Vaca Valio$a, do Sindicato dos Bancários de Campos, vai arrasar no carnaval

Os bancários de Campos vão poder matar as saudades da Vaca Valio$a num desfile pré-carnavalesco no próximo dia 03. Inspirada nos folguedos folclóricos de boi, típicos da região, a alegoria faz também menção às “tetas” em que “mamam” os aproveitadores e exploradores do trabalhador. O personagem tem feito muito sucesso nas manifestações da categoria há alguns anos e já se tornou tradição. O desfile terá concentração a partir das 16h na sede social do sindicato e fará menção ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, que cai em plena terça-feira de carnaval. A Vaca Valio$a será mais uma aliada na campanha “Pelo fim da violência contra as mulheres”.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Bradesco se reúne com sindicalistas para tratar dos problemas da Região Serrana

Foto: Paulo d’Tarso

 

Em reunião realizada na tarde do último dia 24, o diretor de relações sindicais do Bradesco, Geraldo Gandro, discutiu com sindicalistas de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis a situação dos funcionários do banco nas cidades serranas arrasadas pelas chuvas de janeiro. Ouvindo os relatos dos dirigentes, o executivo se mostrou perplexo diante da gravidade e da amplitude da tragédia. Mas Gandro não assumiu nenhum compromisso e se limitou a prestar algumas informações sobre as providências que o banco já havia tomado.

 

Além dos relatos da tragédia que se abateu sobre as cidades, os sindicalistas da regiao serrana fizeram reivindicações para este período de dificuldades. As consequências da tragédia são muitas. “Muita gente ainda não tem como voltar para casa, ainda há metros de lama. Outros já limparam a casa, mas não foi feita a ligação de água e eletricidade. A casa está limpa, mas as pessoas não têm como voltar”, informa Gabriel Velloso, diretor do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo.

 

O vice-presidente da Federação, Nilton Damião Esperança, ressaltou que este é o momento de todo o sistema financeiro demonstrar que, de fato, tem responsabilidade social. “As doenças estão se espalhando, temos famílias desfeitas, muitas crianças órfãs. A tragédia não terminou”, destacou Nilton. O desemprego já começa a tomar conta das cidades atingidas e Max Bezerra, presidente do Seeb Nova Friburgo, reivindicou que o banco dê garantia de emprego aos funcionários.

 

Dalberto Louback, também de Friburgo, ressaltou a necessidade de apoio psicológico para todos os empregados, já que, mesmo que não tenham sido diretamente atingidos, viveram de calamidade e presenciaram muitas situações dramáticas. Ana Maria de Mello Pereira, do Sindicato de Teresópolis, reiterou a necessidade de ajuda psicológica. A dirigente relatou que a situação continua tensa, mais de um mês depois. “Ontem choveu forte à noite, e ninguém conseguiu dormir. A cidade toda ficou acordada observando, com medo de que uma nova tragédia acontecesse”, relatou a sindicalista. Almir Aguiar, presidente do Sindicato do Rio de Janeiro, destaca que a presença humana de empregados do banco na região é fundamental para os bancários afetados. “Isso não vai apagar as imagens terríveis de destruição que ficaram na lembrança das pessoas, mas é um conforto”, ressalta Almir. O diretor para Bancos Privados da Federação, Euclides Neto, ressaltou a importância do banco estar próximo dos empregados. “O funcionário espera ser amparado pela empresa em que trabalha e não cobrado num momento como este”, resume o dirigente. Marcel Barros, secretário-geral da Contraf, solicita ao banco que mantenha assistentes sociais e psicólogos na região, sendo, no mínimo, um profissional de cada especialidade por cidade atingida. “É necessária um ação institucional da empresa de amparo aos seus trabalhadores num momento como esse”, avalia o dirigente.

 

Diferente não é igual

 

Fabiano Júnior, presidente da Federação, destacou que o banco tem que tratar de forma especial os funcionários da região. “A situação das cidades, destruídas e em lento processo de reconstrução, coloca o bancário da região numa situação diferente dos demais. É preciso que eles sejam, portanto, tratados como diferentes, mas estão sendo tratados como iguais. Não dá para cobrar as mesmas metas numa área arrasada e onde os próprios empregados dos bancos não têm condições psicológicas de trabalhar no mesmo ritmo. As metas para as agências da Serra têm que ser diferentes do resto do país até que as cidades se recuperem”, pleiteia Fabiano. Marcel Barros, secretário-geral da Contraf, reivindicou que a definição de metas para os bancários da região seja feita em separado por um prazo longo. “Este ano não tem como cobrar resultados financeiros. E nos próximos dois anos, pelo menos, o desempenho das agências também estará comprometido pela tragédia”, defende Marcel.

 

Os sindicalistas também reivindicaram ajuda financeira do banco a seus empregados. “Uma bancária do Bradesco que está abrigando em sua casa mais de trinta pessoas desalojadas recebeu uma ligação da assistente social lhe oferecendo um empréstimo. Ela respondeu que não é de empréstimo que precisa num momento desses, ela não tem a menor condição de pagar as parcelas”, relata Ana Maria. Geraldo Gandro, relações sindicais do banco, respondeu que deve ter havido alguma falha na comunicação e informou que o banco está oferecendo uma espécie de verba social para os empregados na região. “Ela recebe agora e não precisa pagar nada por enquanto. Daqui a algum tempo, até 12 meses, negociamos como vai pagar. E não vamos cobrar juros”, informou o executivo. Gandro informou que não é a primeira vez que o banco acompanha uma tragédia, citando as enchentes de Santa Catarina, em 2009, e Alagoas e Pernambuco, em 2010. e garantiu que o banco sempre ampara seus trabalhadores. Fabiano Júnior reivindicou que, além deste auxílio, o banco também abra uma linha de crédito especial para aquisição de imóveis e de eletrodomésticos da linha branca, para que os bancários possam voltar a ter onde morar.

 

Os dirigentes sindicais ressaltaram que a situação da região é bem mais grave do que se imagina e que a mídia – que já não faz mais o acompanhamento dos problemas – não transmitiu a real gravidade. “O banco não é capaz de avaliar, à distância, monitorando por telefone, o tamanho da destruição. O impacto na economia foi absurdo, o comércio está parado. A reconstrução depende em grande parte do dinheiro proveniente do turismo e as cidades não estão recebendo visitantes”, ressaltou Fabiano Júnior. “Tenho um amigo que tem uma agência de viagens e ele me falou que não vendeu nenhum pacote de carnaval em Teresópolis”, relata Ana Maria. Marcel Barros, secretário-geral da Contraf, sugeriu ao banco que realize seus eventos corporativos na rede hoteleira das cidades atingidas como forma de colaborar com a reconstrução da região. Marcel também solicitou ao banco que forneça a seus clientes as cópias dos documentos microfilmados que são exigidos para a abertura de contas, já que muitas pessoas precisam tirar segunda via de documentos oficiais. “As pessoas perderam tudo e não têm como se identificar.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Itaú faz descaso na mesa redonda

Mais uma vez o Itaú demonstrou total descaso com a saúde do trabalhador durante as obras de adequação do layout das agências do extinto Unibanco. A Federação solicitou e a Superintendência Regional do Trabalho convocou uma mesa redonda para discutir o assunto. Na reunião, realizada na última quarta-feira, 23, o representante do banco, Bruno Aguiar Cavalcante, se limitou a receber os relatórios, ouvir relatos, solicitar mais informações e pedir prazo de 20 dias para avaliar a situação. Como boa parte das obras já foram consideradas prontas, Bruno chegou a imaginar que a mesa redonda não seria realizada. Uma nova mesa redonda foi convocada para o dia 30 de março, quando o banco deve apresentar um cronograma de ações para resolver os problemas relatados.

Mas o que o banco finge não saber que acontece tem atormentado bancários em todo o estado, principalmente nas bases dos sindicatos de Angra dos Reis, Petrópolis, Rio de Janeiro e Teresópolis. Os sindicalistas relataram problemas que persistem nas agências que tiveram as reformas dadas como concluídas. Os representantes de Petrópolis apresentaram um relatório por escrito e informaram problemas que persistem, como equipamentos de segurança inoperantes ou funcionando precariamente e sistemas de refrigeração não instalados. Em Teresópolis foi relatado um problema aparentemente menor, mas que pode trazer conseqüências graves para a saúde dos bancários: os novos guichês de caixa são adaptados para canhotos, mas todos os funcionários na função de caixa são destros. No Rio de Janeiro, sobretudo nas agências da Zona Oeste, há ainda resquícios de obra e instalações inacabadas, o que continua pondo em risco a segurança dos trabalhadores. “E ainda temos que pensar nos danos à saúde que permanecem depois da obra concluída. Um bancário com problemas respiratórios, por exemplo, tem sua condição de saúde agravada depois de semanas trabalhando num ambiente tomado por poeira”, destaca Paulo de Tarso Ferreira, dirigente que representou a Federação na reunião.

Diante da experiência adquirida com esta onda de reformas, os dirigentes solicitaram que o banco se comprometesse a definir uma estratégia para obras futuras. Mas o representante do banco se esquivou de assumir este compromisso, alegando que não pode prometer nada em situações que ainda estão por acontecer. Na base do Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis, por exemplo, ainda há duas unidades que não foram reformadas, sendo uma no centro histórico de Paraty, num prédio tombado. “Se em agências instaladas em prédios comuns, modernos, já tivemos muitos problemas com a segurança bancária durante as obras, imagine o que pode acontecer num imóvel onde há restrições para evitar a descaracterização?”, pondera Paulo de Tarso. Outra obra na base da entidade será realizada na unidade de Angra dos Reis, que era do extinto Banerj e nunca sofreu reformas de grande porte desde a compra do banco estadual.

Quanto mais informação, melhor

Os sindicatos da base da Federação devem fazer levantamento nas agências do Itaú e do extinto Unibanco que já foram reformadas para avaliar se ainda persistem os problemas. Estas informações devem ser encaminhadas através de relatório por escrito para a secretaria geral da Federação até segunda-feira, dia 28, para que sejam encaminhadas ao Itaú.
Antes da próxima mesa redonda, marcada para dia 30 de março, será marcada uma reunião preparatória na Federação. Data e horário ainda deverão ser definidos.

Fonte: Redação da Feeb RJ/ES

Diretor da Federação discute assédio moral com Ricardo Berzoini

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Sérgio Farias,membro titular da CEBB RJ, esteve com o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) para conversar sobre as medidas que o movimento sindical bancário está tomando para coibir a prática de assédio moral. O dirigente também levou ao conhecimento do parlamentar a grave situação do BB, onde a violência organizacional motivada pela cobrança de metas está cada vez mais grave. Berzoini foi contactado porque foi bancário do BB e sindicalista, sendo, portanto, sensível ao assunto. “O drama do assédio moral está se tornando uma epidemia nas empresas, e o BB precisa, urgentemente, de uma política eficaz de combate ao assédio moral e fornecer orientação pedagógica aos seus administradores. Tamanho está o assédio moral no BB, que quem o pratica também acaba sofrendo em outra ocasião”, avaliou o deputado. Berzoini se comprometeu a fazer um esforço para mobilizar os parlamentares do grupo aliado com o objetivo de levar a discussão para a Câmara.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

HSBC: PPR pra inglês ver

Mais uma vez o HSBC descontou da PLR todo o valor pago aos bancários a título de PPR, o programa próprio de participação nos resultados. A PPR funciona como recompensa pela produtividade na comercialização de produtos do banco.

 

Embora o desconto da PPR do pagamento da PLR seja previsto pela legislação, nenhum banco com programa próprio desconta. No HSBC isto é uma prática comum e sempre provoca indignação dos bancários, principalmente os do corpo gerencial. “A PLR é negociada pelos sindicatos, todos os bancários ganham. A PPR é uma recompensa por produtividade. Mas, no HSBC a PPR acaba funcionando apenas como uma antecipação da PLR. Que incentivo um bancário vai ter para se empenhar na venda de produtos, sabendo que não vai ser recompensado?”, questiona Rubens Branquinho, representante da Federação na COE do HSBC.

 

O banco já anunciou que vai publicar o balanço no próximo dia 02 e já há uma reunião ampliada da COE agendada para o dia 03. A Comissão solicitou que um especialista do banco compareça à reunião para explicar aos sindicalistas o pagamento da PLR. Todos os sindicalistas do HSBC podem participar deste encontro. Antes deste encontro, no dia 02, às 13h, haverá uma reunião preparatória na Federação para os dirigentes do banco no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. “Faz-se necessário debater com todos os funcionários, principalmente os da área gerencial, sobre a importância da PLR negociada com o movimento sindical, já que a PPR é descontada integralmente deste benefício conquistado pela categoria”, destaca Rubens Branquinho.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Sindicalistas levam reivindicações dos bancários a parlamentares em Brasília

Num encontro organizado pela Contraf/CUT, sindicalistas de vários estados se encontraram com o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) e o senador Wellington Dias (PT-AP) na última quinta-feira, 17. Inicialmente o encontro teria a participação de mais parlamentares, mas a votação do salário-mínimo, marcada para o mesmo dia, desmobilizou a reunião.


 


O objetivo do encontro foi apresentar a pauta dos bancários e sensibilizar os parlamentares para que apoiem as lutas e demandas da categoria e da classe trabalhadora como um todo. Questões como assédio moral, demissão imotivada, saúde do trabalhador, jornada de trabalho, etc. foram apresentadas aos dois parlamentares, que já foram bancários e conhecem as dificuldades dos empregados de bancos. O deputado e o senador assumiram o compromisso de marcar uma nova data e convidar seus pares a participar do encontro. “Ficou muito explícita a necessidade de nos articularmos ainda mais com nossos pares parlamentares e membros do executivo, tanto a nível nacional como estadual e municipal, para obtermos mais avanços em prol da nossa categoria. Os banqueiros sempre fizeram isso, faz parte da estratégia na disputa de classe”, avaliou Rubens Branquinho, secretário para Questões Legislativas da Federação. Os parlamentares presentes se comprometeram também a buscar apoio no Executivo, contactando os ministros que têm passagem pelo sindicalismo. “Foi um bom início de articulações, a primeira de várias outras reuniões e mobilizações conjuntas”, avalia Rubens.


 


A Federação foi representada por Rubens e também pelo secretário de Finanças, Sérgio Farias. Pela Contraf/CUT estiveram presentes Carlos Cordeiro, presidente, Marcel Barros, secretário-geral e Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro. O ex-bancário e ex-presidente da Previ, Sérgio Rosa, também esteve presente. Os vigilantes, categoria que tem lutado intensamente ao lado dos bancários em prol da melhoria da segurança bancária, foram representados por seu tesoureiro, Jervalino Bispo. A CUT foi representada por Jaci Afonso de Melo, secretário nacional de Organização e Política Sindical. O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, também esteve presente.


 

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Protesto contra terceirização constata caos na integração do Santander/Real

As dez agências do Santander em Copacabana só abriram ao meio-dia na quinta-feira, 17. O protesto foi contra o Projeto Verão, que envolve a contratação de terceirizados para operar os guichês de caixa e auxiliar os clientes no autoatendimento. Estes trabalhadores estão atuando na atividade-fim do banco, mas não têm os mesmos direitos dos bancários, como piso salarial, plano de saúde, cesta alimentação e outros.

 

Os trabalhadores que foram contratados estão tensos com o término dos contratos se aproximando. “Meu último dia está chegando e eu já estou desesperada. A partir do dia 1º de março eu estou desempregada. Não tenho nenhuma perspectiva de efetivação, eles disseram que não vão contratar ninguém por causa da integração”, relata uma temporária.

 

A contratação por tempo determinado está dentro da lei, mas a legislação exige que o temporário tenha os mesmos direitos do efetivo; que haja necessidade específica de substituição ou de acréscimo extraordinário de serviço; e que os temporários ocupem novos postos de trabalho, não substituindo empregados demitidos.

 

A paralisação contou com total apoio dos bancários e também dos clientes. “Durante a atividade, um senhor me disse que era cliente do Real há mais de trinta anos e que não estava gostando da mudança para o Santander, estava pensando em fechar sua conta. Quando explicamos a ele o motivo da paralisação, ele achou absurdo e decidiu encerrar seu relacionamento com o banco”, relata Adriano Garcia, funcionário do banco e diretor do Seeb-Rio.

 

O projeto de terceirização não foi divulgado amplamente entre os bancários e há muitos que sequer sabem que aquele novo colega no guichê ao lado não é contratado regularmente. “A maioria das agências tem carência de pessoal e ainda há os afastamentos por problemas de saúde. Com esta situação, é normal chegar um trabalhador novo e ninguém pensa que ele é terceirizado”, avalia Adriano. O dirigente ressalta, ainda, que a contratação de temporários que não são vinculados ao banco traz riscos à segurança das informações. “Todo bancário, quando é contratado, assina um documento em que se compromete a respeitar o sigilo bancário. Este trabalhador terceirizado não assina nada, não tem esse compromisso”, destaca o sindicalista.

 

Integração desastrosa

 

Nesta que foi a primeira atividade em agências do banco depois da integração, realizada no último domingo (13), os sindicalistas puderam constatar a situação caótica das unidades do extinto Banco Real. Os funcionários não conhecem bem o sistema e têm encontrado dificuldades em operá-lo. Os clientes estão confusos e insatisfeitos com o novo banco e reclamam muito. Mas as metas continuam as mesmas. “O problema foi que não tivemos o treinamento adequado. Havia madrinhas, padrinhos e monitores, funcionários do Santander nas agências do Real, para ensinar o serviço, e um manual na intranet. Mas isso não é suficiente. Mesmo assim, temos que bater as metas”, argumenta Adriano Garcia. “Ainda por cima, tem agências que não têm monitor ou padrinho, o pessoal fica batendo cabeça, tentando trabalhar, liga para outras unidades para perguntar como as coisas funcionam”, relata o sindicalista.

 

Os dirigentes sindicais também constataram a insatisfação dos correntistas. “Eu sou cliente do Real desde a época de universitária e estou achando o Santander horrível. Há algumas semanas eu pedi ao meu gerente para ampliar o meu limite e ele me atendeu. Dias depois, fui informada de que o sistema do Santander bloqueou a ampliação. Esse banco é muito ruim, o Real era bem mais flexível”, reclamou uma cliente.

 

A dificuldade com o sistema e o choque entre as culturas das duas empresas, somados à pressão dos clientes e à cobrança pelas metas, tem levado muitos bancários ao esgotamento emocional. Depois da atividade de quinta-feira, quando puderam conversar com os bancários, os sindicalistas relataram que a tensão nas agências chega a níveis inaceitáveis. “Ouvi mais de um relato de trabalhador que chegou às lágrimas, porque o estresse está altíssimo”, informa o diretor Marcos Vicente. No call center, antes chamado Disque Real, a situação é ainda mais grave. “Uma funcionária ficou tão nervosa que chegou a vomitar, ainda no Posto de Atendimento. E olha que nós, que trabalhamos neste setor, recebemos algum treinamento”, informa Fátima Guimarães, funcionária do teleatendimento e sindicalista. “Os clientes estão reclamando muito, porque estranham o novo sistema e, principalmente, por causa da demora no atendimento. Depois de ficar na espera tanto tempo, quando o cliente é atendido já está furioso e destrata o atendente.”, relata a dirigente. “Tudo está funcionando mal no call center. Até a internet está oscilando”, acrescenta Fátima.

 

A pressão no call center tem levado à desobediência da legislação, já que os empregados estão proibidos de fazer as pausas de dez minutos a cada hora trabalhada. “A fila está muito grande, tem cliente que espera mais de quarenta minutos. Por isso, os supervisores não deixam ninguém sair do PA. Quem precisa ir ao banheiro tem que esperar autorização do supervisor”, relata a Fátima. Como se não bastasse a pressão local, há a pressão remota. “Estamos sendo monitorados pelo pessoal em São Paulo. Se alguém ficar mais de dez minutos fora de seu posto, eles ligam e mandam o supervisor ir procurar pelo funcionário. Na troca de turno também há abuso, o pessoal que está encerrando seu horário só pode sair depois que os funcinários do turno que está começando estiverem logados”, completa a dirigente.

 

Mais tarifas, menos remuneração

 

Uma novidade que está irritando os clientes PJ é a cobrança pelo processamento de documentos dos malotes. No Real, o serviço era gratuito, mas, depois da fusão, o cliente que quiser a comodidade de deixar material para evitar as filas tem que pagar uma tarifa de R$ 25. “O cliente já paga tantas tarifas, ainda vai ter que pagar mais por um serviço que era gratuito. O banco tem é que contratar mais bancários para reduzir o a espera por atendimento, assim ninguém vai precisar usar o malote para ganhar tempo”, pondera Adriano Garcia.

 

O dirigente destaca que estes malotes, que, antes, iam para a Central Operacional, são agora processados na própria agência, já que a CO foi gradualmente extinta a partir da compra do Real pelo Santander. “Em algumas agências, até a contagem de dinheiro tem que ser feita manualmente, porque não há maquinas em todas. Com isso, os bancários têm que ficar além do horário para processar este material. Só que o Santander suspendeu o pagamento de horas extras. Se um funcionário tem necessidade de ficar mais tempo, o banco paga, mas isso impacta na remuneração variável”, relata o sindicalista.

 

Com tantos problemas, o nível de adoecimento dos trabalhadores deve aumentar e a base de clientes tende a diminuir. Mesmo com a realização de várias simulações, a migração dos sistemas e a integração das duas empresas tem sido um processo muito difícil. A perspectiva não é animadora, já que, ainda por cima, pode haver demissões à medida que os executivos identificarem redundâncias, principalmente nos departamentos. Sem mencionar os pedidos de desligamento de bancários que não estão suportando a pressão, o que já vem acontecendo. “Algumas pessoas não estão agüentando, tem gente saindo em licença médica. E já houve também pedidos de demissão. Esta integração está sendo desastrosa”, avalia Fátima Guimarães.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

BB discute com sindicalistas ajuda à Região Serrana

O movimento sindical bancário se reuniu na manhã desta terça-feira, 15, com Wagner de Siqueira Pinto, representante da Unidade de Desenvolvimento Sustentável, e com o comitê SOS Região Serrana, formado por funcionários voluntários do banco. O objetivo do encontro, organizado pela Gepes-Rio, foi discutir a ajuda aos bancários afetados e às cidades atingidas pelas chuvas de janeiro na região serrana. A reunião contou com representantes dos três sindicatos da Serra — Nova Friburgo, Teresópolis  e Teresópolis –, o presidente do Sindicato do Rio de Janeiro, Almir Aguiar, mais Sérgio Farias, representante da Federação na CEE/BB, Ricardo Maggi, diretor de Bancos Públicos da Federação, e Marcel Barros, secretário-geral da Contraf.

 

Os representantes dos três sindicatos da Serra –– relataram a situação dos moradores das cidades atingidas e a de muitos bancários. Mais de um sindicalista ressaltou a importância do banco disponibilizar apoio psicológico a todos os funcionários e seus familiares. “No meu bairro não houve muitos problemas, mas minha filha não dorme e eu tenho pesadelos à noite, sonho que estou sendo soterrado”, relata Dalberto Louback, Diretor de Finanças e Patrimônio do Seeb Nova Friburgo. Wagner de Siqueira Pinto, da Unidade de Desenvolvimentos Sustentável, garantiu que vai encaminhar à direção da Cassi um pedido para dar atenção especial a esta necessidade. “Mas esta ajuda não pode ser somente pontual. O estresse pós-traumático pode levar muito tempo para se manifestar. Nesse momento tão difícil um aperto de mão pode valer muito mais que qualquer ajuda financeira”, destaca Wilson José Pereira Vice-Presidente do Seeb Teresópolis. Para os bancários, o banco tem que considerar isto na hora de fazer as avaliações de desempenho. “Um funcionário que passou por este tipo de situação não pode ser avaliado pelos mesmos critérios que um, de outra região, que não viveu tamanha catástrofe”, reivindica Sérgio Farias, representante da Federação na CEE/BB, que esteve presente à reunião.

 

Metas e PLR

 

Outra preocupação dos dirigentes é com a cobrança de metas dos funcionários. “Não dá para exigir metas neste momento. A economia está arrasada, ninguém vai comprar os produtos. E os empregados não têm condições psicológicas de bater metas”, avalia Wilson. Os representantes dos trabalhadores entendem que esta medida não pode ser pontual, mas prolongar-se até que as cidades se recuperem. “O banco tem que suspender a cobrança de metas até, pelo menos, o fim deste ano. E, para 2012, as metas da região devem ser diferentes das estabelecidas para o resto do país”, reivindica Marcos André Alvarenga, funcionário do BB e diretor do Seeb Petrópolis.

 

Outra reivindicação dos sindicalistas é que o banco ajude a injetar dinheiro na economia local antecipando a PLR e o 13º. “Além de ajudar o próprio funcionário a se reerguer, ajuda os comerciantes da cidade. Mesmo que não se tenha ainda os balanços, o BB pode pagar a regra mínima. As pessoas precisam de dinheiro, e precisam agora”, ressalta Sérgio Farias.

 

Reconstrução

 

Indústrias, agricultura, comércio e turismo das cidades serranas foram afetados e o desemprego está crescendo. “Tem empresários que não sabem se vão poder manter os funcionários no mês que vem, porque a fábrica ficou arrasada”, relata Wilson Pereira. Wagner Pinto, da Unidade de Desenvolvimento Sustentável, ressalta que o banco está tomando medidas estruturantes que possam ajudar as cidades a se reerguer. “Para os clientes, temos ações como a flexibilização dos parâmetros de linhas de financiamento, carência, renegociação de dívidas, novas linhas de financiamento, já com esta carência maior, etc. para dinamizar economia local”, informa o executivo.

 

A preocupação dos sindicalistas também se volta para os pequenos negócios e para a agricultura familiar. “O banco precisa criar uma linha de microcrédito especial para atender aos microempreendedores. Muitos não têm documentos, estão na informalidade, e não são elegíveis às linhas de financiamento oficiais. Com os produtores rurais é a mesma coisa, a maioria não pode se inscrever no PRONAF por conta da informalidade, são meeiros, arrendatários. Mas todos precisam de crédito para retomar suas atividades”, argumenta Sérgio Farias, representante da Federação na Comissão de Empresa do BB. O dirigente entende que é necessária uma ação emergencial para socorrer estes empreendedores.

 

Wagner Pinto informa que, além das medidas estruturantes para ajudar na reconstrução, este também é um bom momento para estimular a legalização dos empreendimentos. E o banco também vai dar especial atenção às exigências legais relativas à ocupação do solo e preservação ambiental. “O banco já faz isso, a análise sócioambiental faz parte da avaliação do risco de crédito. A obediência à legislação ambiental – nacional e local – é prevista no sistema do banco. Situações como esta evidenciam a importância deste cuidado”, destaca o executivo.

 

Solidariedade

 

Quanto à ajuda financeira, parte dela virá dos próprios funcionários. Desde que houve a enchente em Santa Catarina, em 2008, os empregados do banco se mobilizam para socorrer os colegas em dificuldade. No Rio de Janeiro, as ligações que começaram a chegar de todo o país levaram um grupo de funcionários a se reunir e abrir uma conta para receber as doações. Foi formado, então, o Comitê SOS Região Serrana, composto por funcionários dos setores integrantes do Fórum Tático Operacional – Fotao, que reúne um grupo de departamentos do banco, mais representantes das ECOAs – Equipes de Comunicação e Autodesenvolvimento. Estes empregados estão trabalhando voluntariamente e abriram uma conta de pessoa física, com três titulares escolhidos entre eles, para receber doações em dinheiro do funcionalismo. “Tivemos doações de todo o Brasil. Agora estamos levantando as necessidades, relacionando os funcionários atingidos e do que eles estão precisando. Em seguida, faremos a compra dos móveis, eletrodomésticos e utensílios”, informa Janice Mendes, funcionária da Gepes-Rio e integrante do comitê.

 

Este modelo de organização voluntária não é novo. A ideia surgiu em 2008, quando o estado de Santa Catarina foi castigado por chuvas e inundações que deixaram um rastro de morte e destruição. No ano passado movimento semelhante aconteceu para ajudar os bancários e colaboradores do BB atingidos pelas chuvas em Alagoas e Pernambuco. Mas, ao contrário do que se imagina, o comitê do Rio está tendo menos trabalho que o de Santa Catarina, onde a tragédia teve proporções menores. “O número de funcionários nossos atingidos foi maior lá. Não só do próprio BB, mas também do BESC, que tinha acabado de ser incorporado”, informa Janice. Como o banco estadual catarinense tinha imensa capilaridade, assim como o BB, presente na maioria dos municípios do Brasil, o número de funcionários que sofreram diretamente as consequências do cataclismo foi maior.

 

A ajuda aos funcionários vem também do próprio banco, através dos adiantamentos salariais. “Estes adiantamentos são operações em que o banco não tem nenhum lucro, porque o funcionário paga em 50 vezes e sem juros”, informa Wagner. Os sindicalistas reivindicam que, em alguns casos, o adiantamento, que é pago pelo empregado, seja convertido em auxílio, já que aqueles que perderam tudo terão que recomeçar do zero. “Tem gente que vai levar duas gerações para reconquistar a casa de R$ 30 mil e o carro de R$ 2 mil. Para estas pessoas, o adiantamento não é suficiente”, destaca Wilson Pereira, de Teresópolis.

 

Muita gente precisando

 

Durante a reunião o Comitê SOS Região Serrana apresentou uma relação de nomes de funcionários que receberiam a ajuda. Mas os sindicalistas presentes informaram que havia mais bancários em dificuldades do que a relação apresentava. Ficou acordado que os sindicatos locais informariam os nomes que faltavam, com dados completos e necessidades, para que a ajuda realmente chegasse a todos. Os dirigentes sindicais da Serra aproveitaram para reivindicar que, na medida do possível, as compras dos produtos fossem feitas no comércio local, para ajudar a reerguer a economia das cidades afetadas. Embora isto possa encarecer e tornar mais complexo o trabalho, o comitê ficou de avaliar esta possibilidade.

 

Max Bezerra, presidente do Seeb Nova Friburgo, ressaltou que alguns empregados com cargos e salários mais elevados se sentiram constrangidos de receber a ajuda, já que há profissionais com remuneração menor que perderam tudo. Mas os membros do comitê ressaltaram que a ajuda não vai discriminar o poder aquisitivo de nenhum empregado. Max aproveitou para fazer uma reivindicação que revela o espírito solidário que reina até mesmo entre as vítimas da tragédia. O dirigente, que teve prejuízos materiais, reivindica que a ajuda seja, realmente, estendida a todos, porque um funcionário que pode se reerguer sozinho tem a possibilidade de passar adiante o bem recebido, ajudando a quem precisa mais do que ele.

 

Batismo de fogo

 

Na reunião de dezembro de 2010 o Conselho Diretor do BB definiu a sistematização de um programa para enfrentamento de calamidades. A experiência com as catástrofes de Santa Catarina, em 2008, e Alagoas/Pernambuco, em 2010, evidenciou a necessidade do banco estar preparado para lidar com situações emergenciais. “Algumas coisas já vinham sendo feitas, mas faltava o arranjo orgânico”, esclarece Wagner Pinto. Mas ninguém esperava que, logo na primeira quinzena de janeiro deste ano, o plano já teria que ser posto em prática.

 

Mas ninguém foi pego desprevenido. “Não dá para prever as necessidades específicas de cada comunidade. O que temos é uma infraestrutura de gestão, com um conjunto básico de ações e a definição de quem é responsável por cada uma. Nas situações básicas já há soluções definidas, o processo já pode ser deflagrado”, informa Wagner.

 

Uma das ações emergenciais é a antecipação do Projeto Voluntariado, que acontece anualmente. “Normalmente, o programa começa a ser planejado no início do segundo semestre, para ser aplicado perto de dezembro. Este ano, antecipamos para março”, informa o executivo. O projeto consiste no apoio financeiro a ações de ajuda realizadas pelos funcionários voluntários. “Os recursos para este ano somam R$ 3 milhões, sendo R$ 2 milhões do banco e R$ 1 milhão da Fundação Banco do Brasil. Parte deste montante será aplicado, agora em março, para atender à Região Serrana do Rio de Janeiro”, adianta Wagner Pinto.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Sindicato de Niterói comemora bom desempenho na Internet

O Sindicato dos Bancários de Niterói comemora o sucesso conquistado no mundo virtual. Os gráficos do Google Analytics, ferramenta que permite verificar o desempenho do site entre os internautas, mostram que tem havido crescimento constante no número de visitantes. Em janeiro de 2011 foi registrado um aumento de 63,21% em relação aos trinta dias anteriores. Neste primeiro mês do ano, o site atingiu o pico de 400 acessos – a entidade tem pouco menos de dois mil filiados pagantes – e somente 0,41% dos visitantes saem da página sem clicar em nenhum link. Pelos gráficos do Google Analytics também é possível verificar que o site é mais acessado à noite, entre 21h e 22h, quando os bancários já estão em casa.


 


O acesso às informações na web cresce entre os usuários de celulares do tipo smartphone, com um aumento de 60%. Nas redes sociais o desempenho também é excelente, com o Twitter líder no Brasil na proporção filiados/seguidores: apesar de ocupar o segundo lugar em número de seguidores, atrás do Sindicato de São Paulo, o Seeb Niterói atinge 14,76% dos sindicalizados, com um seguidor para cada 6,77 bancários.


 


O sindicato dos bancários de Niterói intensificou sua presença na web a partir de 2009, passando a disponibilizar informações nas redes sociais. O website já existia, mas a entidade passou a fazer uma comunicação mais direcionada, usando não só a Internet, mas também o telefone: bancários que cadastraram os números de seus celulares passaram a receber informações via mensagem de texto SMS. O uso de ferramentas como Orkut, YouTube, Twitter e as galerias de fotos do Picasa passaram a levar notícias do sindicato de uma forma mais dinâmica até os trabalhadores.


 


A iniciativa teve como embasamento uma pesquisa realizada em maio de 2009. Um questionário encartado no jornal do sindicato perguntou aos bancários sobre seus hábitos online. As páginas e canais do Seeb nos sites já estavam em uso e sua eficiência foi confirmada pela pesquisa. Com o passar do tempo a Secretaria de Imprensa da entidade foi modificando o peso de cada ferramenta de acordo com a mudança dos hábitos médios de internet do brasileiro, já que o perfil dos usuários bancários estava dentro da média.


 


Hoje, as notícias das atividades realizadas pelo Sindicato dos Bancários de Niterói saem primeiro no Twitter, depois no site e, somente num terceiro momento, na Tribuna Bancária, o boletim impresso da entidade.


 


Os resultados desta análise do Google devem ser usados para nortear a atuação dos sindicalistas no relacionamento com os bancários. Os trabalhadores poderão ser estimulados a buscar detalhes sobre as atividades e decisões importantes na Internet, a oferecer sugestões e também a se filiarem ao sindicato sem precisar ir até a sede.

Fonte: Da Redação Feeb RJ/ES

Grameen, o banco para pobres,abrirá filial no Brasil

 

 
Valor Econômico
Ana Paula Ragazzi

Depois de dois anos de olho no Brasil, o Grameen Bank anuncia hoje o início de seu processo de implantação no país. Fundado há 35 anos em Bangladesh pelo professor de economia Muhammad Yunus, o banco estabeleceu um programa de microcrédito para aquele país que foi replicado pelo mundo. Com o trabalho realizado no Grameen Bank, Yunus, já mundialmente conhecido como o banqueiro dos pobres, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2006.

O modelo do Grameen é emprestar quantias pequenas para pessoas que vivem na pobreza e estimulá-las a criar uma espécie de autoemprego. Em Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, as atividades relacionadas ao campo predominam.

“Não fazemos caridade. A pessoa pega o empréstimo e tem que pagar por ele, com juros, inclusive”, afirma H. I. Latifee, diretor-gerente do Grameen Trust, empresa-irmã do Grameen Bank. Ele está no Brasil, com Tamim Islam, diretor de desenvolvimento. Vieram assinar um empréstimo de US$ 6 milhões contraído de um banco doméstico, cujo nome e condições devem ser conhecidos hoje. A partir daí iniciam-se os trabalhos para estabelecer o Grameen no Brasil.

Os empréstimos concedidos pelo Grameen Bank deverão ser, em média, de US$ 200, seguindo modelo já adotado em outros países da América do Sul. Os juros cobrados ao ano vão variar de 20% a 25%. A cada semana, quem tomou os empréstimo deve prestar contas de suas atividades, pagar juros e direcionar um outro pedaço para a poupança.

Latifee está ao lado de Yunus desde o começo do negócio. A filosofia do banco de Bangladesh é “disciplina, união, coragem e trabalho duro”, o que faz com que população do país consiga melhorar seu padrão de vida. “Acreditamos no potencial das pessoas. Em nossa visão, se dermos as condições, elas vão ter iniciativas e ideias para melhorar suas vidas”, diz. “Se os mais pobres conseguirem o acesso ao capital, irão fazer o seu melhor. Mas precisam de alguém que confie neles e lhes dê a oportunidade para mostrar que podem e manter a esperança no futuro.”

O Grameen, portanto, foca os menos favorecidos, mas, como qualquer outro banco, foi criado para dar lucro – que é reinvestido no próprio negócio para alimentar a concessão de empréstimos. “O nosso verdadeiro lucro é o impacto social que causamos. É melhorar a vida das pessoas.”

O Grameen vai chegar ao Brasil, inicialmente, controlando uma sociedade de crédito ao microempreendedor (SCM), que precisará de autorização do Banco Central e um decreto presidencial para começar a funcionar, o que pode levar até seis meses. O mesmo modelo de sucesso em Bangladesh será replicado por aqui. O Brasil um dos poucos países da América do Sul em que o banco ainda não iniciou as operações. Latifee diz que não sabe dizer exatamente por quê. “Temos uma imagem do Brasil como um país rico, que está crescendo muito. Mas sabemos dos problemas de distribuição de renda”, conta.

Ele reconhece que um fator decisivo para a vinda do banco ao país foi o envolvimento da advogada Marina Procknor, 33, sócia do escritório Mattos Filho, com 15 anos de experiência com o mercado financeiro. Em outubro do ano passado, Marina passou três semanas em Bangladesh estagiando no Grameen. E de lá acertou que o Mattos Filho seria o escritório do banco no Brasil. A associação foi estabelecida dentro do programa de “pro bono” (sem remuneração) do escritório brasileiro. “Marina mostrou ser uma pessoa muito comprometida a nos ajudar a auxiliar os mais pobres”, diz Latifee.

Agora, os executivos d e Bangladesh vão estudar com dedicação o Brasil para definir os critérios do banco por aqui, mas eles deverão seguir os moldes de programas já implementados na Colômbia, México ou Argentina, daí a estimativa de que os empréstimos por aqui serão da ordem de US$ 200. “A lógica é que a pessoa passe a ter noção de seu fluxo de caixa e aprenda a lidar com as finanças”, diz Marina. Ela explica que o Grameen quer chegar às pessoas que hoje não são atendidas pelos bancos no país. Elas podem começar com alguma atividade simples, por exemplo uma mulher que inicie uma produção caseira de doces.

“À medida que for aprendendo a lidar com o dinheiro, pode contrair empréstimos maiores, até conseguir montar seu próprio negócio”, diz a advogada.

Quando já tiverem melhorado o padrão de vida, a ideia é que saiam da carteira do Grameen e passem a ser atendidos pelos bancos de varejo tradicionais.

Um executivo virá de Bangladesh para a gestão das operações por aqui. Também haverá treinamento para os agentes de campo, que entrarão em contato com os clientes e serão brasileiros. Um conselho de administração será formado. Latifee não faz previsões para o início das operações. “Começarão assim que for possível.” Ele diz que está entusiasmado com o Brasil, assim como com outros lugares do mundo – ele divide suas viagens internacionais entre os 40 países onde o Grameen já está e aqueles em que pode ingressar. “Nós podemos ter sucesso em qualquer lugar em que exista a pobreza”, conta.

Provavelmente, as atividades no país se iniciarão no Sudeste. Depois de viabilizar a ideia, a intenção é espalhá-la pelo país, até que a operação ganhe volume e o Grameen funcione aqui também como um banco.

A maior parte dos clientes do bancos pelo mundo é formada por mulheres, 97%. Segundo Latifee, a experiência mostra que, nas camadas mais pobres, as mulheres têm menos acesso a financiamentos do que os homens. “Quando elas conseguem esse empréstimo, se dedicam muito para aproveitar a oportunidade e manter essa linha aberta e contínua”, diz, acrescentando que a mulher tende a ser mais preocupada com o futuro, especialmente o dos filhos.

Fonte: Valor Econômico