Painel da ONU admite fim da Amazônia até 2080

A segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), que será lançada na sexta-feira, 6, em Bruxelas, fará referência a novos modelos de previsão de clima que indicam, no pior dos cenários, o desaparecimento de grande parte da Floresta Amazônica até 2080 devido ao aquecimento global.


O IPCC é uma entidade que reúne os principais especialistas do mundo para discutir as mudanças climáticas no planeta. Eles produzem relatórios especiais que tentam formar um consenso sobre as questões mais importantes e polêmicas no tema do aquecimento global.


O capítulo sobre América Latina, que será divulgado na sexta-feira, incorpora a produção científica mais relevante produzida na área desde 2001.


´Sem desmatamento´- Desde 2001 houve avanços nos modelos de previsão de clima, que ajudam a entender o impacto das mudanças climáticas na Amazônia.


“Um deles, o do Hadley Centre, é catastrófico, pois mostra a Floresta Amazônica desaparecendo até o ano 2080. Esse é um dos modelos que são discutidos no IPCC”, disse à BBC Brasil o professor Philip Fearnside, do Inpa – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.


Especialista em Floresta Amazônica, ele foi um dos editores que revisou as informações do relatório do IPCC sobre a região.


Segundo ele, estudos recentes têm mostrado que o aquecimento da água do Oceano Pacífico e fenômenos meteorológicos como o El Niño são cada vez mais freqüentes desde a década de 1970.


“No segundo relatório (do IPCC, divulgado em 1995), fica bem claro que o El Niño aumentou em freqüência, desde 1976. Mas o IPCC não havia opinado sobre por que isso aumentou, embora vários trabalhos publicados indicassem que seja devido ao efeito estufa”, diz Fearnside.


“Agora esse último relatório é um avanço, indicando que a continuação do aquecimento global leva a esse aquecimento na água.”


Segundo o professor, os fenômenos do tipo do El Niño “enlouquecem o clima”, provocando secas em diversas partes do mundo. A Floresta Amazônica estaria entre os locais mais afetados, com recorrentes secas no alto do rio Negro.


“A mudança climática pode alterar o regime de chuvas, afetando as florestas. Com o tempo, a floresta seria eliminada sem ser desmatada, simplesmente por causa do clima. No seu lugar, haveria um tipo de savana, como o cerrado brasileiro.”


O professor adverte que se o modelo do Hadley Centre estiver correto sobre o impacto das mudanças climáticas na Floresta Amazônica, o Brasil seria um dos países mais prejudicados com o aquecimento global.


O painel do IPCC não traz recomendações para os governos. Ele apenas fornece informações para a adoção de políticas mundiais.


O relatório que será divulgado em Bruxelas nesta sexta-feira é o quarto produzido pelos especialistas desde 1990. O documento – que está sendo lançado em quatro partes ao longo deste ano – traz informações detalhadas sobre diversas implicações das mudanças climáticas em todas as regiões do planeta.

Fonte: Ambientebrasil

Manifestação no HSBC Vitória – Sindicato dos Bancários/ES realiza protesto contra demissões no HSBC

 

Na manhã desta quarta-feira, o Sindicato dos Bancários promoveu uma paralisação contra as demissões de trabalhadores do HSBC, que tiveram início na quinta-feira da semana passada, em vários estados, inclusive no Espírito Santo. O protesto foi na agência do HSBC localizada na avenida Princesa Izabel, no Centro de Vitória, e retardou em duas horas o início do expediente de trabalho. Foram distribuídos panfletos prestando esclarecimentos à população e aos clientes do banco.

 

Em menos de uma semana o HSBC já demitiu mais de trezentos funcionários em todo o país. A medida está na contramão da realidade vivida no interior das agências. As filas e a sobrecarga de trabalho demonstram que, ao invés de dispensar funcionários, o banco precisa de mais contratações. Pois, somente dessa forma, os clientes que pagam tarifas altíssimas terão a merecida qualidade no atendimento.

 

O HSBC teve lucro líquido de R$ 946,7 milhões em 2006, o melhor resultado em dez anos de operações no Brasil. Esse desempenho é conseqüência, em grande medida, do esforço dos trabalhadores do banco, que agora são descartados.

 

No dia quatro de abril, a direção do HSBC assumiu um compromisso com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), garantindo que não haveria demissões. Menos de dez dias depois, as dispensas passaram a ser efetuadas de forma unilateral, sem o mínimo de negociação.

 

Ricardo Rios, diretor do Sindicado dos Bancários/ES e funcionário do HSBC, informa que novas manifestações estão sendo planejadas. O objetivo é que as demissões sejam revertidas e novos trabalhadores contratados. “Esse é o caminho para melhorar as condições de trabalho dos bancários e garantir um serviço de qualidade à população”, destaca o dirigente sindical.

Fonte: Seeb-Espírito Santo

Mesa Redonda com o HSBC

A Federação, através do seu diretor de bancos privados, Daniel Casado, solicitou à DRT/RJ uma audiência com o banco HSBC para discutir as demissões que vêm acontecendo em suas bases. A Mesa Redonda acontecerá amanhã (sexta-feira), às 13h, na DRT/RJ (Av. Presidente Antonio Carlos, n°251/12º andar, sl.1235, Centro, RJ).


 


Cada sindicato deve enviar um representante com o maior número de informações possíveis, tais como: números de demissões em suas bases, o cargo que os demitidos ocupavam e o tempo de banco de cada um.

Fonte: Feeb-RJ/ES

“A Iminente Extinção dos Cobradores de Ônibus”

Hoje, dia cinco de abril de dois mil e sete, me desloquei de Niterói ao Rio de Janeiro e fui surpreendido ao tomar o ônibus da linha 383, Tiradentes – Realengo, pois até então eu só tinha conhecimento que os micro-ônibus não estavam se utilizando de cobradores, o que eu já via como um absurdo!


Surpreendi-me pela incoerência da legalização da prefeitura com relação a este procedimento arbitrário, se comparado a outros semelhantes de um passado não muito distante.


Há alguns anos atrás os frentistas de postos de gasolina foram retirados de circulação, numa tentativa dos empresários do setor aumentar seus lucros atribuindo ao consumidor à tarefa de abastecer o seu próprio automóvel (auto-serviço) . Está tentativa sucumbiu por decisão do Senado Federal em aprovar, por unanimidade, um projeto de lei de autoria do então Deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). O autor do projeto estimara há época, que a proibição do “auto-serviço” preservaria a existência de aproximadamente trezentos mil empregos. Quantos serão preservados com a proibição do que vem ocorrendo com os empacotadores e cobradores de ônibus?


A Lei 7.916/03 que dispõe sobre serviço de empacotamento de mercadorias adquiridas em supermercados e lojas afins, infelizmente, se contrapondo ao desfecho dado no caso dos frentistas, está fadada ao fracasso.


Como se já não bastasse tudo isso, os empresários do segmento de transporte rodoviário coletivo resolveram agora não mais se utilizar do consumidor como instrumento de manobra, mas sobrecarregar os motoristas colocando em risco a vida dos usuários de transportes urbanos. Se não podemos dirigir um automóvel e falar no celular ao mesmo tempo, como os motoristas de ônibus podem fazer a cobrança da passagem, dar o troco e dirigir, levando em conta a segurança de um número muito superior de indivíduos em relação ao automóvel?


Alguns interessados em que isso permaneça tentam justificar o fato alegando que eles só saem com o veículo após finalizarem a cobrança. Notadamente, não é o que temos presenciado em nosso cotidiano.


Nosso atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido criticado por não cumprir com a promessa de campanha que o levou a seu primeiro mandato. Como se criar dez milhões de novos postos de trabalho se os empresários do setor privado só pensam em reduzir o material humano?


Os bancos figuram como outro exemplo claro de extinção de cargos e funções desempenhadas por material humano. Nem a Lei Municipal n.º 2.861/99 (fls. 05/06), que prevê que as agências bancárias disponham de pessoal suficiente para o atendimento a seus usuários em tempo razoável, que arbitra em 20 (vinte) minutos, é suficiente para exercer a coercibilidade sobre os capitalistas do setor.


O que vemos, é que o implemento da tecnologia aliado ao capitalismo é um instrumento, muitas vezes, ameaçador, que obsta a distribuição de renda e o equilíbrio social.


Finalizando, o chefe do poder executivo federal tem que combinar com os chefes do estadual e municipal, porque está havendo uma divergência de interesses entre Presidente, governadores e prefeitos e quem paga o preço é o povo enquanto marisco nesta luta do rochedo com o mar. É inadmissível que haja essa incoerência legislativa perpassando pelos interesses dos consumidores que pagam seus impostos quando tomam um ônibus, quando fazem suas compras, quando têm uma conta em banco ou quando fazem uma movimentação financeira. Chega de tantos descasos e liminares. Quem paga a conta desta “Casa chamada Brasil” é o seu proprietário, “O POVO”, que merece satisfação, respeito e dignidade.

Fonte: Claudner França. – Cidadão e Presidente da Associação Brasileira Mundo Cidadão

Perseguição a sindicalistas no Flamengo

O Sindicato dos Empregados em Clubes, Estabelecimentos de Cultura Física, Desportos e Similares do Estado do RJ (Sindeclubes-RJ) veio a público denunciar a perseguição política contra integrantes de sua diretoria que trabalham no Clube de Regatas Flamengo.


De acordo com os sindicalistas Rômulo Noronha e José Geraldo Avelino, nem mesmo a imunidade sindical está sendo respeitada pelos dirigentes do Flamengo – o Art. 8º da Constituição Federal registra que “é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei”.


Luiz Carlos de Souza, Alexandre da Silva Vieira, Ernestina Rodrigues Vianna, Whulderson de Oliveira Silva e Fernando Lima dos Passos, todos sindicalistas, já foram demitidos pela atual direção do clube. José Geraldo Avelino e Angelita Folgosa Teixeira Soares também foram dispensados, mas o processo de desvinculação empregatícia ainda não foi concluído porque os dois dependem de exames médicos.


Rômulo Noronha, de 60 anos, trabalha no Flamengo desde 1968. É professor de natação e na época da ditadura se engajou na luta política. Foi ele quem, ao lado da psicanalista Helena Besserman, denunciou o psicanalista Amílcar Lobo, o médico que dizia aos torturadores até que ponto eles podiam continuar a seviciar os prisioneiros. Em função disso, passou a ser ameaçado constantemente.


Rômulo também alugou um apartamento em Laranjeiras onde Carlos Mariguela ficaria em suas vindas ao Rio. Acabou sendo preso na Ilha das Flores junto com o advogado Aton Fon Filho, sendo que os dois protagonizaram uma cena tão corajosa quanto insólita: quando os juizes pediram que levantassem para ouvir a sentença, eles permaneceram sentados e disseram: “Não reconhecemos autoridade na Justiça Militar. Só podemos ser julgados pelo povo brasileiro”.



Época de ouro


Rômulo também acompanhou de perto a época de ouro do Flamengo, quando o clube venceu cinco campeonatos brasileiros (1980, 82, 83, 87 e 92), uma Taça Libertadores da América (1981) e um Mundial Interclubes (1981), além de sete campeonatos cariocas em 14 anos (1972, 74, 78, 79, 80, 81 e 86).


Nos períodos em que os atletas disputavam muitas competições simultâneas, Adílio, Mozer e Leandro costumavam descansar na piscina, onde jogavam conversa fora. “Zico e Tita eram os que mais gostavam de nadar. Eles perceberam que a natação aumentava o fôlego deles. Isso numa época em que o senso comum dizia que a natação amolecia os músculos”, recorda.


Rômulo conta que a perseguição política a dirigentes sindicais começou em 1993, durante a gestão de Luiz Augusto Veloso. Após os salários atrasarem três meses, os sindicalistas organizaram uma greve. Em dezembro, o vice-presidente administrativo Edmundo Santos Silva demitiu mais de cem funcionários, entre faxineiros, roupeiros, porteiros e o pessoal do serviço geral.


Dois anos antes, os sindicalistas haviam organizado uma greve como o Flamengo nunca havia visto. O clube fechou. Nem treino teve. Rômulo e Avelino atribuem a perseguição que a categoria vem sofrendo a essa organização que eles conseguiram articular com os funcionários do clube.


Após o período de Kleber Leite na presidência, de relativa tranqüilidade para os trabalhadores, volta Edmundo Santo Silva e demite todos os funcionários que eram dirigentes sindicais ao longo do segundo semestre de 2000. Aqueles que conseguiram ser reintegrados – com amparo judicial – foram confinados àquilo que chamaram de “sala dos renegados”. “A gente ficava lá de braços cruzados, sem ter nada o que fazer. Era pra humilhar mesmo”, afirma Rômulo.



Grupo do Edmundo


A preocupação do Sindeclubes-RJ é com a volta de dirigentes ligados ao grupo de Edmundo Santos Silva, o presidente que foi expulso do Flamengo sob acusações de desvio de parte do dinheiro recebido pela parceria com a ISL. De acordo com Rômulo, uma dessas pessoas é a vereadora Patrícia Amorim, do PSDB. “A Patrícia Amorim é ligada ao Edmundo. Foi vice-presidente de Esportes Olímpicos do Edmundo. Agora, quando volta o grupo ligado ao Edmundo, volta a perseguição política aos sindicalistas”, ressalta.


José Geraldo Avelino, de 46 anos, é professor de educação física especializado em futebol e trabalha no Flamengo há 15 anos. Dá aula para as crianças, observa, descobre novos talentos. É diretor do Sindesclubes-RJ, mas nada disso foi levado em consideração pelos dirigentes do Flamengo. “Fui demitido pela Patrícia Amorim sem justificativa”, afirmou.


O Fazendo Media entrou em contato por telefone com o Clube de Regatas Flamengo duas vezes – uma na segunda-feira (26) e outra na terça-feira (27). Deixamos recado com a funcionária Elza, secretária da vice-presidência, mas ninguém retornou nossas ligações até o fechamento desta reportagem, quarta-feira (28 de março).

Fonte: Marcelo Salles – [email protected]

Venezuela confirma quitação antecipada de dívidas com FMI e Bird

CARACAS, 14 abr (AFP) – A Venezuela liquidou antecipadamente suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Banco Mundial (Bird), economizando assim U$ 8 milhões, afirmou neste sábado à imprensa o ministro venezuelano das Finanças, Rodrigo Cabezas.


“Senhores do Fundo Monetário Internacional, senhores do Banco Mundial, tchau a vocês, a Venezuela é livre”, declarou Cabezas.


A Venezuela pagou quinta-feira a última prestação da dívida com o Bird, que vencia em 2012.


“Agora, não temos mais que consultar ninguém sobre nossas políticas econômicas”, acrescentou.


O ministro indicou que, desde 1999, a Venezuela adotou a política de não contrair novos compromissos com o Fundo ou o Bird, e cancelar as dívidas pendentes.


A Venezuela continuará negociando créditos de forma moderada com o Banco Interamericano de Desenvolvimento e com a Corporação Andina de Fomento “porque oferecem financiamento não condicionado”, afirmou o ministro.


O anúncio do cancelamento da dívida venezuelana com esses organismos financeiros foi feito pelo presidente Hugo Chávez na noite de sexta-feira.


O governo de Chávez criticou as recomendações dos organismos multilaterais que pedem à Venezuela para conter o gasto público, argumentando que o importante é a qualidade do gasto.


O mais recente relatório semestral do FMI previu que a economia venezuelana crescerá 6,2% este ano e a inflação chegará a 21,6%.


Mas o governo venezuelano insiste em dizer que cumprirá sua meta de crescimento de 6% e inflação de 12% em 2007.

Fonte: www.noticias.uol.com.br

Encontro de Bancos Privados

O encontro será na próxima quinta-feira, das 9h às 18h, na AABB Tijuca.

 

Será debatida a conjuntura política e econômica atual e seus reflexos sobre os bancos brasileiros e em atuação no Brasil. Serão discutidas também as questões que afetam os bancários desse segmento e suas demandas e eleitos os novos representantes da Federação nas COEs da Contraf e nas comissões interestaduais.

 

Abaixo a programação do evento e os critérios para a eleição dos delegados:

 

 

CRITÉRIOS DE PARTICIPAÇÃO:

 

A participação de cada sindicato no Encontro será determinada pelo número de bancários sindicalizados em suas bases, da seguinte forma:

 

Até mil sindicalizados —– até 07 delegados;

de 1.001 a 2.000 —– até 09 delegados;

de 2.001 a 4.000 —– até 12 delegados;

de 4.001 a 8.000 —– até 15 delegados;

de 8.001 a 16.000 —– até 18 delegados;

acima de 16.000 —– até 24 delegados.

 

02 Delegados Representantes junto à Federação por sindicato filiado, desde que credenciados por sua entidade.

 

Até 06 membros da Secretaria Executiva da diretoria da Federação, eleitos em reunião da Secretaria Executiva.

 

As despesas com cada delegado/a serão custeadas pelos respectivos sindicatos.

 

Os sindicatos devem eleger seus delegados em suas diretorias ou assembléias.

 

 

 

PROGRAMAÇÃO:

 

09h – Abertura

 

09h20 – Apresentação e expectativa (FEEB RJ/ES)

 

09h45 – Cafezinho

 

10h – Exposição Contraf: – “A estrutura organizativa dos bancários e o papel das COE´s.”

 

11h30 – Exposição DIEESE: – “Evolução dos Bancos”

 

12h30 – ALMOÇO

 

14h – Grupos: “Encaminhamentos/Plano de Ação da COE 2007”

 

16h – Avaliação e escolha dos representantes da FEEB RJ/ES nas COEs

 

18h – Encerramento

 

Fonte:

LUTA PELA MORADIA – Governo aceita agilizar acesso a recursos para habitação popular

BRASÍLIA – Na manhã desta terça (10), centenas de militantes de entidades ligadas à luta pela moradia acamparam em frente ao Ministério das Cidades para exigir a ampliação de recursos para programas de moradia. Um documento com as reivindicações foi entregue ao ministro Marcio Fortes, e, após uma série de reuniões com diretores da pasta, os movimentos foram informados de que a maioria das demandas será encaminhada.


Um dos principais pontos levados ao ministro é a mudança nos procedimentos de gestão do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), para permitir que cooperativas e associações acessem diretamente seus recursos. Atualmente, apenas governos estaduais e municipais têm esta prerrogativa. Segundo Evaniza Rodrigues, da União Nacional por Moradia Popular, o atendimento do pleito valorizaria a comunidade como sujeito da moradia e poderia aproveitar experiências de organizações que conseguiram construir moradias de melhor qualidade e a preço mais acessível.


De acordo com a secretária de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, não há oposição dentro da pasta em relação à reivindicação dos movimentos, mas é preciso pensar a melhor forma de operar esta alteração na sistemática de gestão dos recursos. Um aspecto que terá de ser resolvido é o caráter federativo do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, do qual o FNHIS faz parte como principal fonte de financiamento.


Na prática, a preocupação do Ministério se traduz na posição de que a apresentação de projetos por parte de cooperativas e associações pode acontecer, mas desde que se dê no âmbito municipal, subordinado às prefeituras. Os movimentos defendem que haja uma flexibilidade para que cooperativas possam a apresentar projetos também ao governo federal. O compromisso assumido pelo Ministério das Cidades foi o de criar um grupo de trabalho para estudar o problema e apresentar uma posição consolidada do governo.



Centralização dos recursos


Junto à briga para democratizar a gestão do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social, as entidades organizadoras do acampamento querem que o fundo centralize todos os recursos destinados à habitação popular, principalmente os R$ 2,6 bilhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento para esta finalidade. A transferência seria um avanço por que colocaria o montante, metade dos recursos previstos para a garantia deste direito, sob o controle social que caracteriza o FNHIS. A Lei que criou o fundo obrigou que sua gestão fosse feita por um conselho com participação da sociedade civil.


De acordo com Inês Magalhães, apesar de cada fontes de recursos ter sua sistemática de aplicação e controle, o uso de todos os recursos para habitação popular atende às diretrizes presentes na política nacional da área e a prestação de contas é feita ao Conselho Nacional de Cidades, que também possui participação da sociedade civil. Os movimentos, no entanto, defendem que este volume de verbas seja gerido pelo Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, que possui exigências maiores de transparência e mecanismos mais avançados de controle social.


Mas apesar da defesa do sistema, as entidades ressaltam que ainda é preciso avançar muito na sua efetivação. “Queremos que haja um monitoramento da execução dos empreendimentos e que a criação dos conselhos municipais seja apoiada e fiscalizada para que se criem conselhos de fato”, diz Evaniza Rodrigues. A partir da posição do ministério de que a decisão sobre esta questão seria em nível governamental os movimentos protocolaram pedido de audiência com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, para repassar a ele a proposta de levar os recursos para habitação do PAC para o FNHIS.



Desburocratização


Os movimentos pediram também ao ministro Márcio Fortes que o governo busque formas de resolver as barreiras que dificultam o acesso das famílias de baixa renda ao crédito disponível para habitação popular. Entre os pleitos estavam a criação de uma superintendência de habitação popular e a destinação de recursos para apoiar as famílias na elaboração dos projetos que visam obter dinheiro do programa crédito solidário. “A Caixa está acostumada a lidar com prefeituras e empreiteiras mas não com famílias de baixa renda. É preciso facilitar o acesso destas pessoas aos recursos de crédito”, defende Evaniza Rodrigues. Para dar resposta a esta reclamação foi criado outro grupo de trabalho que terá quinze dias para apresentar soluções.


Também foi remetida para os próximos dias a resolução do antigo pleito para que o governo disponibiliza imóveis não utilizados para moradia popular. Hoje, no caso das empresas públicas, isso é vetado pois o repasse de qualquer imóvel só pode se dar por leilão. Atendendo ao pedido de mudanças o governo editou a Medida Provisória 335 retirando estes empecilhos mas até agora não conseguiu fazer nenhum repasse de imóveis. Como encaminhamento foi marcada reunião amanhã com a Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento e com o Ministério da Previdência Social as entidades e o Ministério das Cidades tentarão agilizar a execução da MP 335 e articular a sua aprovação no Congresso.


Ao final da rápida jornada de mobilizações no Planalto Central, as lideranças avisam que continuarão em alerta para garantir que os encaminhamentos apresentados pelo Ministério das Cidades tenham efetividade em breve. Como as pautas são antigas e outras negociações parecidas já ocorreram, permanece o receio da disposição da pasta de Márcio Fortes em agilizar realmente as soluções aos problemas apresentados. A julgar pela capilaridade das mobilizações deflagradas em vários estados desde terça, os diversos movimentos que lutam por moradia popular serão uma pedra no sapato de Fortes e sua equipe caso não haja maior celeridade nos projetos da pasta.

Fonte: Carta Maior, por Jonas Valente

LEGALIZAÇÃO DO ABORTO – Feministas vêem retorno de onda conservadora contra a prática

SÃO PAULO – Neste domingo (8), o jornal Folha de S.Paulo publicou dados da última pesquisa Datafolha acerca da opinião da população sobre mudanças na legislação que autoriza o aborto no Brasil. Pela lei em vigor, a interrupção da gravidez só é autorizada em casos de estupro e quando a vida da gestante corre risco. O levantamento divulgado, realizado no final de março, mostra que 65% dos entrevistados defendem a manutenção da lei atual, sem ampliação da autorização para outras situações de gravidez. Segundo o instituto de pesquisa, este é o maior índice verificado desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1993. Há 14 anos, 54% da população defendiam a manutenção da lei. Em paralelo, 23% apoiavam que o aborto fosse legalizado em outros casos. Hoje, este número caiu para 16%.


Na avaliação de entidades que compõem o movimento feminista, os resultados refletem a visão conservadora crescente na sociedade brasileira e os resultados das recentes articulações contra o aborto. No último dia 24 de março, mais de cinco mil pessoas participaram de uma manifestação em São Paulo, organizada pelo Movimento Nacional em Defesa da Vida, formado sobretudo por grupos religiosos, contra mudanças na legislação que regula a prática no país. O movimento se posiciona contrário ao Projeto de Lei nº 1135/91, em tramitação na Câmara dos Deputados, que permite o aborto em outras situações.O evento contou com a presença do padre Marcelo Rossi e teve como ícone uma criança de quatro meses que nasceu acéfala e que, contrariando as previsões médicas, ainda está viva.


“A forma ofensiva como esses grupos têm tratado a questão sensibiliza a população e ajuda na mudança de opinião”, avalia Sônia Coelho, integrante da SOF – Sempreviva Organização Feminista e da Marcha Mundial das Mulheres. “Mesmo na campanha eleitoral, a questão foi tratada desta forma e nós, dos movimentos sociais, e até os partidos de esquerda ficamos retraídos na discussão”, acredita.


Na opinião da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), muito desta disputa tem se dado através da grande mídia, que, em sua maioria, tem uma posição contrária a legalização do aborto. Para a educadora Carla Batista, secretária-executiva da AMB, muito espaço tem sido aberto aos setores mais conservadores, enquanto aqueles que se contrapõem e combatem a criminalização do aborto não encontram repercussão nos principais veículos de comunicação.


“A grande mídia tem um papel posicionado nessa história. E isso facilita que a questão do aborto seja encarada a partir de uma visão religiosa, faz com que o debate não seja levado pro campo laico, que é onde deve ser colocada a discussão de políticas públicas e de defesa dos direitos das minorias”, afirma. “Há muito dinheiro sendo investido para que este comportamento mais conservador da sociedade seja reconsiderado. Desde o início do governo Bush, por exemplo, o Estado norte-americano tem investido nesta questão não só dentro dos Estados Unidos. O Brasil está exposto a isso, e daí vemos um crescimento de organizações na sociedade que têm um grande poder de construir opinião porque tem mais acesso aos meios de comunicação do que os movimentos sociais”, explica Carla.


Cultura e acesso à informação – Um dos maiores desafios do movimento de mulheres é mudar a cultura da visão do aborto como crime. Segundo elas, no Brasil, quem faz e se submete a este tipo de intervenção é considerado assassino. “Por isso é normal que as pessoas se declarem contra o aborto. Quando, nas comunidades, iniciamos um diálogo com as mulheres sobre o assunto, a maioria se coloca contrária, mesmo que muitas já tenham feito ou tenham pessoas na família que fizeram. Elas entendem que praticaram algo errado porque isso está colocado na sociedade. Não têm nem a dimensão de que, em outros países, isso não é crime. Mas, a medida que vão discutindo, mudam de opinião”, explica Sônia Coelho.


A pesquisa do Datafolha faz recortes por escolaridade, renda e região do país que revelam que os maiores índices favoráveis à manutenção da lei atual que regula a prática estão concentrados na parcela da população com ensino fundamental, renda até cinco salários mínimos e moradora da região nordeste. Fica claro, portanto, que a cultura e o acesso à informação são determinantes na opinião dos brasileiros sobre o aborto.


A AMB cita o exemplo da própria mudança que aconteceu em relação ao aborto nos casos de estupro e de risco para a gestante. No final dos anos 80 e início da década de 90, quando os serviços de aborto legal – para esses dois casos – foram implantados, a maior parte da população era contrária à prática em qualquer situação. “Se hoje 65% da população acham que a lei deve continuar como está, é porque esses casos já são compreendidos pela população como um direito a ser garantido a todas as mulheres que queiram recorrer à interrupção da gravidez”, avalia Carla. “Antes não havia debate sobre isso, e a instalação dos serviços fez com que a sociedade mudasse de opinião”.


Na opinião da educadora, se o aborto em casos de anencefalia fosse legalizado, em alguns anos a visão da sociedade também mudaria em relação a este caso. “O fato de legalizar uma situação significa criar outra institucionalidade na sociedade pra dar resposta a este problema. Quando as pessoas começam a conviver com o resultado dessa mudança, há uma grande possibilidade de alteração no posicionamento da sociedade. A institucionalidade quebra a resistência, enquanto continuar tratando como crime cria barreiras”, diz.


Para a organização feminista Católicas Pelo Direito de Decidir, enquanto a lei continuar crimininalizando a decisão das mulheres de interromper uma gestação e não houver a regulamentação da prática, o Estado e os grupos contrários à alteração da lei continuarão empurrando as mulheres brasileiras para o aborto clandestino e para a morte.


Debate público – No mês passado, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um projeto de decreto legislativo que propõe a realização de plebiscitos no país, incluindo uma consulta à população acerca da legalização do aborto. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também veio a público defender a idéia, a partir de uma visão do tema como uma questão de saúde pública, levantando os riscos para a vida das mulheres de uma interrupção feita em condições precárias. O debate, sempre polêmico, voltou à tona então na sociedade. Em Portugal, no início do ano, um plebiscito resultou na aprovação do aborto até a décima semana de gravidez.


Apesar de considerarem bastante positiva a iniciativa do ministro Temporão, de reabrir o debate a partir de outra perspectiva, as organizações do movimento feminista e de mulheres discordam do mecanismo para definição sobre este tipo de matéria.


“Um grande desafio que a democracia tem é como garantir o direito das maiorias em convivência com o das minorias; como fazer que o direito das minorias exista diante da maioria – que se manifesta, por exemplo, nos plebiscitos. A questão do aborto não é para uma decisão de maioria e por isso não deve ser levada para plebiscito. É um direito humano, fundamental, algo que não pode ser questionado pela população”, afirma Carta Batista, que também integra as Jornadas Brasileiras pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro, uma iniciativa de vários setores da sociedade civil que defendem a causa.


No dia 9 de maio, o papa chega a São Paulo para uma visita de cinco dias ao Brasil. Na mala, Bento XVI trará seu forte discurso conservador de criminalização do aborto, o que, para as feministas, pode resultar em maior sensibilização da sociedade contra a prática. A idéia, no entanto, não é partir para um enfrentamento direto – até porque a situação, em si, já é desfavorável ao grupos que defendem a legalização. Para as mulheres, a luta deve se dar de forma cotidiana, como já vem sendo feito. “Desconstruir todos os preconceitos e equívocos que existem em relação ao aborto é um trabalho permanente. E é isso que continuaremos a fazer, porque, quando o debate acontece de fato, as pessoas mudam seu entendimento”, conclui Carla Batista.

Fonte: Carta Maior – Por Bia Barbosa

Brasil é campeão de inflação em 45 anos

Percentual chega à casa dos 14 quatrilhões de 1961 a 2006; dos seis primeiros países da lista, cinco são sul-americanos Argentina é a 2ª colocada, com taxa de 256 trilhões, e a Noruega, com 916%, tem a menor inflação; atualmente, Brasil ocupa a 24ª posição Nos últimos 45 anos, o Brasil conquistou um título nada lisonjeiro: o de campeão mundial de inflação. A taxa acumulada no período chegou a 14.210.480.006.034.800% de 1961 a 2006. O percentual, na casa dos quatrilhões, consta em estudo do Bradesco obtido com exclusividade pela Folha. “Esses números, com outras coisas, como a negligência na área de educação, ajudam a contar como se construíram as mazelas sociais existentes no Brasil”, afirmou o diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco, Octávio de Barros. “É um resultado cósmico. Para medi-lo, é preciso lançar mão de unidades usadas por astrônomos”, resumiu o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof.


Para fazer o cálculo, os economistas do Bradesco levaram em conta o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) entre os anos de 1961 e 1980. A partir daí, o indicador escolhido foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado melhor para espelhar a realidade brasileira. Antes de 1980, o IPCA não existia.


A vice-liderança do ranking inflacionário coube à Argentina. No período da pesquisa, o país vizinho acumulou uma taxa de 256.376.764.519.163%. Foi seguida do Peru (216.144.603.134%), do Uruguai (2.001.304.983%), da Turquia (98.325.454%) e do Chile (81.234.245%). Ou seja, dos seis primeiros colocados na lista dos países que mais sofreram com a inflação, cinco são sul-americanos.


“Tenho a impressão de que isso está relacionado ao populismo, que marcou a história da América do Sul”, afirmou o economista Caio Megale, sócio da Mauá Investimentos. “A inflação é um resquício de tentar crescer a qualquer custo, de criar essa panela de pressão que estoura lá na frente.” Recentemente, a Folha realizou enquete com 200 personalidades para saber quem era o brasileiro mais importante de todos os tempos. O nome apontado foi o do presidente Getúlio Vargas, tido pelos historiadores como o expoente do populismo no Brasil.


Menores índices – Do outro lado do ranking, os países que conseguiram melhor controle sobre a inflação entre 1961 e 2006 foram Noruega (acumulado de 916%); Suécia (922%), Austrália e Dinamarca (ambas com 1.018%, respectivamente). O Brasil viveu uma escalada descontrolada da taxa inflacionária até 1994, quando o governo Itamar Franco lançou o Plano Real. O cerne do plano -idealizado por uma equipe de economistas que, em boa parte, participou da gestão FHC- consistia em quebrar o ciclo vicioso da remarcação de preços. Para tanto, foi preciso acabar com a indexação, que permitia altas contínuas no valor das mercadorias.


No intervalo compreendido entre 2001 e 2006, o Brasil caiu do primeiro para o décimo lugar no ranking inflacionário, com uma taxa acumulada de 55,3%. No início do rol, aparecem Turquia (261,6%), Venezuela (197,9%) e Rússia (118%). Atualmente, o Brasil vai ainda melhor: tem 23 países à sua frente -entre os emergentes, ficou atrás de 14.


Metas – “Ficar na 24ª posição é uma mudança de paradigma. Isso foi possível, em primeiríssimo lugar, graças ao papel do regime de metas de inflação; à autonomia de fato exercida pelo Banco Central de 1999 para cá; às políticas macroeconômicas não-heterodoxas em matéria fiscal; à abertura da economia, ainda que incipiente; aos ganhos de eficiência e produtividade das empresas nesses últimos anos; à globalização e, finalmente, ao fenômeno da China, que joga preços e salários de todo o mundo para baixo”, ponderou Octávio de Barros, que defende uma independência ainda maior para o BC. Megale concorda. “Antes, qualquer surtozinho era difícil e havia desconfiança sobre a ação do BC. Isso hoje é totalmente diferente.”


Tabacof, do Ciesp, também considerou que a indexação, em parceria com a correção monetária, resultava na disparada dos preços. Na avaliação dele, entretanto, não é o arrocho da política monetária que segura a inflação atualmente. “Com a economia fechada, os preços eram trabalhados internamente. Hoje, bens, produtos e serviços circulam relativamente livres pelo planeta. A verdadeira âncora da inflação do Brasil é o câmbio”, explicou. “Não é porque o BC pratica um juro catastrófico que a inflação está sob rédeas. É preciso enfrentar isso ou viveremos outra distorção, a dos juros, a título de manter o que o BC chama de expectativas do mercado.”

Fonte: Folha de S.Paulo – Por Janaína Leite