Itaú não apresenta solução para problemas de obras

Em nova mesa redonda realizada na manhã do último dia 30 para discutir as pendências e transtornos causados pelas obras das agências do antigo Unibanco, a representação do Itaú não apresentou soluções para a maioria dos problemas apresentados. Na reunião anterior, realizada em 23 de fevereiro, o banco solicitou um prazo largo para resolver os problemas, mas o que o banco apresentou foram soluções paliativas.


 


O sindicato de Petrópolis realizou novo levantamento dos problemas, tendo, inclusive, feito nova verificação dos problemas já informados e a constatação foi a mesma: muita coisa ainda está por ser terminada. Em algumas agências o banco apenas disfarçou as pendências, mas um exame minimamente detalhado das instalações revela as reais condições. “Numa agência de nossa base, a câmera de segurança não existe, é só a carcaça. E os dois fios que ficavam soltos continuam desligados, só fizeram furos no teto e colocaram lá as duas pontas dos fios para parecer que estão ligados e a câmera funcionando”, relata o dirigente Sávio Eiras. Os sindicalistas também verificaram que, no hall eletrônico, os telefones para clientes relatarem problemas à central de atendimento não estão funcionando. Os dispositivos de áudio para os deficientes visuais que ficam nos caixas automáticos também não funcionam. Aconteceu até o absurdo de remanejamento de elevadores: dias depois da agência ser inaugurada, os equipamentos são desmontados e deslocados para outra unidade que esteja em vias de ter as obras concluídas.


 


Em Angra dos Reis, a situação é de medo do futuro. Há duas agências do extinto Banerj, no município-sede e em Paraty, que nunca foram totalmente reformadas e que devem passar por obras em breve. Mas a representante do banco, Irinéia Duarte, não soube sequer informar a data de início das reformas.


 


Em Teresópolis, o problema é dos guichês para canhoto. São quatro na agência, embora só haja caixas destros na unidade. O banco informou que as peças de mobiliário são híbridas. Diante desta resposta, o sindicato local anunciou que solicitará uma fiscalização junto à Gerencia Regional do Trabalho para que o auditor competente possa verificar se, de fato, é possível adaptar os guichês para os bancários destros.


 


Ficou acertado que os sindicatos vão enviar novos relatórios sobre as pendências até o dia 08 de abril e que até o dia 30 será realizada uma reunião na sede da Federação para tratar dos problemas pendentes. O prazo para conclusão desta mesa redonda se encerra 60 dias após a realização desta última audiência.


Fonte: Redação da Feeb RJ/ES

Mesa temática de saúde não tem avanços

http://www.bancariosrjes.org.br/site/unidade/imagens/edilson-saude.JPGCom uma pauta composta por dois temas difíceis, a reunião da mesa temática de saúde do trabalhador, que aconteceu na última sexta-feira, acabou sem nenhum resultado concreto. Estava previsto discutir dois assuntos: metas abusivas e reabilitação dos lesionados. Mas o primeiro tema ocupou toda a reunião e o segundo sequer foi apreciado.


 


Assim que os bancários anunciaram que pretendiam discutir as metas abusivas, os representantes dos bancos indagaram se o movimento sindical tinha propostas. Os sindicalistas, então, apresentaram as seguintes reivindicações:




  • Agências diferentes com metas diferentes – hoje, as unidades têm as mesmas metas, apesar de terem portes diversos.


  • Metas coletivas – muitos bancos adotam metas individuais, o que gera competição exagerada entre os bancários, gerando e acirrando conflitos


  • Metas aumentam a cada mês – a meta de um mês é sempre maior que a do anterior, mesmo que o mercado já esteja esgotado e os bancários não tenham mais a quem vender os produtos.


  • Fim da meta para os caixas – o caixa tem que dedicar toda sua atenção às operações que realiza, já que lida diretamente com dinheiro e documentos.

A postura dos negociadores da Fenaban desapontou Edilson Cerqueira, representante da Federação na mesa temática. “Não vi nenhuma sensibilidade da parte dos negociadores. Eles sabem que o adoecimento dos bancários é provocado pelas metas, mas não se empenham em negociar”, avalia o sindicalista. O diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Gilberto Leal, também esteve presente à reunião. A Febraban foi representada por seu assessor de Relações Trabalhistas e Sindicais, Nicolino Eugênio. Da parte dos bancários, a coordenação da mesa temática de saúde foi feita pelo diretor da pasta na Contraf/CUT, Plínio Pavão.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Médico não poderá mais se identificar como doutor





“Ficam os profissionais médicos, de todas as unidades assistenciais de saúde, públicas e privadas, obrigados a portar crachá de identificação, visível e legível, que contenha o nome completo, a função e o cargo do profissional, assim como o nome da instituição”, afirma o texto da resolução, que estabelece ainda: “No crachá de identificação a denominação do cargo do profissional médico deverá ser médico e não doutor”.

Segundo o presidente do Cremerj, Paulo Cesar Geraldes, a iniciativa, inédita no País, visa acabar com a banalização da identificação “Doutor” nos jalecos dos profissionais de saúde. “O paciente tem o direito de saber com que profissional está sendo atendido, se é um médico, enfermeiro, nutricionista ou assistente social”, afirma. “Fonoaudiólogo, por exemplo, não é médico”, esclarece.

Ele diz que a prática de incluir todos profissionais de saúde numa mesma denominação geral confunde a população e não é justa, uma vez que é o médico quem responde civil, criminalmente e administrativamente pelos atos.

A resolução destaca que o uso do título de doutor, em relação ao diplomado por qualquer curso de nível superior, constitui uma praxe “secularmente fundamentada nos costumes e na tradição brasileira”, mas ressalta que não existem preceitos legais que disciplinem a concessão do título de doutor. E que em razão da tradição e da universalização dos cursos de nível superior no País,” todo profissional adota a prática e o direito de usar o título de doutor, banalizando e vulgarizando esta identificação”.

O Cremerj informa ainda que tem uma série de processos contra enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros, que apontam a invasão de outras profissões em atos que são estritamente atribuições de médicos, como prescrever medicações, assinar laudos e outros procedimentos.




Fonte: ùltimo Segundo

: : E N T R E V I S T A : : Dra. Teresinha Martins fala sobre assédio moral

 








Entrevista   »


Dra. Teresinha Martins, pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ, integrante da equipe do site assediomoral.org


 


 


Foto: Nando Neves


http://www.bancariosrjes.org.br/site/unidade/imagens/drateresinha.JPGA Dra. Teresinha Martins é formada em Psicologia, com mestrado e doutorado em Psicologia Social e, nos últimos anos, vem se dedicando a estudar os conflitos nos locais de trabalho, principalmente o assédio moral. Ex-bancária e ex-sindicalista, ela atua como professora e pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e faz parte da equipe do site assediomoral.org. Ela esteve na Federação no último dia 23 falando sobre o assunto e concedeu à nossa reportagem a seguinte entrevista:


 


 


Por que temos a ideia de que o trabalho tem que ser penoso, um sacrifício? Isso influencia o comportamento do trabalhador assediado?


