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O MUNDO PELO AVESSO – Emir Sader

Se você quiser saber tudo sobre o governo FHC, não leia o livro de auto-ajuda “A arte da política”, assinado pelo ex-presidente. Não leia, porque ali nada se explica sobre as privatizações, conluio com a grande mídia, a explosão da dívida pública e aprovação da emenda da reeleição.


 








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Nem veja. Nem leia


 


30/03/2006


Se você quiser saber como FHC foi fabricado como candidato para o Plano Real e não o Plano para o candidato;


Se você quiser saber como a inflação foi transformada na multiplicação da dívida pública em 11 vezes, pelo candidato que dizia que ”o Estado gasta muito, o Estado gasta mal”, mas entregou o Estado falido a seu sucessor;


Se você quiser saber como o presidente dos EUA mandou seu assessor para apoiar a candidatura de FHC e ganhou, de quebra, o Sivam, para uma empresa financiadora de sua campanha;


Se você quiser saber como parlamentares foram comprados para que a Constituição fosse reformada e a emenda da reeleição, reformada;


Se você quiser saber como o conluio entre a grade mídia privada e o governo de FHC impediu que houvesse CPI da compra de votos;


Se você quiser saber como o país foi quebrado três vezes durante o governo de FHC, ao seguir rigorosamente as normas do FMI;








O livro de FHC é tabelado a R$ 70, mas está à venda nas principais livrarias da Internet por R$ 50.

Se você quiser saber quanto e como se multiplicaram fortunas com a privatização das empresas públicas – o maior negócio de corrupção da história do Brasil;


Se você quiser saber quanto e como se multiplicaram fortunas com a brutal desvalorização da moeda em janeiro de 1999;


Se você quiser saber como e por que fracassou o governo de FHC, derrotado estrepitosamente nas eleições para sua sucessão;


Se você quiser saber estas e outras verdades fundamentais para entender o Brasil contemporâneo e por que o ex-presidente FHC é o mais rejeitado de todos os nomes aventados como candidatos à presidência da República;


Se você quiser saber por que seus correligionários disseram a FHC que calasse a boca, porque suas intervenções desastrosas ajudavam a recuperação eleitoral de Lula;


Se você quiser saber por que FHC não conseguiu nenhum cargo internacional – como era seu sonho – e tem que se contentar com o luxuoso escritório no Vale do Anhangabaú, montado por grandes empresários paulistas, em agradecimento pelo que lucraram durante seu governo;


Se você quiser saber por que FHC se tornou tão rancoroso diante do sucesso de Lula e de sua política externa;


Se você quiser saber dos vínculos sorrateiros da “Veja” com o ex-presidente, que deram – na única resenha da imprensa – capa do seu livro, apresentada por um escriba de plantão;


Se você quiser saber tudo isso e muito mais sobre o governo FHC, não leia o livro de auto-ajuda (para ele levantar sua decaída auto-estima), recém publicado pelo ex-presidente, decadente e marginalizado.


Não leia, porque nada disso está ali, senão autobajulações, autojustificativas, perfeitamente adequadas a que se esqueça antes mesmo de ler. Nem veja, nem leia.

 

 


*Emir Sader é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História”.


 

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BIODIVERSIDADE E NOVO PARADIGMA

Leonardo Boff*


 


Três são os inimigos principais da biodiversidade: o modelo de produção e consumo imperante, a  monocultura e a espécie humana.


O modelo imperante, é imperioso repeti-lo, é devastador dos recursos naturais e é consumista. A Terra não agüenta mais esta sistemática agressão e dá sinais claros de estresse. Ela já está se vingando como o tem  mostrado James Lovelock no seu recente e alarmante apelo”A vingança de Gaia”. Haja vista o aquecimento do Planeta, as perturbações climáticas e a escassez de água potável.


A monocultura é contrária à lógica da natureza que sempre consorcia todo tipo de formas de vida, permitindo que uma espécie ajude a outra a sobreviver e, ao mesmo tempo, se mantenha o equilíbrio dinâmico de todo o processo natural.     O mundo é dominado pela monocutura do arroz, do trigo, da soja, do milho, do eucalipto, dos cítricos, do gado, das galinhas e outros. Cada implantação de uma monocultura significa um verdadeiro assassinato de espécies vivas, de insetos e microorganismos. Junto com a monocultura vêm os agrotóxicos para garantir e aumentar a produtividade.


O terceiro inimigo é a espécie humana. Ela é uma entre milhares de outras. Mas seu triunfo foi o de disseminar-se sobre todo o Planeta, como uma verdadeira praga, adaptando-se a todos os ecossistemas e submetendo a seus interesses todas as demais. Ocupou 83% do Planeta mas de forma destruidora. Fez do Jardim do Eden um matadouro como disse o mestre da biodiversidade Edward Wilson. As religiões, os tabus, os preceitos éticos e a ciência foram até hoje insuficientes para impedir e limitar a violência humana contra a natureza. O meteoro rasante hoje se chama ser humano.


“As atividades antrópicas estão mudando fundamentalmente e, em muitos casos, de forma irreversível, a diversidade da vida no planeta Terra. Tudo indica que esse processo vai continuar ou ainda se acelerar no futuro”. É o que constata o “Relatório da Avaliação Ecosistêmica do Milênio” feito sob os auspícios da ONU e divulgado em 2005.


Preocupante é que as centenas de medidas sugeridas pela Convenção sobre a Diversidade Biológica, seguramente necessárias, são feitas ainda dentro do paradigma antrópico de dominação da natureza. Elas não resolvem a questão básica da devastação. É como, se ao limarmos os dentes do lobo, lhe tiraríamos a ferocidade. Precisamos de outro paradigma civilizatório que tenha uma relação não destrutiva com a natureza, que atenda nossas necessidades, portanto que seja sustentável. Caso contrário não teremos mais futuro.


É neste contexto que se torna importante a Carta da Terra do ano 2000. Ela parte desta possível tragédia. Mas confia que podemos evitá-la. Para isso precisamos de outra ótica que fundará uma nova ética. A ótica é que somos parte do vasto universo em evolução, filhos e filhas da Terra que é viva e somos um dos membros da grande comunidade de vida. O sentido de interdependência e de parentesco nos torna os cuidadores naturais de todas as formas de vida. Há que satisfazer nossas necessidades, de forma justa e equitativa, com um manejo respeitoso da generosidade da Terra, mas sem devastá-la e sempre procurando repôr o que tiramos. Isso exige novos valores, diferentes instituições e modos de vida. Esse é o “modo sustentável de vida” que nos salvará.


 


* Leonardo Boff é autor de Civilização planetária (Ed. Sextante)


 

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MANIFESTO: “O BRASIL PRECISA DA CAIXA”

O Brasil precisa de mais políticas públicas.


Precisa de mais habitação para a sua gente e de mais saneamento e urbanização para aglomerados humanos.


Precisa ampliar e dar eficácia às ações de transferência de renda aos mais necessitados. Precisa fazer chegar à juventude pobre programas que abram portas para a qualificação profissional, para o emprego e para o ensino superior.


Precisa assegurar acesso ao crédito e a serviços bancários aos milhões de brasileiros historicamente alijados do sistema financeiro nacional.


Precisa garantir o pagamento de aposentadorias a todos os assistidos pela Previdência Social, estejam onde eles estiverem no território nacional. Precisa assegurar o recolhimento de benefícios aos que necessitam e desejam integrar-se ao sistema de previdência pública. Precisa garantir os pagamentos do Programa de Integração Social (PIS) e do seguro-desemprego.


Precisa, enfim, oferecer cada vez mais a assistência, os serviços e as oportunidades a que todos os cidadãos têm direito, para tornar-se, de fato, um país de todos os brasileiros.


E não há como a sociedade brasileira prescindir de um banco público à altura desses desafios: o Brasil precisa da Caixa Econômica Federal.


No longo caminho percorrido pela Caixa há quase um século e meio, a solidez de sua missão histórica, sustentada na resistência de seus trabalhadores e da sociedade, manteve-a sempre na função de bem servir o país, com ações voltadas para o desenvolvimento social e econômico.


Mas há circunstâncias em que essa trajetória precisa ser reafirmada e situada no centro de nossas preocupações, pois sabemos que há no cenário político brasileiro projetos antagônicos sobre como realizar políticas públicas de desenvolvimento social. E neles se inserem políticas diferentes para a Caixa.


No passado ainda recente, todos lembramos, a Caixa foi colocada em uma perspectiva completamente diversa da que vive atualmente. A empresa – e aqui não cabe rodeios – estava sendo preparada para a privatização. Enfrentava um verdadeiro processo de desmonte e seus empregados viviam um período de incertezas, de baixa auto-estima e, para muitos, de agravamento dos problemas de saúde.


No curso dos últimos três anos, não sem problemas e erros de foco, a Caixa conseguiu se reerguer e retomar sua missão histórica. A empresa pode se orgulhar, por exemplo, de ter se colocado à frente da estruturação do cadastro do programa Bolsa-Família e de ser a repassadora dos recursos deste que já é considerado o maior e um dos mais eficientes programas de transferências de renda do mundo.


A reação dos que se mantêm na trincheira do modelo que mira a destruição dos bancos públicos é, no entanto, proporcional ao sucesso das ações de fortalecimento da Caixa como motor e combustível para as políticas sociais. Nos últimos meses, a empresa enfrenta ataques que visam enclausurá-la na arena da disputa político-eleitoral em curso no país. No Congresso Nacional, sugere-se, inclusive, o indiciamento de dirigentes da Caixa, com base na distorção de fatos e numa flagrante inversão da lógica pela qual se busca a punição de culpados por irregularidades.


Fica ainda mais nítida a interpretação de que o cerco se fecha quando figuras de proa entre os que tentaram há poucos anos o desmonte da Caixa voltam a defender abertamente a privatização dos bancos públicos, numa eventual volta ao poder.


O momento requer que, novamente, ergamos nossa voz em defesa do que consideramos ser o papel reservado à Caixa: servir ao Brasil. Pois não há dúvida de que o Brasil precisa da Caixa.


 


(Diretoria Executiva da Fenae – Brasília, março de 2006)

Fonte: FENAE

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CORRESPONDENTES BANCÁRIOS DEVEM TER REGULAMENTAÇÃO


Em seminário, BC diz que há no país cerca de 90 mil postos, mas só 46 mil são reconhecidos


 


Em seminário realizado nesta quarta-feira, dia 29, na Fecomércio, o Banco Central informou que já existem no país cerca de 90 mil pontos de correspondentes bancários. Oficialmente, o BC reconhece a existência de pouco mais de 46 mil pontos, mas admite que não tem verba suficiente para acompanhar o setor.


O serviço, autorizado pelo Banco Central desde 1979, surgiu efetivamente a partir de 1999, com o objetivo de levar a bancarização aos rincões do Brasil onde os cidadãos não contavam com serviços bancários disponíveis. De lá para cá, a proposta inicial vem sendo descaracterizada: dos 90 mil pontos existentes, cerca de 60 mil estão na região Sudeste, 38 mil na cidade de São Paulo e muitos deles funcionam em regiões centrais onde existem muitas agências bancárias.


Os correspondentes bancários acabaram se transformando num meio encontrado pelos bancos para baratear seus custos: eles aumentam seus lucros e jogam a conta para a sociedade. Ao longo dos últimos anos, o sistema financeiro expulsou a população das agências, por meio da informatização, das enormes filas, da falta de pessoal para o atendimento. Foi gerado o ambiente propício para a criação de locais onde pagar contas e ter acesso ao crédito fosse mais fácil.


Os números confirmam esse ponto de vista. Desde o ano 2000, o número de pontos de correspondentes bancários passou de 63 mil para 90 mil. No mesmo período, o de agências saltou de 16.396 para 17.515. O setor, que em 2000 movimentava R$ 22 milhões em cerca de 63 mil operações, chegou a 2005 responsável por 1,4 bi operações que somam mais de R$ 27,5 bilhões.


Os correspondentes, portanto, têm hoje um papel fundamental na sociedade. Assumiram uma prestação de serviço que os bancos não querem fazer e que hoje, conforme o próprio setor avisa, já não podem absorver. O que o movimento sindical reivindica é que se criem regras e limites que evitem a já crescente precarização na qualidade do atendimento à população e a flexibilização dos direitos trabalhistas desse exército de profissionais que atuam nos 90 mil pontos de atendimento e que nem o Banco Central sabe dizer quantos são.


Aponta-se para uma tendência de estagnação no número de agências e um crescimento acelerado no número de pontos de correspondentes bancários. Para o comércio é bom, atrai clientela. Para a população também é mais fácil que ir ao banco, mas questões como segurança, direitos do consumidor e direitos trabalhistas estão sendo deixadas de lado. O movimento sindical, portanto, já entregou dossiê sobre o tema para a Secretaria Geral da Presidência da República e ao Ministério do Trabalho e Emprego, sugerindo a devida regulamentação para o setor. Temos que estar atentos à criação de um sistema que pode representar grave risco para a sociedade e para esses trabalhadores correspondentes que estão ligados ao sistema financeiro, mas não têm qualquer representação efetiva!


 


Bancos distorcem uso de correspondentes bancários


Os correspondentes bancários levaram o serviço bancário para municípios brasileiros em que até o final dos anos de 1990 não contavam sequer com uma agência de banco. Esse feito abriu caminhos para que muitos brasileiros pudessem pagar por serviços, adquiridos, receber benefícios de programas de governo e ter acesso a crédito, a famosa “bancarização”.


“Objetivo é levar a atividade bancária para a população. No final da década de 90, dos 5.600 municípios brasileiros, 1.700 (4 milhões de pessoas) não possuíam agência bancária, dificultando a assistência de crédito – fator gerador de desenvolvimento”, destaca Luiz Edson Feltrim, diretor do Banco Central.


Inicialmente o BC autorizava a abertura de postos de correspondentes bancários apenas em cidades que não possuíam agências bancárias, em 2000, a instalação foi permitida para todas as localidades e tomaram as periferia e o centro das grandes cidades.


A partir de então os bancos encontraram uma brecha para se livrar da legislação trabalhista e de segurança prevista na abertura de agências e partiram para instalação de correspondentes bancários. Com isso, o número desses tipos de pontos, salto de 63 mil em 2000 para 90 mil em 2005, enquanto a quantidade de agências bancárias permaneceu praticamente estável, passaram de 16.396 para 17.515. No mesmo período a movimentação financeira passou de R$ 22 milhões para R$ 22 bilhões.


O negócio tem dado tão certo que, a Lemon Bank, empresa que entrou nesse mercado em 2002, possui uma agência bancária e pretende alcançar ainda este ano a marca de cinco mil pontos de correspondentes bancários instalados. Empresários e a direção do banco central são categóricos em dizer que a redução de custos foi fundamental pela expansão do negócio.


Não dá para avaliar a economia total com a nova modalidade de serviço bancário, mas com certeza a redução é fortemente percebida nos gastos com funcionários. Para ter uma idéia o piso salarial de um caixa de banco é de R$ 1.107, enquanto nas lotéricas, por exemplo, o piso de um funcionário para este mesmo serviço fica em torno de R$ 446, lembrando que mesmo inferior ao pago na categoria bancária, quem arca com os custos são os donos de lotéricas. Essa diferença salarial para função semelhante se repete em todos os estabelecimentos comerciais que possuem serviço de correspondentes bancários.


Luiz Edson Feltrim, diretor do Banco Central, diz que as questões de segurança bancária e legislação trabalhista não são de competência da instituição, que trabalha para viabilizar o acesso da população às agências.


Correspondente bancário: uma facilidade, não uma obrigação


Órgãos de defesa do consumidor reconhecem função social dos correspondentes bancários, mas criticam precarização no atendimento e na segurança O atendimento oferecido por correspondentes bancários deve ser tratado com uma opção de serviço e não uma obrigação aos clientes que desejam pagar suas contas. Esta é avaliação do Procon, órgão de defesa consumidor.


Os correspondentes bancários foram inicialmente criados para atender à população sem acesso às agências bancárias, que em sua maioria é de baixa renda, mas logo se espalharam para os grandes centros comerciais e chegam hoje a 90 mil pontos em todo os país, 38 mil apenas no estado de São Paulo.


O movimento sindical recebe denúncias de que alguns bancos orientam os clientes a realizar operações consideradas simples, como pagamentos de contas de consumo, apenas em correspondentes, com o objetivo de tirar parte da população das agências bancárias, o que caracterizaria uma ação discriminatória.


O Procon orienta aos clientes que se sentirem discriminados a exigir seus direitos de cidadão, processar o banco e cobrar indenização por danos morais. A pessoa nessas condições poderá entrar em contato com o Procon, o órgão abrirá um processo administrativo contra o banco que, caso comprovada a prática ilegal, poderá pagar multa que vai de 200 a 3.000 UFIRs.


Visão semelhante tem o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que assim como o Procon valoriza a ampliação do atendimento bancário, a famosa bancarização, mas revela preocupação com a precarização no serviço que já vem de longo tempo, quando se intensificou a informatização nas agências.


Para Marcos Guedes, advogado e gerente jurídico do Idec, a tentativa de afastar os clientes das agências é uma prática constante dos bancos, assistida inicialmente com a informatização dos serviços, o que levou o BC a lançar uma norma de que o banco não poderia se negar a atender os clientes que preferem ser tratados por caixas “humanos”.


O atendimento por meio dos correspondentes, além do barateamento dos custos, ainda traz outro atrativo para os banqueiros: essa modalidade está fora da legislação de segurança e da dos 15 minutos. Também representa um abuso da terceirização, já que os bancos vivem da exploração dos trabalhadores dos estabelecimentos comercias, que nos caso das lotéricas chegam a ganhar em média três vezes menos do que um bancário.

O Procon defende ainda a extensão da aplicação da lei dos 15 minutos em agências bancárias para correspondentes bancários: lotéricas, correios, supermercados e todos os estabelecimentos que prestam esse tipo de serviço. “Há a necessidade do legislador municipal estudar a abrangência da Lei”, avalia diretora do Procon Marli Aparecida Sampaio, considerando que esses estabelecimentos oferecem os mesmo tipo de serviço que as agências bancárias.

Fonte: Valor Econômico

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BANCO RUAL: É UM BANCO OU É BANDO?


Augusto Nunes


O mundaréu de patifarias envolvendo o Banco Rural descoberto no annus horribilis bastaria, em lugares menos primitivos, para dissolver a instituição e remeter à cadeia uma penca de diretores. Como estamos no Brasil, a CPI dos Correios, que andou investigando o banco mineiro em 2005, apenas ampliou um formidável prontuário.

O banco chegou ao noticiário político-policial pelas mãos do notório PC Farias. Depois vieram a CPI do Orçamento, a dos Títulos Públicos, a do Futebol, a do Narcotráfico, a do Banestado e a dos Correios. Esta é a mais recente. Não será a última. No Rural, CPIs são tão rotineiras quanto medidas destinadas a aviltar os salários dos empregados.

Fonte: Jornal do Brasil

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BBVA PODE VOLTAR A TER BANCO NO PAÍS

O BBVA estuda voltar a ter um banco no Brasil. A idéia, segundo o chefe do escritório do banco espanhol no Brasil, Alberto Charro, é atender à demanda de investidores institucionais, empresas e fundos de hedge (menos avesso a riscos) clientes de Madri, Nova York e Londres por operações em reais. “Queremos fazer derivativos estruturados para nossos clientes no país”, diz ele. “Temos uma demanda que precisa ser atendida com uma certa urgência”, afirma.


Para realizar atividades de tesouraria para clientes, é necessário ter um banco no país ou fazer parcerias com algum banco local. Hoje, o BBVA tem um escritório de representação no Brasil, com cerca de 25 funcionários, e uma participação de 5% no capital do Bradesco. A participação foi acertada quando o então BBV vendeu o seu banco no Brasil ao Bradesco, em 2003, após ter atuado no país desde 98, quando comprou o Excel.


Segundo Charro, o tesoureiro do BBVA para América Latina, Gerardo Vargas, está em visita ao Brasil para conhecer tesourarias, entre elas a do Bradesco. “Vários executivos do banco virão para cá antes de tomarmos uma decisão”, disse. Segundo ele, a opção de comprar um banco no Brasil está descartada.


Hoje, apesar de só ter um escritório no Brasil, o banco já consegue montar estruturas de forma a oferecer empréstimos em reais a seus clientes e de acordo com as normas do Banco Central. O banco deu garantia total, por meio de uma carta de crédito “stand-by”, a um empréstimo-ponte feito pelo Bradesco de R$ 562 milhões ao consórcio de empresas espanholas Cobra, Elecnor e Isolur que venceram leilão de concessão de linhas de transmissão de energia no Brasil, diz Paulo Machado de Carvalho, responsável pelas operações de finanças estruturadas.


“Somos um escritório de representação, mas nossa capacidade de empréstimos às empresas brasileiras é bem maior do que muitos bancos estrangeiros com subsidiárias no país”, afirma Charro. O banco tem limite de US$ 6 bilhões disponível para exposição ao Brasil no mercado externo e tem mais de US$ 2 bilhões em carteira. “Podemos realizar até US$ 750 milhões para apenas um cliente”, conta.


Essa disponibilidade para Brasil no balanço aliada à crescente internacionalização das empresas brasileiras têm feito o BBVA crescer na atividade de fusões e aquisições. O banco tem presença em países da América Latina (o BBVA tem filiais na Argentina, Chile, Colômbia, México, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai), o que lhe traz uma vantagem comparativa: conhecimento das empresas locais. Assessorou o grupo Mapfre Seguros na aquisição da Nossa Caixa Vida e Previdência e o grupo Agbar na venda da Águas Guariroba.


“Com o real valorizado, as empresas brasileiras estão aproveitando a oportunidade e comprando outras em países na região”, diz Reynaldo Passanezi, que desde janeiro se tornou o chefe da área de fusões e aquisições para América Latina do BBVA. Antes, ele cuidava da atividade só no Brasil, mas foi promovido diante da importância crescente que a chamada área de finanças corporativas no Brasil vem adquirindo para o banco.


Agora, o BBVA está em processo de contratação de mais um executivo sênior para cuidar da área de fusões e aquisições no Brasil. Também está contratando um outro executivo sênior e mais quatro a cinco analistas para cuidarem de execução de empréstimos.


 


Parceria com Bradesco na gestão de caixa


O BBVA vai realizar parceria com o Bradesco para fornecer um serviço integrado em toda a América Latina de gestão de caixa para empresas que estão em processo de internacionalização. Por meio do serviço, será possível às multinacionais regionais centralizarem o caixa das diversas subsidiárias e da matriz como se fossem uma só empresa. Para tanto, só falta integrar o sistema BBVA Cash, que já opera no México, em Porto Rico, Venezuela, Colômbia, Peru, Chile e Argentina, com o sistema de gestão de caixa do Bradesco.


A informação foi prestada ao Valor por Sidney Dias de Oliveira, que acaba de ser contratado pelo BBVA para cuidar do serviço conhecido como “cash management” do banco para o Mercosul.


As parcerias do espanhol com o Bradesco não param por aí. Segundo informou José Luiz Acar Pedro, responsável pelo Bradesco Banco de Investimento, à “Dow Jones”, o banco brasileiro pretende lançar um fundo para investidores estrangeiros no Brasil aplicarem em títulos públicos, aproveitando a isenção de Imposto de Renda. O brasileiro avalia parecerias na distribuição com o BBVA e com o Banco Espírito Santo de Investimento.


O BBVA vem conseguindo importância crescente no mercado de empréstimos externos para o Brasil. Em 2005, ficou no segundo lugar no “Ranking Valor de Captações Externas” na categoria empréstimos sindicalizados. É um dos líderes de operação de US$ 1,2 bilhão da Votorantim Industrial que está no mercado. Realizou em 2005 operações para a Loma Negra, da Camargo Corrêa, na Argentina, e para subsidiária da AmBev no Peru.

Mas quer continuar a crescer. Pretende agora oferecer crédito também às empresas de segunda linha ou “primeira linha ampliada” no Brasil, como preferiu definir o chefe do escritório do banco no Brasil, Alberto Charro. A idéia é passar a operar com cerca de 100 empresas que passarem pelo crivo do diretor de crédito, Francisco Antonio de Pauli. Hoje, o escritório atua com 60 empresas no Brasil.

Fonte: Valor Econômico

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BANCÁRIOS DO ABN DÃO PASSO INICIAL RUMO A ACORDO MARCO

Lucimar Cruz Beraldo


Os bancários do ABN do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai conquistaram, nesta quarta-feira, um feito inédito. Pela primeira vez na história da categoria, representantes sindicais de diferentes países estão reunidos com a direção do banco para debater formas de estreitar o diálogo rumo à efetivação de um “acordo marco”.


O Encontro Internacional dos Representantes dos Trabalhadores e a direção do ABN Amro, está ocorrendo durante todo o dia de hoje, na matriz do banco, em São Paulo, sob a organização da Coordenadora Sindical do Cone Sul  (CCSCS) e da Uni América Finanças.


Na abertura, o presidente do banco, Fábio Barbosa, expôs as preocupações da empresa, as quais, segundo ele, não são apenas de mercado, mas também humanas e sociais, chegando a classificar os funcionários como principal ativo da instituição. Na seqüência, Vagner Freitas, presidente da Uni América Finanças, destacou a importância de assegurar direitos e conquistas para os trabalhadores de multinacionais e transnacionais lotados em diferentes nações frente ao avanço da globalização.


A coordenadora dos funcionários do ABN Real, no Brasil, Deise Recoaro, ao instalar os trabalhos, lembrou a importância da organização nos locais de trabalho, ressaltando a intenção das entidades sindicais de promover sua atuação da “porta para dentro do banco”, o que, no seu parecer, requisitará maior qualificação dos dirigentes sindicais.


Na seqüência, houve apresentações sobre a estrutura organizacional do ABN e da atual organização sindical feitas, respectivamente, pela diretora de RH do banco, Lílian Guimarães, e pelo dirigente sindical Ricardo Jacques.


Lílian Guimarães abordou as metas de crescimento da instituição, sua colocação no mercado e as políticas de valorização da diversidade. Segundo ela, o banco privilegia não apenas a diversidade humana, mas também de idéias. “Temos a diversidade como estratégia, como diferencial nos negócios e como fator de enriquecimento da sociedade”.


Ricardo Jacques, por sua vez, fez uma regressão sobre a organização sindical desde o âmbito global até o funcionamento das entidades em nível regional. Também relatou a evolução dos debates entre os representantes sindicais bancários sobre a importância de buscar acordos globais para os bancos com atuação em diferentes nações, com respeito aos princípios básicos como liberdade sindical, livre negociação, promoção da igualdade de oportunidades e de erradicação do trabalho escravo e infantil, dentre outros. “O debate evolui desde o início da década culminando, em 2005, com a realização da reunião conjunta de redes sindicais de bancos internacionais (Santander, BBVA, ABN e HSBC)”.


Segundo o dirigente, neste período, os debates focaram, principalmente, a deslocalização do trabalho (imposição aos trabalhares para mudarem de países) e o processo de terceirização da mão de obra. “Nossa principal preocupação é manter direitos e conquistas, independentemente das diferenças culturais e legislativas. Esse é um processo evolutivo já com negociações em curso no Banco do Brasil e perspectivas de iniciar o debate no Itaú, além dos bancos internacionais”, antecipa Ricardo Jacques ao destacar a importância do presente encontro com o ABN. “Esperamos concretizar aqui regras de convivência capazes de solucionar problemas do dia a dia do bancário”.


O diretor de Relações Sindicais do ABN Real, Jerônimo Anjos, confirmou a receptividade do banco em relação à proposta e revelou a existência de política na instituição de promoção de treinamentos aos gestores no sentido de buscar relação saudável com o movimento sindical. “A construção de normas de conduta depende de como se relaciona o banco e o movimento sindical. Então, vamos estreitar os laços e construir juntos esse diálogo”.


Na avaliação do diretor da FETEC/CUT-SP e representante dos funcionários do ABN Real, Gutemberg de Souza Oliveira, o encontro desta quarta-feira abre novas perspectivas no movimento sindical bancário. “Estamos presenciando um espírito bastante receptivo e otimista. Esperamos que isso se reproduza no dia a dia, nas negociações com as entidades sindicais e na melhoria das condições de trabalho do bancário”.


O dirigente, no entanto, faz um alerta: “Temos de atentar para a inversão de valores, quando o banco usa a responsabilidade social como marketing. O que temos visto até agora é uma grande preocupação com a imagem, a exemplo de recentes casos no Paraguai e Uruguai. Por isso, o discurso tem que se transformar em prática e o funcionário ser realmente assistido pelo banco, haja vista que as pesquisas anunciadas por Lílian Guimarães não são indicativos de satisfação”.

Para Gutemberg, o melhor termômetro são os sindicatos. “Se as demandas nas entidades forem muitas isso significa que a situação na empresa está maquiada. Por outro lado, temos que reconhecer a iniciativa do ABN, de abrir esse espaço para mostrar suas políticas e abrir o diálogo. Friso, porém, que se o banco quer realmente ser diferente, então que ele faça diferente”.

Fonte: FETEC/CUT-SP

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INSS PROÍBE TAXA NO CONSIGNADO


Bancos não poderão mais cobrar a Tarifa de Abertura de Crédito (tac)


 

O Governo decidiu proibir a cobrança de Tarifa de Abertura de Crédito (TAC) nos empréstimos com desconto em folha para aposentados e pensionistas do INSS. A decisão foi tomada ontem na reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e a medida, prevista pela Resolução nº 1.272, entrará em vigor depois da publicação no Diário Oficial da União.

Fonte: Diário de São Paulo

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BANCO UTILIZA ARTIMANHA PARA ENGANAR ISO 9000

NO PERÍODO DE AVALIAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO CERTIFICADO DE QUALIDADE, INSTITUIÇÃO RETIRA OBRIGATORIEDADE DE VENDA DE PRODUTOS


O Sindicato tem recebido denúncias de punições a bancários que não conseguem vender produtos para o cumprimento de metas. Especificamente no Bankfone, onde até pouco tempo os funcionários faziam o atendimento ao cliente e a venda apenas de consórcio, mas desde fevereiro estão obrigados a vender diversos produtos. “Durante mais de quinze anos fiz apenas esse atendimento, como é que o banco quer que eu passe a vender mais de uma hora para outra? “, questiona o bancário Gustavo Leitão (nome fictício), do Bankfone.


Gustavo está entre os punidos pelo não cumprimento de metas – o Itaú tem dado advertência e até suspensão aos trabalhadores. Ele afirmou também que, além do assédio moral, o banco tem mantido uma tática para a obtenção do certificado de qualidade ISO 9000. “Quando o fiscal está no Bankfone, a obrigatoriedade da venda desaparece do sistema. Ela só reaparece quando o representante da ISO vai embora”, denuncia o bancário.


De acordo com o diretor do Sindicato Aladim Takeyoshi, a entidade tem questionado as práticas adotadas pelo Itaú para que os funcionários atinjam as metas. “As denúncias do Bankfone são graves e, caso sejam confirmadas, o Sindicato tomará as devidas providências” afirma.

Fonte: Seeb SP

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TARIFAS DE BANCOS VARIAM ATÉ 161%, MOSTRA PROCON

Pesquisa da Fundação Procon de São Paulo feita em fevereiro mostra que as tarifas bancárias cobradas em serviços e produtos podem variar até 160,87% entre um banco e outro.


Foi o que aconteceu com a tarifa de manutenção do cartão magnético de débito. O banco estadual de São Paulo Nossa Caixa cobra R$ 6,00 por mês, enquanto no privado Santander, o custo mensal do cartão sai por R$ 2,30. Essa diferença de quase 161% foi a maior encontrada pelo Procon nesse levantamento.
O custo médio de manutenção do cartão, entre os dez bancos pesquisados ficou em R$ 3,65, aumento de 16,64% em relação aos valores cobrados um ano atrás.
As instituições que fizeram parte da pesquisa foram Banco do Brasil, Banespa, Bradesco, CEF, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Santander e Unibanco.
Segundo o Procon, a pesquisa baseou-se em perfil hipotético de cliente pessoa física, titular de conta corrente com cheque especial, que utiliza regularmente os principais serviços necessários à movimentação e controle de sua conta corrente, e que optou pela isenção do primeiro talão de cheques no mês.
Não foram considerados outros indicadores, como saldo médio, poupança, aplicações, empréstimos e seguros, entre outros, em virtude da variação promocional de descontos adotada pelos bancos.
Foram pesquisados alguns itens básicos: renovação do cadastro de pessoa física, manutenção da conta corrente ativa, renovação do cheque especial, remessa domiciliar de talão de cheques e manutenção do cartão magnético (função débito).
De acordo com o Procon, não é possível comparar os pacotes de serviços entre as instituições financeiras, devido à diversidade desses serviços.
O custo médio do envio de talões de cheques pelos Correios subiu 18,28% em um ano, atingindo R$ 4,58.
A renovação trimestral do cheque especial passou a custar em fevereiro R$ 19,43, um acréscimo de 5,54% sobre os preços de março do ano passado.
O Procon orienta os consumidores a acompanhar a tabela de tarifas bancárias vigente na instituição e a conhecer todos os pacotes ofertados, porque podem ser vantajosos ou não, conforme o volume de uso de cada cliente. Em caso de dúvida, o consumidor deve consultar o gerente da sua agência.

Fonte: UOL