LIXÕES do BRASIL

Por Delfina Sampaio de Oliveira Silva*


CONCEITO DE LIXO:

Lixo é todo e qualquer resíduo proveniente das atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações urbanas. Comumente, é definido como aquilo que ninguém quer. Porém, precisamos reciclar este conceito, deixando de enxergá-lo como uma coisa suja e inútil em sua totalidade.

A imagem mental que se forma quando pensamos em lixo é de algo sujo,mal cheiroso e cheio de bichos. O primeiro instinto é nos afastar dessa situação. E é interessante como transferimos esse conceito para as pessoas que lidam com o lixo: o funcionário da limpeza pública, os catadores de papel, as pessoas que vivem nos lixões…

Mudar esse conceito e mostrar a responsabilidade de cada um na geração e destinação do lixo é uma tarefa delicada. Afinal, o nosso único sentimento em relação ao lixo é querer nos ver livre dele o mais rápido possível.

Um dos caminhos por onde começar é através da informação. O conhecimento pode nos levar à reflexão e, a reflexão, à mudança de atitude. Assim, convidamos você para vir conosco saber um pouco mais sobre o lixo!


CONCEITOS DE LIXO ATRAVÉS DA HISTÓRIA

Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos.
A partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas.

O homem passou a viver então a era dos descartáveis em que a maior  parte dos produtos ? desde guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores são inutilizados e jogados fora com enorme rapidez.

Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas.  A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas regiões menos desenvolvidas.

Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias das cidades.

A questão é: o que fazer com tanto lixo?

Felizmente, o homem tem a seu favor várias soluções para dispor de forma correta, sem acarretar prejuízos ao ambiente e à saúde pública. O ideal, no entanto, seria que todos nós evitássemos o acúmulo de detritos, diminuindo o desperdício de materiais e o consumo excessivo de embalagens.

Nos últimos anos, nota-se uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos jogados no lixo para fabricação de novos objetos, através dos processos de reciclagem, o que representa economia de matéria prima e de energia fornecidas pela natureza.

Assim, o conceito de lixo tende a ser modificado, podendo ser entendido como “coisas que podem ser úteis e aproveitáveis pelo homem”.



Para determinar a melhor tecnologia para tratamento, aproveitamento ou destinação final do lixo é
necessário conhecer a sua classificação.

Lixo urbano.

Formado por resíduos sólidos em áreas urbana, inclua-se aos resíduos domésticos, os efluentes industriais domiciliares (pequenas industria de fundo de quintal) e resíduos comerciais.

Lixo domiciliar.

Formado pelos resíduos sólidos de atividades residenciais, contém muita quantidade
de matéria orgânica, plástico, lata, vidro.

Lixo comercial.

Formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais Composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos.

Lixo público.

Formado por resíduos sólidos produto de limpeza pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvores).

Lixo especial.

Formado por resíduos geralmente industriais, merece tratamento, manipulação e transporte especial, são eles, pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou venenos.

Lixo industrial.

Nem todos os resíduos produzidos por industria, podem ser designados como lixo industrial. Algumas industrias, do meio urbano, produzem resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais poderão ser enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.

Lixo de serviço de saúde.

Os serviços hospitalares, ambulatorias, farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos, resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patógenos ou vetores de doenças, devem ser destinados à incineração.

Lixo atômico.

Produto resultante da queima do combustível nuclear, composto de urânio enriquecido com isótopo atômico 235. A elevada radioatividade constitui um grave perigo à saúde da população , por isso deve ser enterrado em local próprio, inacessível.

Lixo espacial.

Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas anti-satélites.

Lixo radioativo.

Resíduo tóxico e venenoso formado por substâncias radioativas resultantes do funcionamento de reatores nucleares. Como não há um lugar seguro para armazenar esse lixo radioativo, a alternativa
recomendada pelos cientistas foi colocá-lo em tambores ou recipientes de concreto impermeáveis e a prova de radiação, e enterrados em terrenos estáveis, no subsolo.


LIXÕES NO  BRASIL

Mesmo tendo conhecimento dos diversos tipos de lixo e de sua complexidade em relação à contaminação, o lixo, em geral, ainda é tratado com descaso pelos órgãos públicos, sendo alijado  às periferias das metrópoles em forma de  lixões:fonte de vetores que disseminam doença à população, sem contar a contaminação dos solos que pode  alcançar o lençol freático, contaminando as águas.

Este não é um problema só de pequenos municípios, grandes metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte apresentam as duas opções: aterro sanitário e lixões. A produção excessiva de lixo é uma das doenças de consumo do século atual. Uma das formas de combater este problema é basicamente iniciar a Educação Ambiental desde a pré-escola, criando multiplicadores por todo planeta. Afinal o Planeta é de todos e deve ser conservado por todos…

Do livro “Lixo – De onde vem? Para onde vai?”
de Francisco Luiz Rodrigues e Vilma Maria Gravinatto –
Ed. Moderna


 


* Geógrafa,Especialista em Educação Ambiental


Fonte: Bancários RJES

Saúde – Não é o que parece

Confira algumas das informações erradas sempre repetidas pelos pacientes em dez áreas diferentes


Dizer que as aparências enganam é lugar-comum, mas, tal como a frase feita, muitas afirmações que parecem refletir o bom senso não passam de ilusão. Sabe o sorvete que você acha que causou a sua gripe? Não foi ele. Aquela espinha em seu rosto também não tem nada a ver com chocolate. E, se você se sentiu culpado depois de comer esses doces e pretende perder a barriga fazendo abdominais, esqueça. Essas são apenas algumas das idéias erradas que os médicos costumam ouvir em seus consultórios. A Folha pediu a especialistas de dez áreas que selecionassem 30 enganos recorrentes. Confira, a seguir, a verdade sobre eles:


NUTRIÇÃO


COMER MASSA À NOITE ENGORDA MAIS
Basicamente, o que engorda é ingerir mais calorias do que as que são gastas. Há, realmente, diferenças na forma com que as várias fontes de energia são metabolizadas, mas o que conta é a quantidade e o balanceamento adequado ao longo do dia, e não a hora exata do consumo de determinado alimento.
Carboidratos, como massas, favorecem a produção de insulina, o que facilita a deposição de gorduras, mas, se forem combinados, em porções adequadas, com verduras e uma fonte de proteína, esse efeito praticamente desaparece.


O AÇÚCAR MASCAVO É MAIS SAUDÁVEL QUE O AÇÚCAR BRANCO
O açúcar mascavo passa por menos etapas no refinamento, mas tem o mesmo valor calórico e o mesmo índice glicêmico que o açúcar branco. Também é metabolizado da mesma forma pelo organismo. Por não se dissolver tão facilmente, muitas vezes o açúcar mascavo é acrescentado em quantidades maiores, o que é uma desvantagem.


PESSOAS MAGRAS NÃO PRECISAM SE PREOCUPAR COM O COLESTEROL
A hipercolesterolemia (quantidade elevada de colesterol no sangue) não significa necessariamente excesso de gordura na massa corpórea. O distúrbio, um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, pode ter causa genética e se
manifestar mesmo em pessoas com peso considerado normal. Também pode ocorrer em pessoas que, por questões orgânicas, dissipam energia mais facilmente, armazenam menos gorduras no corpo etc. e por isso não engordam, mas consomem grandes quantidades de gorduras saturadas ou trans -que se transformam em colesterol “ruim” (LDL), que adere às artérias, formando as placas de gordura.


FITNESS


EXERCÍCIOS ABDOMINAIS DIMINUEM A GORDURA DA CINTURA E DA BARRIGA
A idéia de que é possível escolher a área do corpo que vai emagrecer com a realização de determinada atividade física não faz sentido. O que emagrece é o gasto calórico produzido pelo exercício. Uma série de 20 flexões gasta menos calorias do que um minuto de caminhada. O exercício pode deixar a musculatura abdominal mais forte e definida, mas não é a forma de queimar gordura na barriga.


FAZER ALONGAMENTO DEIXA A PESSOA MAIS ALTA
O alongamento pode aumentar a flexibilidade e a elasticidade do segmento corporal que for alongado e, quando feito sistematicamente, ajuda a prevenir lesões de esporte. Mas não aumenta um centímetro na altura das pessoas. Eventualmente, pode melhorar a postura, o que dá a impressão de que a pessoa ficou mais alta, mas só alongar não é o suficiente para atingir uma correção postural completa e duradoura.


PRATICAR EXERCÍCIO SÓ UMA VEZ POR SEMANA NÃO TRAZ BENEFÍCIOS
Boa notícia para os atletas de fim de semana: embora não seja o ideal, isso pode trazer benefícios para o corpo e para a saúde mental. Os resultados da atividade física dependem de três variáveis: intensidade, duração e freqüência. Se a freqüência é baixa, mas a intensidade e a duração são adequadas, vale a pena, principalmente se o praticante tomar cuidado para não se machucar durante a prática.


GINECOLOGIA


USAR PRESERVATIVO PROTEGE DA INFECÇÃO POR HPV
O preservativo é uma boa prevenção para várias DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) , das quais a infecção por HPV faz parte. Mas, infelizmente, no caso específico desse vírus, a prevenção oferecida pela camisinha é muito pequena para que a pessoa possa se considerar protegida. O vírus HPV pode estar em qualquer parte da área genital, não necessariamente no
pênis, e basta o contato para sua transmissão. Atualmente, a proteção considerada mais eficaz é a vacina contra HPV.


TOMAR ANTIDEPRESSIVOS E ANSIOLÍTICOS NO INÍCIO DA GRAVIDEZ PODE CAUSAR MALFORMAÇÕES NO FETO
Durante a gestação, o uso de qualquer tipo de medicamento deve ser avaliado pelo médico. Mas não há nenhuma evidência científica relacionando o uso de antidepressivos ou ansiolíticos a malformações fetais. Mesmo no início da gravidez, época considerada mais crítica para a formação do bebê, a possibilidade de esses remédios levarem a malformações é remota.


DURANTE A GRAVIDEZ, É OBRIGATÓRIO FAZER UMA CONSULTA POR MÊS
O acompanhamento pré-natal com consultas mensais pode dar segurança à gestante e favorecer o vínculo com o médico. Mas, estritamente do ponto de vista da saúde da mãe e do bebê, oferece tantas garantias quanto quatro consultas feitas em épocas específicas da gravidez se esta for de baixo risco (85% o são). O Grupo de Investigações do Estudo de Controle Pré-Natal da OMS (Organização Mundial da Saúde) considera ideal a realização de quatro consultas no pré-natal feitas
na 16ª semana de gestação, entre a 24ª e a 28ª, na 32ª semana e entre a 36ª e 38ª.


DERMATOLOGIA


CORTAR AS PONTAS DOS CABELOS OS FAZEM CRESCER MAIS RÁPIDO
Cortar as pontas até deixa as madeixas menos quebradiças, mas não influencia em nada no crescimento delas, que ocorre na raiz. Hormônios, idade e questões nutricionais são alguns fatores que influem na velocidade do crescimento dos cabelos.


CASPA É CONTAGIOSA
Como muitos xampus que combatem a caspa têm ação antifúngica, fica a impressão de que o problema é causado por um fungo e que, assim, poderia ser transmitido de uma pessoa para a outra. Só que a caspa não é causada por microorganismos. Trata-se, na verdade, de uma disritmia do couro cabeludo que ocorre em quem tem predisposição e pode ser piorada por
alguns estímulos, como mudanças de temperatura, produtos químicos ou estresse. Os fungos são apenas um fator complicador: a partir do momento em que a caspa está instalada, ocorre um maior acúmulo dos fungos que já existem na nossa flora, o que pode irritar a pele e aumentar o problema. Mas eles não “transmitem caspa”.


CHOCOLATE CAUSA ACNE
Como a acne decorre do excesso de gordura nas glândulas sebáceas, há quem pense que alimentos gordurosos aumentariam a presença de cravos e espinhas. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. A gordura do chocolate vai para o sangue, e não para a glândula sebácea da pele. Alimentos com alto índice glicêmico (muito açucarados, por exemplo), esses sim, quando consumidos em excesso, podem piorar a acne, já que, indiretamente, aumentam os níveis do hormônio masculino no organismo, o que intensifica o funcionamento das glândulas sebáceas.


GASTROENTEROLOGIA


COMER EM PÉ FAZ MAL
O ato de comer em pé em si não faz mal. O que atrapalha a digestão é a tensão e o estresse que geralmente acompanham esse costume. É importante fazer as refeições com tranqüilidade, seja em pé ou sentado.


CAFÉ FAZ MAL PARA O ESTÔMAGO
Tomar café com moderação -de duas a três xícaras por dia- não faz mal a quem não tem nenhum problema no estômago. Há estudos que mostram, inclusive, que a bebida pode melhorar o processo de esvaziamento do órgão, favorecendo a digestão. O café só pode fazer mal a quem tem doenças como refluxo e gastrite -e, mesmo assim, não provoca esses problemas, apenas pode aumentar os sintomas em quem já é doente. Além disso, muitas vezes o culpado nem é a bebida, mas o excesso de açúcar usado para adoçá-la.


DOENÇAS DO FÍGADO CAUSAM AFTA E MAU HÁLITO
O fígado é culpado por muitos problemas injustamente. O gosto amargo sentido por algumas pessoas com mau hálito, por exemplo, pode dar a sensação de que o responsável é esse órgão. Mas isso raramente acontece. Geralmente, a origem está na própria boca. As doenças do fígado, aliás, costumam provocar poucos ou nenhum sintoma e apenas eventualmente atingem o aparelho
digestivo.


PEDIATRIA


ALGUMAS MÃES TÊM LEITE FRACO E O BEBÊ FICA COM FOME
Não existe leite materno mais ou menos “fraco”. Ele é sempre adequado às necessidades do lactente, inclusive mudando a sua composição conforme o bebê vai crescendo. O leite materno parece mais “ralo” e é mais translúcido do que o leite de vaca porque contém menos proteínas, mas é o único que possui todas as substâncias necessárias para o desenvolvimento da criança, na forma que ela pode digerir.


CRIANÇAS ENTRE CINCO E SEIS ANOS QUE NÃO ENGORDAM PRECISAM SER ESTIMULADAS A COMER MAIS
Na faixa etária entre cinco e seis anos, há uma desaceleração natural do crescimento e do ganho de peso. Isso é previsível e considerado absolutamente normal pelos médicos. Nessa fase, é importantíssimo respeitar o apetite e a saciedade da criança, para que ela possa desenvolver bons hábitos alimentares e corra menos risco de ter sobrepeso ou se tornar obesa.


REMÉDIOS “NATURAIS” SÃO MAIS INDICADOS PARA CRIANÇAS PORQUE NÃO TÊM EFEITOS COLATERAIS
Todo remédio que funciona tem efeito colateral. Medicamentos à base de plantas, considerados “naturais”, ou drogas sintetizadas em laboratórios têm sempre um princípio ativo que leva ao efeito desejado em determinada dose. Essa não costuma ser a dosagem contida naturalmente em um vegetal. Se for menor do que a necessária para surtir efeito, pode contribuir para o agravamento da doença; se a dose for maior, aumenta a probabilidade de ocorrerem efeitos colaterais.


OFTALMOLOGIA


VER TV MUITO DE PERTO PREJUDICA OS OLHOS
Muitos pais ficam preocupados quando vêem que seus filhos estão assistindo à TV muito de perto e tentam afastá-los por acharem que isso causará prejuízo para a visão. Na verdade, o que ocorre é o inverso. Crianças que ficam muito próximas da TV o fazem, normalmente, por já possuírem alguma deficiência visual -daí a necessidade de ficar a curta distância.


LER EM UM VEÍCULO EM MOVIMENTO PROVOCA DESCOLAMENTO DE RETINA
O descolamento de retina nunca é provocado pelo ato da leitura ou por um veículo em movimento nem pelos dois simultaneamente. Trata-se, na verdade, de um problema que ocorre por um trauma sobre os olhos ou, na maioria
dos casos, de forma espontânea, devido a uma doença da própria retina chamada degeneração periférica.


ÁGUA COM SAL COMBATE CONJUNTIVITE
A conjuntivite é uma doença inflamatória da conjuntiva (membrana que reveste internamente as pálpebras), que pode ser causada por bactéria, vírus e alergias irritativas -a produtos químicos, por exemplo. A utilização de água com sal costuma deixar os olhos ainda mais vermelhos.


OTORRINOLARINGOLOGIA


QUANDO O NARIZ SANGRA, É PRECISO FICAR COM A CABEÇA PARA O ALTO
Quando ocorre um sangramento do nariz, a reação quase instintiva é levantar o queixo e inclinar a cabeça para trás, para não deixar o sangue escorrer. Nessa posição, o sangue escorre do nariz em direção à garganta e pode, eventualmente, descer para o pulmão. A recomendação em caso de sangramento é abaixar a cabeça e, ao mesmo tempo, pressionar as narinas com o
indicador e o polegar para estancar o sangue.


TOMAR SORVETE NO INVERNO CAUSA GRIPE E DOR DE GARGANTA
O que causa a gripe e a maioria das doenças de garganta são vírus. No inverno, fatores como poluição, baixa umidade e aglomerações em locais fechados fazem com que alguns vírus se propaguem mais facilmente, aumentando a incidência dessas doenças. A aparente relação entre tomar algo gelado e contrair a infecção ocorre porque a oscilação térmica pode propiciar
pequenas alterações nos mecanismos de defesa do organismo, abrindo as portas para a contaminação, mas nunca é a causa delas.


EXCESSO DE CERA É PREJUDICIAL AO OUVIDO
A cera produzida no ouvido tem substâncias bactericidas e protege as áreas internas do órgão da umidade. Não há indicação de que precise ser retirada regularmente. Se não provoca incômodo, zumbido, dor ou dificuldade de audição, não há por que removê-la.


UROLOGIA


O PÊNIS TEM QUE SER GRANDE PARA DAR PRAZER À MULHER
Em geral, a insatisfação com o tamanho do pênis é injustificada. A vagina é elástica e sua área mais sensível fica no terço inferior, ou seja, não é preciso ter um pênis muito grande para que a parceira tenha prazer. O tamanho médio do órgão no brasileiro vai de 7 cm a 11 cm quando flácido e de 8 cm a 17 cm quando ereto. O comprimento do órgão só é considerado
problemático quando mede cerca de 4 cm em flacidez e 7,5 cm em ereção (micropênis).


TODO IDOSO TEM INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Muita gente considera a perda involuntária de urina um fato típico da velhice. Mas a incontinência não deve ser encarada como algo natural: é doença e tem tratamento. Nos homens, geralmente o problema ocorre naqueles que passaram por cirurgia contra câncer de próstata. Nas mulheres, as causas são variadas: aquelas que tiveram muitos partos desassistidos ficam
mais suscetíveis. Fazer rotineiramente exames de próstata, no caso dos homens, e avaliação urológica, no caso das mulheres, ajuda a prevenir o problema. Para quem já apresenta os sintomas, cirurgia ou fisioterapia oferecem grande chance de melhora.


VASECTOMIA CAUSA IMPOTÊNCIA
O procedimento consiste apenas na ligação dos canais que transportam o espermatozóide e não influencia em nada a potência ou o desejo sexual. O homem que passou por vasectomia continua ejaculando normalmente, só que o líquido seminal liberado não possui espermatozóides -a diferença no volume do sêmen não é perceptível.


ODONTOLOGIA


MAÇÃ LIMPA OS DENTES
Não há nenhuma substância na maçã que higienize os dentes. Para colocar essa crença popular à prova, um dentista chamado Sumter Smith Arnim fez, em 1965, uma experiência simples: passou soluções com corantes nos dentes de voluntários e pediu que mordessem uma maçã. Como os dentes continuaram coloridos, o mito foi derrubado.


GRÁVIDAS TÊM MAIS CÁRIES
Há quem diga que a gestante perde o cálcio dos dentes para formar as estruturas mineralizadas do bebê e que por isso ela fica mais desprotegida e propensa a cáries. Mentira: o cálcio que vai para o bebê provém dos alimentos que a mãe ingere, e não de seus dentes. O que ocorre na gravidez é que, por questões hormonais, as mulheres podem ficar mais suscetíveis a apresentar inflamação na gengiva -o que é conhecido como gengivite gravídica. Esse problema pode ser facilmente evitado com uma boa higienização bucal, que não é diferente da recomendada para qualquer outra pessoa.


ALIMENTOS QUENTES OU GELADOS CAUSAM DOR DE DENTE
Se o dente dói quando entra em contato com algum alimento frio ou quente, provavelmente é porque é hora de ir ao dentista. Os dentes possuem sensores de frio e calor que permitem suportar as temperaturas dos alimentos que normalmente ingerimos (uma xícara de café, um sorvete, um refrigerante etc). Quem sente dor nesses casos pode ter hipersensibilidade dentinária,
problema que deixa uma parte do dente -a dentina- exposta.


Fontes: DENISE STEINER, coordenadora do departamento de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia
FABIO DE REZENDE PINNA, otorrinolaringologi sta da Associação Brasileira de Otorrinolaringologi a e do grupo de rinologia do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo)
ISABEL REY MADEIRA, presidente do departamento de pediatria ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria e professora de pediatria da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
IVAN CECONELLO, professor titular das disciplinas do aparelho digestivo e de coloproctologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente do 34º Gastrão (Curso de Atualização em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia)
LUCIANO FAVORITO, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Uerj
MARIANA DEL BOSCO, nutricionista da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica) e da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da USP
ROBERTO VIANNA, consultor da Associação Brasileira de Odontologia e professor da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro)
TURÍBIO LEITE DE BARROS, professor do departamento de fisiologia da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo)
WAGNER GHIRELLI, oftalmologista, chefe do setor de doenças da retina do Instituto Tadeu Cvintal
WLADIMIR TABORDA, ginecologista, consultor do Hospital e Maternidade São Camilo e autor de “A Bíblia da Gravidez” (ed. CMS)

Fonte: FSP – Quinta-feira, 12 de julho de 2007 – Flávia Mantovani/Iara Biderman

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA

Segunda – feira, 18 de junho

Hoje acordei cedo, porque, na sexta, um evento da ONG Raízes em Movimento , qua ajudei a organizar, foi cancelado por causa da violência no morro.  Era uma sessão de cinema ao ar livre, com curtas feitos por alunos de projetos sociais. Quando deu  11:30 , almocei e fui para a escola. As aulas não  foram canceladas, pois a escola fica em Higienópolis, a uns 30 minutos de ônibus da minha casa. Mas não foi quase ninguém na aula. Saí por volta das 18:30 m. À noite é sempre pior. Com as lâmpadas quebradas pelos tiros , fica muito escuro. Cheguei em casa. Logo depois entrei na internet e um colega disse que a casa dele foi atingida por estilhaço de bomba. disse para ele que isso não é nada comparado com a minha casa, que está toda furada. A casa da frente está até pior. Não dá nem pra contar os buracos. Na minha, você até conta. Depois, fui dormir.

Terça- feira, 19 de junho

Estudei numa boa e, às 18:10m, vim para casa. Chegando, escutei o primeiro tiro. Não fiquei muito apavorado. Isso está cada vez mais comum no Alemão. Mais tarde um pouquinho, por volta das 20:30m , fui jogar bola. Lá pelas 22h, quando estava voltando, escutei muitos tiros e não vim logo para casa. Aguardei um pouco fora da favela, e liguei para minha mãe para saber se já podia entrar. “Mãe, como tá aí? Ouvi muitos tiros, não quero entrar agora” falei. Ela: ” Agora acalmou, vem com cuidado”. Quando estava entrando na favela, um policial ficou me olhando e perguntou o que eu ia fazer aqui dentro. Eu respondi que estava indo para casa. Foi só chegar em casa pra começarem os tiros de novo. Eram muitos e, quando isso acontece, desce todo mundo para um corredor


no primeiro andar. Então ficaram umas dez pessoas juntas, no corredor, esperando o tiroteio parar. Vi que não dá para jogar bola à noite.

Quarta-feira, 20 de junho

Hoje quando descia para meu futebol, um soldado da Força Nacional de Segurança estava revistando um cara e ficou me olhando. Ele perguntou para onde eu ia. Respondi. Aí ele me perguntou se era para o futebol mesmo ou se eu tinha vindo comprar bagulho. Eu não disse nada e ele me liberou. Na volta , ele me perguntou de novo se estava atrás de drogas. Disse pra ele que a minha mãe estava na janela me olhando. Ele viu minha mãe e ficou sem graça. Até pediu desculpas. De noite, umas 20h, pouco antes do jantar, escutei um estouro muito alto e o som de viro estilhaçando. Fiquei apavorado. Era a janela da sala da mnha avó, quebrada maius uma vez por uma bomba.

Quinta-feira, 21 de junho

Não acordei legal. Estou resfriado e escutei muitos tiros de noite.Pelo menos não era perto da minha casa. Quando tem muito tiro do lado de casa, a gente bota um colchão no meu quarto e dormimos os quatro, meio que se agarrando para se proteger.

Sexta-feira, 22 de junho

Dormi bem, porque não ouvi tiros durante  a noite.  No fim da tarde, fui pra casa  da minha namorada. Estou namorando há dois anos e a gente até já fala em se casar. Apesar de todos os tiroteios, eu não quero sair do Alemão.Lembro de quando morar nesta área não era tão perigoso. Mas minha namorada quer sair. Porque ela fica nervosa com os tiros. Por isso, talvez eu aceite sair do morro, mesmo que seja para morar por perto. Quero ter filhos e sei que grávidas não podem ficar nervosas.

Sábado, 23 de junho

Passei  a tarde na casa da minha namorada e voltei de noite.  Fiquei um pouco na internet e, umas 20 h, ouvi vários disparops perto da minha casa. Tratei de colocar  meu fone de ouvido e fui dormir com música nas alturas. Acho que, por causa de tantos tiroteios, me acostumei a dormir desse jeito. Coloco músicas de bandas como Crred, Red Hot Chili Peppers, Forfun, Charlie Brown Jr…


Hoje em dia, durmo assim mesmo quando não tem disparos.

Domingo, 24 de junho

Hoje teve chuirrasco de aniversário do meu tio. A gente botou o vídeo game do lado de fora da casa e ficou toda a família jogando. Ninguém nem falou de violência, ocupação ou coisas do tipo. Foi um dia de paz no morro. Algo muito raro, quase impossível nos dias de hoje.

Trechos do diário de um morador do Morro do Alemão, Maycom Brum, 19 anos, feito a pedido da Revista Megazine (O Globo)

Fonte: Bancariosrjes

10 DE JULHO – DIA DA SAÚDE OCULAR – Exercícios para reduzir deficiências visuais

O terapeuta americano Meier Scheneider criou um método próprio e eficaz de exercícios para reduzir deficiências visuais, como a miopia, glaucoma e catarata. Conhecido como self-healing, o tratamento reúne exercícios de respiração da ioga, massagens, movimentos ativos e passivos da musculatura dos olhos e visualizações.

 

O método de “self-healing” comprovou que os olhos não focalizam apenas pela acomodação das lentes do cristalino. As pesquisas indicam que, além dos músculos ciliares, os músculos ex-ternos do globo ocular também são importantes no ato de ver, mudando o comprimento e o formato do globo ocular e a distância entre a lente e a retina. A diferença entre os dois processos é que os músculos ciliares são involuntários, mas a ação dos músculos externos pode ser controlada e estimulada através de exercícios que aprimoram a visão, especialmente em casos de glaucoma, degeneração da mácula, cataratas, retinite pigmentosa, retinopatias provocadas por diabetes ou por partos prematuros e desordens do nervo ótico.


 

O processo da visão

 

Os olhos vêem por acomodação do cristalino, através do movimento dos músculos ciliares. Quando esses músculos estão relaxados, a lente está plana, há a visão à distância. Quando se contraem, tomando uma forma esférica, alcançam a visão próxima, de seis metros no máximo de distância.

 

– Relaxamento – O relaxamento da mente e da musculatura ocular é fundamental para melhorar qualquer deficiência visual. Os olhos são órgãos que trabalham cerca de 17 horas por dia e, mesmo durante o sono, se movem e o nervo ótico é estimulado. Um exercício que relaxa a sua musculatura é a escuridão. Durante o dia, eles relaxam com alguns minutos de escuridão proporcionados pelas palmas das mãos, rapidamente aquecidas uma na outra, sobre os olhos.

 

– Luz – Os exercícios de luz, como olhar o sol de olhos fechados por alguns minutos, atuam na abertura e no fechamento da pupila e, conseqüentemente, trabalham a musculatura interna dos olhos e estimulam as células da retina.

 

– Flexibilidade – Exercícios como piscar os olhos rapidamente e brincadeiras lúdicas como ver de longe e ver de perto aumentam a flexibilidade da musculatura.

 

– Visualização – Como o estresse visual é também mental, visualizações de cenas relaxantes melhoram a visão.



 

A visão é um dos sentidos mais importantes e requer muitos cuidados. O que é mais importante saber é que com ações preventivas, as principais doenças podem ser evitadas. Várias doenças que levam à cegueira ocorrem nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

As pessoas ainda não têm o hábito de realizar exames periódicos, conseqüentemente preventivos. Dois em cada três casos de cegueira poderiam ser evitados caso houvesse a descoberta do problema em seu estágio inicial. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado e rápido das doenças evitam complicações, que podem acarretar na perda da visão.

Portanto, companheiros(as), vamos dar mais atenção aos olhos, já que os mesmos são considerados a alma do nosso corpo. 

 

* Ricardo Lontra é coordenador da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho da FEEB-RJ-ES

Fonte:

AS CONSPIRAÇÕES DA CIA E A MÍDIA , por Altamiro Borges *

“A CIA tem o direito legítimo de se infiltrar na imprensa estrangeira. Ela tem a missão de influir, através dos meios de comunicação, no desenlace dos fatos políticos em outros países” (Willian Colby, ex-diretor-geral da agência de inteligência dos EUA).
A sinistra CIA, a agência de espionagem e sabotagem dos EUA, acaba de divulgar vários documentos até então classificados como ultra-secretos. Eles compõem os arquivos sugestivamente chamados de “jóias da família”, apelido que designa algumas operações ilegais deste organismo que causam constrangimento ao governo ianque. São 11 mil páginas que revelam as ações terroristas do imperialismo em várias partes do planeta entre os anos 50 e 70. Os documentos comprovam que esta central de “inteligência” sempre teve um papel ativo na América Latina. A desclassificaçã o periódica destes relatórios é uma exigência legal e não significa que a CIA tenha abandonado os seus métodos espúrios de interferência em nações soberanas.

No caso do Brasil, tratado na época como “maior alvo do comunismo” na região, a CIA ajudou a orquestrar o golpe militar de 1964. Um dos documentos afirma que o presidente João Goulart é “um oportunista que ascendeu ao governo com o apoio da esquerda”, taxa Leonel Brizola de “líder demagogo anti-americano” e acusa o governador Miguel Arraes de ser “um pró-comunista” . O texto tenta criar um clima de pânico na burguesia ao falar da “crescente influência” do Partido Comunista. Outro documento, intitulado “A igreja engajada e a mudança na América Latina”, critica seu setor progressista e ataca dom Hélder Câmara, cujo “forte é fazer publicidade e exigir reformas, sem oferecer soluções práticas aos problemas que ele cria”.

Máfia e assassinato de Fidel Castro
Na época, no auge da chamada “guerra fria”, a maior preocupação dos EUA e de sua agência era com o aumento da influência da revolução cubana. Os documentos confirmam que a CIA se aliou à máfia para tentar envenenar o líder Fidel Castro. Um deles dá detalhes da contratação do ex-agente Robert Maheu para realizar “uma ação do tipo de gângsteres”, que envolveu vários chefes mafiosos, como Salvatore “Momo” Giancana, o sucessor de Al Capone. A CIA disponibilizou US$ 150 mil e forneceu seis pílulas “de alto poder letal” para assassinar o dirigente cubano. Allen Dulles, o chefão da agência, coordenou a operação terrorista pessoalmente, mas ela foi desativada devido a um grotesco incidente passional de Giancana.

Há também relatos sobre os planos da CIA para desestabilizar o governo chileno e assassinar o presidente Salvador Allende, inclusive com o uso de “empresas de fachada” para transportar armas. Outros relatórios descrevem várias operações ilegais de espionagem e sabotagem no continente, visando derrubar governos nacionalistas e destruir movimentos contrários ao dominio imperial. “Os EUA não podiam permitir uma outra Cuba no continente. Foi por isso que Kennedy, cuja diretriz da política para a América Latina era apoiar governos reformistas, apoiou ditadores”, explica Mary Junqueira, professora de história da USP.

Tarjas pretas e graves omissões
Os documentos agora desclassificados revelam apenas uma pequena parte dos crimes orquestrados por esta agência. Muitos textos ainda aparecem com longas tarjas pretas; nomes e detalhes das operações ilegais são omitidos. Não há menção, por exemplo, ao famoso “manual de torturas” da CIA, com seu “método médico, químico ou elétrico”, que serviu de orientação para vários ditadores no mundo. O assassinato de mais de um milhão de patriotas no golpe de 1965 na Indonésia também é excluído, assim como a brutal intervenção que derrubou o primeiro-ministro nacionalista do Irã, Mohammad Mossadegh, em 1953. Como afirma o jornal Hora do Povo, “a lista seletiva de crimes da CIA é uma operação de acobertamento” ; visa limpar a imagem desta agência terrorista e de seus agentes e serviçais que continuam na ativa, inclusive na América Latina.

“O que estaria levando a famiglia Bush a divulgar estes documentos? Seria, como disse o general Michael Hayden, ‘porque os documentos verdadeiramente nos permitem vislumbrar uma era muito diferente e uma agência muito diferente’ e que a CIA agora tem ‘um lugar muito mais forte no nosso sistema democrático dentro do poderoso referencial legal’? Ele estaria se referindo a Abu Ghraib e Guantanamo? Ou às prisões secretas no mundo inteiro, seqüestros e vôos de tortura? Ao ‘Programa Talon’, dirigido contra organizações anti-guerra? Ou ao grampo da internet, do correio, do telefone e até dos cartões de consulta às bibliotecas dentro dos EUA? Às “novas técnicas” de preparação para a tortura, ministradas pelo general Miller? Aos atentados e esquadrões da morte da CIA no Iraque?”, questiona, com justa ironia, o jornal Hora do Povo.

Relações íntimas com a mídia
Entre as graves omissões chama a atenção o fato destes documentos não se referirem às guerras ideológicas orquestradas pela CIA através do uso enrustido dos meios privados de comunicação. Como a mídia está na berlinda na atualidade, em especial na América Latina, é compreensível que o governo Bush a mantenha sob forte proteção. Neste sentido, os documentos desclassificados agora ficam muito aquém dos relatórios produzidos em 1976 por uma comissão de investigação do Congresso dos EUA, presidida pelo senador Frank Church. No caso do sangrento golpe militar do Chile, a comissão constatou que o jornal El Mercurio recebeu milhões de dólares para desestabilizar e derrubar o governo constitucional de Salvador Allende.

“A intromissão da CIA neste periódico chegou ao extremo de infiltrar seus agentes até na diagramação. O informe Church denunciou que este organismo de espionagem contratou jornalistas, editou publicações de circulação nacional e elaborou matérias para diários, semanários e radiodifusoras, além de exportar estes ‘conteúdos’ para outros veículos latino-americanos e europeus”, lembra o escritor chileno Hernán Uribe. Já no Brasil, há suspeitas de que a CIA financiou vários jornais e jornalistas na “cruzada contra o comunismo” durante o governo de João Goulart e que, inclusive, esteve por detrás do nebuloso acordo entre a empresa estadunidense Time-Life e a recém-criada TV Globo, na véspera do golpe militar de 1964.

Espiões e seções especiais
Se estas barbaridades ocorreram no passado, é evidente que elas não foram descartadas no presente – ainda mais quando o ocupante da Casa Branca é o terrorista e torturador confesso, George W. Bush, e a América Latina vive um processo inédito de ebulição, com a vitória de vários governos progressistas. O jogo sujo da CIA, que só poderá ser conhecido oficialmente com as novas desclassificaçõ es daqui a décadas, prossegue. Os EUA temem as mudanças no tabuleiro político na região, não confiam em seus novos governantes – nem mesmo nos mais pragmáticos e conciliadores -, não toleram o avanço dos movimentos sociais e estão bem cientes dos riscos do atual processo de integração latino-americana. A CIA continua na ativa.

Numa recente passeata da direita venezuelana contra o fim da concessão da RCTV, algumas fotos flagraram a presença do agente da CIA Bowen Rosten, de camiseta azul e óculos escuros, na sua linha de frente. Há até um vídeo no Youtube com a cena grotesca. O ex-vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, no seu programa televisivo La Hojilla, comentou: “Um dos chefes da CIA na região é mister Bowen Rosten. Estadunidense, ele fala inglês, espanhol, português e francês. Está destacado para atuar na Colômbia, opera na Nicarágua, Argentina, Bolívia, Equador e Brasil e dirige a Operação Orión [de espionagem] em nosso país… O que o governo Bush tem a dizer da ingerência na política interna deste alto funcionário da CIA?”.

No final do ano passado, o presidente-terroris ta Bush inclusive nomeou um diretor especial de inteligência para Cuba e Venezuela. Como denunciou o jornal cubano Juventude Rebelde, com a criação deste novo departamento “os EUA tentarão por todos os meios aumentar a presença de seus espiões nos dois países”. O agente Jack Patrick Maher, com 32 anos de experiência nos serviços de espionagem, informou ao congresso dos EUA que a sua missão é “assegurar a implementação de estratégicas” , com vistas à “transição” após a morte de Fidel Castro e às novas eleições na Venezuela. A criação desta seção especial da CIA coloca os dois países no mesmo nível da Coréia do Norte e Irã, nações incluídas no funesto “eixo do mal” de Bush.

 

Jornalistas pagos por Washington

A mesma ingerência ilegal e criminosa também prossegue na mídia da região. A advogada estadunidense Eva Golinger denunciou recentemente que a Casa Branca financia veículos e jornalistas venezuelanos. O plano da Divisão de Assuntos Educativos e Culturais visa influir na linha editorial destes órgãos. A grave denúncia se baseou em documentação oficial do governo ianque. “Lamentavelmente, existem jornalistas na Venezuela manipulados pelo Departamento de Estado dos EUA”, garante a renomada advogada. A VTV, o canal estatal de Caracas, inclusive divulgou os nomes dos “repórteres” que recebem dólares de Washington: Aymara Lorenzo, Pedro Flores, Ana Villalba, Maria Flores, Miguel Angel e Roger Santodomingo.

O último deles, Roger Santodomingo, foi acusado, em maio passado, pela Justiça da Venezuela de “instigar o magnicídio [assassinato de autoridades] e receber financiamento dos EUA para desestabilizar o governo”. O jornalista divulgou na televisão falsa pesquisa em que 30% da população opinava que “matar Chávez é a única solução”. Com a decisão soberana do governo de não renovar a concessão da emissora RCTV, que participou ativamente do golpe frustrado de abril de 2002, a ação destes e outros “jornalistas” teleguiados pela CIA se tornou ainda mais agressiva, convocando protestos e atacando o presidente.

 

Larry Rohter, agente da CIA?

Mesmo no Brasil, aonde inexiste o clima de radicalização política do país vizinho, há sérias desconfianças sobre a atuação da mídia hegemônica e de alguns colunistas e ancoras da televisão. Quando da reportagem do correspondente ianque Larry Rohter, que acusou o presidente Lula de ser alcoólatra e foi ameaçado de expulsão do país, o portal Resistir publicou um artigo de Célia Ladeira com graves denúncias contra o dito cujo. No texto, a professora de jornalismo da Universidade de Brasília (UnB) dá algumas informações reveladoras. “Conheci Larry Rohter há muitos anos e convivo com pessoas que o conhecem muito bem. Portanto, não estou dizendo muita coisa nova, mas dizendo coisas que poucas pessoas estão hoje sabendo”.

Entre outras acusações, ela afirma que “Larry não é só jornalista, mas um tipo de agente civil, bem pago, que faz coisas que CIA e FBI não podem fazer. Ele tem trabalhado em toda a América Latina, sempre com um caderninho de missões debaixo do braço”. Informa que são comuns as suas visitas ao Departamento de Estado dos EUA. “Média de uma visita a cada ano, sem contar os almoços com gente estranha dos serviços secretos”. Lembra ainda que o “jornalista” presta inúmeros serviços ao governo Bush, sempre desancando políticos e lideranças contrárias ao império, como numa reportagem em que ridicularizou a prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchu, da Guatemala, e nos inúmeros artigos contrários ao presidente da Venezuela. Outra diversão dele é escrever textos pregando abertamente a internacionalizaçã o da Amazônia.

(*) Altamiro Borges é jornalista, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “Venezuela: originalidade e ousadia” (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição).

Fonte: http://www.fazendom edia.com

ENTREVISTA COM O DEPUTADO ANDRÉ VARGAS

Conversa Afiada – Eu vou conversar agora com o deputado André Vargas, do PT do Paraná, que é membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI do Apagão Aéreo. Tudo bem, deputado?


André Vargas – Tudo bem.


 


Conversa Afiada – Deputado, a gente queria conversar com o senhor sobre essa denuncia que teve do presidente, membro da Confederação Internacional dos Controladores de Vôo, o suíço que disse que não é seguro voar no Brasil. Como que a comissão recebeu essa denúncia?


André Vargas – A Comissão, lógico, sempre recebe com preocupação. A tentativa que se tem, ou no interesse sindical ou de interesses escusos, que nós não conhecemos que visam a desmoralizar o sistema de tráfego aéreo e a segurança de tráfego aéreo no Brasil. Nós temos, sim, um problema de fluxo, atrasos, agora, não há insegurança nesse sistema, nosso sistema está no nível um, conforme todas as autoridades do Brasil e mesmo autoridades internacionais estão dizendo. Aí vem um presidente de um sindicato internacional de controladores de vôo, Ifataca, e faz esse tipo de declaração. E hoje nós recebemos de forma anônima, no nosso gabinete, vários e-mails que foram trocados pelos controladores presos Moisés Almeida, Wellington Rodrigues e Carlos Trifilio com este controlador, com esse suíço, combinando estratégias de pressão sobre o sistema de tráfego aéreo, combinando estratégias de pressão de atuação em relação à mídia, conteúdos de entrevista e usando terminologias absolutamente inaceitáveis. Quer dizer, um suíço vem, ataca o nosso sistema, quer dizer, ataca o Brasil, a soberania nacional, a imagem do Brasil e diz o seguinte, que é esse suíço: “há que se manter a pressão. Manter a proa e não deixar mais sair os peixes da rede”. E assim são vários e-mail trocados entre eles, nós tivemos acesso de forma anônima, estamos denunciando isso na CPI para que as pessoas saibam claramente que nós passageiros, nós brasileiros, estamos num foco de uma luta sindical, mas ocorre que essa categoria é uma categoria militar e, portanto, tem características próprias, tem que manter a sua hierarquia, salário, metodologia, e sendo usado também pra um mecanismo internacional de ataque aos nossos interesses. Então, esse suíço se presta a ser instrumento na mão dos controladores de vôo que estão presos por terem quebrado a hierarquia militar e que agora, tendo acesso a esses e-mails, a gente percebe que isso é na verdade era um verdadeiro conluio para atacar o Brasil e resolver o problema de uma categoria profissional.


 


Conversa Afiada – Deputado, se eu entendi bem, e pra que o nosso leitor, internauta, possa compreender também, o senhor tem em mãos e-mails trocados entre os controladores militares e esse presidente dessa federação internacional dos controladores de vôo, esse suíço, que estariam “tramando” pressão sobre o governo brasileiro, é isso?


André Vargas – Exatamente. Veja, conteúdos nessa forma, e-mails, em que esse Christoph manda para os controladores Carlos Trifilio, Wellington Rodrigues, Moisés Almeida, três vezes presos, e também o controlador lá da federação portuguesa, eles dizem coisas como elogiando a luta dos colegas, dizendo que eles estão lamentando a falta de “retorno e de garra de vocês”, dos controladores do Brasil, “mas mesmo assim eu preciso pedir para vocês”, diz o suíço, “façam mais, mais, sobretudo mantenham a pressão, mantenham a proa e não deixem mais sair o peixe da rede, seria bem lamentável, após ter lutado tanto e ter feito 80% do trabalho, então, mantenham a proa e forneçam as coisas que eu pedimos aqui”, ou seja, informações, “para falar com a imprensa brasileira”, ou seja, eles falam assim aquilo que eles combinaram por e-mail, falam aqui no Brasil que está articulado o conteúdo que os controladores militares, hoje presos, estão combinando com eles. Então veja, é exatamente isso que nós temos a dizer, no sentido que há uma articulação político-sindical, mas que, chagando a limites inaceitáveis atingindo imagem do Brasil e tentando utilizar, não só o Acidente da Gol, utilizar não só o problema, problemas outros do sistema aéreo que podem eventualmente existir, mas atacando a segurança nacional, os interesses da sociedade para resolver um problema de salário e isso é inaceitável.


 


Conversa Afiada – O senhor já apresentou essa denúncia na CPI, deputado?


André Vargas – Estou apresentando agora, estou aguardando a CPI começar, são 12h32 era para começar meio-dia, mas como tem uma ordem do dia que está sendo debatida no plenário, sem a ordem do dia não se começa a sessão.

Conversa Afiada – E o que o senhor acha que a CPI pode fazer em posse dessas denúncias?


André Vargas – Eu acho que tem que chamar as falas e também alertar a própria imprensa brasileira ter um pouco mais de cuidado com aqueles que eles trazem como verdadeiras autoridades. Eles não são autoridades, são sindicalistas em busca de, lógico, de notoriedade para resolver um problema que é sindical uma tese que eles têm que é para transformar o controle em civil, ou seja, deixar a área militar para a área civil. É uma tese respeitável, tem que ser debatida, mas não podemos, vamos dizer assim, atacar a imagem nacional, não podemos fazer um trabalho de motim contra os interesses nacionais.


Conversa Afiada – O senhor classifica esse movimento, então, como um motim dos controladores, é isso?


André Vargas – É um motim dos controladores e usando, inclusive, métodos na nossa opinião abusivos, ou seja, articular como se fosse autoridade, orientá-los a sua fala e um grande meio de comunicação, uma grande veículo de comunicação dá essa projeção é insegurança para os brasileiros, muito mais insegurança para aqueles que querem vir para o Brasil, quer dizer, de outros países, isso me parece que é inaceitável, é preciso chamar atenção para isso, que temos responsabilidade, centralidade para que resolvamos o problema e não criemos mais problemas, como tem acontecido.


 


Conversa Afiada – Está certo, deputado, o senhor vai disponibilizar, a gente pode, de alguma forma, reproduzir esses e-mails aqui no nosso site?
André Vargas – Vai vai, vai poder sim. Eles foram entregues no meu escaninho, deve ter sido entregues para outros deputados também, tranquilamente.

Conversa Afiada – Então eu posso entrar em contato com a assessoria do senhor para pedir a reprodução desses e-mails?


André Vargas – Sim, sim.


 


Conversa Afiada – Deputado André Vargas, muito obrigado pela entrevista no Conversa Afiada. Um abraço.

André Vargas – tchau, tchau.

Fonte: Bancariosrjes

ATÉ QUALQUER HORA, por Ricardo Kotscho

Pois é, como eu ia dizendo, se não houver nenhum fato novo, está na hora de ir-me embora. O aviso-prévio que todos recebemos do NoMínimo vence agora no final do mês, e esta deve ser minha última coluna. O leitor, eu não sei; mas estou triste, vou sentir muita falta.

Nesta minha primeira experiência de escrever para um site na internet, já há havia me acostumado com nossos encontros _ primeiro quinzenais, depois semanais e, por último, mensais. Escrever a coluna passou a fazer parte da minha vida, como ir à missa, tomar café na esquina, visitar a sogra, encontrar os amigos no bar, pegar as netas na escola, essas pequenas grandes coisas todas que, juntando, costuram nosso dia a dia.

Comecei aqui faz trinta meses, logo depois que deixei o cargo de Secretário de Imprensa da Presidência da República e voltei de Brasília para São Paulo. Foi o primeiro convite de trabalho que recebi, ainda quando trabalhava no governo e avisei que ia embora no final de 2004. Não tinha idéia do que me esperava. Na primeira semana, tomei um susto com a quantidade de leitores comentando o que escrevi e, mais ainda, com a virulência dos esculachos, justamente por ter trabalhado no governo. A todos, sou muito grato, pois cada coluna provocava um bom debate de idéias.

Nos jornais, revistas e emissoras de televisão onde trabalhei antes, eram raros os telefonemas, cartas ou fax que recebia naqueles tempos em que ainda não existia a internet. Na maioria das vezes, eram pessoas elogiando algum trabalho ou sugerindo outras pautas. Estava mal acostumado, mas foi bom. Aprendi que quem escreve o que quer tem que ler o que não quer _ algo a que nós jornalistas não estávamos muito habituados. Nunca tinha sido tão criticado nem na minha casa…



Nesse meio tempo, escândalos se sucederam em todas as latitudes, mas o auge da radicalização política passou; o presidente Lula foi reeleito com folga pela ampla maioria da população; a violência fugiu de controle; morreu um Papa, João Paulo 2º, e entrou outro, Bento 16, e minha igreja continuou caminhando para trás; meu time, o tricolor paulista de tantas glórias e tradições, foi campeão várias vezes (paulista, brasileiro, sul-americano e mundial), de uma hora para outra desaprendeu de jogar e fazer gols; nasceram Isabel e André para fazer companhia a Laura, a neta mais velha, que pude curtir quase todos os dias depois que voltei a morar em São Paulo; o aquecimento global virou ameaça de verdade; a oposição hibernou; a Quinca, minha gata, morreu de velhice, tanta coisa aconteceu.

Por isso, nunca me faltou assunto. Ainda tinha tanta coisa para falar, mas o tempo está se esgotando, fazer o que? É a segunda vez que me acontece isso em mais de 40 anos de estrada na imprensa: ter que parar de uma hora para outra um trabalho que me dava muito prazer de fazer. A primeira foi há muito tempo, em 1980. Ao voltar de férias, fiquei sabendo pela minha mãe que o jornal onde trabalhava, o “Jornal da República”, não estava mais chegando às bancas.

A história, por coincidência, guarda muitas semelhanças com esta agonia do NoMínimo. O breve JR também tinha um time de primeira (Mino Carta, Cláudio Abramo, Clóvis Rossi, Nirlando Beirão, Tão Gomes Pinto, Roberto Pompeu de Toledo, Paulo Markun, João Bittar, Ricardo Giraldez, Hélio Campos Mello, Antonio Carlos Fon, entre muitos outros craques) e também ficou órfão de anunciantes que garantissem sua sobrevivência, apesar do seu sucesso de crítica e público.

Ainda espero que algum luminar de grande visão empresarial e/ou publicitária num último momento tenha a boa idéia de bancar o patrocínio do NoMínimo para assim manter sua brava equipe de colunistas no mesmo sítio, literalmente. Caso contrário, peço aos leitores que souberem de alguma vaga para cronista de assuntos menores do cotidiano a gentileza de se lembrarem de mim.



Para quem gosta de reportagens, informo que estou participando do projeto da “Brasileiros”, a nova revista mensal que irá para as bancas no dia 28 de junho com o propósito de contar as histórias de personagens e lugares do país que não estão na grande mídia.
*
Antes de me despedir, gostaria de partilhar com os leitores um texto de autor anônimo que foi distribuído no último retiro dos Grupos de Oração, em São Lourenço, Minas Gerais. O título é “Desapego”. O autor deve ser tão desapegado que não quis colocar seu nome no que escreveu. Tem tudo a ver com este momento.

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.
E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: “Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas”.
É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.
Mede-se a importância das pessoas pela qualidade de seus sapatos, roupas e bolsas.
Dá-se mais atenção ao que possui a casa mais requintada ou situada nos bairros mais famosos e ricos.
Carros bons somente os que têm mais acessórios e impressionam por serem belos, caros e novos. Sempre muito novos.
Adolescentes não desejam repetir roupas e desprezam produtos que não sejam de grife.
Mulheres compram todas as novidades em cosméticos. Homens se regozijam com os ternos caríssimos das vitrines.
Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos do desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.
E como reagimos? Será que estamos fazendo algo _ na prática _ para combater esse estado de coisas?
No entanto, está nos desejos a grande fonte da nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral.
Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, jóias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.


Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos. E diga para si mesmo: “Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente”.
Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.
Deixam atrás de si frustração, infelicidade. Revolta.
Mas, há também os que se fixam em pessoas. Vêem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado.
Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geral crises e conflitos.
Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas.
É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeando as almas.
Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações.
Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.
Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.
Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.
Qual o segredo de libertar-se de tudo isso. A palavra é desapego. Mas…
Como alcançá-lo nesse mundo?
Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nessa vida.
Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.
Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.
Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem…
E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.
Pensando dessa forma, aos poucos a criatura promove uma auto-educação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apelo egoísta.


Ou seja, amar sem exigir nada em troca.



*


Amar sem exigir nada em troca parece ter sido o lema da relação entre o repórter José Roberto Alencar e o seu ofício de contador de histórias. Um dos últimos remanescentes deste espécime em extinção, Alencar, o mineiríssimo “Zé Grandão”, morreu na semana passada, aos 62 anos, em São Paulo, deixando uma legião de viúvas e órfãos na profissão que escolheu para amar e louvar como poucos o fizeram.

Sempre irrequieto e inconformado com as coisas e o mundo, ele trabalhou em mais de 50 redações, fez de verdade milhões de amigos e, principalmente, amigas. Viveu tudo a que tinha direito, enfim.


*


Até qualquer hora.

Fonte: Bancariosrjes

CLASSE C GASTA TANTO QUANTO GANHA

A gerente da consultoria Latin Panel, Fátima Merlin, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta segunda-feira, dia 02, que “a classe C gasta tudo o que ganha” (aguarde o áudio).


 


Segundo Fátima, isso representa um equilíbrio porque em 2005 a classe C gasta 8% acima da sua renda média. “Exatamente. Não conseguiram ainda ter renda superior. Estão gastando tudo o que ganham, mas já deixaram de ter aquele nível de 8% de gasto maior do que a renda”, disse Fátima.


 


Uma pesquisa da Latin Panel mostra que a classe C foi a principal responsável por elevar o consumo no varejo nos primeiros cinco meses de 2007.


 


“Aumentaram aproximadamente 8% em termos de volume médio comprado… Cada domicílio está comprando em média mais quantidade, mas interessante também: nós tivemos um incremento no número de compradores. Hoje, aproximadamente um ponto percentual a mais desses domicílios está indo às compras com mais efetividade”, disse Fátima.


 


A Latin Panel Classifica como classe C as famílias com renda entre quatro e dez salários mínimos. Ou seja, entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil. Segundo Fátima, 33% da população brasileira são da classe C.


 


Leia a íntegra da entrevista com Fátima Merlin:


Paulo Henrique Amorim – Eu vou conversar agora com Fátima Merlin, ela é gerente da Latin Panel, a maior empresa de Painéis de Consumidores da América Latina, trabalha com 15 países da região, conhece esse mercado muito bem, e acaba de divulgar uma pesquisa aqui no Brasil sobre o crescimento do consumo da classe C. É isso, Fátima?


Fátima Merlin – Exatamente. Nesses últimos meses de 2007 a classe C é que está movimentando todo o varejo.


 


Paulo Henrique Amorim – E você define classe C como sendo quem?


Fátima Merlin – Aproximadamente com renda familiar de quatro salários mínimos até dez salários mínimos.


 


Paulo Henrique Amorim – Então nós estamos falando de valores entre…


Fátima Merlin – Entre aproximadamente alguma coisa entre R$ 1.500, mais ou menos, até aí alguma coisa da ordem de uns R$ 4 mi, R$ 5 mil.


 


Paulo Henrique Amorim – Isso aí você poderia chamar de… a classe C na verdade é a classe média brasileira.


Fátima Merlin – Exatamente. Tanto é verdade que se nós olhássemos a renda média das famílias gira em torno de R$ 1.380, que é muito parecida com a renda média da classe C.


 


Paulo Henrique Amorim – Você diria que esse contingente de classe C ou classe média tem quantas pessoas no Brasil?


Fátima Merlin – Hoje, 33% da população brasileira são domicílios de classe C. E eles respondem por aproximadamente 35% do consumo de largo consumo, pensando em alimentos…


 


Paulo Henrique Amorim – Consumo de massa.


Fátima Merlin – Isso, exatamente.


 


Paulo Henrique Amorim – E esse consumo de massa da classe C está crescendo quanto por cento ao ano?


Fátima Merlin – Olha, nos cinco primeiros meses do ano, aumentaram aproximadamente 8% em termos de volume médio comprado. O que é isso? Cada domicílio está comprando em média mais quantidade, mas interessante também: nós tivemos um incremento no número de compradores. Hoje, aproximadamente um ponto percentual a mais desses domicílios está indo às compras com mais efetividade, além de aumentarem também o número de categorias dentro da sua cesta de compra. Então, se ele comprava, por exemplo, aproximadamente, 40 categorias, ele acaba acrescentando itens a essa sua cesta de compras, tornando-a mais volumosa.


 


Paulo Henrique Amorim – Essa cesta de compras está crescendo com que tipo de produto?


Fátima Merlin – Olha, principalmente em produtos que nós chamamos mais sofisticados. Não usamos mais falar supérfluos porque eles deixaram de ser, uma vez que cada momento positivo de economia, mais emprego, mais renda, esse consumidor tende a coloca-lo mais intensamente na sua cesta. Com iogurtes, bebidas a base de soja, massas instantâneas, seria uma caminhada para a busca não só de saudabilidade, mas também a busca de praticidade e conveniência. Então, nós percebemos categorias dessa natureza cada vez mais incrementando a cesta dos brasileiros.


 


Paulo Henrique Amorim – Você está falando, Fátima, que houve um crescimento de 8% do volume médio nos cinco primeiros meses do ano…


Fátima Merlin – Isso.


 


Paulo Henrique Amorim – Eu pergunto: ao longo de mais tempo, vamos falar de dois, três anos, se você puder. O que está acontecendo com esse mercado de classe C?


Fátima Merlin – Na verdade, a classe C, em 2005, por exemplo, ela foi a classe que mais se endividou. Ela foi às compras, comprou mais. Porém, quando nós comparamos a renda média desses domicílios com o que eles gastaram ao longo de 2005, eles ficaram com um gasto 8% acima da média. E o que você percebe com isso? Se você pegar o dado Brasil, por exemplo, o endividamento girava em torno de 3%. Ou seja, em 2005 eles foram os mais, digamos assim, endividados. Na verdade, o gasto 8% acima da renda. O que aconteceu em 2006? Nesse ambiente de endividamento, apesar de eles terem tido um incremento na renda, eles puseram o pé no freio, deixaram de ir às compras, reduziram. Foi um dos indicadores de melhor incidência de queda, tanto em penetração, número lares compradores, como em volume médio, reduziram o gasto de forma que pudessem equilibrar esse orçamento.


Paulo Henrique Amorim – Reduziram a dívida também?


 


Fátima Merlin – Reduziram. Tanto é verdade que se nó pegássemos hoje a renda média desses domicílios de classe C e comparássemos com os gastos, hoje estão equilibrados. É muito interessante esse movimento.


 


Paulo Henrique Amorim – Em 2007?


Fátima Merlin – Exato.


 


Paulo Henrique Amorim – A renda média é igual aos gastos?


Fátima Merlin – Exatamente. Não conseguiram ainda ter renda superior. Estão gastando tudo o que ganham, mas já deixaram de ter aquele nível de 8% de gasto maior do que a renda.


 


Paulo Henrique Amorim – Mas eles não estão se endividando mais, então?


Fátima Merlin – Continuam em busca, tanto de financiamento, até favorecido não só pelo Governo, mas pelo próprio varejo que estimula a venda a crédito. E com a taxa de juros reduzida e tudo mais você tem um movimento sim de parcelamento muito forte, com risco ainda sim, se não tivermos uma melhora efetiva no emprego, na renda, um movimento positivo em termos de melhoria nas condições dos trabalhadores, sem dúvida nenhuma podemos ter aí uma retomada como foi de 2005 e de 2006 da inadimplência, inclusive.


 


Paulo Henrique Amorim – Agora, esses painéis você vende, oferece para as empresas que contratam vocês, não é isso?


Fátima Merlin – Isso.


 


Paulo Henrique Amorim – Muito bem. O que é que as empresas fazem quando descobrem isso que vocês estão falando ou isso apenas confirma o que ela já sabe, como é que elas mudam as suas estratégias? Não sei se eu me fiz entender. Como a sua pesquisa é utilizada pelas empresas?


Fátima Merlin – Na verdade são utilizadas tanto por indústrias quanto para o varejo, não apenas para realmente corrigir rotas eventuais de estratégia que eles possam estar adotando e que não está aquém do comportamento do consumidor e como nós temos esse acompanhamento semanal, contínuo dessas famílias, permite, inclusive, não apenas identificar para onde está caminhando o consumidor em termos de consumo, em termos de canais de compra, marcas que eles estão colocando na cesta, mas antecipar tendências. Então, por exemplo, nós vimos, ao longo dos últimos anos, percebendo um movimento muito forte de domicílios indo em busca, até para compor essa cesta de compras dentro de um orçamento enxuto, buscando, por exemplo, alternativas em termos de canais de compra, em termos de marca. Então, com essas informações, tanto o varejo quanto a indústria consegue acompanhar e tomar ações efetivas para entender onde que eu tenho que ir por o meu produto porque é lá que o consumidor está indo buscá-los seja em termos de canais ou que marca ele está comprando, qual é o posicionamento de preço que ele está preferindo. Então você começa a ter toda uma visão tanto tática quanto estratégica de para onde está caminhando o consumidor.


 


Paulo Henrique Amorim – Última pergunta. Se a classe C está crescendo quem é que está diminuindo?


Fátima Merlin – Mais fortemente, no consumo de massa, a classe A B. Eles estão, na verdade é quem está mais puxando para baixo, por que? Porque ele acaba priorizando outros setores que não o consumo de marca, como por exemplo, viagens, lazer em geral, comunicação, enfim, outros setores que não alimentos, higiene, limpeza e bebida.


 


Paulo Henrique Amorim – E você mede consumo de computador, por exemplo?


Fátima Merlin – Medimos também.


 


Paulo Henrique Amorim – e o que descobriu?


Fátima Merlin – Na verdade nós temos aí, nos últimos anos, um incremento contínuo…


 


Paulo Henrique Amorim – Você me falou nos últimos anos, quantos anos?


Fátima Merlin – Nos últimos três, quatro anos principalmente, hoje computador já atinge aproximadamente aí 24% do que nós chamamos de domicílios, e cada domicílio pode até ter um pouquinho mais ou menos de computador. Mas o que chama bastante a atenção são principalmente a febre do celular, mesmo na classe popular, o celular começa a ser, e já é há algum tempo, um filão para concorrer inclusive com categorias de largo consumo. Só para você ter uma idéia, no ano de 96 nós tínhamos um celular para cada 57 habitantes. Hoje nós temos um celular para cada dois habitantes. Então realmente ele veio concorrer com esse bolso que é único e de certa forma cada vez mais comprometido com diversos gastos que são fixos, como habitação, própria alimentação, tarifas de serviços públicos, enfim.


 


Paulo Henrique Amorim – Fátima, última questão. Esses 24% que tem computador, são 24% do total dos domicílios ou só dos domicílios classe C?


Fátima Merlin – Não, não. Total domiciliar. Classe C eu não tenho no momento, mas é o total de famílias.


 


Paulo Henrique Amorim

– O total dos domicílios brasileiros.


Fátima Merlin – Isso.


 


Paulo Henrique Amorim – Muito bem, Fátima.


Fátima Merlin – Ok? 


 


Paulo Henrique Amorim – Muito obrigado.


Fátima Merlin – Um grande abraço, Paulo, bom dia.


 

Paulo Henrique Amorim – Tchau. 

Fonte: Bancarios RJES

CÂMARA APROVA REGULAMENTAÇÃO DE ESTÁGIO COM MAIOR CONTROLE*

 


A Câmara aprovou nesta quarta-feira a regulamentação de estágios profissionais para alunos do ensino médio, profissionalizante e superior. A proposta foi aprovada na forma de um substitutivo feito em conjunto pelos deputados Átila Lira (PSB-PI) e Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) ao Projeto de Lei 993/07, do Poder Executivo. O texto segue para o Senado.

Segundo Manuela, a atualização da lei sobre estágios era necessária, principalmente no que se refere à adequação às propostas pedagógicas de universidades elaboradas na última década. A legislação atual (Lei 6494/77) foi elaborada antes da Constituição de 1988 e será revogada pela proposta.

A proposta regula também a concessão de estágio a alunos do ensino médio. Atualmente, a lei prevê estágio para estudantes de ensino superior e de educação profissional.

Como o projeto tramitava em regime de urgência constitucional, Átila Lira e Manuela D’Ávila ofereceram pareceres em nome das comissões de Educação e Cultura; e de Trabalho, de Administração e Serviço Público, respectivamente. Pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) já havia se manifestado ontem favoravelmente à constitucionalidade e à técnica legislativa da proposta.

*Mão-de-obra*
De acordo com Manuela D’Ávila, o projeto vai garantir que os estagiários não sejam explorados como mão-de-obra barata. A intenção da proposta é caracterizar melhor a prática do estágio para evitar o uso de alunos como substitutos de mão-de-obra. Um dos instrumentos do projeto é a aplicação de multas pela fiscalização trabalhista, variáveis de R$ 240 a R$ 2,4 mil, à pessoa jurídica que descumprir as novas regras. Os deputados incluíram a correção da multa com base na inflação.



O dispositivo que mais causou polêmica na discussão foi a punição pelo descumprimento da lei ou dos acordos. Segundo a proposta, empresas que desrespeitarem as normas terão o estágio caracterizado como vínculo laboral para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Para alguns deputados, isso poderia inibir a contratação de estudantes. No entanto, o destaque para votação em separado (DVS) apresentado em Plenário para retirar esse dispositivo foi rejeitado.

Além disso, a instituição privada reincidente em qualquer dos casos ficará impedida de receber estagiários por dois anos.

Apesar de receios de que o projeto diminua o número de vagas para os estagiários, Manuela D’Ávila acredita que a proposta dá mais segurança jurídica às empresas. “Quem tiver a oportunidade de
ler o substitutivo vai ter a certeza de que, como teremos segurança jurídica, vai aumentar a capacidade dos empregadores de conceder o estágio”, destacou.

*Punições*
Entre as contribuições da Câmara à proposta, está a previsão de que o descumprimento da nova legislação conte nas avaliações para reconhecimento de novos cursos e renovação das autorizações a instituições de ensino privadas.

Das 67 emendas apresentadas pelos deputados, 24 foram incorporadas ao texto. Uma delas diz que as empresas deverão liberar os estagiários por meia jornada nos períodos designados pelas instituições de ensino para provas. Os deputados também incluíram os profissionais liberais entre os que podem oferecer estágios, fixaram o seguro do estagiário contra acidentes a valores de mercado e tornaram obrigatório o fornecimento de auxílio-transporte.

 

Os relatórios de desempenho foram estendidos também às empresas – atualmente são requeridos apenas das escolas e dos alunos -, e elas deverão dar

conhecimento aos estagiários sobre suas avaliações.

Além disso, os deputados permitiram que estudantes de pedagogia atuem fora das instituições de ensino que os contratarem como monitores e professores de reforço escolar.

 


Para ajustar os estágios atuais às novas regras, o projeto concede 180 dias, contados a partir da publicação da futura lei.

Fonte: Agência Câmara

Trabalho infantil alimenta cofres olímpicos

Faltando apenas um ano para os Jogos Olímpicos de
Pequim, uma grande sombra de violações dos direitos
humanos na produção de material com o selo olímpico
paira sobre este gigantesco acontecimento esportivo.

A Play Fair 2008, uma campanha em defesa das garantias
trabalhistas na indústria de vestuário esportivo,
acusou o Comitê Olímpico Internacional (COI) de manter
um silêncio cúmplice diante da ampla violação de
direitos trabalhistas fundamentais, como o uso de
mão-de-obra infantil, nas fábricas que produzem
produtos sob sua licença.

Entretanto, o COI afirma que não tem a obrigação de
controlar as condições de trabalho no fornecimento de
produtos esportivos olímpicos. Funcionários da
entidade disseram que esse trabalho é assunto dos
comitês nacionais. O Comitê Olímpico Nacional
Finlandês se afastou das acusações da Play Fair 2008,
incluídas em seu informe “Sem medalhas para os Jogos
Olímpicos em matéria de direitos trabalhistas” ,
apresentado na semana passada. Seu secretário-geral,
Jouko Purontakanen, disse que a Finlândia não pode
assumir a responsabilidade do que ocorre na China.

O comitê finlandês “participará das Olimpíadas de
Pequim como qualquer outro participante, e pode
decidir comprar os produtos ou não”, afirmou
Purontakanen à IPS em entrevista por telefone. Também
rechaçou os pedidos para que a entidade finlandesa se
ocupe do assunto dentro do COI – demanda central dos
ativistas – argumentando que “é total responsabilidade
do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim.
Não temos poder, nada podemos fazer sobre isso”,
ressaltou o dirigente.

Por outro lado, Hannu Ohvo, diretor-executivo do
Centro Finlandês de Solidariedade Sindical, uma das
entidades que apóia a Play Fair 2008, afirmou que o
comitê finlandês deveria adotar uma posição mais
positiva diante dos assuntos apresentados no informe.

“Os padrões trabalhistas internacionais são parte dos
direitos humanos, e o comitê finlandês não pode ser
neutro nesse assunto”, disse Ohvo à IPS também em
entrevista por telefone. Apresentando as descobertas à
imprensa em Helsinque na semana passada, Jukka
Pääkkönen, encarregado de informação do Centro
Finlandês Sindical, disse que o COI está enterrando a
cabeça na areia enquanto os trabalhadores que produzem
o material que leva o selo olímpico vêem seus direitos
pisoteados.

Play Fair 2008 é uma coalizão de organizações
sindicais e não-governamentais internacionais
integrada, entre outras, pelo Sindicato de
Trabalhadores Químicos Finlandeses e Sindicato de
Empregados Assalariados. É remanescente de uma
campanha anterior chamada Play Fair at the Olympics
(Joguem limpo nos Olímpicos), lançada um ano antes das
Olimpíadas de 2004 em Atenas, na Grécia.

Em carta enviada no último dia 18 de junho à Play Fair
2008, em resposta ao informe, o COI não explicou se
tomaria alguma medida concreta contra as quatro
companhias chinesas acusadas. Por outro lado, disse
que não poderia agir porque a Play Fair 2008 não
detalhou qual foi a metodologia usada em sua
investigação.

“Em várias ocasiões o COI pediu a essa entidade que
compartilhasse sua metodologia de investigação. Sem
esta informação, que tampouco está indicada em seu
trabalho, estamos perdendo um ingrediente- chave para
interpretar os dados e as conclusões do estudo”, disse
o Comitê.

A carta, enviada desde o presidente do COI, Jacques
Rogge, e à qual a IPS teve acesso, diz que “o COI não
maneja nem controla a elaboração de todos os produtos
relacionados com os Jogos Olímpicos no mundo”. Segundo
a carta, a Associação para o Trabalho Justo (FLA) se
dispõe a “assessorar o COI sobre códigos de conduta na
cadeia de fornecimento, bem como procedimentos,
controles independentes e certificação de conformidade
trabalhista” .

A FLA é uma iniciativa da comunidade empresarial para
controlar sua própria conduta ética. Não inclui
organizações não-governamentais nem sindicatos, disse
Pääkkönen. Segundo ele, o COI nunca concordou em
sentar à uma mesa de negociações com os ativistas da
Play Fair.

“Todos os contatos foram, principalmente, por
correspondência” , disse à IPS. Os investigadores da
Play Fair 2008 fizeram entrevistas e investigações no
início deste ano em quatro fábricas que fazem sacolas,
gorros, artigos de papelaria e outras mercadorias com
o selo olímpico. Essas empresas são Lekit Satationary
Co., Mainland Headwear Holdings Ltd., Eagle Lesther
Products e Yue Wing Cheong Light Products.

A investigação se baseou em entrevistas com
trabalhadores em três das quatro fábricas. Todas elas
feitas fora das unidades. Entre 14 e 25 trabalhadores
foram entrevistados de maneira anônima, devido ao medo
de represálias, disse a Play Fair. No caso da Lekit,
de Taiwan, os responsáveis pela campanha disseram que
um investigador se fez passar por um operário e
trabalhou no local por cinco dias. Depois se demitiu
sem que lhe pagassem e sem ter feito um contrato.

“Todas as fábricas analisadas revelaram uma atroz
falta de consideração pela saúde de seus trabalhadores
e pelas leis e regulamentações trabalhistas locais”
quanto ao número de horas de trabalho, escala de
pagamento e contratação de menores, diz o informe.

“Nenhum investigador de fábricas prestou atenção
especial às mulheres que trabalham”, especialmente em
relação à proteção maternal exigida pelas leis
chinesas, assegurou a Play Fair 2008. A indústria de
roupas esportivas é um grande negócio e seu valor está
calculado em US$ 74 bilhões. O setor é guiado por
gigantes corporativos com Nike, Adidas, Reebok, Puma,
Fila, ASICS, Mizuno, Lotto, Kappa e Umbro.

Fonte: Envolverde / IPS / Agência CUT de Notícias