Funcionários do BB se reúnem em Congresso Estadual




Os funcionários do Banco do Brasil no estado do Rio de Janeiro se reuniram no auditório da Federação no último sábado (26) para o Encontro Estadual. O objetivo do evento foi discutir os problemas e propostas dos empregados do banco no estado e eleger delegados ao 23º Congresso Nacional dos Funcionários do BB, que acontece entre 15 e 17 de junho, em São Paulo.


 


O evento contou com a participação de José Ricardo Sasseron, diretor de Seguridade da Previ, que falou sobre a situação atual do fundo. Temas como a proposta de resolução que determina a retirada de patrocínio dos fundos de pensão e a utilização do superávit da Previ às vésperas da verificação do desempenho da entidade foram abordados, esclarecendo as dúvidas dos presentes. Em seguida, Rui Roosevelt, que está deixando a presidência do Conselho Deliberativo da Cassi, traçou um panorama sobre a caixa de assistência e apontou que a adequação à nova legislação e a possibilidade de fechamento do plano atual são as duas grandes batalhas que o funcionalismo deverá travar com o BB.


 


A atividade seguinte foi a eleição de delegados para o Congresso Nacional. A chapa 1, da Oposição Bancária, obteve 14 votos, que lhe deram direito a enviar 6 delegados ao evento. Já a chapa 2, cutista, recebeu o voto de 54 participantes, conquistando o direito de se fazer representar por 22 delegados.



Participaram do evento representantes da direção e da base dos sindicatos de Angra dos Reis, Baixada Fluminense, Itaperuna, Niterói, Petrópolis, Rio de Janeiro e Três Rios.


 


 


 


Fotos: Nando Neves

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Sistema Diretivo se reúne

A reunião do Sistema Diretivo da Federação acontece no próximo dia 06, às 14h, no auditório da entidade, para discutir a seguinte pauta: Extinção da plataforma Corporate do Bradesco no Rio de Janeiro; local e data da realização da 14ª Conferência Interestadual dos Bancários/as do Rio de Janeiro e Espírito Santo; mídia da campanha salarial 2012/2013; Rio +20; e informes gerais.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Federação realiza Encontro Estadual do BB no próximo sábado

Os funcionários do BB no estado do Rio de Janeiro se reúnem no dia 26 no auditório da Federação para discutir os problemas e as propostas que serão encaminhadas ao encontro nacional. Os principais temas que afligem os empregados do banco em todo o país serão discutidos. Na mesma ocasião serão discutidas as contribuições dos trabalhadores do estado para a minuta de Acordo Aditivo que será entregue ao banco. “O encontro será uma grande oportunidade de discutir, não apenas sobre o reajuste salarial, mas as condições de trabalho com o PCR, a campanha das 6 horas, ANS 254 na Cassi, o fim do voto de minerva na Previ, entre outros”, adianta Sérgio Farias, representante titular da Federação na CEE/BB.

Além das discussões e da elaboração de propostas, o encontro servirá para eleger delegados ao Congresso Nacional dos Emrpegados do BB, que acontece em São Paulo, entre 15 e 17 de junho.

As questões relativas à Cassi e à Previ merecerão destaque, com palestras específicas, não serão as únicas a serem discutidas. “Tivemos uma importante conquista que foi a queda nos juros da economia nacional. Porém o momento é delicado para os funcionários do BB, pois a dotação das agências e a capacitação dos funcionários não foram adequadas para suprir o aumento da demanda. Isso poderá gerar um grande aumento das metas, o que seria um campo fértil para o assédio moral”, pondera.

Confira a programação:


9h às 12h – Credenciamento
10h – Abertura/ Aprovação do Regimento Interno
10:15 – CASSI: Palestrante: Mário Engelke – Conselheiro Fiscal
11:15 – PREVI: Palestrante: José Ricardo Sasseron – Diretor de Seguridade
12:15 – Eleição de Delegados/as
13h – Palestrantes: Representante titular da FEEB RJ/ES na CE Sergio Farias e Vice-presidente da Contraf, Carlos Souza
14h – Encaminhamento das propostas
14:30 – Encerramento

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Federação, 54 anos

A Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo foi fundada em 1958, dentro de um esforço coletivo de sindicalistas bancários de todo o país para a construção de uma entidade nacional. Num congresso realizado dois anos antes, ficou decidido que haveria um empenho em fundar sindicatos e federações, já que a legislação exige no mínimo três federações para fundar uma confederação e cinco sindicatos para fundar uma federação. Todos os sindicatos das bases territoriais dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo – alguns fundados dentro do mesmo esforço – deveriam se reunir numa única entidade, que foi fundada no dia 23 de maio.
 
De 1958 para cá, muita coisa mudou no Brasil e no sistema financeiro do país. Nos primeiros anos, ventos democráticos indicavam um futuro promissor, mas a ditadura cerceou a liberdade de organização dos trabalhadores.
 
O movimento sindical sofreu um duro baque e quase sucumbiu, mas renasceu no final dos anos 70 com duas greves memoráveis: a dos metalúrgicos da Scania, no ABC Paulista, e a dos bancários de Porto Alegre, ambas em 1978.
 
Ao longo dos anos 80 os sindicatos se reorganizaram, os militantes de esquerda retomaram a direção do movimento e a CUT foi fundada, trazendo uma nova perspectiva de organização. Os bancários conquistaram o auxílio-creche e os tíquetes refeição e alimentação.
 
Mas com os anos 90 vieram o neoliberalismo e a automação no setor bancário, mudando radicalmente o panorama. Novos bancos estrangeiros chegaram, as fusões e aquisições entre e a privatização de bancos públicos redesenharam o panorama do segmento.
 
Os bancários, que passavam dos 800 mil, foram reduzidos à metade. No BB e na CEF, as negociações eram duras, não havia diálogo com o governo e perdas salariais imensas se acumularam. Em contrapartida, os bancários conquistaram uma PLR diferenciada em relação à que foi definida pelas medidas provisórias e pela lei 10.101/2000.
 
Com o governo Lula, algumas coisas mudaram. Os bancos federais voltaram a conceder aumentos e o movimento sindical conquistou a mesa única de negociações, incluindo o BB a CEF. As privatizações no setor acabaram e bancos estaduais foram incorporados pelo BB. Agora, com Dilma, o braço forte do Estado indutor da economia forçou a redução dos juros nas operações financeiras, começando com os bancos públicos e se espalhando por vários dos privados.
 
Mas o capitalismo continuou feroz e as fusões e aquisições continuaram a todo vapor, fazendo sumirem do mapa bancos com décadas de tradição. Os interditos proibitórios desmobilizam os bancários de base durante a greve e exigem mais empenho e mais conhecimento jurídico dos sindicalistas.
 
Os bancários conseguiram arrancar aumentos reais, com reajustes acima da inflação, e conquistaram benefícios importantes: PLR adicional, 13ª cesta alimentação e duas bem recentes ─ a inclusão do companheiro homoafetivo como dependente no plano de saúde e a ampliação da licença-maternidade para 180 dias.
 
Ao longo desta trajetória, a Federação esteve firme na organização do movimento sindical nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Nestes 54 anos muito se conquistou, mas ainda há muito o que conquistar. O futuro pertence a todos nós.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Sindicatos da base protestam contra demissões no Itaú


A quarta-feira, 23, foi marcada por paralisações e manifestações em agências do Itaú nas bases dos sindicatos filiados à Federação no estado do Rio de Janeiro. As atividades foram realizadas em cumprimento ao calendário nacional que marcou para esta data um Dia Nacional de Luta contra as demissões. Somente na base da Federação, entre janeiro e maio, o número de bancários demitidos chega a 548.


Na Baixada Fluminense houve paralisação de 24 horas nas agências Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti; em Campos o sindicato retardou a abertura das três principais agências no banco no município-sede, com assembleia dos funcionários pela manhã. Ao longo do resto do dia, houve manifestação com o material produzido pela Contraf-CUT; o Sindicato dos Bancários de Niterói fez paralisação de 24 horas das agências do município de São Gonçalo; em Petrópolis houve manifestação na maior agência da cidade, onde ocorreu a maior parte das demissões. Um jogador de futebol foi contratado para fazer embaixadas durante a manifestação, numa referência à campanha publicitária “Vamos jogar bola”; no município do Rio de janeiro houve paralisação de 24 horas em sete agências na Avenida Rio Branco, centro financeiro da cidade; no Sul Fluminense a maior agência de Volta Redonda teve sua abertura retardada até as 13 horas. Depois da abertura da unidade os sindicalistas fizeram caravana pelas demais agências do município. Os sindicatos de Angra dos Reis, Itaperuna, Macaé, Nova Friburgo, Teresópolis e Três Rios fizeram manifestação e caravanas pelas agências do município-sede, usando o boletim específico produzido pela Contraf-CUT.


Na rua


O número de dispensas no município do Rio de Janeiro é maior que o dobro das demissões homologadas no interior do estado e no Espírito Santo. Ao todo, 368 bancários dispensados entre 1º de janeiro e 15 de maio. O sindicato fez greve de 24 horas em sete agências do Itaú no centro da cidade não só para cumprir a agenda nacional. A paralisação também denunciou mais uma onda de demissões que ocorreu na semana anterior, deixando desempregados 17 bancários. Dos demitidos, 14 ocupavam o cargo de Chefe de Serviço e três eram Gerentes Operacionais.


No interior do estado, o número de demissões chegou a 170. O segundo lugar ficou com a Baixada Fluminense, com 58 dispensas, seguido de Niterói, com 53. Em Macaé chegou a


 


haver uma demissão por justa causa, do total de cinco dispensas no período. Na base de Petrópolis, das 08 demissões, uma foi irregular – já que o bancário é portador de doença ocupacional – e está sendo contestada pelo sindicato. No Espírito Santo, 10 bancários foram demitidos e outros cinco pediram demissão. Somente na base do sindicato de Teresópolis não foi registrada nenhuma demissão no Itaú em 2012.


Menos funções


As demissões de chefes de serviço têm acontecido porque o banco está extinguindo a função. As mudanças começaram com a extinção do AG – Assistente de Gerência do


Unibanco, com promoção a gerente ou a chefe de serviço. A figura do tesoureiro já não existe mais no banco. “Entre o caixa e o Gerente Operacional, a única função intermediária é a de supervisor operacional, mas este cargo só existe em algumas agências de maior porte”, informa Leonice Costa, diretora da Federação e funcionária do Itaú, oriunda do Unibanco.


Enquanto o banco enxuga o quadro de pessoal, é mais que comum o desvio de função, com GOs e supervisores operacionais abrindo guichês de caixa. Esta situação não acontece somente nos dias de pico, mas cotidianamente, já que em muitas unidades o movimento é grande durante a maior parte do mês. E ainda há a pressão imposta pelo uso da famigerada “papeleta” ou “pasta”, que é entregue aos clientes com o horário de entrada na agência e apresentada ao caixa no instante do atendimento. Este recurso é usado para medir o tempo de fila e obriga estes profissionais a assumirem os guichês. “A papeleta deveria ser usada para verificar se as agências conseguem cumprir as leis da fila que existem em vários municípios de nossa base. O que defendemos é que unidades que não cumprem a legislação contratem mais bancários para melhorar o atendimento. Mas o controle de fila é mais uma maneira de pressionar os bancários para que atendam cada vez mais rápido”, pondera Leonice.


Veja, abaixo, os números das demissões no Itaú:




























































Angra dos Reis:

05

Baixada Fluminense:

58

Campos dos Goytacazes:

13

Espírito Santo:

10

   (+ 5 a pedido)
Itaperuna:

03


 

Macaé:

05

   (sendo1 por justa causa)
 Niterói:

 53

Nova Fribrugo:

06

Petrópolis:

08

   (uma irregular)
Rio de Janeiro:

368

Sul Fluminense:

14

Teresópolis

Três Rios

05

TOTAL

548

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

NOTAS FÚNEBRES

Faleceu no sábado, 19 de maio, Osmar Bento Torres, pai de Iomar Torres, diretor do Sindicato dos Bancários de Petrópolis. A família informa que a missa de 7º dia será no dia 24 de maio, quinta-feira, na igreja de Santo Antônio, no Alto da Serra.


D. Yolanda Fumax, mãe de Celso Fumax, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, foi sepultada no dia 21 de maio, no cemitério de Inhaúma.


A diretoria e os funcionários da Federação enviam suas condolências às famílias dos dois companheiros.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Santander: dirigentes realizaram reunião sobre condições de trabalho

Em reunião realizada na tarde da última quinta-feira, dirigentes do Santander decidiram publicar uma cartilha para explicar aos empregados do banco alguns detalhes sobre o Acordo Aditivo de Trabalho do banco. A decisão surgiu a partir do relato dos sindicalistas, que costumam ser abordados pelos trabalhadores com perguntas sobre os direitos garantidos pelo documento.



A reunião foi marcada para discutir problemas relativos às condições de trabalho nas agências. Entre as questões discutidas, o assédio moral foi um dos problemas relatados. “O banco continua colocando no sistema o desempenho individual de empregados da área comercial. Antes, até o nome era divulgado, mas o movimento sindical reclamou e agora somente a agência e o cargo estão disponíveis. Mas isso não garante sigilo, já que muitos sabem quem são as pessoas. Entendemos que o correto seria divulgar somente os resultados de cada unidade, não os individuais”, relata Paulo Garcez, dirigente da Federação.
Outro problema relatado foi a escassez de funcionários, que tem levado ao excesso de jornada e ao desvio de função. “Os sindicatos têm relatado que os coordenadores de caixa e os gerentes de atendimento estão trabalhando nos guichês. Mas eles não recebem a quebra de caixa, e isso é um problema”, argumenta Garcez. A preocupação dos sindicalistas é com as eventuais diferenças de caixa, já que estes funcionários teriam que tirar do próprio bolso para repor os valores.



Também foi relatado que a limpeza das unidades não está sendo feita da maneira correta. Os produtos usados para a higienização são insuficientes e inadequados, segundo informações dos empregados. “Há também o problema dos trabalhadores da firma que presta serviços de limpeza, que não têm recebido seus salários e tickets regularmente”, informa Garcez.



Participaram da reunião dirigentes da Federação e dos sindicatos da Baixada Fluminense, Niterói, Petrópolis e Rio de Janeiro.


 


Tiragem


 


A cartilha sobre o Acordo Aditivo será produzida com base no material elaborado pelo sindicato de São Paulo, mas com as informações específicas da nossa base. Os sindicatos têm até a próxima segunda-feira, dia 21, para informar a tiragem necessária para cobrir sua base.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Previdência em debate

A Federação promove no próximo dia 30, quarta-feira, às 10h, um debate sobre previdência. O evento, que terá a participação de Newton Carneiro (Diretor eleito da Petros e ex diretor da Anapar), e Francisco Antonio de Oliveira (coordenador da Anapar Rio de Janeiro), vai discutir a reforma da previdência e assuntos gerais relativos ao sistema previdenciário brasileiro. O debate terá a mediação de Sérgio Farias, diretor da Federação e conselheiro deliberativo da Anapar.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Encontros estaduais do BB e da Caixa

Está marcado para o próximo dia 26, sábado, a partir das 09h da manhã, o Encontro Estadual dos Funcionários do BB do RJ. O evento acontece no auditório da Federação e servirá para discutir as questões do funcionalismo fluminense que serão levadas ao Encontro Nacional. Também nesta ocasião serão eleitos os delegados que vão representar o estado no evento nacional.

Já o Encontro Estadual dos Funcionários da Caixa será realizado no dia 09 de junho, em local e horário a ser confirmado, no Centro do Rio. Além da tirada de delegados ao Conecef, o encontro será também o momento de preparar os representantes fluminenses para o evento nacional, apresentando os problemas e discutindo as propostas do funcionalismo da Caixa no estado.

A programação dos dois eventos ainda não está definida e será informada logo após a confirmação. Mais informações com o diretor para Bancos Federais, Ricardo Maggi, pelo número 7905-0707.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Entrevista: Jean Wyllys, deputado federal

Deputado do PSOL diz que Congresso é conservador e impede igualdade de direitos



Pouco antes de sua palestra, em 10 de maio, último dia do seminário sobre Visibilidade LGBT no Mundo do Trabalho, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) concedeu esta entrevista ao Jornal Bancário. Nela, trata de vários assuntos ligados ao tema e denuncia o caráter conservador do Congresso Nacional que impede a aprovação de leis voltadas para a justiça social e a igualdade de direitos.


Como o senhor analisa o fato da homofobia persistir em pleno século XXI?


Acho que persiste, principalmente porque continua sendo reproduzida pelos diversos aparelhos ideológicos de Estado, entre eles a escola, as Igrejas, as religiões cristãs, a publicidade, os meios de comunicação de massa. A persistência da homofobia está ligada à ausência de enfrentamento a estes aparatos de reprodução conceitual e à falta de políticas públicas de educação eficazes, que transformassem as escolas em espaços de formação de humanistas, de cidadãos, as próximas gerações. Se isto fosse feito, a médio e longo prazos, a homofobia não desapareceria de todo, mas seria arrefecida, da mesma maneira que aconteceu com o racismo e o antissemitismo. E por que arrefeceu? Porque houve um enfrentamento sério destes espaços onde o imaginário racista é reproduzido.


Foi positivo para reduzir o racismo a criminalização deste comportamento. Como está o projeto de lei que criminaliza a homofobia?


Sabe o que acho que foi eficaz no enfrentamento e na diminuição da força do racismo nas relações sociais? Foi o casamento interracial, muito mais que a lei que equipara o racismo ao antissemitismo. Essa conquista teve um impacto profundo, além de assegurar o estado de direito, os direitos civis para todos, o princípio da igualdade. E isso aconteceu porque os filhos miscigenados, O Estado não pode fazer distinção. E esses filhos passaram a frequentar espaços que antes eram exclusivos dos brancos. A lei que criminaliza a homofobia pode até ser boa, mas eu não acho que seja a melhor forma de enfrentar a homofobia. A melhor forma é o casamento igualitário, é garantir o direito do casamento também a homossexuais. É isto o que vai produzir uma modificação na legislação infraconstitucional produzindo uma verdadeira transformação cultural. As pessoas não são obrigadas a gostar dos homossexuais, mas têm que compreender que eles não podem ser destituídos de direitos por serem diferentes.


Você apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional para garantir este direito.


Sim, em parceria com a deputada Érika Kokay (PT-DF). Para que a PEC seja protocolada precisa de 171 assinaturas, eu já consegui 110. Mas para fortalecer o debate na sociedade e provocar uma pressão de fora para dentro sobre o Congresso Nacional, que é bastante conservador, iniciamos uma campanha pelo casamento igualitário, que vem contando com o apoio da sociedade civil. A ela aderiram grandes nomes ligados às artes, ao teatro, à pintura, à música, ao cinema, à teledramaturgia. Numa segunda fase vão entrar políticos, lideranças religiosas, intelectuais e, numa terceira fase, vamos chamar os cidadãos comuns a se engajarem, com depoimentos, na campanha pela coleta de assinaturas e pela aprovação, que precisa de 308 votos em dois turnos.


Há muitas dificuldade na aprovação de projetos como esse?


Hoje a nossa  briga é muito mais para garantir direitos da Constituição de 1988 do que para avançar. O Congresso Nacional é formado por uma maioria conservadora: a bancada evangélica, fundamentalista; a bancada católica; a bancada dos ruralistas; a bancada ligada aos banqueiros. Eles são maioria e impedem qualquer avanço no sentido de promover justiça social e igualdade de direitos. Há uma série de projetos para retroceder os direitos, no que diz respeito às terras dos povos indígenas e quilombolas; a redução das reservas florestais, através do Código Florestal; e a tentativa de criminalizar todas as formas de aborto, inclusive as decorrentes de estupro.


Qual a sua opinião sobre o projeto de decreto legislativo da bancada evangélica da Câmara dos Deputados que altera norma do Conselho Federal de Psicologia, permitindo que psicólogos tratem gays para que passem a ser heterossexuais?


É uma estupidez, reflexo de uma força política hoje muito bem articulada e com muito poder econômico que são as igrejas neopetencostais, na verdade, empresas neopetencostais. Elas não são tributadas, a Constituição garante a elas a isenção fiscal, que não é acompanhada de fiscalização por parte do Ministério da Fazenda. Elas não prestam contas à sociedade do dinheiro que arrecadam, o que abre brecha para que estas igrejas se transformem em pontos de lavagem de dinheiro. Tudo isto se converte numa máquina eleitoral. Eles elegeram uma quantidade muito grande de deputados. A ousadia de propor uma alteração no Código de Ética de um conselho é um abuso de um parlamentar que se acha com poderes pra contrariar um ponto pacífico na comunidade científica internacional, que é a certeza de que a homossexualidade não é uma doença, fazendo com que o Brasil altere acordos internacionais de direitos humanos.


Ainda é muito grande a violência contra homossexuais no Brasil?


É. Em 2011, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, foram assassinados 360 gays no Brasil. Uma das características deste crime de ódio é que a pessoa não se contenta em tirar a vida, arranca os órgãos, fura os olhos, corta e enfia o pênis na boca.


Apesar de toda esta situação, vemos cada vez mais a sociedade se manifestar em favor da liberdade homoafetiva, com a participação cada vez maior de famílias inteiras, inclusive de crianças, nas marchas do orgulho gay. Esta é uma mostra de que a visão em relação aos homossexuais mudou?