Essa ideia do trabalho penoso nós herdamos da tradição judaico-cristã, de “ganhar o pão com o suor do rosto”. Antes do capitalismo, o trabalho ficava para os “inferiores”. Na Grécia antiga os seres humanos que pensam – eram só homens, as mulheres não – são os que filosofam. Com o advento do capitalismo, que precisa que todos estejam disponíveis para o trabalho, é necessário criar ideologicamente este conjunto de ideias que diga que o grande merecimento é dado pelo trabalho.


O trabalho é o lugar da vida, pode subverter o real, porque o trabalhador pode criar. Isso daria a ele uma relação de muita potência com seu trabalho. Veja que perigoso: deixar o trabalhador ali, com aquela sensação de potência. Como eu posso controlá-lo depois? A não ser que, ideologicamente, se crie um conjunto de ideias que diga que este trabalho não é prazeroso, mas um sacrifício. Como o Capital poderia implementar este conjunto de práticas altamente “matadoras”, sem que as pessoas se rebelassem? A não ser que as pessoas acreditem que é isso mesmo, que o trabalho é sinônimo de sofrimento.


Quando o assediado vai para o trabalho, é preciso tirar a potência dele, o empregador quer se livrar dele. A forma mais eficiente, que já está preparada antes, é dizer que o trabalho é doloroso. No caso dele, não é preciso dizer, porque é doloroso mesmo. O trabalho dele se transformou num lugar de sofrimento, e eles vivenciam esse sofrimento. Isso dificulta a reação, porque naturaliza. “É assim mesmo, vai reclamar com quem?” A melhor forma de implantar uma prática de opressão é naturalizá-la. “Isso sempre foi assim” é a primeira coisa que dizem. Esse conjunto de ideias serve para inibir a provável reação.


 


Outra ideia corrente é a de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Isso também ajuda a naturalizar o assédio e a fazer o trabalhador não reagir?


Na verdade, o mundo do trabalho é o mundo da execução de tarefas. O chefe deveria ser aquele que ordena as tarefas, e não aquele que manda. Ordenar e cuidar para que as tarefas sejam executadas no melhor proveito de todos. Quando a gente diz “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, significa, primeiro, que, se, quem obedece tem juízo, aquele que deu a ordem não tem. Significa que a ordem, necessariamente, é uma coisa ruim. São associadas as ideias de coordenar um trabalho com ser autoritário e as pessoas acham que isso é legítimo. Não, eu posso ser chefe e distribuir as tarefas sem gritar com o subordinado, sem humilhá-lo, sem diminuí-lo, mas respeitando seu trabalho. Mas esse é um dos conjuntos de ideias que circulam e contribuem para naturalizar. O trabalhador pensa “Eu vou ficar de bico calado porque o chefe mandou”, ele “tem juízo” para não ser mandado embora, para manter o trabalho. Quer dizer que vai ficar em silêncio mesmo que, e principalmente, se as coisas estiverem erradas.


Cada vez que somos separados do todo e atacados na nossa pessoalidade, tudo o que fazemos para sair, sozinhos, tem que ser inscrito num conjunto de códigos que diga “ela é louca”. As mulheres são “loucas”, “barraqueiras”. Os homens não reagem, eles “engolem”. Cada vez que uma mulher reivindica e é taxada de “barraqueira”, passa a tentar se poupar.


 


No que o acordo de combate aos conflitos no local de trabalho assinado entre o movimento sindical e os banqueiros deixou a desejar?


Primeiro porque fala dos empregados no geral, não qualifica as diferentes responsabilidades. Não fala na diminuição de metas e de práticas que ocorrem dentro dos bancos e que contribuem enormemente para a ocorrência do assédio moral. O alto desemprego faz com que os trabalhadores se voltem uns contra os outros. O funcionário tem que manter o emprego, então tem que “dedurar” o outro, ser mais rápido que o outro. Seria preciso uma política que acenasse para um ano de estabilidade, uma câmara de discussão – porque fica muito vago duas pessoas discutindo – onde houvesse a garantia de que o sujeito que denuncia o assédio não vai ser demitido. O sindicato leva para o banco a denúncia e o sujeito que denunciar tinha que ter nesse acordo a garantia de que não será demitido.


O problema está ali como se os bancários fossem responsáveis pelo assédio, porque não têm noção de ética. Isso é um absurdo. Relações éticas são relações respeitosas ao outro na sua especificidade. O que está escrito é que se trata de um problema dos que trabalham no banco, porque não têm ética. Não. É um problema de gestão de pessoas. É um absurdo dizer que só ano que vem vamos discutir diminuição de metas. Eu vou pactuar a diminuição de conflitos e não discutir a redução das metas?


Mas, mesmo sendo insuficiente e vago, esse acordo é necessário, é um ponto de partida.


 


Temos aqui no Rio de Janeiro, no Banco do Brasil, uma situação específica causada pela reestruturação do banco. A empresa está investindo no varejo, ampliando a rede de agências, e reduzindo as chamadas áreas-meio, os departamentos. Só que o número de cargos nas agências é pequeno e, como não vai haver mais a possibilidade do bancário ser promovido para uma área-meio, deve aumentar a competitividade entre os colegas. Esse tipo de conflito também exige atenção?


Isso cria o pano de fundo para que o assédio emerja. Eu fui bancária do Banco do Brasil e, naquela época, a diferença entre o salário de um caixa e de um gerente não era estrondosa, e o salário médio era decente. A gente não se matava para ser chefe. Hoje o salário de entrada é baixíssimo e a diferença entre o vencimento básico e o do gerente é altíssima. O sujeito é obrigado a ser gerente porque é a única forma de sobreviver. Então, ele come vivo o colega para conseguir aquele cargo. Se houvesse um salário mais alto, muita gente que não tem apetite para o poder não precisaria ficar matando o outro.


Cria-se este ambiente conflituoso porque, quanto mais conflito, mais se “reina”. Quando digo que o assédio moral é de alguém que tem poder contra quem não tem, não estou dizendo que não haja vários outros tipos de conflito. Estou dizendo que estes vários outros conflitos preparam o espaço. Se é um vale-tudo, se todo mundo está se matando, ninguém vai se preocupar com aquele que o chefe está perseguindo, com aquela que eu não suporto? “Em casa em que não tem pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Se não há, como havia no Banco do Brasil, estruturas intermediárias, se você não pode ascender, se não há um Plano de Cargos e Salários claramente estruturado, ou você é peão ou vai para Brasília, como é o caso dos funcionários destes departamentos do BB. As opções são tão poucas que os trabalhadores se digladiam entre si. A pirâmide pequena, com topo estreito e base grande, vai criar conflito, vai fazer com que a competitividade seja tão grande que eles se voltam uns contra os outros. Quanto mais se tem poucos empregados em altos cargos, ganhando uma fortuna, e uma imensa base ganhando mal, mais se cria esse clima de “salve-se quem puder”. E aí, o assediador vai poder reinar absoluto.


O assédio é uma ferramenta de gestão para implementar essas medidas. Quem é assediado é aquele que representa um obstáculo ao plano de poder de alguém. O assédio tem uma intenção. Ele não quer só se livrar de uma pessoa, ele faz isso para atingir algum objetivo, para implementar uma política. Por exemplo, numa demissão em massa, se elimina os adoecidos, tanto os que são lentos por causa da doença, quanto aqueles que são exemplo para os colegas de como podem ficar no futuro. Também os recalcitrantes, obstinados. E os excelentes tecnicamente, aqueles que são bons no que fazem, mesmo que eles não abram a boca porque, se ele é bom, ele deveria ser o primeiro a subir. Mas, se eu tenho um plano de colocar meus aliados lá, este que é competente está atrapalhando.


Todas estas políticas formam uma teia na qual o assédio “nada de braçada” para se implementar a política neoliberal. Não é à toa, o assédio tem uma direção, de instaurar essa política de lucro acima de qualquer coisa.


 


 


http://www.bancariosrjes.org.br/site/unidade/imagens/olho.GIFQuais as medidas de gestão que uma empresa tem que adotar para combater todos esses conflitos, não só o assédio?


De maneira geral, primeiro, organizar o trabalho, o processo de trabalho com um ritmo que respeite os trabalhadores, desde o ponto de vista ergonômico; que os trabalhadores tenham salário decente; ritmo de trabalho com pausas, como foi estudado e proposto, não é por falta desse conhecimento que não se concede os intervalos; garantia de emprego; Plano de Cargos e Salários que faça com que o trabalhador possa planejar seu futuro, sem precisar ficar competindo e “passando a perna” no outro; um espaço democrático, com representante do sindicato, dos trabalhadores, dos outros setores da empresa para discussão ampla, numa câmara de mediação que seja realmente uma câmara, não um lugar onde o chefão seja ouvido e os outros não; garantia do anonimato, que o sujeito que apresenta a denúncia não seja identificado ou que, se precisar se identificar, tenha garantias de que não será retaliado; um local de trabalho salubre, com boas condições de trabalho; é necessária também uma política de formação para a diversidade, um processo de sensibilização para convivência com o diferente, os deficientes, os homossexuais, negros, etc. Eu não preciso gostar de quem trabalha ao meu lado, mas preciso respeitar.


Se não estão claras as regras de como poderá ascender profissionalmente, o trabalhador adota qualquer prática. A empresa deve deixar claro que não permite esta atitude. Este é o sentido positivo do acordo assinado entre os sindicalistas e os banqueiros. Mas se a empresa diz que não pactua com o assédio, mas deixa lá o chefe autoritário reinando, está pactuando. É preciso sinalizar para todos que não vamos aceitar, nem ser coniventes com a violência organizacional. Tem que haver políticas claras, que sinalizem que a empresa não vai permitir desrespeito e relações antiéticas e que, se ocorrerem, serão punidas. É preciso também que fique claro a quem o trabalhador assediado deve se dirigir para denunciar, ele não pode ter que procurar o seu próprio chefe para fazer a denúncia. A empresa precisa ter essas câmaras de mediação de conflitos e que isso seja divulgado amplamente, para que o trabalhador já saiba a quem procurar e não precise perguntar a ninguém.


 


De maneira geral, os departamentos de RH das empresas estão preparados para lidar com os conflitos?


De maneira geral, 95% não estão preparados, porque lidam com o conflito como se fosse um problema entre as pessoas sem nenhuma relação com o local de trabalho. Mas, óbvio, tudo existe entre as pessoas, mas propiciado por uma organização que permite, alimenta e precisa deste tipo de relação.


 


Quando um gestor tem características pessoais autoritárias, cruéis, desrespeitosas, qual a responsabilidade da empresa sobre os atos dele?


Quando digo que não é a característica psicológica do sujeito que gera o assédio, não estou dizendo que as pessoas não tenham estas características e que não problematizem a situação dada. Por exemplo, um chefe chamado, como as pessoas falam, de psicopata, aquele sádico, que gosta do sofrimento alheio. Na minha concepção a empresa o escolheu exatamente por isso para o cargo de chefia. É uma pessoa com X características para tocar esta política, porque se desse para alguém diferente, esta pessoa se recusaria. Então, a possibilidade primeira é de que tenha sido escolhido exatamente por isso.


Numa novela que terminou recentemente, da Globo (nota: Ti-Ti-Ti, de Maria Adelaide Amaral, encerrada em 18 de março de 2011), tinha o personagem da atriz Georgiana Guinle que era uma psicopata clássica. Ela ficou internada no hospital psiquiátrico e, quando voltou a trabalhar, viu que ninguém havia assinado nenhum contrato durante sua ausência. E ela volta e reergue a empresa. Quer dizer, muitas vezes estas características de doença mental são funcionais para a empresa. O sujeito que é workaholic, viciado em trabalho, ou que tem TOC, é ótimo para a empresa. É à custa do sofrimento da vida dele, mas é bom para a empresa. A empresa que colocou aquele chefe, não sabendo destas características, mas que não o afasta depois que ele se revela, é, no mínimo, conivente por omissão.


O outro lado desta mesma questão é que pessoa assediada nem sempre é boazinha, ela pode ser chata. Isso não significa que não foi assediada, ou que é correto assediá-la. Uma pessoa que é muito boa no que faz tende a ter o “nariz para cima”, um monte de gente não gosta dela, porque ela é boa no que faz. Quando uma pessoa é assediada, não é pelos defeitos, mas pelo que faz de certo, pelo trabalho que faz.


Isso desperta o sentimento de “bem feito” nos colegas quando esta pessoa é assediada. Não existe só “chefe doente” e “subordinado vítima”. Inclusive, numa situação de conflito, as pessoas dão a situação de mão beijada para o assédio. Por exemplo, uma pessoa que é “esquentada”, será sempre provocada para “estourar”. Problemas todos têm, temos características interessantes e outras não. É possível fazer uma política que faça emergirem as características que o grupo mais detesta, para fazer o grupo se voltar contra aquela pessoa. Não porque aquele funcionário está errado, mas pelo que está certo. E não há uma possiblidade de reflexão sobre a aparência das coisas, isso exige tempo, e no cotidiano ninguém consegue.


A política pensada parte das características do sujeito. Por isso digo que o assédio moral é uma tática brilhante. A pessoa é assediada pela característica que socialmente é considerada negativa, ninguém vai xingar o outro de algo que é um valor social. Ninguém vai me xingar de “doutora”. O assediador também pode agir de outro jeito, pegando uma característica deslocada do contexto e a transformando em defeito.


O assédio sempre pega o sujeito na pessoalidade para fazer uma política que não é pessoal, é coletiva. Por mais que a pessoa seja forte e resolvida – e a maioria não é – o assédio incomoda. Todo mundo tem problemas pessoais, a vida cotidiana não é fácil para a grande maioria das pessoas. Mesmo quando a vida está melhor, tem sempre algum problema que ficou ali, no cantinho. A sociedade capitalista tem sempre um núcleo grande de pessoas que estão com muitos problemas. Por isso o assédio moral é tão insidioso, cruel, e penetra tanto. Porque é uma política pensada para atuar exatamente no que já existe, não precisa inventar nada. Atua sobre o existente. Está frágil? Frágil e meio. É uma política muito eficaz e muito barata. São todas as técnicas que se conhece da Psicologia, usadas para o mal. E com um sorrisinho nos lábios.

» Saiba mais:



 


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

‘É na escola que se aprende o bê-á-bá do sexismo”

Por Juliane Silveira – COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os estereótipos de gênero começam já no útero, quando os pais escolhem o brinquedo, a decoração do quarto e as roupas do bebê. Mas é na escola que o sexismo é reforçado, segundo a pedagoga Tânia Brabo, da Unesp, que estuda movimentos feministas há 20 anos.









Lula Marques/Folhapress
Para a pedagoga Tânia Brabo, da Unesp, é na sala de aula que as crianças aprendem o bê-á-bá do sexismo
Para a pedagoga Tânia Brabo, da Unesp, é na sala de aula que as crianças aprendem o bê-á-bá do sexismo

Segundo ela, detalhes como separação de meninos e meninas em filas e diferenças nas aulas de educação física ajudam a perpetuar essa visão “bipolar” do mundo.


“Isso é nocivo a partir do momento em que um sexo se sente superior ao outro”, diz. Leia trechos da entrevista.


*


Folha – Ainda há muito sexismo nas escolas?


Tânia Brabo – Nos anos 80 e 90, feministas trouxeram a discussão sobre a necessidade de a escola não reforçar estereótipos, mas não houve continuidade. As publicações daquela época ficaram esquecidas nas bibliotecas.


Não se debate nas escolas a discriminação da mulher?


As políticas educacionais trazem essa questão na teoria, mas, embora haja um avanço, falta muito em termos práticos. No conteúdo das escolas, a questão da igualdade entre os sexos deve ser mais abordada.


Onde aparece o sexismo?


No dia a dia da sala de aula, quando atividades supostamente femininas são separadas para as meninas. Na educação física, meninas e meninos são separados e praticam diferentes esportes.


Esses problemas começam precocemente?


Sim. Na educação infantil, quando os brinquedos são separados –bonecas para as meninas, carrinhos para os meninos. Essa visão bipolar ainda está muito forte. Até nas brincadeiras. O menino não quer nem sentar numa cadeira rosa. Muitas vezes, os meninos querem brincar de boneca, mas a família e os professores não aceitam.


E deveriam aceitar?


Sim. Homens adultos usam brinco, colar, camisa rosa. Houve mudança nos costumes, mas as crianças ainda são tratadas como se certas questões fossem definir a sexualidade. Em países em que a figura da mulher e do homem são mais iguais, ambos aprendem a cozinhar, cuidar de bebê, bordar.


Certamente ainda há muita resistência da família.


Há escolas que se preocupam com a igualdade de gêneros e adotam políticas assim. Mas há pais que não entendem. Uma professora contou que teve de lidar com um pai que não aceitava o filho levar o livro da Branca de Neve para casa. Disse que não era leitura de menino.


Isso pode refletir na forma como o homem adulto encara a divisão de tarefas na casa…


Se o menino não pode segurar uma boneca, então será educado a não ter uma aproximação maior com os filhos. No passado, era assim a vida toda. Hoje, o menino é separado de tudo e na vida adulta é cobrado. Começa na educação infantil e o adulto continua a reproduzir isso.


Os alunos também desenvolvem uma visão sexista do professor. Há mais mulheres do que homens dando aulas até o ensino médio. E o salário, em geral, é ruim.


É fato. Hoje há mais homens no curso de pedagogia, mas é recente. Como a professora vai ensinar igualdade se ela se sente uma pessoa de segunda categoria?


Mas como os professores podem lidar com isso?


Estimular que ambos exerçam todos os papéis.

Fonte: Folha Online

Polícia apura denúncia de racismo no BB



CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO


O rapper e poeta negro Luciano Dimis da Silva, conhecido como James Bantu, disse que foi humilhado e ameaçado de prisão em uma agência na região da República (centro de São Paulo), no dia 9 de fevereiro, ao tentar descontar um cheque. Ele prestou depoimento na quarta-feira (23).


O banco nega a discriminação e diz que Bantu se recusou a seguir procedimentos de segurança.


O rapper conta que foi impedido de entrar com uma mochila com um laptop, mesmo depois da bolsa ter sido revistada por uma vigia.


Bantu questionou a proibição, dizendo que não havia armário disponível para guardar a mochila. A segurança, então, chamou um policial militar, a quem Bantu acusa de tê-lo humilhado.











Arquivo pessoal
O poeta e rapper James Bantu, que disse ter sido humilhado em agência do Banco do Brasil; a polícia investiga
O poeta e rapper James Bantu, que disse ter sido humilhado em agência do Banco do Brasil; a polícia investiga

O PM teria mandado o cantor encostar contra a parede e dito que, se quisesse, poderia deixá-lo nu na agência. Segundo o rapper, o policial o teria mandado “calar a boca” e só falar depois dele, caso contrário seria preso. Ao ver o notebook, o PM teria pedido a nota fiscal do aparelho.


Depois de nada ter sido encontrado na revista, o rapper disse que tentou ir embora. “Você só vai embora quando eu quiser”, teria dito o PM.


Bantu conta que sentou no chão e começou a chorar, pedindo ajuda. Uma cliente do banco teria pedido ao policial para liberá-lo.


“Tinha medo de tentar sair e levar um tiro ou ser algemado”, conta Bantu. Por fim, saiu do agência e entrou no prédio ao lado. Naquele dia, registrou queixa na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância).


No outro dia, Bantu voltou à agência para descontar o cheque –de R$ 504, pagamento por serviços a uma ONG– dessa vez, acompanhado de cerca de 30 amigos.


Segundo o advogado do rapper, Dojival Vieira, a gerente da agência prestou queixa contra Bantu, acusando-o de causar tumulto.


Procurado, o Decradi não quis falar sobre o caso para não atrapalhar as investigações.


Segundo Vieira, a delegada responsável deve pedir à Justiça que determine que o banco entregue as imagens das câmeras de segurança.


OUTRO LADO


Em nota, o Banco do Brasil afirmou que atende às exigências legais de procedimentos de segurança, como porta giratória e gravação de imagens, e disse que os clientes podem usar o porta-objetos para colocar bolsas e aparelhos metálicos.


O banco afirma que Bantu se recusou a seguir esse procedimento, e em momento algum sofreu qualquer tipo de discriminação.


Procurada, a Polícia Militar não respondeu até a manhã deste sábado.

Fonte: Folha Online

A ausência de Lula



Por Mino Carta

Modesta dissertação sobre a enésima confirmação dos delírios da mídia.

O ausente foi mais presente do que os presentes. A frase não é minha, é do
professor Delfim Netto, e diz respeito às reações da mídia nativa à ausência
de Lula no almoço oferecido pela presidenta Dilma a Barack Obama. Os
jornalões mergulharam no assunto em colunas e reportagens por três dias a
fio, entregues com sofreguidão à tarefa de aduzir o porquê daquela cadeira
vazia sem receio de provar pela enésima vez sua vocação onírica.

Neste espaço, o sonho midiático foi meu tema da semana passada, mas
os especialistas em miragens insistem em mostrar a que vêm, sem contar
o complexo de inferioridade tão explicitamente exposto com a visita do
presidente americano apresentada como um celebrity show. As emissoras
globais ficaram no ar 24 horas para contar todos os passos de Obama ou
mesmo para esperar que ele os desse. A certa altura vimos um perdigueiro da
informação aguardar no Galeão, por mais de uma hora, a chegada do avião
que levava o visitante de Brasília ao Rio, em proveito exclusivo de uma visita
instrutiva dos telespectadores a um aeroporto às moscas.

É o recalque do vira-lata, e esta definição também não é minha, já caiu da boca
de Lula. Quanto à sua ausência no almoço de Brasília, li entre as versões que
ele não apareceu para “não ofuscar” a anfitriã, a mostrar toda a sua pretensão,
acompanhada pela dúvida de um colunista: “ao recusar o convite”, foi malandro
ou zé mané? Textos de calibres diversos clamam contra “a descortesia”. Uma
colunista do Estadão aventa a seguinte hipótese: o ex-presidente quis evitar o
constrangimento “de ouvir sem compreender a conversa na mesa, da qual fazia
parte Fernando Henrique Cardoso”. Ah, o príncipe dos sociólogos, este é um
poliglota. E não falta quem convoque a inveja de Lula por Dilma, que recebe
Obama em lugar dele, embora o tivesse convidado em 2008.

Segundo um colunista do Valor Econômico, o ex também foi descortês com
Obama, que já o tratou tão bem. A Folha localizou “um amigo de Lula” disposto
à revelação: ele está irritado “com os elogios excessivos da mídia a Dilma”.
Uma colunista da Folha vislumbra na ausência de Lula a demonstração “do
contraste de estilos” e até a torna mais evidente. Neste esforço concentrado
no sentido de provocar algum desentendimento entre o ex e a atual, imbatível
o editorial do Estadão de domingo 20, provavelmente escrito por um aluno de
Maquiavel incapaz de entender a ironia do mestre.

Fala-se em “mudança de mentalidade que emana do Planalto”, “sobriedade
em lugar de espalhafato”, “distanciamento das inevitáveis servidões” do
ofício presidencial. Transparente demais a manobra. Não escapa, porém, ao
ato falho, ao discordar da presidenta no que se refere à posição de Dilma

quanto “ao atual surto inflacionário”, embora formulada a objeção com suave
cautela, para aplaudir logo o propósito do governo de abrir os aeroportos à
iniciativa privada em regime de concessão.
São teclas antigas de quem professa a religião do Deus Mercado e enxerga
nas privatizações os caminhos da Graça. Os praticantes brasileiros dos jogos
financeiros não estão sozinhos: de fato, para variar, trata-se de pontuais
discípulos, ou imitadores. Os Estados Unidos ensinam, por lá os vilões do
neoliberalismo, responsáveis pela crise mundial, continuam a postos para
atiçar a doença. O exemplo seduz. Aí se origina a tentativa, levada adiante
obviamente pela mídia, de derrubar o ministro Guido Mantega, representante
da continuidade que a tigrada gostaria de ver interrompida de vez.
As consequências da aventura neoliberal, que deixaria o próprio Adam Smith
em pânico, atingem inclusive o Brasil. No ano passado crescemos 7,5%, este
ano a previsão fica bastante abaixo, entre 4% e 4,5%. Será um bom resultado
no confronto com outros, mas dirá que ninguém está a salvo. CartaCapital
confia na permanência de Mantega e na continuidade, ainda que, desde a
posse, reconheça na presidenta a capacidade de imprimir à linha do governo
características da sua personalidade.

É simplesmente tolo imaginar a ruptura almejada pela mídia, perfeita intérprete
de um sentimento que sobe das entranhas de burgueses e burguesotes contra
o metalúrgico nordestino eleito à Presidência duas vezes por larga maioria e
destinado a passar à história como o melhor e mais amado desde a fundação
da República. Pelo menos até hoje. Os senhores do Brazil zil zil ainda cultivam
o ódio de classe. O mesmo Lula, que frequentemente mantém contatos com a
sucessora, a qual, do seu lado, sabia previamente da ausência do antecessor ao
almoço, observa: “Quando me elegi, me apresentaram como a continuidade de
FHC, agora dizem que Dilma não dá continuidade ao meu governo”.

O ex-presidente tucano formula, aliás,- a sua hipótese sobre a ausência de
Lula: inveja dele mesmo, FHC. Quem sabe o contrário se dê de fato quando,
dentro de poucos dias, Lula receber o canudo honoris causa da Universidade de
Coimbra.

Teste final: se Lula fosse ao almoço, que diria a mídia?

Foi para:

A. Não ficar atrás de FHC;

B. Pronunciar um discurso de improviso em louvor a Chávez, Fidel e
Ahmadinejad.

C. Ofuscar Dilma.

Fonte: Carta Capital

Bancários exigem fechamento de agências durante greve dos vigilantes


Atentos aos riscos para bancários e clientes durante a greve dos vigilantes instaurada na região, dirigentes dos sindicatos dos bancários de Campos, Itaperuna, Macaé e Nova Friburgo estão tomando providências para manter as agências fechadas durante o movimento paredista. Os sindicalistas exigem que seja cumprida a legislação de segurança bancária que prevê a proibição do funcionamento de agências sem a presença de vigilantes.


 


Em Campos, a estratégia dos bancários foi engrossar os piquetes dos vigilantes em frente às agências. Mas o sindicato também recorreu à Polícia Federal, órgão responsável por fiscalizar o cumprimento da lei de segurança privada. Um ofício foi enviado à PF dois dias antes do início da greve, pedindo providências. Os bancos já foram informados do valor da multa para o descumprimento da lei e nenhuma agência abriu na cidade.


 


Em Macaé também foi usada a estratégia de recorrer à PF. Os sindicalistas também estão visitando as agências para verificar se a legislação está sendo obedecida. Os dirigentes do sindicato estão investigando denúncias de que algumas unidades do Itaú/Unibanco estariam funcionando para atendimento ao público, sem numerário.


 


Em Itaperuna o sindicato dos bancários recebeu denúncias de que, numa agência da CEF em sua base, os empregados foram obrigados a bater o ponto e voltar para casa, descontando o período não trabalhado do banco de horas. A diretora da Federação Leonice Pereira contactou o superintendente da empresa na região reivindicando providências quanto a esta irregularidade.


 


Os bancários vão permanecer em alerta para impedir que as agências funcionem sem o aparato de segurança exigido pela legislação.


Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

As pressões pra parar a fiscalização do amianto

As pressões para tirar Fernanda Giannasi da fiscalização do amianto


por Conceição Lemes


Semana passada, aconteceu nas Astúrias, Espanha, a Conferência Internacional da OMS [Organização Mundial de Saúde] sobre Determinantes do Câncer Ambiental e Ocupacional – Intervenções para Prevenção Primária.


O consultor ambiental Barry Castleman, dos Estados Unidos, foi um dos conferencistas convidados. Testemunha-expert nas cortes americanas e consultor dos principais organismos internacionais de saúde, trabalho e meio ambiente em questões referentes ao amianto, ele recebeu à última hora telefonema dos organizadores, solicitando para que, na palestra, descrevesse as pressões da indústria do amianto sobre os profissionais de saúde pública.


“Relatei a situação de Fernanda Giannasi”, observa Castleman. “Não conheço outro país no mundo dito ‘civilizado’ onde os ativistas contra o amianto e profissionais de saúde pública tenham sido processados ou ameaçados de processo criminal, como está acontecendo com essa engenheira de segurança do trabalho.”


“O indiciamento dela pelo FBI brasileiro [Polícia Federal] me parece absurdo”, diz Castleman. “Pelo que sei a Justiça a tem apoiado na interdição de exportação de cargas de amianto a partir do porto de Santos, já que o amianto é proibido no estado de São Paulo. Como pode a Polícia Federal da região portuária tentar incriminar a Fernanda por abuso de poder, se ela estava simplesmente fazendo o seu trabalho de fiscalização e seguindo a legislação em vigor?”


Castleman refere-se à engenheira de segurança no trabalho Fernanda Giannasi, auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e coordenadora da Rede Virtual pelo Banimento do Amianto na América Latina.


O amianto é proibido em São Paulo, desde 4 junho de 2008, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) validou a lei paulista 12.684, que veda o uso do mineral em todo o estado. Foi por 7 votos a 3.


O ministro Carlos Ayres Britto foi um dos que votaram a favor: “A lei estadual se contrapõe por modo tão frontal à lei federal que simplesmente proíbe a comercialização, a produção, o transporte de todo e qualquer tipo de amianto no Estado de São Paulo”.


“Pela primeira vez o STF eliminou as questões preliminares e foi ao cerne do problema, tomando por base trabalhos científicos idôneos”, avaliou, na ocasião, para o Viomundo o advogado Mauro Menezes, das associações Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea) e Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANTP). “O STF considerou de forma muito convicta que todo tipo de amianto, em função da lesividade ao ser humano, não se compatibiliza com uma questão maior que está garantida na nossa Constituição, que é o direito à saúde e à vida.”


Explica-se. Todas as formas e todos os tipos de amianto são comprovadamente cancerígenos ao ser humano, inclusive a crisotila, existente no Brasil. Não há dose segura para o risco de câncer; a única quantidade de amianto que protege é a exposição zero, ou seja, exposição nenhuma.


É a posição da OMS, da IARC (Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer), da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, o INSERM, da França, do Instituto Nacional de Saúde Ocupacional, o NIOSH, dos Estados Unidos. Também a da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil.


GIANNASI: LEI PAULISTA RESPALDA INTERDIÇÃO DE CARGAS


“Assim, respaldados pela lei paulista e a decisão do STF, eu e as vigilâncias sanitária estadual e a do Guarujá flagramos, em 8 junho de 2009, 26 toneladas de amianto in natura chegar à Cortês [Transportadora e Armazéns], no Guarujá, via Rápido 900”, relata Fernanda Giannasi. “Interditamos a carga, determinando imediato retorno a Minaçu. Interditamos outras 3.100 toneladas, já estocadas no pátio e que iam ser despachadas para a Ásia.”



As cargas de amianto são da SAMA, empresa responsável pela única mina de amianto em exploração no Brasil. É a mineradora do grupo Eternit, o maior do país no setor. Ela fica em Minaçu, norte de Goiás, para onde as 26 toneladas retornaram.


A Rápido 900 é uma das duas transportadoras autorizadas pelo MTE a levar o produto in natura de Minaçu para os estados onde ainda é permitida a sua utilização. A São Expedito, a outra. A auditora fiscal do MTE e as vigilâncias sanitárias interditaram ambas por trafegarem no estado de São Paulo, carregando o material proibido aqui.


A Cortês atua como despachante alfandegário da SAMA junto à Receita Federal. Circulam pelas suas instalações cerca de 180 mil toneladas de amianto por ano, exportadas principalmente para a Ásia, já que o mercado interno do mineral cancerígeno está cada vez mais restrito. Em seus pátios e armazéns, as cargas são transferidas para contêineres marítimos, armazenadas e desembaraçadas. Depois, transportadas ao porto de contêineres da Santos-Brasil, a 6 km de distância.


AUTUADA: “DIREITOS ILEGALMENTE CERCEADOS PELA AUDITORA”

A Cortês entrou com várias medidas judiciais contra a interdição das cargas e a proibição de exportação, visando também afastar Fernanda Giannasi das inspeções. A empresa diz ao Viomundo:


A auditora fiscal do trabalho, sra. Fernanda Giannasi, realmente interditou indevidamente algumas cargas de amianto alocadas em nossa sede. Essas cargas já foram desinterditadas em razão de ordem judicial e encaminhadas ao destino. Ressalte-se que nessas medidas jurídicas ficou constatado por perito judicial que nossa empresa adota e cumpre todas as normas de segurança sem expor nossos trabalhadores ou o meio ambiente a qualquer risco. Assim, resta evidente, que as medidas judiciais apresentadas visaram restabelecer os nossos direitos que foram indevida e ilegalmente cerceados pela auditora fiscal.


Entendemos que sra. Fernanda Giannasi não possui a necessária isenção de ânimo, tampouco desinteresse, para fazer fiscalizações em instalações que digam respeito ao amianto, tendo em vista que é ativista pelo seu banimento e, nessa condição, participa pelo menos das seguintes entidades contrárias ao amianto: ABREA-Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto e Ban Asbestos Network no cargo de Coordenadora da Rede Virtual Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina.


Não foi por outro motivo que o juiz da 24ª Vara Federal de São Paulo concordou que referida funcionária pública não pode fiscalizar a nossa empresa. É tão evidente sua parcialidade que o próprio juiz disse: “… é pertinente o pedido de determinar que a Sra. Fernanda Giannasi se abstenha de fiscalizar a empresa dado que a sua participação em rede virtual para banimento do amianto na América Latina, na qual é coordenadora, revela evidente parcialidade na condição de Fiscal do Ministério do Trabalho”.


DESEMBARGADORA ANULA DECISÃO CONTRA FERNANDA FISCALIZAR AMIANTO

“A guerra de liminares favoreceu inicialmente a Cortês, permitindo que exportasse as primeiras 3.100 toneladas interditadas; a Justiça de Santos cancelou a ação da vigilância sanitária municipal”, diz Fernanda Giannasi. “Só que a empresa continuou a receber, transportar e exportar o amianto. Autuei-os novamente. Ela obteve, então, uma sentença de primeira instância da Justiça Federal de Santos que determinou que me abstivesse de fiscalizar a empresa. O juiz aceitou a tese de que não havia imparcialidade na minha ação, mas frustrou as pretensões da empresa quando a proibiu de continuar a receber cargas de amianto até decisão final.”


“Como a minha defesa está a cargo da Advocacia Geral da União [isso ocorre quando funcionários públicos federais são processados devido ao exercício da função], a AGU entrou com recurso [agravo de instrumento], que foi apreciado pela desembargadora federal Salette Nascimento”, prossegue. “A desembargadora [segunda instância] não detectou nada que me impossibilitasse de fiscalizar a Cortês e anulou a decisão de primeira instância.”



A propósito, a Sama, dona das cargas interditadas, entrou com ação na Justiça Federal do Distrito Federal (trechos abaixo), para afastar Fernanda Giannasi, da fiscalização do amianto da empresa. Pediu que antes mesmo de julgada a ação, fosse concedida tutela antecipada. Ou seja, a auditora fosse afastada imediatamente da inspeção. O juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal, negou a tutela antecipada (documento mais abaixo).




“A Cortês tem recorrido em várias instâncias do Poder Judiciário para impedir a fiscalização da empresa”, continua a auditora fiscal. “Num desses processos, o juiz pediu à Polícia Federal que investigasse o caso.”


Em 25 de agosto de 2010, o delegado Cássio Luis Guimarães Nogueira convocou-a para depor nos autos do inquérito policial instaurado a pedido do Juiz da 3ª Vara da Justiça Federal de Santos/SP, em decorrência de outro processo movido pela Cortês para impedir a fiscalização em suas instalações.



“MEU INDICIAMENTO PELO DELEGADO DA PF JÁ ESTAVA DECIDIDO”


O depoimento de Fernanda Giannasi foi no dia 9 de fevereiro de 2011. Saiu indiciada por abuso de poder.


“Estou perplexa, pois compareci para prestar esclarecimentos e colaborar no processo. Estranhei o tom agressivo do delegado, o tempo todo. Desde o início, deixou claro que não se influenciaria pelo o que eu dissesse, o meu indiciamento já estava decidido.”


“Ele me perguntou se já havia sido processada criminalmente. Disse que sim, e pelos detratores de sempre, que querem me tirar da fiscalização do amianto, para ter no setor alguém sem experiência que não lhes crie problemas. Mas sempre fui absolvida.”


O delegado Cássio Luis bateu na tecla de que Fernanda Giannasi não pode ter opinião e tem de declinar conflito de interesses. Sobre isso, ela diz ao Viomundo:


“Não tenho conflitos de interesse, pois não trabalho para ninguém a não ser o Ministério do Trabalho e Emprego, e não tenho qualquer outra remuneração. Sou concursada há 28 anos, tenho dedicação exclusiva e sou carreira típica de Estado. Coordeno uma rede virtual de cidadão, pela internet, trocando experiências e debatendo os riscos do amianto à saúde dos trabalhadores e da população.”


“Sigo à risca o parecer da AGU, que determinou que eu fizesse ações conjuntas com a vigilância sanitária, embora alguns Juízes do Trabalho entendam que a competência da fiscalização dos ambientes de trabalho e onde haja vínculo empregatício é exclusiva do Ministério do Trabalho e Emprego. As vigilâncias sanitárias (do estado, regional e municipal) só não vão junto quando há liminares que as impedem, como ocorreu nas fábricas de fibrocimento usuárias de amianto em Leme e Hortolândia. Aí, fui com o Ministério Público do Trabalho.”


“Nas fiscalizações, não emito juízo de valor acerca da exposição às fibras de amianto. Apenas aplico a lei em vigor no estado de São Paulo, referendada e ratificada pelo STF desde 2008. Só autuo empresas com irregularidades, entre as quais as que transportam, armazenam  e exportam o amianto, bem como as que o comercializam e o utilizam.”


“Como o meu direito de defesa foi cerceado – o delegado não me permitiu concluir uma resposta! -, optei por permanecer calada e somente ser ouvida em Juízo, onde terei assegurado amplo direito de defesa garantido por lei”, explica Fernanda. “Até agora não sei o completo teor das denúncias contra mim, pois ele [o delegado da Polícia Federal de Santos] não quis me fornecer sequer cópia da mesma ou detalhes de seu conteúdo.”


Ao final do depoimento, Fernanda assinou um documento onde estava escrito:


Cientificada das imputações que lhe são feitas e de seus direitos constitucionais, inclusive o de permanecer calada, a interrogada respondeu que ‘a interrogada devidamente esclarecida de seus direitos constitucionais, manifesta neste ato desejo de permanecer calada e de só responder às perguntas que lhe forem formuladas em juízo e se forem objeto afinal de processo criminal, de forma que possa melhor se orientar com seu advogado ou aquele que lhe for designado pela Advocacia Geral da União…’


Indiciamento significa que o inquérito, depois de concluído, será enviado ao Ministério Público Federal. Lá, um promotor de justiça federal analisará o caso, para então decidir se instaura ou não processo crime pelo suposto abuso de poder.


Solicitamos à assessoria de comunicação da Polícia Federal entrevista com o delegado Cássio Luis Guimarães Nogueira para falar sobre o indiciamento de Fernanda Giannasi. A resposta à solicitação veio no e-mail abaixo.



RECONHECIMENTO MUNDIAL VS. AMEAÇAS DE MORTE E IINTIMIDAÇÕES


Fernanda é incontestavelmente a maior referência no Brasil sobre o amianto. Seu trabalho é reconhecido no mundo inteiro.


“Ela é a agente de saúde pública mais dedicada, corajosa e talentosa enfrentada pela indústria do amianto em qualquer lugar do mundo”, elogia Barry Castleman. “Ela combina as funções de funcionária pública (como auditora-fiscal do trabalho), ativista (como coordenadora de uma rede virtual) e, sobretudo, cidadã exemplar.”


Fernanda também incomoda, aqui e lá fora. Em abril de 2001, Denis Hamel, diretor do Instituto do Crisotila do Canadá mandou uma carta ao então Ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, Francisco Dornelles, pedindo “para repreendê-la e enquadrá-la”.


No documentário franco-canadense A morte lenta pelo amianto, Hamel justifica a retaliação: “Ela dá declarações mentirosas, exageradas, que prejudicam enormemente os esforços da indústria”. Ele se refere aos esforços da indústria para convencer sobre a inocuidade do amianto branco crisotila e seu uso seguro e responsável pela indústria em sua tese chamada de “uso controlado”.


Nem uma ameaça de morte calou Fernanda. Em 28 janeiro de 2004, três auditores fiscais do trabalho e o motorista do Ministério do Trabalho e Emprego foram assassinados em Unaí, Minas Gerais. Cinco dias depois da chacina, uma carta anônima, intimidatória, ameaçando-a abertamente, foi enviada à sua casa.


É um dos casos documentados no relatório Linha de Frente: Defensores dos direitos humanos no Brasil de 2002 a 2005, organizado pela Justiça Global e enviado à ONU.


Na ocasião, segundo esse relatório, Fernanda Giannasi enviou e-mail pessoal ao então ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini (ex-presidente da CUT e atualmente deputado federal PT-SP), pedindo garantias de vida e apoio para realizar seu trabalho na fiscalização trabalhista. Ele respondeu de forma muito solidária.


Na prática, porém, Fernanda foi impedida de inspecionar e designada a fazer serviços burocráticos numa sala sem telefone e computador. Era o arquivo-morto da seção. Assim, em vez de protegê-la, Berzoini puniu-a com o confinamento, impossibilitando-a de fazer o seu trabalho por quase dois meses, sob os olhares indignados de parte do movimento sindical e revolta das vítimas do amianto. Sob pressão, inclusive da imprensa, o então superintendente regional do trabalho, Heiguiberto Della Bella Navarro (“Guiba” ), determinou o retorno de Fernanda à fiscalização, sem maiores explicações.


Recentemente, Fernanda recebeu duas cartas da Alemanha, postadas na Universidade de Berlim. O autor faz ameaças de morte e defesa radical do amianto, apresentando-o como sinônimo de Eternit, material indestrutível, capaz de salvar a humanidade da contaminação radioativa.


“Quem deveria estar protegendo a Fernanda é justamente quem tenta, agora, incriminá-la por abuso de poder”, diz, indignado, Eliezer João de Souza, 69 anos, presidente da Abrea, que, em 2000, teve de extrair nódulos dos pulmões.


POR ANO, O AMIANTO CAUSA 107 MIL MORTES EM TODO O MUNDO


Todos os tipos de amianto causam: 1) asbestose — endurecimento  do pulmão, que perde progressivamente a capacidade de expandir, levando lentamente à morte por asfixia; 2) câncer de pulmão, laringe, aparelho digestivo e ovário; 3) mesotelioma, que pode ser de pleura (membrana que reveste o tórax), peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal) ou pericárdio (membrana que recobre o coração). É  um tumor maligno e extremamente agressivo, incurável e fatal, que pode aparecer 35, 40 e até 50 anos após o primeiro contato com o amianto.


“Por ano, o amianto causa 107 mil mortes em todo o mundo. Entre as vítimas, não estão só trabalhadores, mas também consumidores do produto, desmentindo a indústria que diz ser apenas um problema de saúde ocupacional”, informa Castleman. “Em 10 de março, testemunhei num julgamento em Oakland, Califórnia, num caso de mesotelioma de pleura em homem que vendia alimentos nos arredores de fábricas. De 1970 a 1980, ele passava uma hora por dia na frente de uma fábrica de produtos de construção, de onde os trabalhadores saíam cobertos de poeira de amianto, para comprar comida dele. Esse amianto era a crisotila, que ainda hoje é extraída no Brasil.”


“A mídia deveria gastar menos tempo em falar sobre astros de cinema e TV e mais sobre pessoas exemplares, como a Fernanda Giannasi. Os jovens também deveriam ler sobre as pessoas que fazem do mundo um lugar melhor e não exigem como pagamento nada além do que poder fazer o seu trabalho bem”, arremata Castleman.


PS do Viomundo: Fernanda Giannasi foi ouvida hoje, 24, em São Paulo, pela equipe técnica do Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (PNPDDH/SDH/PR). O grupo fará um levantamento completo das intimidações, ameaças e ações judiciais que Fernanda vem sofrendo.

Fonte: Viomundo

Entrevista » Inês Pandeló

 








Cinco perguntas para  »


Inês Pandeló – deputada estadual no Rio de Janeiro pelo PT e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj


 


 


Inês Pandeló está em seu terceiro mandato como deputada estadual no Rio de Janeiro e tem sua atuação parlamentar marcada pelo apoio às lutas do movimento de mulheres no estado. No dia 23 de março ela esteve na Federação participando do evento que comemorou o Dia Internacional da Mulher. Inês falou à nossa reportagem sobre a relação entre os problemas enfrentados pelas mulheres na sociedade e no mercado de trabalho.


 


Por que a discussão sobre a violência doméstica está ganhando espaço na sociedade?


Porque esta questão deixou de ser uma questão doméstica e passou a ser encarada como de segurança pública e também de saúde pública. Isso aconteceu devido às diversas lutas que o movimento de mulheres travou e às conferências puxadas pela ONU, tratados que o Brasil e outros países assinaram sobre a erradicação da violência doméstica.


 


Qual a relação que há entre violência doméstica e assédio moral no local de trabalho contra as mulheres?


Tudo tem a ver com a cultura machista que, ao longo dos séculos, foi sendo implementada e ainda hoje persiste no subconsciente das pessoas e na sua forma de agir. Aquela história de o homem ser o chefe, o poderoso, “quem manda”, acaba, para alguns homens, tendo o efeito de “eu posso tudo” e, se posso tudo e a mulher é submissa a mim, então eu posso violentá-la e assediá-la.


 


O mercado de trabalho ainda reproduz o modelo de “homem provedor” e “mulher cuidadora”?


Ainda, porque as mulheres ganham menos que os homens, mesmo exercendo a mesma função. Isso tem a ver com a ideia de que a mulher é menos capacitada, mas também a noção de que a mulher tem sempre um homem para ajudar nas finanças domésticas. Então, ela pode ganhar menos porque terá um homem para ajudar a sustentá-la. Mas a realidade está mostrando que é justamente o contrário, as mulheres estão cada vez mais assumindo sozinhas as suas famílias, elas trabalham e cuidam sozinhas dos seus lares.


Agora, mesmo que houvesse – e, em muitos casos, há – divisão do orçamento doméstico entre homens e mulheres que trabalham fora, não tem porque olhar o trabalho e desvalorizá-lo simplesmente porque é uma mulher que o está fazendo.


 


Quando a mulher perde uma promoção para um homem, isso tem a ver com a ideia de que as mulheres dedicam menos tempo ao trabalho porque têm que cuidar dos filhos?


Está tudo errado. O filho não é só da mulher, teve a participação do homem. Cada gestação tem que ser encarada não somente como uma coisa da mulher, ou, no máximo, do casal, ou da família. É uma atribuição de que a sociedade tem que se apropriar. Temos exemplos de países na Europa onde a população começou a envelhecer a tal ponto que tiveram que criar uma política de gratificação para as pessoas que tivessem filhos. Quando a população envelhece e não nascem novas pessoas, a sociedade começa a sentir com isso. Então, não é uma tarefa só da mulher. A tarefa de procriar é do homem e da mulher, mas o cidadão ou cidadã que vai nascer desta relação é da sociedade, então cabe à sociedade também proporcionar condições melhores para esta criação. Por exemplo, a licença maternidade ampliada é, sim, uma oportunidade para que pai e mãe fiquem mais com  essa criança para que se forme como um cidadão ou cidadã de melhor condição para atuar na sociedade futura.


 


Além da questão das creches que, hoje, são insuficientes em número e em oferta de serviços, que outros desafios a mãe trabalhadora enfrenta?


Tem, por exemplo, a questão da casa. Cada vez mais temos que trabalhar a cultura da nossa sociedade para que as tarefas domésticas não sejam uma atribuição só da mulher. Se homem e mulher trabalham fora, por que somente ela tem que se ocupar das tarefas? A casa não é só da mulher, é de todos que vivem nela. Cabe a divisão dos trabalhos domésticos, é preciso que os homens assumam mais isso.


Outra coisa – que é assunto de um projeto de lei que eu estou apresentando na Assembleia – é que as empresas, principalmente as grandes, deveriam lavar os uniformes dos seus funcionários. O homem vai para a empresa, que exige que ele esteja uniformizado e limpo, e quem lava esse uniforme? A mulher. E, muitas vezes, ele leva para casa um uniforme infectado, que acaba infectando outras roupas da família e a casa toda.


 


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES