Somos bem-vindos ao planeta Marte?

Frei Betto *


Os ibéricos, dos séculos XV ao XVII, conquistaram boa parte do mundo graças às inovações tecnológicas de suas caravelas e o talento de cientistas estrangeiros. Exemplos são o genovês Cristóvão Colombo, que se pôs a serviço da coroa espanhola, e Américo Vespúcio, que se instalou em Sevilha e deu nome ao nosso Continente.


O capitalismo neoliberal, com sede nos EUA, domina o mundo atual, unipolar, malgrado as fortes resistências. Não satisfeita, a voracidade estadunidense mira o espaço cósmico. A história do imperialismo se baseou em incursões por terra (romanos e Alexandre Magno), mar (Espanha e Portugal) e, agora, ar.


Após pisar na lua e fincar em seu solo a bandeira dos EUA (tivesse bom senso, a Casa Branca teria hasteado a da ONU), a Nasa aterrissa em Marte o robô Curiosity – após viajar 570 milhões de km em pouco mais de 8 meses, a um custo de US$ 2,5 bilhões (R$ 5 bilhões).


Por fontes fidedignas, sei como os marcianos receberam o Curiosity.


 Que diabos caiu em nosso território? indagou Elysium à sua mulher Memnonia.


Pelo aspecto, parece lixo do planeta Água.


Aquele azul?


Sim, cujos habitantes o denominam equivocadamente de Terra, embora contenha 70 % de água.


Não me parece lixo, Memnonia. Repare, é um equipamento articulado.


Talvez tenha vindo espionar a nossa civilização suspeitou a mulher.


Isso não me preocupa. Lembra quando, na década de 1950, nossos discos voadores foram até lá?


Sim, Elysium, foi uma decepção. As imagens de TV captadas por nossas naves demonstraram que ali ainda não há vida inteligente.


De fato, em matéria de ciência e tecnologia os terráqueos estavam muito atrasados. Suas aeronaves ainda copiavam o formato dos pássaros, e, hoje, suas naves espaciais têm aspecto bélico e gastam muito combustível para romper a atmosfera.


O que me impressionou – observou Memnonia – foi o contraste entre a sofisticação de certos equipamentos e a miséria em que vivia tanta gente. Enquanto uns trafegavam em veículos de luxo, outros rastejavam pelas calçadas suplicando por comida. Como é possível uma civilização que não prioriza a vida de seus semelhantes?


Lembra que reparamos que, ao contrário do que acontece conosco, eles são visíveis uns aos outros? Não tinham, como nós, o dom da invisibilidade. Ainda vivem muito apegados às esferas dos sentidos e da razão. Não irromperam na esfera da espiritualidade.


Elysium, se este aparato veio nos espionar, não vai obter muito além das propriedades de nosso solo e de nosso clima. Não poderá captar o avanço de nossa civilização.


 Mas admito que eu gostaria de repassar aos terráqueos um pouco de nossa história. Talvez isso os ajudasse a evoluir.


 Ora, Mamnonia, sabemos que há entre eles pessoas e não são poucas que também pregam o que os nossos patriarcas disseram. Infelizmente a maioria não lhes dá ouvidos.


Eles seriam mais felizes enfatizou a mulher  se trocassem a devastação ambiental pela preservação; a apropriação privada pela partilha; a guerra pela paz; as armas pelas ferramentas; a opressão pela justiça.


 Como foi positivo para nós trilhar esse caminho de sabedoria! Hoje, o alto grau de amorização de nosso povo permite-nos tamanha transparência, que tanto o nosso povo quanto a nossa natureza são invisíveis aos olhos alheios.


Você acha que devemos atirar pelo espaço esse aparato esdrúxulo?


 Melhor não, Elysium. Preservemos a nossa identidade e a paz com os vizinhos. Não esqueça o que os terráqueos fizeram quando descobriram um Novo Mundo repleto de povos indígenas… Nossa invisibilidade nos dará proteção. Melhor deixar essa maquininha rodando por aí. Vai ser divertido vê-la restrita aos aspectos geológicos e climáticos do nosso planeta.


 Você está certa, Memnonia. O amor que nos une e nos faz feliz não poderá ser captado, pois os terráqueos ainda terão um longo percurso até conquistar a globoamorização que reina entre nós.


 


* Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org Twitter:@freibetto.





Copyright 2012 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

Negociação avança em saúde, mas reunião é interrompida por fatalidade


A segunda rodada de negociação começou na manhã desta quarta-feira (15), mas foi interrompida por uma notícia triste: o falecimento do ex-dirigente sindical Manoel Castaño Blanco, o Manolo, marido da assessora jurídica da ContrafCUT, Dra. Débora Blanco. Durante o intervalo para o almoço, a advogada foi informada da morte do esposo, vítima de um AVC. O Comando Nacional, então, solicitou à Fenaban a suspensão desta rodada, adiando os trabalhos marcados para a tarde de quarta-feira e o dia seguinte, quinta (16). As negociações serão retomadas no próximo dia 21, às 10h.


Os trabalhos da manhã retomaram a discussão sobre saúde e condições de trabalho e tiveram alguns avanços. Os bancos concordaram em pagar o salário do empregado quando houver um intervalo entre o último benefício pago pelo INSS  e a regularização da situação do trabalhador. O que vem acontecendo é que muitas vezes o bancário recebe a alta programada do INSS, mas é considerado inapto pelo médico que faz o exame de retorno. Até que outra perícia seja marcada e verificado que o trabalhador continua doente, ele fica sem receber. “A alta programada é um absurdo, porque o INSS estima o prazo necessário para o trabalhador ficar curado, mas esse tempo não é igual para todo mundo. Quando o prazo acaba, não é feita nova perícia e o benefício é suspenso. O trabalhador fica no limbo, sem receber do INSS, nem da empresa. Enquanto não conseguimos que a alta programada seja extinta, é preciso que o patrão garanta os meios de sobrevivência ao empregado”, pondera Nilton Damião Esperança, representante da Federação no Comando Nacional. Outro avanço neste tema é que os representantes do banco se comprometeram a atuar junto ao INSS para buscar a redução do tempo de espera pela marcação de novas perícias.


Os patrões não concordaram em conceder intervalo de 10 minutos a cada 50 trabalhados para bancários que desempenham funções com esforços repetitivos – cálculo, contagem de dinheiro e leitura digital de documentos. A pausa serve para prevenir as LER/DORT e já é concedida a digitadores e operadores de call center. Mas os banqueiros não admitem que os caixas estão submetidos ao mesmo tipo de risco e informaram que não vão conceder a pausa. A Fenaban limitou-se a prometer que vai pautar o assunto na mesa temática de saúde e buscar soluções para as funções em que há maior incidência de lesões.


Outra questão polêmica é a de manutenção do cargo e da remuneração para o bancário que retorna após afastamento por doença ou acidente de trabalho. “Para os bancos, se o trabalhador muda de função após o retorno, não pode continuar no mesmo cargo, nem com o mesmo salário. Mas não foi o bancário que escolheu mudar, isso aconteceu por força das circunstâncias, já que ele ficou doente justamente por causa do trabalho”, argumenta Nilton.


Também não avançou a discussão sobre as eleições para composição da CIPA. Os banqueiros consideram o modelo bom e não querem modificá-lo. Pelas regras atuais, metade dos membros é eleitas diretamente, mas a outra medade é composta por empregados indicados pela empresa. “Desta maneira, o banco tem como interferir na atuação da comissão, indicando funcionários que vão fazer o que o patrão determinar. Queremos que todos os integrantes sejam eleitos diretamente para garantir a autonomia das CIPAs”, informa o sindicalista.


Outra reivindicação negada foi o abono de falta para a realização de exames preventivo de câncer de próstata, mama e útero. Os banqueiros alegaram que já há muitas licenças previstas na CCT e que não é necessário incluir mais uma.


Ficaram para a próxima reunião as discussões sobre segurança bancária, igualdade de oportunidades e remuneração.


 


 

Leia também: Comando suspende negociações com morte do ex-dirigente sindical Manolo

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Bancários da Caixa reafirmam luta pela isonomia e propõem Dia Nacional de Luta

Entidades sindicais são orientadas a divulgar materiais específicos como cartilhas,
adesivos etc. Também deverá ser priorizada a realização de encontros regionais
e de campanhas nas mídias sociais em apoio à luta por isonomia


Foto: Fenae
Como forma de ampliar a mobilização e aquecer as turbinas da luta pela isonomia na campanha salarial 2012, empregados da Caixa Econômica Federal se reuniram em encontro nacional em São Paulo, neste sábado, dia 11 de agosto, convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), conforme deliberação do 28º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), realizado em meados de junho, em Guarulhos (SP). Participaram cerca de 100 pessoas, vindas da maioria dos estados, entre as quais Jair Pedro Ferreira (coordenador da CEE/Caixa e vice-presidente da Fenae) e Fabiana Matheus (diretora de Administração e Finanças da Fenae) e Luiz Ricardo Maggi, (diretor da Federação e integrante da CEE/Caixa).

O propósito de conquistar a isonomia como exigência de valorização e respeito aos trabalhadores da Caixa e dos demais bancos públicos federais, tendo por base um forte processo de mobilização nacional, foi manifestado pela deputada Erika Kokay (PT/DF), que também é bancária da empresa, em debate realizado no encontro de São Paulo. Ela falou, na ocasião, sobre a importância de fechar o ciclo das retaliações impetradas pelo governo FHC, “por não ser mais possível, sob qualquer hipótese, permanecer entulhos que foram construídos sob a lógica de privatização da Caixa e de outras empresas estatais”.

A parlamentar também considerou necessária a utilização do Poder Legislativo como forma de ampliar a mobilização em torno da isonomia, sendo este um desafio para corrigir as injustiças. Uma das ideias é promover audiências públicas no âmbito das comissões temáticas do Congresso Nacional. É considerado relevante ainda envolver nesse debate lideranças políticas nos estados. Outra atividade aprovada foi a realização de encontros regionais de isonomia em todo o país.

As propostas de ações discutidas no encontro nacional de isonomia serão encaminhadas para apreciação do Comando Nacional dos Bancários. Uma das principais é a realização de um Dia Nacional de Luta durante a campanha salarial 2012, assim como uma marcha a Brasília com outras categorias em luta. Também será encaminhada ao Comando a proposta de criação de um comitê permanente de isonomia das empresas estatais. Há, nesse caso, o entendimento de que o fortalecimento das empresas públicas é condição sine qua non para a consolidação de um projeto nacional de desenvolvimento.

A orientação para as entidades sindicais é de divulgação de materiais específicos sobre isonomia, a exemplo de cartilhas, adesivos etc. Também será priorizada a realização de encontros regionais e de campanhas nas mídias sociais, como forma de oferecer suporte à reivindicação por isonomia em mesa de negociação específica da campanha salarial deste ano.

A avaliação é de que, diante das circunstâncias, a luta por isonomia na Caixa e nos demais bancos públicos federais será longa e cheia de desafios. Fica daí a certeza de que os trabalhadores precisam trilhar vários caminhos para viabilizar a conquista por igualdade de direitos e benefícios entre novos e antigos empregados, com destaque, no caso da Caixa, para itens como licença-prêmio e Adicional por Tempo de Serviço (ATS) ou anuênio.

Faltou base

Além do pequeno número de participantes, outra questão preocupou Luiz Ricardo Maggi. “Vi muitos sindicalistas, delegados sindicais e integrantes de forças políticas ligadas ao movimento bancário, inclusive da oposição. Mas faltaram os bancários de base. A discussão sobre isonomia é muito importante e é preciso que ela chegue aos locais de trabalho mais diretamente, não apenas através dos dirigentes e militantes”, observa Maggi.

Outra crítica que o dirigente faz é sobre a tentativa de condução da campanha salarial feita por alguns grupos. “Uma das propostas era de que os funcionários da Caixa só saíssem da greve se fosse aprovada a isonomia. Mas, ora, esta decisão tem que ser tomada pelas assembleias, com a participação de um número maior de bancários. Só nas assembleias do Rio de Janeiro, temos muito mais pessoas participando que os cerca de 100 bancários que foram a este encontro. Além disso, uma decisão como essa não tem suporte jurídico, são as assembleias que têm que determinar a deflagração ou encerramento de uma greve. Esta proposta foi, além de anti-democrática e sem suporte legal, uma irresponsabilidade”, avalia o dirigente.

Fonte: Fenae com Feeb RJ/ES

Definido calendário das primeiras rodadas de negociações dos financiários

A Contraf-CUT, federações e sindicatos se reuniram nesta segunda-feira (13), em São Paulo, com representantes da federação das financeiras (Fenacrefi) e definiram o calendário para as primeiras rodadas de negociações da Campanha Interestadual 2012.


A primeira rodada ocorrerá no próximo dia 24 e discutirá a abrangência do acordo – para que seja estendido também a promotores de crédito, entre outros trabalhadores – e a unificação da data base.


“Embora em São Paulo os reajustes incidam a partir de 1º de junho, em outros locais as datas são diferentes. A unificação é o primeiro passo para uma convenção coletiva nacional, como ocorre há 20 anos com os bancários”, afirma o dirigente sindical Jair Alves.


A segunda negociação para discutir o instrumento de combate ao assédio moral será realizada no 27.


Já as datas para tratar da PLR, cláusulas econômicas e outros temas serão definidas posteriormente.

Fonte: ContrafCUT com Seeb-SP

Bancários param Itaú em Dia de Luta nacional


O Itaú, que demitiu nove mil funcionários no último ano, foi o banco pelo Comando Nacional como alvo do primeiro Dia Nacional de Luta da Campanha Nacional de 2012. Em Campos e no Rio houve paralisação parcial de agências. A paralisação no Rio de Janeiro foi até o meio dia e atingiu as agências do eixo da Avenida Rio Branco, eixo financeiro do centro da cidade. Em Campos, todas as cinco unidades do Itaú no município ficaram fechadas até as 11h.

O dia de luta é uma resposta dos bancários à postura dos patrões durante a primeira rodada de negociações, que aconteceu na semana passada. Os representantes dos patrões disseram que não há demissões em massa, nem rotatividade, apenas “ajustes nos departamentos” e que os bancários, ao contrário do que aponta a pesquisa realizada pelos sindicatos, não temem o desemprego. Na mesma rodada, os banqueiros negaram sua responsabilidade nas políticas e práticas de gestão que estão destruindo a saúde dos bancários. Os representantes dos patrões disseram que as metas não são abusivas, mas desafiadoras, e que os casos de assédio moral são isolados, fruto do desvio de conduta de alguns gestores.

O Comando Nacional volta a negociar com a Fenaban dias 15 e 16, quarta e quinta-feira. Em pauta, a continuação das discussões sobre saúde e condições de trabalho e os debates sobre segurança bancária, igualdade de oportunidades e remuneração.

Outras atividades

Em Teresópolis, o sindicato local não paralisou o Itaú, mas fez manifestação em todas as agências bancárias da base. Já o Sindicato dos Bancários de Petrópolis fez neste dia 13 o lançamento da Campanha Nacional em sua base. Além das manifestações e panfletagem nas unidades do Itaú, Bradesco, BB, Caixa, HSBC e Santander no centro da cidade, houve a presença de um mágico realizando truques de ilusionismo, numa referência aos truques dos banqueiros, tema da Campanha deste ano.




 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 





 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

ES: Bancários levam mágico para as ruas no lançamento da Campanha Salarial


Foto: Sérgio Cardoso


 


Com o slogan Chega de truque, banqueiro!, os bancários capixabas, acompanhados de um mágico, ocuparam hoje as ruas de Vitória para denunciar a política dos bancos que, mesmo em momento de crise econômica mundial, continuam lucrando em cima da população e dos clientes. “Já tivemos dois dias de negociação e os banqueiros disseram não para nossas reivindicações de saúde e emprego. Dizem que reduziram os juros, mas as taxas continuam sendo maiores do mundo, garantindo o lucro crescente no sistema financeiro”, afirmou o coordenador geral do Sindicato e representante dos capixabas e da Intersindical no Comando Nacional dos Bancários, Carlos Pereira de Araújo (Carlão).

A manifestação começou em frente ao Banestes Praça Oito e seguiu até o Palas Center, onde foi feita a entrega da minuta de reivindicações dos banestianos à direção do Banco Estadual. “Os bancários estão na rua, lutando pelos nossos direitos, por um melhor atendimento à população, por mais bancários nas agências, contra as metas e o assédio moral que adoecem os trabalhadores e em defesa intransigente dos bancos públicos, especialmente o Banestes, o nosso banco estadual”, afirmou o diretor do Sindicato Idelmar Casagrande.

Vestidos com a camiseta da Campanha Salarial, os diretores do Sindicato seguiram para o Banco do Brasil da Praça Pio XII, onde falaram aos bancários e clientes. “Precisamos debater nesta campanha temas importantes como o plano de cargos e salários no BB”, afirmou a diretora do Sindicato Goretti Barone, chamando os colegas para entrarem firmes na Campanha Salarial.

Na agência CEF Beira-Mar, a diretora do Sindicato Renata Garcia lembrou a necessária isonomia de direitos entre os empregados. “Nossa luta nesta Campanha também é para que todos, os bancários pré e pós-98, tenham os mesmos direitos e possam trabalhar com dignidade”, afirmou.

Em frente à agência do Santander, os bancários cobraram a responsabilidade dos bancos privados nas negociações. “Queremos uma negociação pra valer, o atendimento às nossas reivindicações. Os banqueiros têm que respeitar os bancários e os clientes”, cobrou o diretor do Sindicato Cláudio Merçon (Cacau).

No Banestes, o secretário geral do Sindicato Jessé Alvarenga e os diretores Jonas Freire e Ricardo Nespoli discursaram cobrando da direção do banco estadual a reposição das perdas salariais desde 1994, condições dignas de trabalho e valorização dos funcionários, além de resolução de questões específicas, como o plano de saúde (Banescaixa) e a Fundação Baneses. Também foi cobrado do Governo Renato Casagrande o cumprimento do compromisso assumido na campanha eleitoral para enviar à Assembleia Legislativa uma proposta de emenda constitucional para garantir o Banestes público e estadual.

A diretora do Sindicato Lucimar Barbosa destacou a importância da luta femina nesta Campanha Salarial. “As mulheres, apesar de mais escolarizadas, recebem menos e têm o trabalho mais precarizado. Temos que lutar pela igualdade de oportunidades para garantir direitos das mulheres e dos negros”, afirmou.

O ato foi encerrado com a entrega da minuta dos banestianos ao secretário executivo da Presidência do Banestes, Décio Lopes Thevenard. Segundo ele, o presidente, Bruno Negris, encontrava-se num evento na cidade de Aracruz.

O Sindicato apresentou a comissão de negociação composta pelos diretores Jessé Alvarenga, Jonas Freire, Júlio Passos, Idelmar Casagrande e pelo delegado sindical Flávio Teixeira, eleito representante de base no Congresso dos Funcionários do Banestes, realizado durante a Conferência Estadual dos Bancários. A expectativa, segundo Jessé Alvarenga, é que a direção do Banestes marque a primeira rodada o mais breve possível.

Solidariedade

Durante a manifestação, os bancários reafirmaram a solidariedade e o apoio à greve dos professores e técnicos administrativos das universidades, entre elas a UFES, e os institutos federais, entre eles o IFES, que lutam por valorização profissional e outras reivindicações. “Infelizmente o Governo Dilma não negocia com seriedade e deixa a greve durar por tanto tempo”, afirmou Carlão.

Clientes apoiam lutas dos bancários

A luta dos bancários por novas contratações e ampliação do horário de atendimento ao público com a criação de dois turnos de trabalho tem o apoio dos clientes. Em entrevistas durante a manifestação de lançamento da Campanha Salarial, várias pessoas manifestaram apoio à categoria. Confira:

“É muita fila, muita taxa, muita demora. A gente tem que disponibilizar tempo para vir ao banco, ou ir ao caixa rápido, o que nem sempre dá, nem é muito seguro. E dependendo do que vou pagar tenho que entrar na agência. O ideal é a contratação de mais gente. Há tantas pessoas precisando trabalhar, tantos bancários sendo mandados embora… Então o aumento de profissionais para atender à população seria ótimo. A gente merece atendimento rápido e seguro, a gente paga as taxas”. (Elenice Moreira, produtora cultural)

“Eu espero muito para ser atendida. O bancário fica desestimulado e às vezes até acaba atendendo mal. Mas não muda nada, é sempre mesma ladainha. Infelizmente, o Brasil está quase todo entrando em greve e o Governo Federal não resolve nada.” (Valéria Breta, estudante)

“Eu espero muito em fila. É importante ter mais bancário. A extensão horário de atendimento também seria muito bom. Pra gente que trabalha, é complicado usar o banco”. (Jaqueline Caminoti, professora)


 


“Espero muito tempo no banco. É preciso aumentar o efetivo, não só aqui na Grande Vitória, mas também no interior”. (Nelson Avidos, estudante)

“É tudo muito lento, hoje nem demorou tanto. Cheguei dez horas, são quase onze e estou sendo atendido, mas já fiquei 3 horas nessa agência (CEF Beira-Mar). Precisa de mais funcionários”. (Osvaldo Tineli, contabilidade).

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Trabalhadores, empresários, governo e sociedade discutem Trabalho Decente na 1ª Conferência Nacional

A 1ª Conferência Nacional do Trabalho Decente começou no último dia 08 e vai até este sábado, 11, em Brasília. A exemplo de outras conferências já realizadas, como de saúde, comunicação e direitos humanos, o evento serve para discutir com a sociedade questões que farão parte das políticas públicas para o tema. No caso da conferência em curso, os documentos gerados serão a Agenda e o Plano Nacional de Trabalho Decente. Os trabalhos são realizados com a participação de representantes dos empregadores, do governo, dos trabalhadores e de entidades da sociedade civil. Como aconteceu em todas as outras conferências temáticas, é dura a batalha entre os interesses do capital e as necessidades dos cidadãos.

Os trabalhadores buscam assegurar o que já foi conquistado e ampliar direitos e garantias. Os empresários querem reduzir e suavizar as regras, para que a exploração da mão de obra seja cada vez menos dispendiosa. É aí que está o risco, já que os patrões querem sempre desonerar a folha de pagamento, reduzindo encargos sociais e direitos e buscando legalizar formas de contratação precária de mão de obra.

Longa jornada

O processo de construção desta 1ª Conferência Nacional do Trabalho Decente começou no ano passado, com as conferências municipais e estaduais. No estado do Rio de Janeiro, foram realizados poucos eventos municipais ou regionais – na capital, por exemplo, não houve.  Em seguida, conferências estaduais tiraram as propostas que foram encaminhadas ao evento nacional, onde estão sendo apreciadas em grupos de trabalho e serão votadas na plenária final. Os documentos tirados desta conferência reúnem orientações e compromissos que o governo federal assume e terá que implementar como políticas públicas para promover o trabalho decente no país.

A conferência estadual do Rio de Janeiro aconteceu em dezembro, na sede da representação do Ministério do Trabalho. A bancada dos trabalhadores foi composta por representantes das centrais sindicais – a delegação da CUT foi a maior de todas. Numericamente superiores aos empregadores, os sindicalistas do estado conseguiram impedir que os empresários fizessem passar propostas nocivas para os trabalhadores. Por exemplo, os representantes dos patrões – todos assessores, nenhum representante de empresa ou de entidade patronal – falaram todo o tempo em “modernizar” a legislação, mas, na verdade, tudo o que pretendiam era diminuir as limitações e regras impostas pela legislação trabalhista. Uma das propostas que não foram aprovadas foi a de que “o acordado prevaleça sobre o legislado”, ou seja, que os acordos e convenções coletivas possam derrubar as exigências mínimas legais. Para categorias fortes, como os bancários, isso não seria um grande problema, porque o movimento sindical não aceitaria, numa negociação, nada que prejudicasse os trabalhadores. Mas, para categorias menos organizadas ou com menos poder de pressão, a correlação de forças desfavorável poderia levar à construção de acordos e convenções que implicariam em retirada de direitos. (Saiba mais aqui, relendo a matéria sobre a Conferência Estadual do RJ).

Disputa difícil

No evento nacional, as discussões não são menos acirradas. Os empregadores usam sua força e enviaram profissionais para representá-los. “Pela parte dos empresários, só estamos vendo assessores. Não vi ainda nenhum empresário ou diretor de entidade patronal”, relata Jô Portilho, que representa a Federação no evento. O uso de pessoas qualificadas para o debate é uma tentativa de derrubar os argumentos dos trabalhadores. Mas as centrais se esforçaram por enviar representantes com acúmulo suficiente nos temas para derrubar as teses dos patrões. É o caso de Miguel Pereira, diretor da ContrafCUT da base da Federação, que se especializou no debate sobre terceirização e integra do grupo de trabalho da CUT para a discussão deste assunto. Do debate sobre sistema financeiro participa o presidente da ContrafCUT, Carlos Cordeiro. A questão da saúde do trabalhador tem a contribuição de Plínio Pavão, diretor da Contraf que já foi titular da pasta de saúde na Confederação.

Muito em jogo

O Ministro do Trabalho, Brizola Neto, esteve reunido com sindicalistas no último dia 09 e já adiantou que não vai referendar nenhuma orientação da Conferência que represente retrocesso para os trabalhadores. Mas, além de manter o que já existe, os sindicalistas querem avanços. A redução da jornada máxima para 40 horas semanais; a ratificação das convenções da OIT 158 (proíbe demissão imotivada) e 189 (direitos dos trabalhadores domésticos); e a liberdade de organização sindical para trabalhadores dos setores privado e público são alguns dos temas que a bancada dos trabalhadores elegeu como prioritários.

O andamento do trabalho está lento e o consenso está longe. Dos cerca de 600 temas que foram previstos para discussão no programa original, estima-se que em torno de 400 sejam remetidos à plenária final. Será muito trabalho para os 1.250 delegados credenciados com direito a voto. Estes participantes têm a responsabilidade de representar as cerca de 23 mil pessoas que se envolveram nas várias etapas do processo. E, principalmente, de resguardar os direitos e buscar o atendimento das necessidades dos milhões de trabalhadores de todo o Brasil.

Acompanhe as notícias da Conferência nos sites da ContrafCUT, da CUT e da Rede Brasil Atual

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Encontro dos empregados da Caixa sobre isonomia acontece neste sábado

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa), promove neste sábado, dia 11, o Encontro Nacional de Isonomia dos Empregados da Caixa. O evento será aberto, conforme decisão do 28º Conecef, e será realizado das 9h às 15h, no Auditório Azul do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Rua São Bento, 413), no cento da capital paulista.

O encontro contará com a participação da deputada federal Erika Kokay (PT-DF). Ela é empregada da Caixa e ex-presidenta do Sindicato dos Bancários de Brasília.

“O encontro terá caráter organizativo, com o objetivo de reforçar a mobilização para conquistar a licença-prêmio e o adicional por tempo de serviço (anuênio) para os admitidos após 1997 e consolidar o processo de isonomia de direitos entre os empregados novos e antigos da Caixa”, afirma Jair Ferreira, coordenador da CEE/Caixa e vice-presidente da Fenae.

Conforme o dirigente, o evento dará desdobramento às discussões em torno da luta pela igualdade de direitos e benefícios, buscando também intensificar a pressão sobre o Congresso Nacional – deputados federais e senadores – pela aprovação do projeto de lei 6.295/2005, que prevê isonomia entre os trabalhadores da Caixa, Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco da Amazônia.

Isonomia é umas das bandeiras de luta dos empregados da Caixa e visa corrigir uma grave injustiça da era Fernando Henrique Cardoso contra os direitos dos trabalhadores das empresas públicas federais.

A Contraf-CUT destaca a importância do envolvimento de todos os segmentos dos empregados da Caixa na mobilização para sustentar a reivindicação por isonomia em mesa de negociação, de modo a eliminar de vez todas as formas de discriminações. A Fenae também está comprometida com essa luta dos trabalhadores da Caixa.

Fonte: Contraf-CUT com Fenae

Insaciável busca da felicidade

Frei Betto *


 


Um grupo de amigos conversava sobre o maior bem que um ser humano pode obter e todos buscam, até mesmo ao praticarem o mal: a felicidade. O que é uma pessoa feliz? O que faz alguém feliz?


Como não se tratava de um grupo de pessoas que considera que a felicidade reside em fama, poder e dinheiro (pois citamos conhecidos que, apesar de terem alcançado esses bens, transparecem profunda infelicidade), decidimos recorrer aos filósofos, sábios guias da razão.


Na Apologia, de Platão, Sócrates interpela um querido amigo: “Não te envergonhas de preocupares com as riquezas para ganhar o mais possível, e com a fama e as honrarias, em vez de te preocupares com a sabedoria, a verdade e a tua alma, de modo a te sentires cada vez mais feliz?”


Se para Epicuro a felicidade consiste na ausência de dor e sofrimento, para Descartes seria o “perfeito contentamento de espírito e profunda satisfação interior (…), ter o espírito perfeitamente  contente e satisfeito”.


Será que ausência de dor e sofrimento é suficiente para uma pessoa ficar feliz? Descartes vem em socorro a Epicuro ao acrescentar “a profunda satisfação interior”. Leibniz dirá que “é o prazer que a alma sente quando considera a posse de um bem presente ou futuro como garantida.” E Kant, a “satisfação de todas as nossas inclinações”, para, em seguida, enfatizar: “É o contentamento do estado em que nos encontramos, acompanhado da certeza de que é duradouro”.


Sartre dirá que a felicidade é como “uma conduta mágica que tende a realizar, por encantamento, a posse do objeto desejado como totalidade instantânea.” 


– Como se observa – ponderou um dos amigos –, há quem considere a felicidade um estado de espírito, uma decorrência da subjetividade, e quem a atribua à posse de algo – poder, riqueza, saúde, bem-estar.


Concordamos que, na sociedade neoliberal em que vivemos, o ideal de felicidade está centrado no consumismo e no hedonismo. O que não significa que, de fato, ela resulte, como sugere a publicidade, da posse de bens materiais ou da soma de prazeres.


Lembramos uma lista de celebridades que, malgrado fortuna e sucesso, sofreram uma atribulada vida de infortúnios. Muitos tiveram morte precoce por excesso de medicamentos que tapassem os buracos da alma…


Um dos amigos observou que o Cristianismo, frente ao sofrimento humano, foi sábio ao deslocar a completa felicidade da Terra para o Céu, embora admitindo que aqui nesta vida se possa ter momentos de felicidade. Ao que outro objetou que o Céu cristão é apenas uma metáfora da plenitude amorosa. E que Deus é amor e não há nada melhor do que amar e sentir-se amado.


Da felicidade o papo avançou para o amor. O que é amor? Decidimos deixar de lado os filósofos e conferir a partir de nossas experiências. Um dos amigos disse se sentir feliz por ter um matrimônio estável e dois filhos que só lhe davam alegrias. Outro, na via contrária, lamentou não ter encontrado a felicidade em nenhum dos três casamentos que tivera.


Foi então que o mais velho entre nós, e não menos sábio, ponderou que uma das grandes inquietudes do mundo de hoje é que os extraordinários avanços tenocientíficos promovem uma acentuada atomização dos indivíduos, obrigando-os a perderem seus vínculos de solidariedades (afetivas, religiosas etc.).


Esses vínculos são substituídos  por outros, burocráticos, administrativos e, sobretudo, anônimos (redes sociais), distantes das antigas relações afetivas entre duas pessoas unidas uma à outra sob o signo da igualdade e da fraternidade, com os mesmos direitos e deveres, independentemente das desigualdades exteriores.


– O que faz uma pessoa feliz – disse ele – não é a posse de um bem ou uma vida confortável. É sobretudo o projeto de vida que ela assume. Todo projeto – conjugal, profissional, artístico, científico, político, religioso – supõe uma trajetória cheia de dificuldades e desafios. Mas é apaixonante. E é a paixão ou, se quiserem, o amor, que adensa a nossa subjetividade. E todo projeto supõe vínculos comunitários. Se o sonho é pessoal, o projeto é coletivo.


Demos razão a ele. Viver por um projeto, uma causa, uma missão, um ideal ou mesmo uma utopia, é o que imprime sentido à vida. E uma vida plena de sentido é, ainda que afetada por dores e sofrimentos, o que nos imprime felicidade.


 


* Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do ouro” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org <http://www.freibetto.org>  Twitter:@freibetto.






Copyright 2012 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (
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Fonte: Frei Betto

Banqueiros se negam a discutir assédio moral, metas e reabilitação


A negociação sobre saúde e condições de trabalho realizada na última quarta-feira, dia 08, entre o Comando Nacional e a Fenaban não teve nenhum resultado objetivo. A melhor resposta que os banqueiros deram foi de que vão apreciar a questão do programa de reabilitação e dar um retorno ainda nesta campanha salarial. Sobre metas e assédio moral, os patrões nem quiseram discutir.

Os bancários começaram cobrando que os bancos adotem o Programa de Reabilitação que já está na CCT desde 2009 (cláusula 43 na CCT 2011) e, até hoje, não foi implementado por nenhum banco. O programa prevê a readaptação do funcionário/a que ficou afastado por doença ou acidente de trabalho e especifica uma série de medidas que devem ser adotadas para que ele/a possa retornar ao trabalho sem prejudicar sua recuperação ou agravar sua condição. “Como a adesão é voluntária, os bancos, voluntariamente, resolveram não aderir. Já são três anos de vigência, estamos caminhando para a assinatura da quarta CCT com esta cláusula, e nada foi feito. E a Fenaban ainda fugiu da discussão, tentando remeter a questão à mesa temática de Saúde e Condições de Trabalho. Mas cláusulas que já estão na convenção têm que ser discutidas na Campanha Salarial, não em mesa temática. Como insistimos neste problema, os banqueiros ficaram de debater entre eles e dar um retorno ao Comando Nacional até o final das negociações”, relata Nilton Damião Esperança, representante da Federação no Comando.

Que meta?

A metas abusivas, que aterrorizam os bancários no dia a dia, não assustam os banqueiros. A minuta de reivindicações deste ano inclui a questão na cláusula 69, que resume como os bancários entendem que as metas devem ser estabelecidas. A cláusula especifica, entre outros pontos, que as metas deverão ser estritamente coletivas, adequadas ao porte da agência e reduzidas em caso de férias, afastamento por doença e ausências diversas do empregado. Esta cláusula também determina a proibição da publicação de ranking de resultados individuais – item que já foi incorporado à CCT em 2011, na cláusula 35.

Mas os banqueiros não aceitam discutir o assunto, alegando que as metas não são abusivas, mas desafiadoras. Para os patrões, não há nenhum problema em cobrar objetivos de vendas de produtos que não consideram as características das agências, nem o cargo que cada bancário ocupa. “A resposta da Fenaban não poderia ser pior. Eles disseram que não vão, nem têm a intenção de discutir este assunto com os representantes dos bancários, porque a definição de metas é uma atribuição dos bancos. Para eles, trata-se de um modelo de gestão empresarial que o sistema financeiro adotou e que estabelecê-las e cobrá-las, seja lá de que maneira, é normal. Também disseram que é normal que o cumprimento de metas seja usado como critério para promoções e outras vantagens. Mas, ora, então por que temos tantos casos de bancários que batem metas e continuam sendo cobrados, punidos e até demitidos?”, pondera Nilton.

Que assédio?

Outra situação que os banqueiros não admitem é que o assédio moral, largamente praticado por gestores, superintendentes e até executivos, seja uma prática organizacional. “Os bancos insistem em dizer que se trata de um desvio de conduta deste ou daquele gestor, que não segue as orientações e não consegue dialogar com sua equipe para manter um bom ambiente de trabalho. Mas todo mundo sabe que o assédio moral é uma prática de gestão, tanto é que acontece de cima para baixo desde o diretor até o escriturário”, argumenta o dirigente.

Esta visão dos sindicalistas a respeito do assédio moral não é especulação. Estudos sobre conflitos no ambiente de trabalho apontam que a violência é inerente às organizações e que as empresas se beneficiam– das práticas abusivas de cobrança – e, por isso, estimulam. Em entrevista concedida à reportagem da Federação em março de 2011, a Dra. Teresinha Martins, psicóloga e especialista em assédio moral, aponta que até mesmo os processos seletivos consideram a tendência dos candidatos a se utilizarem de práticas de assedio moral. “Por exemplo, um chefe chamado, como as pessoas falam, de psicopata, aquele sádico, que gosta do sofrimento alheio. Na minha concepção a empresa o escolheu exatamente por isso para o cargo de chefia. É uma pessoa com X características para tocar esta política, porque se desse para alguém diferente, esta pessoa se recusaria. Então, a possibilidade primeira é de que tenha sido escolhido exatamente por isso”, esclarece a psicóloga. (Reveja aqui a entrevista).


 


Mas estudos e análises não são suficientes para convencer os banqueiros. “Os bancos dizem que o problema é pontual e que, quando um gestor se excede, isso é iniciativa individual dele. E acrescentaram que, quando fica claro que um gerente ou superintendente está assediando seus subordinados, ele é punido e pode ser até substituído. Mas o que vemos é que os assediadores são transferidos de agência ou de região, e voltam a causar problemas em seu novo local de lotação. É muito fácil transferir o problema. Mas dar uma solução, que é o que os bancários precisam, eles não aceitam nem discutir”, pondera o dirigente.

Uma das práticas que mais provoca sofrimento aos bancários é a divulgação pública de rankings de desempenho individual nas agências. Mesmo com a proibição desta prática conquistada na CCT de 2011, os bancos continuam mantendo o velho hábito. Denúncias chegam a todo momento aos sindicatos, mas sempre anonimamente, já que os bancários têm medo de sofrer represálias. “Ora, se não houvesse assédio e as atitudes dos patrões fossem tão exemplares e suficientes, os bancários não teriam tanto medo de denunciar.

Outra questão levantada pelos bancários neste tema foi a necessidade de revisão do Acordo Adicional de Prevenção de Conflitos no Local de Trabalho, conhecido como Acordo do Assédio Moral. Na opinião dos sindicalistas, como está, o instrumento ainda é vago e precisa ser revisto para se tornar realmente eficiente no combate ao assédio.

Continuação

A discussão sobre as cláusulas referentes a saúde e condições de trabalho será retomada na próxima rodada, que tem reuniões marcadas para os dias 15 e 16. Também nestas datas serão debatidas as reivindicações sobre segurança bancária, igualdade de oportunidades e remuneração.

Na véspera da próxima rodada, o Comando Nacional se reúne na sede da ContrafCUT para se preparar para as discussões.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES