Trabalhadores de estaleiros vão para a rua protestar contra extinção
de postos de trabalho e demissão de dez dirigentes sindicais
O estaleiro Keppel Fels, em Niterói, ganhou a licitação para construir módulos plataforma P-57 da Petrobras, mas os empregos dos funcionários estão ameaçados. A empresa anunciou o fim das operações na Baía de Guanabara, transferiu funcionários para a Bras Fels, do mesmo grupo, que funciona em Angra dos Reis, e demitiu dez dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, sendo sete diretores de base, o atual presidente e os diretores dos departamentos Jurídico e de Imprensa.
Mas não é só a P-57 que preocupa os metalúrgicos. A construção da P-62 pelo estaleiro Mauá-Jurong também está ameaçada. Inicialmente, a plataforma seria um clone da P-54. Os módulos desta unidade foram integrados pelo Mauá, o que torna a empresa a mais indicada para realizar o serviço do clone. Mas a Petrobras está avaliando a possibilidade de mudar o projeto e abrir a licitação para empresas estrangeiras. Caso o Mauá perca o serviço, há risco de cerca de três mil trabalhadores perderem seus empregos.
Protesto e negociação
Na manhã do dia 13 de março, os empregados dos dois estaleiros realizaram uma manifestação em protesto. A passeata saiu do Mauá-Jurong, no centro de Niterói, atravessou a Baía de Guanabara de barca e seguiu até o Edifício-Sede da Petrobrás, no Largo da Carioca, centro do Rio. A Confederação Nacional dos Metalúrgicos enviou representantes, além dos sindicatos dos Petroleiros de Duque de Caxias e do Rio de Janeiro, do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, que reúne os trabalhadores da indústria naval no município, e do Sindicato dos Engenheiros. Representantes dos empregados da Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras, também participaram do ato, uma vez que os contratos para a construção de navios petroleiros também podem ficar ameaçados com o enfraquecimento da indústria naval no estado. A CUT foi representada pela presidente, Neuza Luzia Pinto, e por diversos membros da diretoria.
A Petrobras recebeu representantes dos trabalhadores para negociar a situação do fechamento do estaleiro e a construção das plataformas. Uma comissão intersindical foi formada para tratar do problema com a empresa petroleira e já está marcada uma reunião para o próximo dia 19, quarta-feira, às 10h. A comissão é formada por dirigentes de todas as entidades sindicais presentes ao ato.
O fechamento
A Keppel Fels está passando por grandes mudanças. Houve uma troca de controle acionário e a Setal, empresa antecessora, passou a ser gerida pelo grupo de Cingapura, que é um dos maiores do mundo em construção naval e que já fez contratos com a Petrobras no passado. O grupo é controlador da Bras Fels, de Angra dos Reis, que arrendou por 30 anos as antigas instalações do Estaleiro Verolme, o maior da América do Sul. Alguns empregados da empresa têm mais de 20 anos de casa, uma vez que já trabalhavam na Setal. Dos demitidos, nenhum estava na empresa há menos de 10 anos, e alguns já haviam completado duas décadas de trabalho no estaleiro.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí já vinha tentando negociar com a Kappel Fels uma saída para o problema, mas a empresa não apresentou nenhuma proposta. Já foi realizada uma mesa-redonda na DRT e um novo encontro está marcado para o próximo dia 18, às 14h, quando se espera que a Keppel Fels proponha uma solução aceitável. A expectativa dos trabalhadores é de que, pelo menos, a construção da plataforma seja feita no estado do Rio de Janeiro.
Fonte: FEEB RJ/ES