A reunião da Comissão de Relações Trabalhistas do Santander que aconteceu no último dia 03 não foi das mais produtivas. De oito itens da pauta, somente um deles teve avanço objetivo, com a promessa do banco de permitir acesso dos trabalhadores afastados ao Portal RH, mas não houve ainda a concretização. As questões sobre condições de trabalho nas agências e os problemas relativos às pessoas com deficiência serão discutidas em reuniões especificas. Mas temas como a assistência médica para aposentados e o monitoramento do atingimento de metas ainda não tiveram resposta objetiva.
A questão do acesso às informações no Portal RH é complexa. Os dirigentes sindicais que se cadastraram conseguem acessar seus dados, mas somente de um terminal localizado nas dependências do banco, pois a rede é interna. Já o trabalhador afastado não tem como acessar o portal, já que sua senha de funcionário fica bloqueada durante o afastamento. O banco já está viabilizando o acesso às informações de RH pela Internet, para que todos os empregados, independente da situação, possam conferir suas informações. Segundo o banco, até o final do ano este sistema já estará em plano funcionamento.
O primeiro item da pauta foi a contratação de Pessoas Com Deficiência. O banco alega que o número de trabalhadores com algum tipo de deficiência está acima da cota especificada legalmente, mas não informou dados sobre estes funcionários. Os sindicalistas reivindicam um mapeamento detalhado de quem são, onde estão e que tipo de deficiência apresentam os trabalhadores contratados pela cota. Além disso, os problemas que já haviam sido denunciados pelos representantes dos empregados permanecem: “Os problemas de adequação de equipamentos para adaptação continuam, nada de significativo foi feito para oferecer condições de trabalho aos funcionários com deficiência. Além disso, constatamos que o treinamento não deve ser oferecido somente aos PCD, mas a todo o corpo funcional. Os outros trabalhadores precisam de treinamento para receber os PCDs, aprender a trabalhar com eles. A inclusão tem que ser total e não é isso que vem acontecendo”, relata Luiza Mendes, representante da Federação na COE do Santander. Ficou acordado que as questões relativas a este tema serão discutidas numa reunião específica.
Os problemas relatados a respeito de condições de trabalho nas agências serão tratadas com maior aprofundamento no GT específico, mas algumas respostas já foram apresentadas. Uma delas foi que há intenção do banco de renovar o acordo sobre assédio moral. Mas a segunda não foi tão satisfatória: o banco informou que já enviou orientação para que os caixas não tivessem meta de vendas de produtos, mas esta prática ainda permanece. O movimento sindical reivindicou em reunião anterior que este documento seja apresentado, mas o banco ainda não enviou a cópia.
Um assunto difícil foi a questão do monitoramento de resultados. Ficou proibido pela Convenção Coletiva de 2011/2012 a publicação de ranking de atingimento de metas, mas várias denúncias têm chegado aos sindicatos de que a cláusula está sendo descumprida. “Mesmo nas agências onde não há a tabela de desempenho, nas reuniões há um momento em que o primeiro colocado da unidade é aplaudido pelos colegas. É só uma maneira diferente, mas também é publicação de resultados”, pondera Luiza Mendes.
O fim das restrições de distribuição do auxílio-academia, foi negado pelo banco. O movimento sindical alega que o banco impôs esta limitação para economizar, já que poucos bancários continuarão recebendo. “Quem ganha até R$ 3 mil são os estagiários e caixas, e estes não têm tempo para ir à academia, porque a maioria está cursando faculdade. O banco deve ter feito uma pesquisa para estabelecer o critério antes de colocar a restrição, com objetivo de reduzir o número de bancários que continuariam recebendo”, pondera Luiza Mendes. A diretora lembra que o benefício era concedido pelo extinto banco Real e foi estendido a todos os trabalhadores do grupo no momento da fusão, mas o valor não era atualizado há muitos anos. A sindicalista destaca, ainda, que o auxílio podia cobrir até 50 % do valor da mensalidade da academia, com teto de R$ 60 nas capitais do Rio de Janeiro e São Paulo e de R$ 50 nos demais municípios.
Também foram discutidas ou apresentadas as seguintes reivindicações:
Acesso dos dirigentes a informações sobre o quadro de pessoal em dezembro de 2011, com número de funcionários com discriminação de gênero e remuneração; número de demissões em 2011, especificando se foram a pedido, sem justa causa ou com justa causa; número de trabalhadores que estarão aptos a se aposentar dentro dos próximos dois anos. O banco informou que os dados serão apresentados no Balanço Social de 2011;
Informações sobre a concessão de bolsas auxílio estudo com total de solicitações, número de vagas preenchidas, número de recusas e justificativas. O banco informou que, atualmente, 1.500 empregados recebem o benefício e que no último período, 300 pedidos apresentaram alguma irregularidade e não foram atendidos;
Informações sobre as realocações de funcionários da Compensação Morumbi (São Paulo). Foi informado que alguns empregados foram realocados na rede e que, quanto aos demais, o banco ainda está buscando uma solução;
Manutenção do plano de saúde para aposentados e dependentes com no mínimo 5 anos de vínculo empregatício com o banco, nas mesmas condições e valores descontados dos empregados da ativa. O banco ficou de avaliar, mas já adiantou que está seguindo a legislação, que determina a cobrança do valor integral. O movimento sindical insiste na reivindicação, argumentando que a contribuição do empregado foi prolongada, justificando a manutenção do benefício nos mesmos moldes após a aposentadoria;
Redução das taxas de juros e das tarifas bancárias para empregados da ativa e aposentados. O banco ficou de avaliar;
Acesso dos dirigentes aos locais de trabalho, inclusive os call centers, conforme cláusula do Acordo Aditivo 2011/2012. A direção do banco é inflexível no caso dos call centers, alegando que não pode permitir o acesso à área das baias de atendimento em razão da natureza da atividade;
Distribuição de cartilhas detalhando os programas de PLR e programas específicos de remuneração, bem como o Programa Próprio de Gestão e as regras da Avaliação de Qualidade Operacional, conforme consta do Acordo Coletivo. As cartilhas foram entregues à coordenadora da COE, Rosana Alaby.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES