Em reunião dos representantes do Itaú na Federação, foi relatado que a decisão de usar somente bobinas de impressão de via única nos caixas está deixando os funcionários com os nervos à flor da pele. A cópia das operações realizadas, que ficava na fita carbonada, ajudava a localizar as diferenças. O novo método dá aos caixas uma preocupação a mais, já que, não sendo possível localizar o erro e corrigir o registro, o bancário tem que tirar do próprio bolso o dinheiro para cobrir a diferença.
Com a mudança, mesmo que se imprima um relatório das operações do caixa no fim do dia – e só no mesmo dia da ocorrência – somente as autenticações são registradas. “O fato de o Itaú/Unibanco ter criado um programa que grava as autenticações no sistema não resolve, uma vez que as operações somatórias usando calculadora não são gravadas, dando ao caixa somente a opção de rever as autenticações produzidas durante o expediente. Esta função, usada para “amarrar” cada operação realizada pelo caixa, ainda é insuficiente, pois existem transações que ela não contempla”, esclarece Adjalmo Klein Class, diretor do Seeb Baixada Fluminense.
Questionados pelos sindicalistas na última reunião da COE, dia 15, os representantes do banco se comprometeram a modificar o sistema até o final de abril, permitindo o registro de todas as operações, não somente das autenticações. A orientação para os bancários é de que usem as bobinas carbonadas enquanto durar o estoque da unidade. Mas muitas agências já não têm mais este tipo de material, usando as bobinas de via única distribuídas pelo banco. “Vamos reivindicar ao banco que forneça as bobinas carbonadas até que o sistema novo esteja funcionando”, adianta Cida Cruz, representante da Federação na COE Itaú. Outra reivindicação que a dirigente vai encaminhar, por demanda dos sindicatos da base da Federação, é que o relatório das operações registre pelo menos cinco dias, não somente aquele em que a diferença foi constatada.
Bom para o banco, péssimo para os bancários
A mudança é mais uma das inovações trazidas pela fusão do Itaú com o Unibanco, mas, estranhamente, não aproveita o que havia de melhor nas duas empresas. “O Unibanco tinha um sistema que registrava todas as operações, inclusive as somas, enquanto o Itaú usava a fita. Agora, nem o sistema registra tudo, nem há mais o relatório impresso das operações”, ressalta Cida Cruz.
As diferenças nos caixas sempre preocuparam os bancários, tanto é que os funcionários que exercem esta função recebem um adicional chamado “quebra de caixa”. Esta verba, que atualmente é de R$ 147,38, é incorporada ao salário, já que é paga regularmente todos os meses,. Portanto, se um bancário se vir obrigado a cobrir com o próprio dinheiro uma diferença apurada em seu caixa, isso representará prejuízo para aquele trabalhador. Considerando que os valores com que os bancários lidam diariamente são muito altos, a verba adicional muitas vezes não é suficiente para cobrir a diferença.
Mesmo que os bancos neguem, chegam aos sindicatos de todo o país denúncias de que os caixas também são obrigados a vender produtos para contribuir com o atingimento das metas da unidade. No dia a dia do trabalho, esta tarefa desvia a atenção do trabalhador da atividade de pagamentos e recebimentos que é a natureza da função. Portanto, a ocorrência de diferenças torna-se mais comum. A tendência, somando este fator à falta do relatório detalhado das operações, é de que, cada vez mais, os bancários tenham prejuízos.
O argumento do banco para abolir a fita carbonada é contribuir com a preservação ambiental, economizando papel, e evitar o acúmulo de documentos nos almoxarifados. “Não somos contra a questão ecológica nem a de se aproveitar melhor os espaços físicos, mas somos contra um funcionário caixa ter que pagar diferenças porque não lhe foram dadas condições de procurá-las”, argumenta Adjalmo Klein Class, do Seeb Baixada.
O grupo, que atingiu um lucro de R$ 13,3 bilhões em 2010, está fazendo economia às custas do dinheiro dos empregados. “O uso da fita carbonada reduz os custos. Isso significa aumento dos lucros, já que os gastos de material são repassados aos clientes através das tarifas. Se este custo se reduz, mas as tarifas continuam as mesmas, o banco fica com a sobra”, pondera Paulo de Tarso, dirigente da Federação.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES