As eleições para a diretoria e os conselhos da Previ estão movimentando o funcionalismo do BB. A Previ é o maior fundo de pensão da América Latina e também o mais antigo do Brasil, anterior até mesmo à criação da previdência pública oficial. O estatuto do fundo prevê a eleição de representantes dos funcionários do banco – os associados – para os cargos de Diretor Executivo de Seguridade e titular e suplente para os conselhos Deliberativo, Fiscal, Consultivo do Plano 1 e Consultivo do Previ Futuro. Marcel Barros, ex-coordenador da COE-BB e ex-secretário-geral da Contraf-CUT, encabeça a Chapa 6 – Unidade na Previ, que tem apoio da Federação. Ele esteve no Rio de Janeiro no último dia 14 e concedeu à nossa reportagem a seguinte entrevista:
Quais são as propostas da Chapa 6 para a Previ?
Continuar administrando com responsabilidade e competência e aprimorando a gestão em favor dos associados.
No que diz respeito ao plano entendemos que devemos continuar usando os recursos do superávit para transformar em beneficio para os associados. Assim temos feito nos últimos anos, quando diminuímos a parcela previ em 2005, quando aumentamos o teto dos benefícios, de 70 % para 90 % do salário de contribuição. E também em 2010, quando criamos o BET – Beneficio Especial Temporário que acrescenta 20 % ao benefício dos associados e, para os que estão na ativa, criou uma conta que vai aportando 20 % do beneficio projetado, mês a mês, que o associado vai poder sacar quando se aposentar.
Neste caso do plano 1 é importante atentar para uma proposta que a gente pretende, com a utilização do superávit, que deve ocorrer este ano – fechando uma série de três superávits tem que abrir negociação para utilização destes recursos – nós estamos propondo diminuir a Parcela Previ. Isso é diferente do que algumas chapas propõem que é extinguir a Parcela Previ. Nós estamos alertando associados e associadas de que extinguir a Parcela Previ é prejudicial. Porque a Parcela Previ não é um redutor, é um fator que substitui o benefício do INSS. O objetivo da Parcela Previ é complementar o beneficio do INSS de forma que o aposentado receba uma remuneração similar à que recebia quando estava na ativa. Com a Parcela Previ, a pessoa pode até receber um pouco mais, porque ela não considera o beneficio do INSS. A Parcela Previ é R$ 2.100 e a grande maioria dos associados já ganha do INSS mais do que isso. Se acabar com a Parcela Previ, o valor do benefício do INSS entra no lugar. Como ela é maior, a Previ tem que complementar menos. Então, o que interessa, é manter a Parcela Previ e diminuir o valor, mas ela tem que continuar existindo. Traduzindo: alguém que tem salário de R$ 5 mil, a Parcela Previ sendo de R$ 2 mil, vai recebe R$ 3 mil da Previ. Se receber R$ 2.300 do INSS, vai receber da Previ os mesmos R$ 3 mil. A Parcela Previ serve para definir previamente qual vai ser o valor da complementação do salário, não pergunta quanto o INSS vai pagar. Se acabar com a Parcela Previ, também teremos que rediscutir a aposentadoria antecipada, porque não haverá o parâmetro para definir isso. As informações que a Previ passou são de que a grande maioria dos associados já recebe do INSS um valor maior que o da Parcela Previ e que a média também já é maior. Hoje a Parcela Previ é de R$ 2.100 e a média dos benefícios do INSS chega a R$ 2.200. Além disso, se acabar o Fator Previdenciário, praticamente todos vão receber mais que a Parcela Previ. Portanto, não compensa extinguir.
Com a utilização do Superávit, a gente quer reduzir a Parcela Previ, incorporar o BET e aumentar o teto do benefício de 90 % para 100 % do salário de contribuição.
Para o Previ Futuro há também propostas. O Previ Futuro, que é o plano de quem entrou no banco depois de 1998, não existe superávit, toda a rentabilidade é do plano. Quem fala em juntar os planos não sabe do que está falando. Não é viável e pioraria para todo mundo. No Previ Futuro, o que rende vai para o associado. Nossa proposta é diminuir taxa de administração, melhorar as condições do empréstimo simples e do financiamento imobiliário.
A crise da Europa afeta a Previ?
A crise na Europa tem repercussão direta em algumas empresas em que a Previ tem participação, como a Embraer e a Vale. A Vale tem como grande comprador a China, que produz muito para Europa e EUA. Se diminuir a demanda para estes países, consequentemente a Vale vai vender menos. Mas é uma empresa. A Embraer teve alguns pedidos suspensos logo que começou a crise, em 2008, mas já se estabilizou. E mesmo o Brasil tem comprado mais da Embraer. Então, não há um impacto significativo nas contas. Tudo fica, meio, andando de lado, mas não significa perda, porque nada foi realizado. A Previ não vendeu estes ativos de renda variável, somente parou de fazer negócios. E na contabilidade, muitas coisas são contabilizadas a valor de mercado e, então, ficaram estagnadas.
O que muda com a saída de Ricardo Flores?
Para nós, não impacta em nada. Qualquer pessoa que venha para o lugar dele será alguém que vai representar o banco. Seja lá quem for, vai trazer a proposta do banco para dentro da Previ. Então, para nós, associados, e para quem for representar os associados, é indiferente. Será alguém que vai chegar trazendo a proposta do banco. É importante que quem estiver representando os associados tenha firmeza e tenha o respaldo das entidades – sindicatos, associações de aposentados, AABBs – para fazer o embate diário com a representação do banco.
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Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES