaliação dos governos. Dentro de tantas categorias e tantas variáveis, entretanto, a imagem que é refletida apresenta algumas graves distorções.


O único indicador no qual o Brasil obteve nota 100, por exemplo, foi o de “taxa de exploração de madeira”. Segundo Marc Levy, da Universidade de Columbia, o índice é uma relação do total de madeira derrubada versus o total de madeira não explorada. Como o Brasil ainda tem muita floresta em pé na Amazônia, a nota acaba sendo boa, apesar dos altos índices de desmatamento e exploração ilegal de madeira.


Levy reconhece a distorção, mas diz que esse foi o melhor critério encontrado com os dados disponíveis para fazer uma comparação entre os países. “De maneira alguma queremos dizer que o Brasil não deve se preocupar com a exploração de madeira.” A pior performance do País foi em “proteção de áreas selvagens”: nota 15,6.

 


(Fonte: Agência Estado)

 

 

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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL COMEÇA AMANHÃ EM CARACAS


A sexta edição do Fórum Social Mundial (FSM) começa amanhã, dia 24, com críticas à política externa dos Estados Unidos. Um ato público “contra a guerra e o império” está marcado para a abertura do evento em Caracas, Venezuela. Presente em todas as edições do evento, a CNB/CUT organizará, junto com a UNI Américas Finanças, duas oficinas.


A oficina “Inserção do Sistema Financeiro na Sociedade: potencialidades de desenvolvimento ou exploração dos povos?” vai discutir o papel que deve ter o sistema financeiro na sociedade atual, em que é uma das mais importantes forças econômicas. Realizada em parceria com a UNI Américas Finanças e com o Comitê de Finanças da CCSCS (Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul), o debate contará com a presença do economista William Gaviria Ocampo, membro da Junta Diretiva da UNEB (Unión Nacional de Empleados Bancarios), da Colômbia, e da coordenadora do curso de Economia da Unicamp, Maria Alejandra Madi.


A outra oficina é chamada “Walmarterização: a atual estratégia empresarial de ataques aos direitos trabalhistas” e tratará das novas formas de relações de trabalho criadas pela rede de supermercados norte-americana Wal-Mart e que está se tornando um padrão adotado no mundo todo, precarizando de forma violenta as condições de trabalho e impedindo a organização sindical dos trabalhadores. A oficina terá palestras de Rodolfo Benítez, Secretario Regional de UNI-Américas, Rubén Cortina, Secretario de Relaciones Internacionales de FAECyS – Argentina –, e Victor Báez, Secretario General de La CIOSL/ ORIT.


 


Contra o Império


Organizadores do evento prevêem que os debates girarão em torno do eixo temático Estratégias Imperiais e Resistências dos Povos, que esperam ser um dos mais comentados. No caderno de programação do Fórum, as estratégias imperiais estão definidas a partir da idéia de um “neoliberalismo de guerra” e de uma “guerra de civilizações como nova estratégia de expansão imperial”. O império, no caso, são, principalmente, os Estados Unidos, hoje a maior economia e a maior potência militar do mundo.


Além disso, também se fala na “mercantilização da vida e seus instrumentos jurídico-institucionais: livre-comércio, dívida externa, instituições financeiras internacionais, OMC, Alca e Tratados de Livre Comércio corporações multinacionais”, além da falência do sistema de governança internacional, como as Nações Unidas. “Entendemos que não será possível conseguir um outro mundo se não combatermos o que são as políticas imperialistas de guerra, de concentração da riqueza, de controle da nossa biodiversidade, de toda essa expansão do mercado”, disse Nalu Faria, ativista da Marcha Mundial de Mulheres e membro da organização do FSM, à Agência Brasil.


A economia solidária, o não-pagamento da dívida e o controle sobre recursos naturais, como a água, são outros temas que, segundo os organizadores, também devem ter destaque no fórum.


 


Programação


A programação das atividades do FSM 2006 em Caracas já está disponível on-line. O programa está organizado por ordem alfabética, de acordo com os nomes das organizações. Os arquivos estão disponíveis para download em formato PDF e RTF nos endereços abaixo:


 


PDF:


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_A_comision.pdf


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_comissao_G.pdf


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_H_Z.pdf


 


RTF:


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_A_comision_rtf.rtf


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_comissao_G_rtf.rtf


http://www.forumsocialmundial.org.br/download/programa_H_Z_rtf.rtf


 


Fonte: CNB/CUT com Agência Brasil e Organização do FSM

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BNDES CONCEDE MAIOR VOLUME DE RECURSOS DE SUA HISTÓRIA

Dentre os anos de 2003 e 2005, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou um total de R$ 122 bilhões. Somente em 2005, foram R$ 47 bilhões concedidos em financiamentos, o maior valor na história do banco – 17,5% superior ao desembolsado em 2004. Para atingir essa cifra recorde, o BNDES tornou mais ágeis os procedimentos exigidos para concessão do financiamento, promoveu a redução no custo dos empréstimos e a democratização do acesso ao crédito.

As medidas permitiram, por exemplo, que mais micro, pequenos e médios empresários tivessem acesso ao crédito do banco. Para empresas desse porte, o BNDES passou a financiar capital de giro associado à aquisição isolada de máquinas e equipamentos nacionais. Além disso, aumentou a participação do capital de giro vinculado a projetos de investimentos destas empresas. O banco criou ainda programas específicos de maior acesso ao crédito, como o novo Programa de Microcrédito e o Proinco (Programa de Investimentos Coletivos Produtivos) para apoiar investimentos que beneficiem trabalhadores, produtores e pequenas empresas nacionais com atuação coletiva.

A ampliação de limites e prazos de pagamento do cartão BNDES em 2005 também foi outro ganho para os pequenos empresários. As microempresas responderam por 80% dos cartões emitidos e por 68% das transações realizadas.

O BNDES também teve importante participação nas exportações brasileiras no ano passado. Para esse setor, o banco desembolsou R$ 13,93 bilhões, 52% a mais que o liberado em 2004. Já para a infra-estrutura, fundamental para viabilizar o escoamento da produção nacional e contribuir para o crescimento do país, a instituição liberou R$ 17 bilhões.

 


Diminuição dos custos

A redução nos custos dos financiamentos do BNDES propiciou a liberação de um maior valor de recursos. Uma das ações adotadas desde o mês passado foi a diminuição de um ponto percentual, em média, nos financiamentos a setores prioritários.

Outras medidas incluem a criação de programas específicos do setor de geração e transmissão de energia elétrica com menor remuneração do banco, taxas de juros indexadas ao IPCA e prazos de pagamentos de até 14 anos; alterações no Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em Fontes Alternativas – Proinfa, com elevação da participação do banco para até 80%; criação de programa específico para o financiamento de investimentos em ferrovias do Norte e Nordeste; a redução dos custos de financiamento à indústria de construção naval e de navegação; entre outros.

 


(Fonte: Em Questão)

 

 

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TST RECONHECE ACORDO INDIVIDUAL PARA COMPENSAÇÃO DE JORNADA

A Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu, por maioria de votos, a validade de acordo individual para a compensação da jornada de trabalho, com acerto direto, entre empregador e empregado. O ministro Lélio Bentes Corrêa foi designado como o redator da decisão tomada pelo órgão do TST.

Com o provimento do recurso de revista à Fundação Universitária de Cardiologia, de Porto Alegre (RS) pela Turma do TST, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (com jurisdição no Rio Grande do Sul) terá de retomar o julgamento de processo em que a entidade questionava condenação ao pagamento de horas extras a uma ex-funcionária. Os argumentos jurídicos da empregadora sequer haviam sido examinados, uma vez que o TRT gaúcho afirmou a inviabilidade do acordo individual.

A decisão de segunda instância baseou-se em interpretação do art. 7º, XIII, da Constituição Federal. O dispositivo estabelece a duração do trabalho normal em período não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, mas possibilita a compensação de horários e a redução da jornada por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Como o acordo teve natureza individual, foi considerado inválido pelo TRT.

No TST, contudo, prevaleceu entendimento oposto. Segundo a jurisprudência consolidada no item II de sua Súmula nº 85, “o acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário”.

 


(Fonte: Agência Diap)

 

 

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CPI IRÁ INVESTIGAR GOVERNO FHC

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), assinou nesta segunda-feira, 16/01, o ato de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as privatizações ocorridas durante o Governo FHC. O requerimento de criação da CPI estava na fila da Câmara desde 2003.

O autor do requerimento de criação da CPI é o deputado José Divino (PMR/RJ), que conseguiu o mínimo de assinaturas exigido, 171 deputados, para a criação de CPI. Para ser instalada, a CPI depende agora da indicação dos líderes dos partidos dos nomes dos deputados que irão compor a Comissão.

A CPI deverá investigar todas as privatizações realizadas no Brasil, no período de 1990 a 2002, durante o Governo FHC. Além disso, também serão investigados os critérios adotados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas operações de crédito com empresas que participaram dos processos de licitação.

A CPI das Privatizações contará com 23 titulares e 23 suplentes, que têm de ser indicados pelos líderes partidários em até 48 horas. A instalação ocorrerá somente após a indicação dos integrantes, com a eleição do presidente e vice-presidente, além da escolha do relator.

 


Instalação em fevereiro

Para o deputado Walter Pinheiro (PT/BA), a Câmara deve analisar primeiro as matérias definidas como prioritárias, e não ter preocupação com nova CPI. “Eu acho que agora temos que concluir a votação de alguns projetos importantes, como a PEC do Fundeb, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a PEC dos agentes de saúde, além ,é claro, do fim do pagamento extra durante as convocações e a redução do recesso parlamentar. Acho que é isso que a sociedade espera do Congresso Nacional”, ressaltou.

Na avaliação do petista, a Câmara deve deixar para tratar da criação de CPI no período legislativo normal, depois de 15 de fevereiro. “Seria melhor que a Casa não tratasse deste assunto neste momento, até porque ainda estão em curso outras CPIs que precisam concluir seus trabalhos, como a CPI Mista dos Correios”, salientou o parlamentar.

 


(Fonte: Agência Informes)

 

 

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RURALISTAS, GRAÇAS A DEUS

Brasília – A definição é do Manual de Redação da Câmara dos Deputados: “Bancada – nome pelo qual é conhecido o conjunto de parlamentares que se unem em nome de objetivos comuns. Ela pode ser partidária (…) ou informal” . No Congresso Brasileiro, as bancadas “informais” são, muitas vezes, a principal fonte de poder – acima até das distinções entre governo e oposição. Entre as principais, segundo o Instituto de Estudos Sócio-Econômicos (Inesc), estão as dos empresários e dos advogados. Mas nenhuma tem tanta visibilidade como a bancada ruralista. Os pesquisadores não sabem dizer seu exato tamanho. As estimativas vão de oitenta até 160 deputados, variando a cada legislatura, desde os tempos da Constituinte de 1988. Como as bruxas, cuja existência independe de crença, o grupo ruralista mostra-se aos olhos da Nação de tempos em tempos. “Por isso dizemos que a bancada ruralista é um agrupamento de interesse. Ela se une no momento em que alguma coisa afeta seu interesse, para o bem ou para o mal”, explica Edélcio Vigna, cientista político do Inesc. Vigna é autor de um estudo sobre a bancada ruralista, realizado na legislatura anterior. Ele lembra que o problema de determinar a dimensão da bancada tem a ver com sua natureza de “grupo de interesse”. O Inesc, por exemplo, considera que é ou pode atuar em favor da causa ruralista o parlamentar que declara que sua renda ou parte dela provém da agropecuária. Fica, porém, difícil avaliar interesses advindos de relações de parentesco, ou mesmo os que são fruto de interesses locais dos parlamentares e que resultam em financiamento de campanha, ou favorecimento na mídia local, por exemplo.
Proprietários de terras, especificamente, são poucos, portanto, entre os ruralistas. Latifundiários, ainda menos comuns. Até mesmo o mais notório dos líderes da bancada, Ronaldo Caiado (PFL-GO) é considerado um “médio produtor”. Ele se tornou nacionalmente famoso como líder da União Democrática Ruralista (UDR), ainda nos anos 80, grupo que fazia feroz oposição aos movimentos sociais pela reforma agrária. A UDR chegou a ser acusada de incentivar a formação de grupos armados para defender as propriedades. Os colegas dizem que Caiado ficou injustamente “estigmatizado”. O tempo passou, e ele hoje preside a Comissão de Agricultura da Câmara, cujo gabinete, na prática, funciona como uma espécie de “aparelho” dos ruralistas dentro do Congresso. Há várias legislaturas, o grupo elege os principais postos da comissão. Mais recentemente, os ruralistas também organizaram a Frente Parlamentar da Agricultura, que reúne mais de cem deputados.
Outro dos principais líderes ruralistas, o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), estima que chegue a mais de 150 o número de deputados alinhados com a bancada. Ele próprio se define como “agricultor familiar”. Diz ser proprietário de 70 hectares de terra em Assis Chateaubriand, PR, onde mantém uma criação de aves. Micheletto participa de uma cooperativa, com 4.500 outros produtores. Responsáveis pelos frangos da marca Copacol, faturam 1 bilhão de reais por ano, segundo ele. O deputado não considera que a atuação da bancada ruralista favoreça particularmente os grandes proprietários de terra. “Me sinto confortável porque defendemos o pequeno, o médio e o grande produtor. Somos um grupo de profissionais cuja origem é o campo”, define ele.
Na prática, a bancada tem atuado de forma contrária a projetos considerados progressistas em relação à estrutura fundiária. Recentemente, o grupo se mobilizou contra a proposta de emenda constitucional que estabelece a desapropriação compulsória de áreas onde tenha sido constatado o emprego de trabalho em condições análogas à escravidão, sob o argumento de que teria de haver medida semelhante para proprietários de empresas urbanas onde houvesse esse tipo de flagrante (como acontece nas confecções que utilizam mão-de-obra de imigrantes bolivianos em São Paulo, por exemplo). “Ideologicamente falando, sou contra a invasão de terras. Sou a favor da reforma agrária, mas dentro dos parâmetros constitucionais”, define Micheletto.
Vale lembrar que foram os próprios ruralistas que conseguiram inserir na Constituição e na posterior regulamentação da reforma agrária diversos obstáculos aos mecanismos de desapropriação de terra. A conseqüência desse ideário é a manutenção de um modelo econômico já clássico no país. “A visão de desenvolvimento que os ruralistas têm é socialmente excludente, ambientalmente predatória e concentradora de renda. Não tem novidade nenhuma, é o que se aplica no Brasil há quinhentos anos”, diz o deputado João Alfredo (Psol-CE), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra. Para o parlamentar, os ruralistas sustentam um modelo que tem “duas faces”: ao mesmo tempo em que o agronegócio brasileiro está alinhado ao capitalismo global e utiliza as mais modernas tecnologias e métodos de produção, mantém práticas arcaicas e violentas, como a formação de milícias armadas, o desrespeito aos direitos trabalhistas e a prática de crimes ambientais. “No Pará, nas mesmas propriedades que utilizam tecnologia de ponta na pecuária e na exploração de madeira, os fiscais às vezes encontram trabalhadores escravizados”, ilustra.
No âmbito da CPMI da Terra, João Alfredo conta que já pôde presenciar a defesa de um dos mais recentes postulados dos ruralistas, a idéia de que a reforma agrária não seria mais necessária no país, porque o momento certo para fazê-la já teria passado, décadas atrás. Esse ponto de vista é defendido por teóricos como Cândido Prunes, ligado ao Instituto Liberal, e o deputado Xico Graziano (PSDB-SP). “Na CPMI, os ruralistas tentam desqualificar e criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com a idéia de que é arcaico defender a reforma agrária, e o agronegócio é que é moderno”, diz João Alfredo.
A avaliação do geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente, talvez ajude a entender a virulência com que os ruralistas atacam o MST. “Não existe força política hoje no país capaz de confrontar essa hegemonia do agronegócio. A única força que bate de frente é o MST”, diz ele. Para o assessor parlamentar da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Carlos Coutinho, o mais recente campo de confronto da bancada ruralista tem sido com a chamada “nova esquerda”, os grupos ambientalistas. A Lei de Biossegurança, que, entre outras medidas, permitiu o plantio de transgênicos no país, foi um dos embates mais recentes. A última demonstração da força ruralista segue um padrão estabelecido ao longo dos anos 90. No fim de junho, eles levaram milhares de máquinas agrícolas à Esplanada dos Ministérios, em um autodenominado “tratoraço”. Os objetivos declarados da manifestação estavam ligados, uma vez mais, à “crise do setor”, causada pela baixa do dólar, que afetou preços de exportação de produtos como a soja, e a seca no Sul do país, entre outros fatores.
Edélcio Vigna adverte que o discurso apocalíptico não é ocasional. “A bancada ruralista sobrevive da crise na agricultura. A crise leva à negociação com o governo. E aí, como o Executivo tem medo ou é conivente, cede. Daí vem o poder de barganha”, explica ele. A acusação que recai sobre esses movimentos de pressão é a de que, enquanto apontam causas conjunturais da “crise no setor” e se escudam nos agricultores afetados pela seca ou a queda dos preços, servem para disfarçar uma barganha pelo perdão de algumas dívidas com bancos públicos que são roladas há décadas ou periodicamente têm novas parcelas perdoadas. Os ruralistas negam que suas ações visem beneficiar caloteiros, mas o fato é que, entre outros pontos pouco divulgados pela mídia, o tratoraço de junho incluiu reivindicações como o fim da inclusão de inadimplentes antigos do setor na dívida ativa da União (medida que começou a ser aplicada no início deste ano). Da mesma forma, enquanto se dizem comprometidos com a sustentabilidade ambiental de sua atividade, pediram também ao governo a flexibilização das normas de importação de agrotóxicos – uma medida contra a qual a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou nota técnica dias após o tratoraço.
Pouco depois da manifestação em Brasília, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) aprovou a liberação de 3 bilhões de reais para financiamento de dívidas dos grandes produtores. Os recursos devem sair pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o dinheiro tem juros subsidiados, com a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), atualmente, em 9,75% ao ano. Na negociação dessa medida, o governo incluiu a exigência de que as empresas de insumos para as quais os agricultores devem fossem avalistas dos empréstimos. O tiro pode ter saído pela culatra, porque as multinacionais do setor estão se negando a realizar essa operação. A estimativa do governo é que, até agora, menos de 10 por cento desse montante tenha sido efetivamente emprestado. Engana-se, portanto, quem imagina haver perfeita sintonia com o governo. Apesar de admitirem o bom relacionamento com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para os ruralistas o setor está hoje à mercê das grandes multinacionais e dos bancos. “São os banqueiros que ganham dinheiro hoje no país. E, no caso do agronegócio, quem comanda o mercado hoje são as grandes multinacionais”, diz o deputado Micheletto. “Na discussão profunda dos temas ligados ao setor agrícola, não vemos evolução”, emenda Coutinho, da CNA.

 


(Fonte: Revista Caros Amigos)

 

 

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A ALEGRIA E A DOR DAS FAVELAS

Trecho do livro Favela – Alegria e Dor na Cidade, de Jailson de Souza e Jorge Luiz Barbosa:

 

“Falar do futuro das favelas é tarefa que exige, em primeiro lugar, que não se dissocie seus rumos com os da cidade como um todo. O primeiro passo é acabar com a relação favela e asfalto. O reconhecimento realmente democrático dos direitos à cidade passa por uma nova apropriação do espaço urbano. A cidade, antes de mais nada, é uma só. Criar um futuro diferente significa reconhecer que as comunidades populares construíram suas histórias ao longo de uma centena de anos de lutas para habitar esta mesma cidade. São obras de vivências entre cidadãos de uma metrópole marcada por profundas contradições, tensões e conflitos sociais.

As comunidades populares se expandiram e se consolidaram nos mais distintos bairros do Rio de Janeiro. A geografia das favelas cariocas não se limita às encostas dos morros. Planícies, baixadas, margens de rios e lagoas – geralmente desvalorizados (tanto do ponto de vista econômico como simbólico) por sua localização ou suas condições físicoambientais – foram também sítios de construção da vida de muitas comunidades. Em todas foram constituídas relações de sociabilidade, formas de trabalho e de geração de renda, criações artísticas e práticas culturais produtoras de identidades. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas no seu cotidiano e na sua inserção na cidade, as favelas afirmaram seus direitos de permanência no espaço urbano metropolitano.

Como estamos falando de futuros possíveis, vale retomar uma pergunta bastante comum entre nós, moradores da Cidade Maravilhosa. A favela é um problema ou uma solução para homens e mulheres pobres da cidade? Essa pergunta provocativa gera outras questões: as favelas não foram sempre interpretadas como um problema para as classes dominantes e os grupos sociais médios? Era uma questão que deveria ser resolvida pela ação do Estado, mediante a repressão às ocupações consideradas indevidas ou pela remoção dessas comunidades para os devidos lugares dos pobres. O problema era sim a favela.

Sendo a favela o problema, logo o Estado era chamado para resolvê-lo de modo arbitrário ou clientelista, faces de uma mesma conveniente negação do exercício de direitos a parcelas significativas da população. O fato é que se a favela é um problema, esse é um problema de responsabilidade de toda a sociedade.

Então a favela é uma solução? Para os que sempre viveram com direitos limitados para habitar a cidade, a favela foi, sim, uma solução possível. Elas foram construídas como um exercício de cidadania, como afirmação de direitos. Mesmo as favelas mais precárias em termos de moradias e de infra-estrutura de serviços são territórios onde os pobres afirmaram presença na metrópole carioca. Isto não significa, é claro, que os cidadãos marcados pela desigualdade devam encontrar por si mesmos suas possibilidades de vida. Essa seria não só uma posição cômoda, mas também profundamente discricionária e socialmente irresponsável com o destino de milhares de pessoas. Seria a mais pura cristalização de processos violentos de discriminação e distinção social, econômica e cultural.

A favela não é um problema, nem uma solução. A favela é uma das mais contundentes expressões das desigualdades que marcam a vida em sociedade em nosso país, em especial nas grandes e médias cidades brasileiras. É nesse plano, portanto, que as favelas devem ser tratadas, pois são territórios que colocam em questão o sentido mesmo da sociedade em que vivemos. O significado da apropriação e uso do espaço urbano deve estar na primeira página de uma agenda política de superação das más condições de vivência no nosso mundo.

Estamos diante de um desafio, e não mais diante de um “problema dos outros”. Criar um conjunto de proposições e práticas de transformação da sociedade que leve em conta as favelas como territórios de sua construção é o grande desafio político da atualidade. Integrar definitivamente as favelas na agenda de superação de contradições, conflitos e tensões presentes no espaço urbano é, sem dúvida, contribuir para um amplo movimento de consolidação da democracia.”

 


Por Graziela Salomão

 

TÍTULO – Favela – Alegria e Dor na Cidade

AUTOR – Jaílson Souza e Silva e Jorge Luiz Barbosa

EDITORA – Senac Rio

PÁGINAS – 229

PREÇO – R$ 37,00

 

 

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PLANTIO DE TRANSGÊNICO DESACELERA NO MUNDO, MAS CRESCE 88% NO BRASIL

O ritmo de avanço global das lavouras transgênicas arrefeceu em seu décimo ano de plantio comercial. Estudo do International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications (ISAAA), baseado em Nova York, nos Estados Unidos, aponta que a área global cresceu 11% em 2005, atingindo 90 milhões de hectares. Em 2004, a expansão foi de 20% e, em 2003, de 15%.
Clive James, presidente do ISAAA, observou que a maior expansão se deu no Brasil, que elevou a área plantada com soja transgênica em 88%, passando de 4,4 milhões de hectares em 2004 para 9,4 milhões no fim de 2005. Com esse resultado, o Brasil pulou da quarta posição no ranking de maiores produtores para a segunda colocação, perdendo apenas para os EUA, que plantaram 49,8 milhões de hectares (55% da área global). “A perspectiva é que a área global continue crescendo mais de dois dígitos por ano nesta segunda década de lavouras transgênicas”, afirmou James.
Em 2005, segundo o ISAAA, o plantio de transgênicos ocorreu em 21 países, ante 17 no ano anterior. Em valor, o mercado de sementes e insumos movimentou em torno de US$ 5,25 bilhões, sendo que a soja respondeu por US$ 2,42 bilhões. Segundo James, as lavouras transgênicas já correspondem a 3% da área total cultivada no mundo. No caso da soja, 60% do plantio mundial é feito com grãos transgênicos. Esse índice chega a 28% no algodão, a 14% no milho e a 18% na canola.
Ivo Carraro, diretor da Coodetec e presidente da Braspov (reúne indústrias sementeiras), observou que, embora não haja dados estatísticos sobre o plantio de algodão e milho transgênico no Brasil, o cultivo já acontece, principalmente no Mato Grosso e Bahia (caso do algodão) e Rio Grande do Sul (milho). A expectativa, segundo ele, é que ainda haja grande expansão no cultivo de transgênicos no país nos próximos anos, principalmente após a liberação comercial do algodão geneticamente modificado.
Além do Brasil, o ISAAA destacou o plantio de 17 milhões de hectares na Argentina (6% mais que em 2004), 5,8 milhões no Canadá (aumento de 7%), 1,8 milhão no Paraguai (aumento de 50%) e 1,3 milhão na Índia (expansão de 160%). O ISAAA destacou o avanço do plantio de arroz transgênico, plantado comercialmente pela primeira vez no Irã e que alcançou 4 mil hectares. James acredita que a introdução de arroz transgênico tem maior potencial de expansão no mundo até 2015.

(Fonte: Valor Econômico)

 

 

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ECONOMIA SOLIDÁRIA – Ministros da Venezuela conhecem Banco Palmas

Os ministros da Venezuela, Elias Jaua, da Economia Popular, e Gustavo Márquez, da Integração e Comércio Exterior, visitaram, na manhã deste sábado, dois projetos de economia solidária em Fortaleza: O Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras, e o Credsol, no Grande Bom Jardim.

Os ministros – que retornaram a Caracas, na tarde de ontem – estavam acompanhados de uma comitiva formada por dirigentes de órgãos dos governos venezuelano e brasileiro.

O ministro Elias Jaua, da Economia Popular, conheceu o Banco Palmas, uma experiência pioneira de economia solidária no Brasil. Inicialmente, ouviu atentamente os pronunciamentos de autoridades locais e de Dione Menetti, dirigente da Secretaria Nacional de Economia Solidária.

Dione Menetti destacou o Banco Palmas como sendo uma referência bem sucedida que “comprova a viabilidade de criar instituições que atendam às reais necessidades do povo brasileiro, na perspectiva de proporcionar crédito para quem precisa”.

O ministro Elias Jaua disse que a visita da delegação venezuelana a Fortaleza faz parte da política de integração da América Latina defendida pelo presidente Hugo Chavez. “Temos interesse em conhecer as experiências brasileiras no setor da economia solidária porque acreditamos que esse seja o caminho para se fortalecer a economia social e popular no continente sul-americano”, enfatizou Elias Jaua.

Criado em 1998, o Banco Palmas foi o primeiro banco comunitário implantado no Brasil. Hoje, já existem sete bancos semelhantes em todo o País. No Interior do Ceará, 10 estão em fase de implantação e três estão em pleno funcionamento nos municípios de Paracuru, Santana do Acaraú e Palmácia.

Administrado pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras, o Banco Palmas encerrou 2005 com uma carteira de R$ 120 mil em empréstimos efetuados. Segundo Sandra Magalhães, coordenadora de projetos, 1.300 famílias do Conjunto Palmeiras utilizam os créditos do banco.

Além dos empréstimos, o Banco Palmas possui uma moeda social, a “Palmas”, equivalente a R$ 1,00, que circula naquele bairro desde 1991. Ela é aceita em estabelecimentos comerciais, postos de combustíveis e transportes alternativos.

Os créditos do Banco Palmas concretizaram o surgimento de sete empreendimentos comerciais (nos setores de moda, artesanato, limpeza, beleza, entre outros), que geraram 5 mil empregos para a população local. Os empréstimos variam de R$ 300 a R$ 1 mil, com juros de 1% a 2% ao mês.

Os saldos positivos do Banco Palmas, no combate a pobreza, na promoção da cidadania e na geração de emprego e renda, foram reconhecidos com duas premiações, no ano passado. Uma delas foi o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social.

Os programas de economia solidária desenvolvidos pelo Centro Herbert de Souza e a Fundesol no Grande Bom Jardim foram visitados pelo ministro Gustavo Márquez, da Integração e Comércio Exterior da Venezuela. Durante a visita, ele conheceu a modalidade eletrônica do cartão de crédito solidário Credsol, que há quatro anos leva crédito de consumo para os moradores pobres do Bom Jardim, Granja Lisboa, Granja Portugal, Siqueira e Canindezinho.

 

 

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