Os delegados que participaram da 14ª Conferencia Interestadual dos Bancários do RJ e ES no último sábado, dia 30, definiram as propostas e a delegação que serão enviadas à Conferência Nacional. Os bancários dos dois estados vão levar a reivindicação de índice de reajuste de 12 % e a adoção do Salário Mínimo Necessário, calculado pelo Dieese, como piso salarial para toda a categoria. No mês de maio, este valor estava em R$ 2.383,28 e representa o gasto de uma família de quatro pessoas com as necessidades básicas definidas pela Constituição que o salário mínimo oficial deveria contemplar. “Os bancos que fazem parte da mesa da Fenaban são sempre muito unidos em seus propósitos e decisões. Temos que agir da mesma forma, mostrando união e firmeza em nossas reivindicações”, destaca Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação.
A PLR proposta pela base da Federação é um modelo simplificado em relação ao atual, atendendo à demanda de modificação da forma de cálculo. O valor reivindicado é correspondente a 3 salários de cada trabalhador, mais um valor fixo e linear de R4 4.500 a ser distribuído a todos os bancários, sem o estabelecimento de um patamar máximo. Ainda nas questões econômicas, os bancários fluminenses e capixabas reivindicam que o valor do auxílio-creche seja de dois salários-mínimos e que o auxílio-educação contemple todo o ensino fundamental. Duas propostas novas também foram aprovadas: a criação de triênio de 2 % a ser aplicado sobre as verbas fixas e a instituição de um vale-cultura, um incentivo em dinheiro para o bancário usufruir de atividades e produtos culturais como cinema, teatro, espetáculos musicais e de dança, livros, CDs, etc.
Nas chamadas cláusulas sociais, que envolvem benefícios não financeiros, os bancários da base da Federação reivindicam a instituição de licença-paternidade de 180 dias e a garantia de 01 dia por ano para cada trabalhador ou trabalhadora em banco realizar exames preventivos do câncer de ovário, colo do útero, mama e próstata. Em relação à garantia de emprego, os bancários capixabas e fluminenses reivindicam que os termos da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão imotivada, sejam incluídos na Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.
Participaram da conferência 474 bancários, sendo 109 mulheres e 365 homens. A Federação enviará à Conferência Nacional 79 delegados, mais 8 observadores. Todos os sindicatos filiados estarão representados nesta delegação. O evento nacional acontece nos dias 20, 21 e 22 de julho, em Curitiba – PR.
Conjuntura
O supervisor técnico do Dieese-RJ, Cloviomar Cararine, fez uma apresentação sobre análise de conjuntura. O economista frisou que a crise que assola o mundo desde 2008 começou no sistema financeiro, com a especulação sem limites e regulamentação. Segundo Cloviomar, os bancos europeus e norte-americanos vão apertar cada vez mais o cinto e os trabalhadores brasileiros, principalmente os bancários, serão afetados por estas medidas. Com o quadro internacional de crise, países que foram menos afetados, como o Brasil, vão atrair investimentos e importações, o que também vai gerar impactos em nossa economia.
Segundo cálculos do Dieese, a inflação projetada para setembro, mês da data-base dos bancários, é de 5 % . Mas Cloviomar levantou o questionamento sobre a adoção deste indicador para o reajuste dos bancários. “O Dieese acompanha, todos os anos, 800 negociações coletivas todas são baseadas na variação da inflação. Em 2011, quase 87 % das categorias pesquisadas alcançaram ganho real, mas temos observado que os reajustes não alcançam o aumento do salário-mínimo, nem acompanham o crescimento do PIB”, pondera o economista.
Além das considerações sobre a economia, o técnico do Dieese ressaltou que o spread bancário no Brasil é dos mais elevados do mundo e que, segundo os bancos, um dos fatores que compõem este spread é a remuneração dos trabalhadores. “Mas nós sabemos que somente a receita com tarifas é mais que suficiente para cobrir a folha de pagamento”, lembra Cararine.
Moções
A plenária da 14ª Conferência Interestadual dos Bancários do RJ e ES também aprovou algumas moções. Uma foi de solidariedade à AHOMAR – Associação Homens e Mulheres do Mar, entidade que reúne pescadores artesanais da Baía de Guanabara. Quatro de seus líderes já foram assassinados, sendo os últimos há pouco mais de uma semana. Também foi aprovada uma moção de repúdio ao golpe de Estado que afastou o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Duas moções de apoio também foram aprovadas, uma apoiando a luta das enfermeiras pela jornada semanal de 30 horas, e outra pela destinação de 10 % do PIB para a educação. A última moção aprovada foi de repúdio, contra a política de RH do banco Itaú, que promove demissões e rotatividade de funcionários.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES