Jamais imaginei que veria, em pleno século XXI, no ano de 2023, em um país como o nosso, seres humanos sendo resgatados pelo Ministério da Saúde em estado grave de desnutrição e malária. Principalmente, crianças e idosos.
A crise humanitária dos Ianomâmis, além de inadmissível, é criminosa. E seus responsáveis devem ser identificados e punidos pelos crimes que cometeram contra esses brasileiros.
Está claro que houve falta de empenho nos últimos anos em combater o garimpo nas terras Ianomâmis. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) já havia classificado, em 2019, a situação como “extremamente grave”, principalmente, pela questão do garimpo ilegal, que é o principal responsável pelo adoecimento e pela fome vivida pelos Ianomâmis. O líder indígena Junior Heurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Ianomâmi, disse ter enviado mais de 60 pedidos de auxílio diretamente ao Governo. Todos ignorados. Isso me faz pensar que o extermínio dos Ianomâmis foi uma politica de Estado do antigo governo. E pensar que, no ano passado, o Brasil fez parte dos 11 países que propuseram a convenção do Genocídio da ONU, e agora vem à tona que cometeu esse crime contra o seu próprio povo.
Nossa solidariedade em situações como esta é extremamente importante. Porém, não basta para mudar a realidade. Precisamos cobrar, enquanto sociedade civil, políticas públicas que protejam nossos povos originários. O atual governo deu um importante passo ao criar o Ministério dos Povos Indígenas, que é ocupado pela deputada federal do Estado de São Paulo, agora Ministra, Sônia Guajajara. A atitude do atual presidente, ao ser informado sobre a situação, de viajar pessoalmente com ministros de outras áreas às terras dos Ianomâmis, foi imprescindível para salvar a vida desses brasileiros. E iniciar a mudança dessa realidade. Fica aqui mais uma vez a reflexão do governo que queremos. Me peguei pensando que meu voto ajudou a salvar esses brasileiros.
A ajuda humanitária tem chegado de dentro e de fora do nosso país. E tão importante quanto, é o combate efetivo ao garimpo ilegal, raiz do problema, pelas forças militares a pedido do Governo. A PF abriu um inquérito para apurar se houve crime de genocídio e omissão de socorro na assistência aos Ianomâmis pelo governo passado, e parlamentares de diversos partidos apoiam a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Eu entendo que é urgente pacificar o país, no entanto, em meio a um furacão de acontecimentos deixado como legado pelo antigo governo, é preciso escolher o que é prioridade para combate imediato. A meu ver, neste momento, nossa prioridade é salvar os brasileiros Ianomâmis.
Unidos Somos Fortes!
Nilton Esperança
Foto: Araquém Alcântara