Esta presença pode ser pela maior compreensão da pluralidade, da diversidade entre os homens, mas também as pessoas vão pra ver o espetáculo. Mesmo assim as paradas são positivas porque dão visibilidade a algo que antes era escondido debaixo do tapete.


Você sofre discriminação por parte dos outros parlamentares no Congresso Nacional?


Não uma discriminação evidente, mas velada, que está presente na maneira como eles tratam o tema da homossexualidade, como se articulam para se contrapor a minhas proposições legislativas que dizem respeito a este assunto. Nunca houve discriminação direta, porque, se houver, eu vou reagir, botando a pessoa no lugar dela. Por isso é que não há. Se estas pessoas reproduzem o discurso de que a homossexualidade é uma desgraça para a vida de qualquer pessoa e você tem lá um homossexual que é orgulhoso de sua condição e é bem-sucedido ao ponto de estar no Congresso Nacional, as pessoas não aceitam. Mas há conservadorismo, não apenas na direita, mas também, na esquerda, principalmente no movimento sindical, que é profundamente machista, sexista e homofóbico.


Que avanços o movimento LGBT conquistou até aqui?


Todos os avanços no Legislativo são no sentido de construir uma pauta, de abrir na esfera pública, no Congresso Nacional, um espaço para discutir esse tema. Não houve conquista legislativa. De 1995, quando a (senadora) Marta Suplicy (PT-SP) propôs o projeto de parceria civil entre pessoa do mesmo sexo, a 2012, quando propus a PEC do casamento civil, de lá para cá não houve nenhuma conquista. Mesmos nos dois mandatos de Lula, governo popular, democrático, não houve qualquer avanço em termos de aprovação de lei. Mas temos avanços no Judiciário, no STF, que deu sentença favorável à união estável, em políticas públicas de governos estaduais e municipais.


Bancárias e bancários homossexuais enfrentam discriminação e muitas vezes têm que esconder que são homossexuais. Ás vezes chegando a ser demitidos quando, por exemplo, tentam colocar seu companheiro ou companheira no plano de saúde, como foi o caso da bancária Márcia Líbano, do Itaú.


Aconselho que as pessoas saiam do armário. Têm que enfrentar (o preconceito), por mais doloroso que seja. Porque, fazendo isso, ele recompõe a vida afetiva e passa a viver sem medo. Se articula com organizações que podem ajudá-lo, inclusive na defesa do direito dele, para ser reintegrado, ou ir para outro trabalho. A dica que eu dou é: saia do armário. Nenhum banco vai suportar uma série de processos por homofobia. Ele vai ter que reverter a sua política.


Como você analisa esta questão da bancária Márcia Líbano, demitida pelo Itaú por ser homossexual?


O caso da Márcia não é o único, mas é paradigmático e pode ser convertido numa grande bandeira pelo fim da discriminação nas relações trabalhistas. Os sindicatos têm que abrir a sua pauta para isto. Vai ter que entrar a política de acesso a empresa. O trabalhador precisa, também, de políticas que assegurem o direito dele de escolher a maneira de amar, de incluir no plano de saúde, o direito de juntar sua renda com a do seu companheiro ou companheira para financiamentos. Tudo isso compõe a dignidade da pessoa humana. Abrir a pauta também para a questão racial, da acessibilidade, da terceira idade.


Como a Convenção Coletiva dos Bancários poderia ajudar a acabar com a discriminação?


A Convenção poderia ter uma cláusula proibindo perseguição a bancários e bancárias homoafetivos, prevendo punições a superiores hierárquicos que se utilizem deste expediente, como foi o caso do gerente da Márcia. E, também, cobrar das entidades que representam os bancos uma parceria para produzir uma cultura de respeito à diversidade, seja através de cursos ou de campanhas internas. E que as entidades sindicais, como está fazendo o Sindicato dos Bancários e a CUT, tomem a iniciativa de abrir esta discussão com a categoria.


Você vai desistir de concorrer à Câmara dos Deputados na próxima eleição?


Ainda não sei. A função de político é desgastante, no meu caso mais ainda, porque sou o único a tocar esta temática no Congresso Nacional. Ao mesmo tempo eu sei do valor que tem a minha presença lá dentro para a comunidade LGBT

Fonte: Seeb-Rio